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Arquitectura.pt


Ivo Sales Costa

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Everything posted by Ivo Sales Costa

  1. Artigo Original Publicado em www.AspirinaLight.com “A arquitectura não é só para os outros, Mas é mais arquitectura quando é para nós.” Desta forma genial remata o gabinete p&r arquitectos a bela memória descritiva que acompanha um projecto, que simboliza eventualmente a maior problemática com que um arquitecto se pode deparar, a de desenhar uma casa com a qual tem de viver diariamente. Dizia Álvaro Siza que jamais se atreveria a desenhar uma casa para si mesmo, pois sabia ser certo que jamais lhe iriam aprovar o projecto. A questão é demasiado ampla para ser discutida, mas a obra que aqui se apresenta é um exemplo notável de como a competência do arquitecto se consegue apurar, sem ter de ser juiz em causa própria. Fica o registo pela objectiva de Fernando Guerra: http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/per1.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/per2.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/per3.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/per4.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/per6.jpg Notas de Autor: “No limite das planícies do rio Arunca, e vincado por um talude coroado por uma rua privada da Quinta, o terreno é fortemente caracterizado pelos diferentes níveis de cota pontuados por árvores aleatórias. A exigência dos clientes era única e objectiva, também pouco flexível, ambos defendiam saberes e experiências vivenciais diferentes, e tudo isso era reflexo de um só projecto. A receita estava em cruzar a informação conseguida pela análise individual de cada um e transforma-la em conceito levado até as ultimas consequências sem o desvirtualizar. A solução de adequar o projecto ás duas cotas distintas, resolveu a volumetria e parte do programa. Paralelamente houve o cuidado de conduzir a luz a todas as zonas da habitação de uma forma simples e directa sem se sobrepor à envolvente. O piso térreo assume-se como um largo muro de suporte em pedra, que alberga todo o programa de serviços domésticos e garagem. O piso íntimo descansa sobre o dito muro, projectando-se sobre a sala de estar limitada a panos de vidro, fragilizado pelo deslocamento do pilar no limite da viga. O volume de betão esconde os vãos e valoriza a privacidade, como se retirasse-mos fatias de um bolo privilegiando o núcleo. A luz atravessa os volumes em todas as direcções e nos vários sentidos. O homem pode viver a arquitectura como a pensa, Mas vive na arquitectura como se sente bem. A arquitectura não é só para os outros, Mas é mais arquitectura quando é para nós. A arquitectura complica-se quando somos os próprios clientes. A arquitectura tem os clientes mais inesperados, mas existe sempre solução.” Ler Mais >> AspirinaLight.com
  2. Força underground, que o trabalho no teu blog se reflicta também em qualidade, a quantidade vem depois... Todo o apoio!
  3. PAPALEPAREDE? ó pelo amor da santa........ eu a jurar que já havia qualquer coisa com o nome "Wallpaper", algures aí pelo mercado internacional.
  4. É-me bastante dificil escrever em dois sitios ao mesmo tempo.. mas de qualquer forma não queria deixar de atirar o meu bitaite. Há aqui uma carga de preconceito na forma como se avalia uma ideia que me deixa algo assustado. Parece-me que se criou um sistema demasiado fechado, que há no nosso país, e nos profissionais da arquitectura do nosso país, uma espécie de regime ditatorial no que à prática diz respeito. De repente surge uma ideia que se intromete, válida como qualquer outra, e é, mais do que menosprezada, tratada de uma forma quase racista. Não é a noção do "é preto" que me assusta, é a noção do "não é branco!". De qualquer forma saíu um artigo sobre isto no >> AspirinaLight.com .
