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Arquitectura.pt


Arq. Viana de Lima


AMestre

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fico muito triste por descobrir que alguns dos nossos melhores arquitectos são simplesmente desconhecidos da maioria do publico. é este o caso do arquitecto Viana de Lima, falecido no ano 1991. Apesar de ter trabalhado directamente como colaborador do Le Corbusier, ter sido um dos principais divulgadores da arquitectura moderna no nosso pais desenvolvendo grandes projectos de arquitectura, a sua obra está muito pouco estudada. Quando tentei descobrir mais sobre este nome, a unica coisa que descobri foi um livro publicado pela fundação calouste gulbenkian. um unico livro sobre um grande nome... é pena!

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AMestre, também a mim me entristece que aqueles que hoje começam a estudar arquitectura não tenham formas eficientes de aceder à obra do arqutiecto Viana de Lima, por via de publicações e maior divulgação. Estudo arquitectura vai para 5 anos, e é difícil encontrar quem realmente conheça parte da obra do arquitecto, quanto mais o encare como uma possível referência ou um modelo de trabalho. Este arquitecto foi um dos mais entusiastas divulgadores e animadores do movimento Moderno em Portugal, e a ele pertence a autoria de alguns dos mais interessantes edifícios deste período entre nós. Só por aí, o lugar dele na história da nossa arquitectura contemporânea deveria estar mais "desempoeirado". No entanto, não é de facto verdade que seja um arquitecto "simplesmente desconhecido". Eu conheço-o, no meu contexto académico ele é ainda um arquitecto relativamente divulgado, por força de professores que contactaram com ele, alguns mesmo trabalharam com ele. E já por diversas vezes recorri a ele (obra) como referência. Já tive a oportunidade de visitar vários edifícios de sua autoria ou co-autoria, tais como o tribunal de St Maria da Feira, a Faculdade de Economia do Porto, a habitação unifamiliar na Foz do Douro (a qual fui gentilmente autorizado pelos donos a visitar), vários edifícios de habitação colectiva no Porto, onde destaco o edifício de gaveto localizado junto à câmara municipal, e o bloco da rua Costa Cabral (se não estou em erro). Existe na biblioteca da minha fac (FAUP) uma publicação relativamente completa relativa à obra dele (deverá ser a mesma de que falas). Evidentemente não é suficiente este livro para se conhecer a obra do mestre, mas este associado a um esforço por visitar as obras constitui já uma muito boa aproximação.

Já agora refiro ainda a participação de Viana de Lima no projecto do hotel que Oscar Niemeyer projectou para a Madeira, nos anos 60, se não estou em erro, no qual o papel do arqutiecto português foi bastante mais acentuado do que o que se possa pensar... Claramente ali encontramos um "Niemeyer" em todos os aspectos, claramente o edifício contou com o traço inconfundível do mestre brasileiro, ao nível da volumetria, implantação, linguagem, etc. etc. A curva do hotel não engana, assim como a volumetria do casino que se socorre de formas derivadas da hipérbole; e por fim o que a mim ainda me fascina mais naquele complexo, que tb já tive a oportunidade de visitar, que é a capacidade de montar um todo coerente a partir de uma aparente colocação aleatória de elementos arquitectónicos. Tudo isto é Niemeyer, mas o que normalmente não é conhecido, é que o brasileiro nunca esteve na ilha da Madeira, nunca viu ao vivo aquele terreno, aquele local, e que o arquitecto de obra foi precisamente o Viana de Lima, e que todo o desenho de pormenor relativo ao edifício foi realizado pelo ateliê do portuense. Para quem conhece um pouco da obra do arquitecto, percebe ao visitar o hotel da Madeira alguns momentos muito Viana de Lima, como por exemplo (refiro este por ser visível em qq foto) a forma como ele resolve o desenho das juntas de construção, numa espécie de ziguezague que ele já tinha utilziado no edifício junto aos Aliados e que transforma um elemento normalmente indesejado de necessidade técnica num elemento de composição que consegue ajudar à unidade. Acho que da análise deste tipo de questões muitas vezes de pormenor é que pode resultar uma maior percepção do porquê do arq. Viana de Lima ser de facto um mestre.

