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Arquitectura.pt


[blog] 7olhares


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“Tekon kinkurîto” (2006)
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Vi dois filmes aqui. Um interessou-me, o outro aborreceu-me.
a cidade:
Há sempre ideias visuais fortes por trás das boas animações japonesas. Na minha interpretação, este filme tem duas fontes principais: uma é a própria noção de imagen na arte e cultura japonesa. A arte japonesa produz agora e desde há muitos séculos imagens que são tão complexas como agradáveis, têm ideias abstractas na sua concepção, mas são viscerais na forma como tocam o espectador. Assim, a arte no Japão (quando realmente boa, e realmente japonesa) tem esta componente dupla, de ser altamente intelectual e altamente ligada ao público que atinge, independentemente de onde esse público é. Por isso é que tem sido relativamente fácil o processo de universalização da cultura japonesa (pelo menos a ‘imagem’ da cultura japonesa). O que me fascina é como criadores japoneses tão diferentes e de diferentes áreas e formas de expressão tendem a ser tão coerente entre eles, mesmo que não directamente relacionados. A outra fonte que encontrei aqui vem de uma certa forma de expressão que, em tempos, o cinema explorou. falo do expressionismo, e ainfluência directa que os filmes alemães dos anos 20 tiveram em tantas criações posteriores. Este filme é basicamente um produto destas duas (principais) influências. Temos uma cidade, que é magnífica, colorida mas escura (e, tal como os dois personagens principais, ‘preta’ e ‘branca’). Esta cidade merece ser explorada. É poderosa, e visual. É visual numa perspectiva falsamente bidimensional. Isso porque as imagens são mais baseadas em textura, cor, e enquadramento, do que em distâncias tridimensionais, ponto de vista ou perspectiva. Assim, tem mais de Metropolis que de Blade Runner. Mas é falso por os japoneses são muito bons a reduzir os meios sem perder conteúdo. É como dizer, a profundidade está toda lá, apesar de a imagem ser aparentemente plana. Assim, esta cidade merece uma visita e é, sem dúvida, o ponto mais forte neste filme.



[...]



7olhares
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“Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón” (1980)
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no princípio…

Suspeitava que iria ver algo assim antes de o ver. Estava interessado em compreender as raízes de Almodóvar como realizador, como ele começou a desenvolver o seu tipo de narração visual, que é tão único hoje. Ao mesmo tempo, queria compreender e sentir a pulsação do espírito underground de Madrid naqueles dias. Estas questões são pessoais para mim. Quero compreender como se pode utilizar uma força jovem (e inexperiente) disponível e talentosa e dar uma expressão fiel de um certo momento no espaço e no tempo. Também queria (e ainda quero) chegar aos “primeiros trabalhos” de realizadores que admiro, para assim compreender como eles usaram as suas limitações técnicas e orçamentais para perseguir as suas ideias. Este não é o primeiro filme de Almodóvar, mas é o mais antigo a que podemos ter acesso no mercado legal (e suponho que também no ilegal…).
Creio que o filme falha. Não por ser tecnicamente e formalmente (muito) imperfeito. Na verdade até gostei de ver todas as falhas a passar em frente dos meus olhos, creio que por vezes um projecto pode funcionar melhor se o amadorismo/inexperiência por trás se mostrar. Este é o caso. De qualquer forma, para mim o filme falha porque aqui Almodóvar ainda não é capaz de transformar as suas vulgares histórias de novelas em algo inteligente de um ponto de vista da narrativa visual. A história aqui não é mais ou menos pobre que em muitos dos sucessos de Almodóvar.

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7Olhares
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“Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón” (1980)
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no princípio…

Suspeitava que iria ver algo assim antes de o ver. Estava interessado em compreender as raízes de Almodóvar como realizador, como ele começou a desenvolver o seu tipo de narração visual, que é tão único hoje. Ao mesmo tempo, queria compreender e sentir a pulsação do espírito underground de Madrid naqueles dias. Estas questões são pessoais para mim. Quero compreender como se pode utilizar uma força jovem (e inexperiente) disponível e talentosa e dar uma expressão fiel de um certo momento no espaço e no tempo. Também queria (e ainda quero) chegar aos “primeiros trabalhos” de realizadores que admiro, para assim compreender como eles usaram as suas limitações técnicas e orçamentais para perseguir as suas ideias. Este não é o primeiro filme de Almodóvar, mas é o mais antigo a que podemos ter acesso no mercado legal (e suponho que também no ilegal…).
Creio que o filme falha. Não por ser tecnicamente e formalmente (muito) imperfeito. Na verdade até gostei de ver todas as falhas a passar em frente dos meus olhos, creio que por vezes um projecto pode funcionar melhor se o amadorismo/inexperiência por trás se mostrar. Este é o caso. De qualquer forma, para mim o filme falha porque aqui Almodóvar ainda não é capaz de transformar as suas vulgares histórias de novelas em algo inteligente de um ponto de vista da narrativa visual. A história aqui não é mais ou menos pobre que em muitos dos sucessos de Almodóvar.