  5. Faz parte de um artigo publicado no Aspirina Light, mas cá vai o meu comentário: “Architecture is bounded to situation” Steven Holl, in Anchoring Existe alguma falsidade na forma como a grande maioria dos arquitectos portugueses encaram o exercicio de projecto. Tendemos a reservar ao terreno grande parte do gesto, da abordagem conceptual. Se assim se entender, damos, invariavelmente, um protagonismo muitas vezes mentiroso ao lugar, tenha ele mais ou menos encanto. O lugar é condição original à arquitectura, mas não pode, ou não deve, sobrepor-se à categoria da solução. O lugar participa. Quando Dita, é mau sinal. E os ultimos trinta anos, que constituem o topo da nossa evolução cultural, têm vindo a comprovar que o arquitecto tende a ser intimidado com o sitio onde opera. O vale do rio Côa não é, felizmente, lugar de beleza única no nosso país, é de resto bastante idêntico aos vales do Guadiana ou do Zêzere. Se há rio no nosso país de cujos vales nos podemos orgulhar é o Douro. Ali o lugar atinge outra dimensão, o azul do rio confunde-se com o verde da encosta, o sol reflecte, o ar cheira a humidade, a vertigem lá para baixo não intimida. Não se sente o abismo. No Côa a beleza reduz-se. As praias fluviais acabam por desenhar o cenário provável para um rio que corre rasteiro por entre as margens rochosas. A beleza não se discute, mas também se não idolatra. As três propostas apresentadas pelo júri do concurso para o Museu do Côa são achatadamente iguais. A coisa não é estranha, anos e anos a habituarmo-nos a desenhar a coisa ao nível do solo acabaram por nos incutir vicios quase genéticos. Bases que exercem uma presença nas nossas mentes quase ao nível do antigo Censor. E é curioso que hoje em dia quase todos os antigos censores são pessoas pouco tidas em consideração no que à sua inteligência dizia respeito. Não vejo qualquer inconveniente em projectar um museu que nasce do terreno, que se crava no lugar, que o contamina e por ele se deixa contaminar. Tenho é uma enorme dificuldade em categorizar as soluções porque estas se apresentam como consequência inquestionável do mote sugerido pelo lugar. Dizem Tiago Pimentel e Camilo Rebelo que as pinturas rupestres foram a primeira forma de Land Art e dividem o conceito em duas partes muito distintas. A primeira diz respeito à continuidade que o estilo incute no lugar, a segunda, distinta, “é a de trabalhar um corpo, desenhado especificamente para um lugar promovendo um diálogo intimo entre artificial/natural e aumentando deste modo a complexidade temática da composição do mesmo”. Pessoalmente discordo. Não só as pinturas rupestres do vale do Côa são um exercício pleno de interiorização, como a particularidade daqueles desenhos se percebe de forma singular, unica e particular. Perdida algures entre a noção de intransmissível e a vontade escondida de exprimir num determinado tempo e espaço, algo. É essa a lição que o neanderthal tem para nos dar, ele exprimia ali a sua intelectualidade, servindo-se para isso, imagine-se, do lugar e daquilo que ele tinha para lhe oferecer não só enquanto palco da vida, mas acima de tudo como livro das suas experiências. O lugar retribuiu conservando o registo com que hoje nos emocionamos. Acredito que a proposta tem muito mais para contar do que aquilo que nos diz, tem muito mais genialidade e cunho pessoal do que imposição mandona do lugar. Parece-me que há uns milhares de anos atrás, o futuro homem português, era mais sincero naquilo que fazia… Fica a achega: Não quero de maneira nenhuma incentivar disputas ou entrar em discussões absurdas sobre quem tem mais razão. Acho a proposta um exercicio de projecto muito belo, não acredito é no texto da memória descritiva porque a meu ver fragiliza a proposta. A bem dizer, se aquilo que os arquitectos nos contam no seu poema se traduzisse na solução final, então estariamos na presença de uma solução totalmente diferente daquela que nos apresentam, e cuja validade, repito, muito estimo.
  6. Artigo Original Publicado em www.AspirinaLight.com http-~~-//aspirinalight.com/wp-content/uploads/4.jpg http-~~-//aspirinalight.com/wp-content/uploads/1.jpg http-~~-//aspirinalight.com/wp-content/uploads/2.jpg http-~~-//aspirinalight.com/wp-content/uploads/3.jpg Tradução livre a partir do texto via >> Noticias Arquitectura O projecto surge como resposta ás características que o lugar oferece. Por um lado a necessidade de relação com o tecido urbano em desenvolvimento, e, por outro, conservar o desenho expressivo da paisagem natural em que se encontra. Nesta contraposição, o projecto conseguiu definir as tensões que o articulam e que lhe permitem organizar-se como uma resposta coerente ás condicionantes que existem no lugar. Assimilar esta contraposição levou o projecto a encontrar a sua definição especifica, como uma reflexão dialéctica, sóbria e coerente, alternando entre o carácter artificial urbano e o valor intrínseco do orgânico. Desta forma o projecto aparece como uma massa modelada em função das tensões resultantes da relação entre os espaços que o rodeia. A partir da cidade, reconhece o seu lado urbano; alçados limpos, ordenados e pausados que definem os limites construídos do espaço. A partir do mar, encontra a sua condição especifica para uma busca espacial que procura interpretar aquilo que a paisagem e a geografia vão sugerindo. A partir daqui, formula-se a possibilidade da modelação de acordo com a baía, com amplas superfícies côncavas que estabelecem relações poderosas com a paisagem natural circundante, ancorando-se como uma vela de frente para o mar, modelando-se sobre o perfil incerto da costa que domina, abrindo-se assim sobre o horizonte.