Já agora acabo por recomendar o livro onde vem descrita esta participação de VL no projecto da Madeira com o O.Niemeyer, aliás toda a relação de grande amizade e proximidade entre estes dois mestres (a tal ponto que o escritório de Lima no Porto era o que Niemeyer utilizava por empréstimo sempre que por alguns períodos mais ou menos prolongados necessitava trabalhar na Europa). O livro chama-se "O nosso Niemeyer", é sobretudo acerca do Hotel na Madeira. Não é um bom livro do potno de vista da informação técnica (desenhos) do edifício, mas é um bom livro de história(s) relativo a esse projecto e a outros assuntos.
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Em termos de publicação é quanto ou tanto escassa...

Viana de Lima : arquitecto : 1913-1991 [catálogo]
Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 1996

Lima, Vianade
Bragança : plano parcial de urbanização compreendido entre o Lugar das Baetas e o Governo Civil
In: Urbanização : revista do Centro de Estudos de Urbanização e Habitação Engenheiro Duarte Pacheco.

e

Lima, Vianade
Reviver Malaca

Sem dúvida que vou dar uma vista d'olhos por estes volumes...Viana de Lima um nome a analisar, sem dúvida!:s

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Há uma obra de Viana de Lima muito fácil de localizar, a FEP (faculdade de economia da universidade do porto), realmente uma obra de destaque... Uma outra é a saudosa casa "Honório da Silva", mas dessa nem as ruinas restam... porque foi selvaticamente demolida... Outra casa é na zona das Antas e chama-se "Aristides Ribeiro"... Uma coisa com que me tenho confrontado desde à 8 anos é a falta de informação de muitos dos vultos da arquitectura dos anos 50,60,70 em Portugal...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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fogo, o rui resende leu-me o pensamento! Eu ia referir que viana de lima colaborou com o niemeyer no projecto para o hotel-casino do funchal. Sou um atrasado. Para o publico em geral, o unico arquitecto que merece destaque é o Santo senhor Siza. O resto é absolutamente desconhecido. O unico pós-siza que podem conhecer é o Cotinelli Telmo ou o Cassiano Branco. Tristeza de país. Acho que o Siza e o Niemeyer são o contrario do vinho do porto! Acabam por azedar! Tiago7000, eu adoro o siza e acho que como todas as figuras publicas, gastamos muito tempo a falar delas!

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ola pessoal! primeiro que tudo queria agradecer a quem tem respondido a esta mensagem. algumas das respostas, foram uma grande ajuda na minha pesquisa. agora, vou contar-vos mais uma coisa sobre este tema... estou a estudar a casa Aristides Ribeiro, situada no Porto e da autoria do Arq. Viana de Lima. como tem sido muito dificil encontrar elementos sobre a referida casa, resolvi dar uma escapadinha ate ao Porto e tentar visitar a casa em questão. quando la cheguei, ninguem me abriu a porta ( o que, devo confessar, eu ja esperava que acontecesse!) mas depois de algum tempo nos arredores apareceu uma visinha, com a qual estive algum tempo á conversa... ora vejam só, meus amigos, que a casa Aristides Ribeiro é propriedade estatal, está arrendada há já algum tempo e nem o inquilino nem o proprietario se preocupam em fazer obras. parece que a vizinha ate tentou pedir autorização para picar, rebocar e pintar de novo a parede que fica junto ao seu jardim, mas essa autorização não lhe foi dada... como já devem adivinhar, aquilo que vi, não me deixou muito feliz. a tinta esta a cair, o jardim mais parece uma selva. e assim se trata o patrimonio neste pais....

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Eu já fiz um trabalho sobre essa casa, e sei que há uma publicação de arquitectos portugueses contemporaneos do V. Lima em que esse projecto aparece... É uma espécie de capa sem argolas onde se guardam fichas de todos os projectos visados... Do V. Lima tem isso e a FAP. O que não sei é o nome, nem a editora, e já foi para aí à 5 anos, pelo que não deve ser muito fácil encontrar...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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  • 1 month later...

O tempo áureo da arquitectura portuguesa foi o das decadas de 40 e 50, tendo como figuras Viana, Cassiano e Loureiro. Num altura em que o Siza satura, Moura não evolui e há toda uma panóplia de jovens arquitectos a quererem se desmarcar, porque não fazer uma retrocesso, e analisar o que de tão grande qualidade se projectou nessas décadas e que agora são tão esquecidas?