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7Olhares
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“Breaking and Entering” (2006)
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visual, mas pouco vigoroso

Interessa-me muito o trabalho de Minghella. Há uma poesia visual transversal a todos os seus filmes, bons ou maus que, apesar claramente enraizados em referências específicas, são bastante pessoais e honestos. Muitas vezes tenho a impressão que ao longo de todo o filme ele está apenas a mostrar uma única imagem, que é distorcida, desvanecida, ligeiramente mudada. Assim ele é coerente no seu próprio mundo. Ele é abstracto na forma como cria sensações e sentimentos que podem não estar directamente relacionados com a história ou os personagens do filme. E tem um elemento que sempre joga em concordância com o que ele pretende: a música de Gabriel Yared. Quando (se) eu comentar no Paciente Inglês, todas estas observações serão mais significativas e farão mais sentido (apesar de eu sentir aí a necessidade de explorar estas ligações com mais intensidade). Mas, em geral, estas são as características que prepassam os filmes de Minghella. Este não é excepção. Ele escolhe uma localização, facilmente identificável (Londres), e coloca aí a sua narrativa visual poética. Ele constrói a sua própria cidade dentro da localização real. Não admira que o protagonista seja um arquitecto. Apesar de tudo, o filme tem pouco que ver com arquitectura.
O que se passa aqui é que há cineastas que operam (independentemente do que façam) sobretudo num mundo espacial (Welles, Antonioni, Tarkovsky, dePalma…) e outros enraizados em imagem

[...]

7Olhares - Breaking and Entering
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“No Country for Old Men” (2007) (Este país não é para velhos)
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as crianças que saíram da caixa de areia

Este filme é uma grande experiência em muitos níveis, e um dos melhores usos do widescreen que tenho visto em produções recentes. A fotografia é invejável, e chamo a atenção para todas as cenas que têm lugar no sítio do massacre. Dia, noite, de cima para baixo e ao contrário, todas as situações e ângulos são tentados, todos eles significam coisas diferentes em pontos diferentes da narração. É realmente grande trabalho. Mas há questões aqui para ser analisadas, creio.
Estou convencido que grande parte do gozo pessoal que podemos tirar de um filme (e de outros trabalhos criativos) é uma questão de decisão pessoal. Basicamente temos duas opções: ficar na superfície, ou pensar/sentir. A vasta maioria das audiências médias de cinema funcionam na primeira situação que basicamente se traduz em “gostei da história?”, “gostei das actuações?” (no nível básico de serem convincentes ou artificiais), e eventualmente a beleza das imagens. Para esse tipo de audiências este filme funcionará perfeitamente, porque está construído de situações/enredos/personagens já vistos. Nada do que temos aqui é pouco usual, traficantes de droga, dinheiro, xerife, e a fronteira dos EUA com o México. Ah, e o psicopata. Com estas afirmações, não me estou a retirar da audiência média. Mas procuro os meus caminhos para tentar compreender o que poderá estar por trás do que vi. Neste caso, não acredito que os Coens simplesmente fossem com a corrente, e fizessem tudo o que seria esperado de outros realizadores apenas competentes. Mas de facto, aparentemente eles fazem isso… suponho que foi propositado.

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7Olhares - no country for old men (2007)
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  • 3 weeks later...
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“Phone Booth” (2002)
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cinema centrípeto
Isto podia ter sido memorável. Tinha um conceito interessante detrás, mas quem executou arruinou-o. Suponho que em grande parte a responsabilidade devia ser atribuída a Schumacher. Ele é incompetente, ele vai com a maré, ele faz o que quer que as audiências consumam facilmente, e não se interessa por cinema ou como pode construi-lo numa base visual. Os seus filmes funcionam para mim como poluição visual, a estratégia dele é encher o olho com todo o tipo de imagens para substituir a falta das suas próprias ideias.
Assim, algumas coisas boas perderam-se aqui: Este filme é, num certo sentido, o oposto do que Hitchcock fez em Janela Indiscreta. Esse foi uma obra prima, porque nos colocava dentro do olho de um observador, e o mundo do filme é tudo aquilo que ele é capaz de ver. Nem mais, nem menos. Tirando alguns poucos planos especiais, recebemos um mundo com as mesmas medidas do de Stewart. Isso foi especialmente bem feito, e a história desenvolve-se visualmente. Aqui tínhamos o oposto. O mundo está centrado num personagem, como em Janela indiscreta, mas a forma como vemos esse mundo é completamente oposta,

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7Olhares - Phone Booth
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