  7. Conhecia, precisamente da Casabella, e devo dizer que gosto muito. Levanta-se sempre a questão da repetição do prémio, parece-me que se conseguem colher bons argumentos de ambos os lados, dos que defendem a ideia e dos que se lhe opoem. Pessoalmente nada contra. E nas engenharias quem venceu? não se encontra informação em lado nenhum
  8. Dreamer sem duvida, mas ñ pode haver condescendencia, até porque normalmente são pessoas que atiram o bitaite "Eu assino projectos de arquitectura", e são pessoas que vivem numa realidade diferente da nossa, são eles que continuam a impingir as colunatas e os alpendres e as guardas foleiras à nossa arquitectura.. isto pode nem ser tanto uma questão de trabalho, mas sim um questão de fundo, ao nivel das bases pelas quais esta profissão se tem de reger. É a esta gente que continua a pertencer grande parte do volume de trabalho da arquitectura para o cliente particular, e consequentemente são eles quem mantém a opinião das pessoas neste ponto de vista retrógada das 4 águas e do caixilho verde. a contaminação é enorme, extravaza as conversas de café e de fórum, há que fazer uma movimentação à séria. 5 Anos é qualquer coisa de absurdo, há pouco mais de 5 anos foi o 11 de setembro e desde então já se travaram 2 guerras, caiu o Saddam, morreu o Saddam, cometeram-se os atentados em Madrid e Londres, e os de Madrid até já começaram a ser julgados... 5 anos porquê? Convenientemente porquê?
  9. Existe um parente pobre no âmbito da arquitectura que teima em ser aceite, não só pelos profissionais do ofício, mas também por todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, lidam ocasionalmente com a noção de reabilitar. A arquitectura lida com o problema de uma forma bastante desligada, porque, acima de qualquer outro motivo, intervir sobre um lugar cravado de costumes e hábitos torna-se um desafio estéril. As autarquias não facilitam, o povo contesta, as associações tomam posições defensivas e o processo arrasta-se décadas pelos corredores da burocracia e más vontades populares. Daí que quando se propicia a intervenção sobre um determinado lugar ou edifício, o evento esteja quase sempre associado à degradação absurda do objecto de estudo, altura em que as consciências acordam de forma lenta e preguiçosa e de repente se apercebem que afinal “falta aqui qualquer coisa”. O fenómeno que se segue é sintomático da realidade paralela que se vive neste país, subitamente a coisa resulta, as pessoas aderem, o espaço funciona, e seguem-se as contaminações necessárias para que se leia o lugar a partir de uma intervenção em larga escala, alargando as fronteiras do exercício de reabilitação para lá do primeiro objecto de estudo. E assim se conseguem recuperar frentes urbanas, construir novos parques urbanos, ou simplesmente conferir alguma qualidade de vida a uma área específica que carecia de intervenção [...] >> Ler Mais...
  10. É bom ver que a solidariedade dos arquitectos não acaba nunca... não consigo perceber como é que pode haver condescendência por este periodo de cadência de 5 anos, é inadmissível sob todos os pontos de vista. 5 anos correspondem convenientemente ao tempo da licenciatura, e para quem não sabe, com a instituição do processo de bolonha, 3 anos contam como o minimo para uma licenciatura em "ciencias da arquitectura" que apesar de não dar direito a assinar projectos ou dar acesso à ordem são suficientes para numa camara municipal se pedir imediatamente o estatuto igualitário para que o cargo que ocupam não lhes ser retirado até terminarem o grau de mestrado a que a conclusão da licenciatura, com reconhecimento da respectiva ordem, está obrigada. Um periodo de 2 anos era mais do que suficiente para que as coisas se regularizassem, para que se abrissem concursos para arquitectos e para que aqueles que fazem trabalho de arquitecto se efectivassem como desenhadores que são...