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O Loureiro projectou um edifício verdadeiramente fantástico que é o actual pavilhão Rosa Mota. Para além disso projectou os muito interessantes Edifícios Parnaso e a casa particular muito modernista recentemente recuperada de Matosinhos. A partir daí tornou-se um arquitecto que criou uma dinastia familiar e passou a projectar edifícios puramente comerciais, cedendo completamente a interesses imobiliários e relegando a qualidade da arquitectura para segundo plano. Falo de, entre vários outros, do edifício novo do hospital St António no Porto ou do hotel Solverde em S.Félix da Marinha, Gaia. Prometeu ser alguém que podia trazer algo novo, mas não passou de uma promessa. O Viana de Lima e o Cassiano, mestres, grandes arquitectos, tiveram a sua altura, devem ser reconhecidos e apreciados. Concordo que se deve procurá-los outra vez e tentar entendê.los melhor (a eles e a todos os bons arquitectos esquecidos).

Siza satura, Moura não evolui

lol.
o Siza é mais do que uma moda, por isso saturar é uma palavra um tanto ou quanto injustificada sem mais suporte. Ninguém te obriga a ver. Se te sentes ofuscado, tapa os olhos, se gostas de arquitectura, aparecia a dele como aprecias a de outros. Souto Moura não evoluir... enfim, tenta ver o que ele anda a fazer agora antes de dizeres isso assim sem mais nem menos.
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Estes "tipos" não tinham que ter relevo fora de portugal durante a sua época. Ou já se esqueceu do contexto em que se Portugal encontrava naquele período. Nem toda a obra ou arquitecto que possui uma imagem internacional tem qualidade. Há que olhar para o que de bom se faz em Portugal, para desenvolver-mos uma linguagem própria e consistente e não necessariamente internacional.

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  • 1 month later...
IPPAR quer proteger obras do arquitecto Viana de Lima
O Instituto do Património abriu processo para eventual classificação da Faculdade de Economia Legado considerado relevante para a plena compreensão da arquitectura moderna portuguesa.

Inês Schreck

As obras do arquitecto Alfredo Viana de Lima, consideradas "incontornáveis para a plena compreensão da arquitectura moderna portuguesa", estão em vias de ser classificadas pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Entre elas, destaca-se a Faculdade de Economia, o bloco de Costa Cabral e a casa Aristides Ribeiro, todas no Porto.

Face "aos riscos patrimoniais relevantes em que actualmente incorrem", a classificação e consequente protecção e salvaguarda dos imóveis assinados por Viana de Lima é considerada, num despacho do IPPAR, datado de Julho do ano passado, "uma necessidade urgente".

Além das obras no Porto estão ainda em vias de classificação a casa das Marinhas, em Esposende, e o Hospital Regional e Centro de Saúde Mental, em Bragança, também da autoria de Viana de Lima. Os processos inserem-se no âmbito do projecto de classificação do Património Arquitectónico Português do século XX, coordenado pela direcção nacional do IPPAR e a decorrer há cerca de dois anos.

No que respeita à faculdade, a eventual classificação ainda está numa fase inicial, conforme esclareceu ao JN, a técnica responsável, Elzira Rebelo, mas já foi publicitada, o que significa que o imóvel se encontra sujeito a um conjunto de regras de protecção.

Ou seja, qualquer projecto para o local ou para a zona de protecção (num diâmetro de 50 metros) tem de ser assinado por um arquitecto e todas as obras de construção que alterem a topografia, alinhamentos, cérceas, coberturas ou revestimento exterior dos edifícios ficam sujeitas a um parecer prévio do IPPAR. Assim como, em caso de intenção de venda do imóvel ou dação em pagamento, os proprietários e o Estado têm direito de preferência.

Projectada em 1961, a Faculdade de Economia do Porto é tida como um exemplo de "uma composição geral de grande qualidade, notável pela pujança plástica retirada do betão, visível na articulação dos efeitos de ensombramento e luz", como pode ler-se na descrição histórico-artística do IPPAR.

Além de ter constribuído para a afirmação da Escola de Arquitectura do Porto, Viana de Lima (1913 - 1991) foi consultor, entre 1978 e 1991, do CRUARB/CH - Projecto Municipal para a Recuperação de Centro Histórico do Porto. Na cidade deixou vários exemplos do seu traço moderno e o bloco de Costa Cabral é um deles.

