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É o fim da Picada...


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É o fim da picada...

Anotícia fez as parangonas de quase todos os jornais. O caso não é para menos a população mundial está prestes a ser mais urbana do que rural enquanto que 4% da humanidade já vive em megalópoles com mais de 10 milhões de habitantes. Os números da ONU, entidade que revelou estes números estatísticos com referência a 2004, são claros e não deixam margem para dúvidas: 48% da população mundial vive agora em cidades e o seu crescimento até 2030, dada a baixa natalidade mundial que se regista neste momento, ficará a dever-se à migração rural para as grandes cidades e à transformação dos espaços rurais em volta das grandes cidades em zonas urbanas.

São, de facto, notícias alarmante mas que, infelizmente, não nos devem surpreender, dado também vivemos entre nós a mesma situação. À nossa escala, sem dúvida, mas igualmente de forma dramática. O fenómeno da desertificação interior do nosso país é já um dado consumado ao qual vemos todo o mundo rendido enquanto que as periferias das nossas cidades, com particular destaque para o Porto e para Lisboa, estão a crescer de forma alarmante. Se tivermos em conta que a ONU prevê que os pobres do novo milénio vão viver confinados ou a bairros degradados das cidades ou, então, nos subúrbios dessas mesmas aglomerações, o panorama ficará ainda mais negro. O problema, em concreto, é que de há 40 anos a esta parte, se clama entre nós, por uma política de ordenamento racional do nosso território e nada de concreto se tem visto fazer a não ser leis de base, decretos-lei, regulamentos e planos que, depois, na prática, ninguém cumpre a começar precisamente por quem as reclamou e/ou por quem as redigiu.

Há dias desloquei-me a uma freguesia de Penafiel - a Cabeça Santa para ser mais preciso - e, para variar, em vez de utilizar a auto-estrada, decidi percorrer a distância utilizando a antiga Estrada Nacional 15, passando, portanto, pelo centro de Valongo, de Paredes e, depois, junto à Casa do Zé do Telhado, cortar para Paço de Sousa até encontrar a estrada que liga Penafiel a Entre-os-Rios. Pois, meus caros, se não levasse a meu lado a D. Rosa, o mais certo era ter-me perdido ao longo das vias que percorri encontrei um número substancial de rotundas, com ou sem chafarizes ao meio, sistemas semafóricos e placas sinalizadoras que em vez de facilitarem a condução só a complicavam. E tudo isto acompanhado de uma autêntica floresta de prédios de três, quatro e seis andares, muitos deles já construídos; outros ainda em construção. Dir-se-ia que estava noutra terra mas não; pelo contrário, tinha era caído no país real, naquele país que o tempo e os homens se têm encarregado de tornar cada vez mais feio.

Em Valongo, por exemplo, a construção civil "prospera" de tal ordem que não tardará muito que não exista uma ponta de zona verde entre Ermesinde e a sede do concelho. Também não faltará muito que se esbatam as diferenças entre Valongo e Gondomar. A mancha urbana cresce de tal ordem de um lado e outro da estrada que liga Santa Rita ao Alto da Serra que estar num ou noutro município é absolutamente igual. E que dizer das vistas que podemos usufruir do lugar da Belavista, na freguesia de Fânzeres? Ao longe vê-se a Torre das Antas e o Estádio do Dragão - e vê-se também o casario que foi crescendo ao longo do Vale de Campanhã e, depois, pelas freguesias de Rio Tinto e Fânzeres.

Mais uns 10 anos e tudo será cimento armado com algumas estradas pelo meio. E esperem pela conclusão do celebérrimo IC24. Ou me engano muito ou chegaremos a Castelo de Paiva. É um autêntico (des)ordenamento nacional. Ou, se quisermos, o fim da picada...


É uma visão muito real daquilo que as nossas cidades se estão tornar...
Penso que poderá ser rezão para refletirmos um pouco...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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