  11. Publicado na integra em Aspirina Light http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/dsc1.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/dsc21.jpg Notas de Autor “Com uma população de apenas 1000 habitantes, Bale é uma pequena aldeia em Istria. O novo Centro de Desportos encontra-se adjacente à antiga escola, e devido ao tamanho da pequena aldeia, onde o edifício se constitui como o segundo maior, logo a seguir à igreja, será utilizado também como equipamento para diversos eventos sociais. Com uma área de 6.660 m², está vocacionado para o basquetebol e funciona nas galerias laterais como ginásio e sauna, enquanto que os balneários estão preparados como uma extensão complementar à escola vizinha. A fachada é revestida com pedra local e suportada por sistema construtivo tradicional com base em betão. A edificação estimada em 11 meses foi rigorosamente cumprida com base no uso de pré-fabricados, representando um tempo de obra extraordinariamente mais curto. A integração com a vizinha paisagem urbana suporta-se na tradição da pedra local no revestimento da fachada, que apesar de manter o aspecto de uma casa tradicional, não deixa de lhe conferir uma linguagem contemporânea.” >> Ler mais...
  12. Artigo Completo em www.aspirinalight.com http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/gb1.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/gb7.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/gb2.jpg http://aspirinalight.com/wp-content/uploads/gb3.jpg Projecto do arquitecto Gonçalo Byrne para um condomínio privado na cidade de Jesolo, a 50 km de Veneza. O exercício parte de um programa para um condomínio privado de gestão global que se desenvolve a três níveis distintos, a torre enquanto presença de localização do conjunto, a área de comércio que completa a projecção horizontal do corpo da torre, e o conjunto habitacional de baixa densidade que remata a implantação através da disposição no lugar, desenvolvido em tipologias simples e em duplex distribuídas em 4 pisos.
  13. espanta-me como o arq. gonçalo byrne permitiu a extrapolação do exercicio de projecto a um ponto em que a linha consteira deixa de impor o respeito que se exige na concepção de uma peça desta natureza... mas são opções, não quer dizer que não venha a resultar do ponto de vista da recepção à cidade a partir daquele ponto nevrálgico que é a fragmentação da avenida marginal, mas a ver vamos...
  14. Em português está em www.AspirinaLight.com (link directo para o artigo)
  15. Parece-me uma afirmação pouco feliz... De qualquer forma, no estado em que este país se encontra, estes episódios vão-se tornar recorrentes. A expressão "não tenho nada a perder" vai-se começar a fazer sentir por aí e desconfio que em breve a coisa vai começar a tomar contornos pouco dignos
  16. ahhhh profs de faculdade... as sucessivas tentativas de nos fazerem chumbar.. os exames pouco claros.. as orais em que se babavam por nos ver à rasca (só fiz uma em 5 anos.. bastou-me), os coordenadores e os regentes a protegerem os assistentes... que saudades dos profs de faculdade..............
  17. Caramba, foi de facto um erro e tanto... Obrigado pela correcção Assimple, no Aspirina deu para mudar facilmente, aqui agradecia-se a intervenção da gerência :nerd:
  18. Artigo completo publicado em www.AspirinaLight.com Fotografia de FG+SG em www.UltimasReportagens.com
  19. Se falamos em termos de melhor, então atira-te á Architectural Assotiation em Londres.......... É uma pergunta gasta e que já aqui foi bem respondida. O melhor orientador para um curso de arquitectura serás tu mesmo, o resto servirá como uma série de elementos de mediação entre o teu estudo particular e a arquitectura em si, e nesse sentido, a faculdade onde se anda vale muito pouco ou quase nada.