A construção recuada, na rua com o mesmo nome, destaca-se pela criação de uma zona de transição e protecção, separando os peões do tráfego automóvel.

De acordo com as notas histórico-artísticas do IPPAR, o bloco de apartamentos "é notável pela relação escultórica entre a expressionista pala de entrada e a estaticidade das habitações".

Já na casa Aristides Ribeiro, também designada por casa do Passal, o arquitecto Viana de Lima recupera "as premissas lecorbusianas lançadas na casa da Rua Honório de Lima (projectada no final dos anos 30, mas posteriormente demolida)".

Na projecção daquela moradia, Alfredo Viana de Lima conseguiu, de acordo com o IPPAR, "criar, através de um jogo de pura geometria, um objecto de grande riqueza plástica, apesar da fachada se desenvolver no plano da rua"



Fonte: JN - 22/11/2005
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  • 9 months later...
Boas!!
Vou desenterrar este tópico...
Fiz um trabalho sobre esta casa para construções em 2004/05 e na altura quem lá vivia era uma senhora idosa que conheceu Viana de Lima já que os seus pais (proprietários da habitação) eram amigos, foi muito prestável e várias vezes nos deixou entrar.
O projecto com todos os desenhos de arquitectura realizados à mão encontram-se no arquivo histórico do Porto disponíveis para consulta e reprodução através de fotografia.
Acho muito estranho em tão pouco tempo pertencer ao estado e estar ao abandono...
Crime é o que fizeram com a casa do Arménio Losa na rua Latino Coelho, que foi restaurada e os vaõs tapados com pastilha e transformada em parque automóvel...
Cumps
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  • 11 months later...

existe um edifício do Viana de Lima junto ao "palácio dos correios", no gaveto com a praça Humberto Delgado (Aliados) e a rua Rodrigues Sampaio.

Para mim o Arménio Losa juntamente com o Cassiano Barbosa foram dos melhores arquitectos portugueses modernistas.

* leandro relativamente ao projecto que falas em Latino Coelho tens aqui algumas opiniões
http://www.arquitectura.pt/forum/f27/n-arquitectura-9927.html

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Li na diagonal os posts e fiquei, como todos nós, sem perceber o projecto e a intenção..penso que era interessante desenterrar esse tópico de forma a encontrar o responsável afim de tirar ilações para um mundo melhor...

quanto a este tópico, deixo alguns pensamento sobre o Viana de Lima.

acho que conheço a sua obra, meia dúzia de edifício no Porto e arredores ,mais um fotocópia de fotocópia de uma livro\prova (não sei) que se encontra na biblioteca da FAUP.
Não acho que o Viana de Lima foi o melhor, nem andou la perto.
foi contudo, o modernismo possível no Grande Porto, alguém que seguiu Corbusier e os seus princípios à risca, mas que por vezes se desviou, acredito, para poder construir.
Viana levou Távora aos CIAM,
fascinado por Corbusier, o primeiro, o segundo chegou ao CIAM nos tempos do TEAM TEN o que o levou a chamar Keil, para o Inquérito, foi importante por isso então.
mas foi importante por mais:
os mais belos exemplos de modernismo puro e duro à Corbusier e Gropius no Porto são dele, a ideia, o conceito...
só que o Porto só precisava da Linguagem, não como Lisboa de Athoughia e as Estacas, de Alvalade (cruzamento das av. EUA com Roma) que precisava do urbanismo

temos pouco modernismo, movimento moderno a sério em Portugal.
nunca tivemos uma industrialização avançada que fomenta-se o abandono do campo e adesão a cidade necessária para processos de expansão habitacional, por isso, sobram-nos exemplos espalhados por aí, modernos, casa, prédios, serviços, faculdades,
caídos num território que não merece os preceitos dos CIAM iniciáticos e mais precisou do Inquerito do que do moderno.

Viana de Lima, sendo muito bom, ou só bom, precisa de ser lembrado, eu lembro-me dele todos os dias porque o vejo, em edifícios mais ou menos anónimos, ou uma faculdade genial onde melhor em Portugal só na Gulbenkian.

façam um esforço e procurem-no que vale a pena.
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