  20. Também em www.AspirinaLight.com Está na edição deste mês da revista arq./a este projecto para uma habitação em Coruche, do arquitecto Manuel Aires Mateus e que constitui mais um belo exercício de especulação sobre o que é afinal desenhar uma casa. Conseguido algures entre o domínio do perímetro do quadrado e a definição da área que o mesmo limita, é um raciocínio atento, um ponto de vista diferente sobre um tema recorrente e que demonstra que na abordagem simples se atingem graus notáveis de complexidade. Notas de Autor: “Procurava-se nesta casa um “sabor tradicional”. Leu-se nesta ideia um preconceito de forma. Procurou-se encontrar o limite de existência de uma forma. O volume em quatro águas é tornado abstracto, monomatérico, branco, paredes e cobertura. Um pátio é rasgado deixando a memória das arestas. Neste pátio abrem-se também os vãos dos quatro espaços principais: cozinha, sala, quarto principal e uma sala de crianças, para a qual dão as alcovas. A casa tem formas reconhecíveis e acabamentos tradicionais, brancos com chão em soalho à antiga portuguesa. Os espaços de transição desenhados entre os espaços principais e o muro exterior terão outros acabamentos que se descobrirão na obra.”
  21. (comecem lá a falar do evento.. falem bem ou mal mas pelo amor de Deus, divulgue-se a coisa) Lança-se o repto com o artigo publicado no Aspirina, na sequência de uma série de comentários que acabou por encerrar a discussão no blog da trienal que podem acompanhar aqui - onde participo eu [ivo Costa], o Daniel Carrapa de abarrigadeumarquitecto e pelo menos mais um membro do fórum, os comentários foram a meu ver desnecessários e seria importante saber afinal o que pensam vocês acerca da organização do evento. "" Há, no exercicio da profissão de Arquitecto, uma desconfiança (usando o termo leve) crónica relativamente ao trabalho desempenhado por este ou por aquele colega de trabalho. Percebe-se, e relativamente ao assunto há que guardar alguma condescendência. O oficio é duro, as condicionantes são muitas, e o trabalho verdadeiramente entusiasmante pertence a uma elite restrita que de uma forma ou de outra se vai mantendo embalsamada nas repetidissimas publicações em papel, doença crónica que tem vindo a ser contrariada, a custo, por alguns blogs e por algumas iniciativas académicas, que regra geral mais não são do que fruto do entusiasmo tipico que envolve o jovem estudante de arquitectura em estado puro de pré-desilusão em relação ao mercado de trabalho. Foi anunciado no passado dia 26 de Janeiro, na sede da Ordem dos Arquitectos, a primeira edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa. Imediatamente se levanta uma considerável superficie de protesto contra a organização, os escolhidos, os seleccionados, as iniciativas, os concursos, o sitio web, o blog, o Presidente da Câmara, o fim da Experimenta Design 2007 e por aí adiante. Pessoalmente não tenho opinião formada. Conheço relativamente pouco acerca da obra e da inteligência da selecção dos responsáveis, não sei se o Pavilhão de Portugal é o melhor espaço para se fazer acontecer um evento desta envergadura, desconheço se o concurso de idéias poderá realmente constituir uma mais valia para a adesão da população, de web design percebo muito pouco, de blogs a experiência é recente, por norma não comento politica e relativamente à Experimenta Design 2007 tenho a dizer que lamento profundamente que o subsidio prometido não tenha chegado. Dito isto. Por todos os portugueses que continuam mal educados relativamente ao bom gosto e contemporaneidade da arquitectura portuguesa; Por todos os jovens arquitectos, recém-licenciados, estagiários ou meros estudantes universitários que nestas coisas de Bienais e Trienais “ouviram dizer” que há uma coisa do género em Veneza; Por todos os arquitectos que sonham com a possibilidade de haver uma publicidade competente à profissão que exercem e por todos os leigos que continuam a comer gato por lebre por cada espécie de revista da especialidade que adquirem no esforço de se inteirarem acerca do que se faz no ambito da prática, congratulo-me por, finalmente, existir tempo e espaço para a arquitectura num evento em grande escala ao qual a adesão será, sem sombra de dúvida, muito boa. O resto é mais do mesmo, para lá da justeza da critica ou do necessário apontar de dedo, ou da incompetência dos seleccionados, o resto que se guarde para outro tempo, para outro espaço. O importante é que não sejam os arquitectos a fazerem de antropófagos de si mesmos. E se eventualmente assim não for, no final se verá, vamos pelo menos dar uma oportunidade à arquitectura portuguesa de se mostrar ao povo.""
  22. Nem sei o que dizer disto... tenho de reciclar muito decentemente o meu estado de espirito em relação à arquitectura porque não sei como, mas teima em me surpreender dia após dia... Venham mais elitismos e seleccionismos, e outros ismos (acompanhados de seguidismos) que ajudem a transformar isto num "particular showroom" para quem pode usar e abusar dos dinheiros do estado. Até o prémio da AA em Londres está à disposição de quem nele pretenda participar, e estamos a falar da mais conceituada academia de arquitectura Europeia
  23. Conteúdo Original acompanhado de Imagens publicado em www.AspirinaLight.com Um texto de Nuno Grande Nas últimas décadas um novo discurso contagiou os programas de gestão politica e económica das cidades europeias – a apologia do “turismo cultural”, essa indústria limpa e prospera nascida no seio da própria “ressaca” pós-industrial. De facto, a progressiva globalização económica e cultural que se hegemonizou, sobretudo no Velho Mundo, modificou as lógicas produtivas ditadas pela 2ª industrialização no pós-II Guerra Mundial, subvertendo os princípios de gestão “fordista” e do planeamento funcionalista que serviram de matriz ao desenvolvimento de algumas cidades médias europeias na década de 60 e 70. Neste sentido, essas mesmas cidades foram as primeiras a sofrer um processo acelerado de decadência económico-social e de transformação morfológica ditada pela criação de enormes vazios industriais abertos nos tecidos urbanos em torno dos seus centros tradicionais. Vejam-se, por exemplo, os casos de Bilbau, Marselha, Bordéus, Lille, Lisboa, Manchester, Glasgow, Milão, Génova e muitos outros. A tábua de salvação parece ter sido encontrada, na maioria dos casos, na conjugação entre o turismo (actividade que se massificara no pós-guerra pela ascensão da classe média e dos chamados “tempos livres”) e a Cultura (conceito que perde a sua aura elitista a partir do desejo de democratização do acesso aos bens culturais, reforçado pelas gerações de artistas e ensaístas dos finais da década de 60). Cidades industriais ou portuárias que antes representavam pontos estratégicos nas orgulhosas economias estatais, procuram agora colocar-se na rede dos destinos globais do Turismo Cultural reinventando identidades perdidas, ainda que artificializadas. Como sabemos, essas identidades têm servido de base temática a inúmeros eventos promocionais, de que são exemplo as Exposições Universais, as Feiras Internacionais ou as Capitais Europeias da Cultura. Do ponto de vista arquitectónico esta condição vem conferindo aos novos espaços culturais um papel programático, sem precedentes, no marketing económico e politico das cidades. Na verdade, os Museus e Galerias, as Óperas e Filarmónicas ou os Centros Culturais e de Congressos adquiriram inegavelmente o estatuto de ícones culturais da cidade pós-industrial cuja evolução reflecte a própria transformação tipológica que vem contaminando a Arquitectura Contemporânea – refiro, neste sentido, a emergência de outras tipologias de aglomerados e do consumo como são os Shopping-Malls, os Parques Temáticos, os Aeroportos multi-funcionais ou os Interfaces de Transporte. Hoje, as cidades europeias já não dispensam a sua inclusão nos circuitos internacionais das Artes Plásticas ou da Musica, da mesma forma como já não dispensam a sua localização nos nós da mobilidade ferroviária (TGV) ou aeroportuária. Como resultado, Cultura e Turismo tornaram-se dois conceitos indissociáveis na definição das sociedades europeias contemporâneas. Esta ligação corresponde, de resto, a uma importação que a Europa fez das lógicas de gestão urbana e empresarial formuladas no outro lado do Atlântico, e que tem vindo a aplicar, para o bem e para o mal, com mais ou menos sucesso, na revitalização dessas cidades adormecidas pela Desindustrialização das ultimas décadas. Como resultado, a Europa representa hoje cerca de 60% dos destinos do Turismo mundial embora consciente de que para manter essa miragem na próxima década terá de reforçar a sua rede de “cidades culturais” face à oferta de outras temáticas turísticas oferecidas pelas Américas ou pelo Extremo Oriente. Conforme referido, os espaços culturais têm constituído, nas últimas décadas, o veículo fundamental da visibilidade das cidades europeias, funcionando, muitas vezes, como motor da sua própria revitalização. Façamos, por isso, uma breve retrospectiva dessa condição, No inicio da década de 70, quando o debate disciplinar se centrou sobre o retorno à “cidade histórica”, o Centro Georges Pompidou de Paris, de Richard Rogers e Renzo Piano, representou um momento alto do encontro entre a Arquitectura contemporânea e o tecido herdado do Beaubourg, constituindo-se como uma referência incontornável da cidade-luz, simultaneamente, e como refere Luís Fernandez-Galiano (1998), materializou o desejo de “dessacralizar a arte fazendo-a mais acessível, na linha do fervor populista da rebelião intelectual de 68”. Para além deste significado político, o Centro Pompidou reflectiu ainda, no seu programa, a massificação do “tempo livre”, transportando para o universo cultural conceitos próprios do “turismo de massas” que caracterizou aquela década. Neste sentido, e procurando contrariar os programas museológicos mais herméticos e conservadores, aquele edifício desejou ser, a seu tempo, uma espécie de não-museu. O diálogo da Arquitectura com o tecido urbano e cultural herdado serviu ainda de matriz ao projecto da Staatsgalerie de Estugarda, de James Stirling (um exercício notável de inserção urbana) ou à extensão da londrina National Gallery, por Robert Venturi (resposta coerente à escala do edifício preexistente), exemplos maiores que fecham esse período. No início da década de 80, será pela mão de François Miterrand que Paris renova a sua iconografia estabelecendo-se como epicentro europeu da intervenção cultural do Estado. No entanto, o conjunto dos “Grand Travaux” revela ainda duas novas condições dessa década: o ressurgimento de politicas neo-liberais que conjugam a acção publica e privada – do qual La Defense foi o paradigma – e o redireccionamento da requalificação urbana para tecidos obsoletos – evidente nas áreas seleccionadas para a localização do Parque de La Villete, do Parque Citroen ou da Biblioteca Nacional de França. Os espaços da cultura e do lazer ganham assim, durante a segunda metade dessa década, um novo protagonismo, agora como catalisadores do desenvolvimento de áreas degradadas ou subtilizadas. Durante os anos 90 esta condição é mantida através da instalação de novos Museus de Arte, um pouco por toda a Europa, como acontece com o novo Museu de Helsínquia, por Steven Holl, de Estocolmo, por Rafael Moneo, ou de Bilbau, por Frank O. Gehry – talvez o exemplo mais eloquente deste novo filão de espaços culturais com evidente repercussão urbanística. Progressivamente, a capacidade regeneradora destes ícones arquitectónicos contemporâneos questionam o velho princípio do planeamento funcionalista assente na lógica linear primeiro o plano, depois o projecto. Pela capacidade de atracção que encerram, estas novas marcas territoriais têm obrigado as politicas de gestão a repensar toda a estratégia de desenvolvimento das próprias cidades, tornando-se, ainda, na base do glamour promocional sobre o qual se sustenta o Turismo Cultural europeu. Cabe então perguntar, face aos efeitos perversos que a banalização dessa fórmula pode provocar, onde deve residir afinal a mais-valia desta febre geradora de hiper-museus? O que poderão estas Arquitecturas constituir verdadeiramente para além de uma interessante colecção de postais reveladores da European Beauty? Ou, como pergunta Rem Koolhaas (1999), “como fazer um edifício sério numa era de ícones”, referindo-se ao seu projecto da Casa da Música para o Porto2001, Capital Europeia da Cultura? A perversidade do modelo reside, como refere Álvaro Domingues (2000), no facto de se discutir “a cenografia da exposição antes do próprio conteúdo” provocando “uma espécie de nivelamento até ao grau zero dos produtos culturais, de forma a torná-los acessíveis e comunicáveis a um conjunto de consumidores o mais alargado possível”. Os Museus Contemporâneos correm, assim, o risco de se tornarem numa espécie de Parques Temáticos da Arte ou da História, pelo facto de se constituírem, programaticamente, como uma leitura excessivamente dirigista e limitada da complexidade de fenómenos culturais que nos rodeiam. Parece não ser possível tornar essa leitura séria (pegando na palavra de Koolhaas), enquanto se persistir numa compartimentação temática, tipo “pacote turístico”, das ofertas culturais. Explicitando esta posição, consideremos dois exemplos recentes e antagónicos, presentes em duas cidades europeias marcantes. O Museu da Cultura Judaica de Berlim, de Daniel Libeskind, constitui, a par do novo Reichtag de Norman Foster, um dos novos símbolos da reunificação da cidade e da pacificação do país com a sua memória recente, sem deixar de lembrar as feridas abertas pela Guerra. A composição do edifício contém, de resto, uma interessante interpretação planimétrica e epidérmica desses cortes abruptos trazidos pela história do último século. No entanto, e reforçando as indefinições que subsistem sobre o seu programa interno, não deixa de ser irónica a forma como, naquele espaço, os visitantes são guiados numa espécie de “viagem turística” ao Holocausto judeu, visitando espaços metafóricos que lembram a longa caminhada daquele povo. Ali conseguimos, afinal, perceber quão paradoxal é este tempo que nos obriga a transformar o horror em passeio lúdico. Noutro sentido, e recuperando uma memória industrial perdida, a nova Tate Modern, de Londres, procura revitalizar a margem sul do Tamisa oferecendo à cidade uma colecção de Arte Moderna que estava arredada do grande público. Numa majestosa central eléctrica transformada por Herzog & de Meuron, a fundação Tate ousou desafiar a linearidade da História e expor a sua colecção de uma forma heterodoxa. Ali, como escreveu Alexandre Melo (2000), a “reanimação da história constrói-se a partir do ponto de vista da contemporaneidade”, levando mesmo aquele crítico a considerar o espaço como um pós-museu. Na Tate Modern a produção artística recente mistura-se tematicamente com a dos primeiros vanguardistas cabendo ao visitante encontrar de uma forma livre e (re)activa as correspondências entre as múltiplas facetas culturais do sec. XX, numa viagem pessoal e não-dirigida. O carácter deambulatório deste Museu, se assim ainda lhe quisermos chamar, resume-se afinal na própria “experiência que é a vida” (Melo, 2000). Aqui, ao contrário de Berlim, a notável reinvenção do programa museológico parece suplantar o glamour da forma arquitectónica. A história recente da Europa tem vindo a ser contada pela evolução destes ícones culturais e dos seus pretensos conteúdos tão distintos entre sei. Do desejo radical, mas domesticado, por um não-museu Pompidou, ao corte com a tradição expositiva do pós-museu Tate, passando pela incontornável presença urbana do hiper-museu Guggenheim, assistimos à constante re-significação da Arquitectura contemporânea e da sua relação simultaneamente profícua e perversa com a cidade herdada. Afinal, a mesma relação que se estabelece entre o homem europeu e este novo tempo histórico. Hoje, perante os nossos olhos deslumbrados, um Velho Mundo está a ser reinventado. Referências Bibliográficas DOMINGUES, Álvaro, “Um negócio cada vez mais dinâmico” in Turismo Cultural, suplemento do Jornal Expresso nº 1420, Lisboa, 2000, p.8. FERNANDES-GALIANO, Luís, “El arte del Museu”, AV Monografias, Museos de Arte, 71, Madrid, Arquitectura Viva SL, 1998, p.6. KOOLHAAS, Rem, Office for Metropolitan Architecture – memória Descritiva de apresentação do projecto Casa da Música, documento policopiado, Porto 2001, S.A., 1999, p.1. Melo, Alexandre, “Londres: o Pós-Museu”, in Jornal Expresso nº 1437, 2000, Lisboa, p.25.
  24. Boas! Ontem falava com um grupo de ex-colegas de faculdade e ás tantas surgiu a conversa de que estariam a pensar participar no Europan, e que isso seria permitido apesar estarem apenas a estagiar, defendendo que há uma espécie de posição de salvaguarda que reserva o direito de qualquer interessado em participar desde que coordenados por um arquitecto que tenha cumprido os tais 2 anos de inscrição na ordem. A minha questão é a seguinte: Não é uma espécie de exurbitância o valor a pagar pela inscrição no concurso em questão??? procurei no sitio web do concurso mas a coisa para além de vaga é bastante confusa e parece ser copy-paste do regulamento de anos anteriores. Alguém que já tenha participado num Europan pode fornecer algum tipo de informação? Abraços! www.AspirinaLight.com
  25. SÓ ele é subjectivo.... existem muitos arquitectos jovens a quem falta apenas um pouco mais da projecção que o arq. João Mendes Ribeiro goza, e atenção que digo isto tendo pelo trabalho dele o maior dos respeitos, guardo-o como uma grande referência, mas temos bons arquitectos emergentes também!
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