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Beja|Núcleo Museológico da Rua do Sembrano|Arquiespaço


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Fernando Sequeira Mendes, em Arquiespaço – Arquitectura e Planeamento, lda.


Núcleo Museológico da Rua do Sembrano, Beja


Projecto Geral de Arquitectura:


Arquiespaço – Arquitectura e Planeamento, lda.


Co-autor e coordenador do projecto: Fernando Sequeira Mendes, arquitecto


Co-autor do projecto: Jorge Catarino Tavares


Colaboradores: Rute Batista, Gabriela Sandor e Tiago Pereira, arquitectos


Projecto de Estabilidade:


Filipe Gueifão de Oliveira, engenheiro civil;


Projecto de Instalações Eléctricas:


Rúben Sobral, Engenheiro Electrotécnico


Projecto de Instalações Mecânicas:


José Galvão Telles, engenheiro mecânico


Projecto de Instalações de Águas Prediais, Pluviais e Residuais:


Filipe Gueifão de Oliveira, engenheiro civil;

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O SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA RUA DO SEMBRANO


“A história da arquitectura impõe os seus estatutos à investigação formal; a arqueologia da memória exuma os significados escondidos entre os estratos profundos dos tecidos urbanos e entre as recordações de quem os habita; a individualidade do lugar reafirma a sua própria primazia sobre a generalização da tipificação. (…)
Se por um lado o «lugar» nos parece expressar, de algum modo e quase autonomamente, um edifício, por outro lado é verdade que este não pode surgir sem a intervenção de um pensamento generalizador, tipológico e formal.”
Purini, Franco - L'architettura didáttica / Casa del Libro Editrice - Reggio Calabria /1980 (tradução livre)

A área actual da escavação é de 280m2 que se poderá estender, pelo menos em parte, aos 320m2 do espaço público contíguo do Largo de São João. Mas isto significa que qualquer intervenção de requalificação do espaço urbano está sempre dependente da continuação da escavação arqueológica, sendo pois necessariamente precária. A área de intervenção não é suficiente nem as suas características viabilizam um núcleo museu, no sentido tradicional do termo.
O futuro Museu Arqueológico de Beja aguardará portanto outro tempo e outro lugar.
Serão pois parâmetros fundamentais de uma intervenção possível:
§ Uma solução que passe pelo garanta a continuidade da frente-rua, assumidamente tectónica, construída, estabelecendo a continuidade com os volumes dos edifícios existente.
§ A conservação do sítio arqueológico, deixando-o perceptível e a garantia da viabilidade da continuação dos trabalhos de escavação arqueológica.
§ A formalização de um espaço público ou equipamento público.
A escala das construções confinantes é miúda e a qualidade arquitectónica dos edifícios que envolvem o local reside mais continuidade que na identidade de cada um, pois são patentes os hiatos, as variações de volumes, as quebras de plano, as inconsistências formais.
A solução que a seguir se apresenta foi conseguida pela evolução de um modelo formal e funcional passo a passo construído em resposta a estas questões.
A SOLUÇÃO

“A mudança e a recorrência são o sentido do ser vivo: coisas passadas, morte por chegar, consciência do presente.”
Kevin Lynch, De que tempo é este lugar
Dois planos determinam as frentes da Rua de Sto. António e Rua do Sembrano, respectivamente.
O primeiro plano, no alinhamento da fachada do edifício adjacente é opaco, em alvenaria forrada a mármore fétido de S. Brissos. Um vão marca a esquina, iniciando um eixo que atravessa o espaço e define o percurso de ligação até ao Largo de S. João. Enfatizando esta axialidade, uma clarabóia na cobertura permite a entrada de luz indirecta que, incidindo sobre a face inferior da laje de cobertura, a desmaterializa.
O segundo plano, sobre a Rua do Sembrano, é tratado como membrana, seco sob o ponto de vista formal, mas translúcido do interior, diáfano pela transparência do mármore. Nos dois planos, a pedra tem gravado o desenho do sítio arqueológico.
A cobertura plana encerra o espaço, em consola no troço final, para além da fachada móvel de vidro temperado agrafado.
Esta última é um envidraçado desmontável, que irá avançando à medida que a escavação arqueológica for prolongada, transformando o espaço antes exterior, em interior.
No total o espaço terá 6m de altura na zona coberta, 43 de comprimento total e 16 de largura média.
Espaço que se entende dever ser então o de uma praça parcialmente coberta, travessia entre o Largo de São João e a Rua do Sembrano, lugar de encontro protegido dos rigores do Inverno e das calorinas do Verão.
Por baixo, uma estação arqueológica que o vidro laminado cobre, que aqui se albergam memórias.
Rasgada sobre o Largo de São João, a nave constituirá um espaço de acolhimento e de encontro, entre jornal e cigarro, entre memória e futuro.
A cantaria existente será recolocada na Praça, estudando-se uma hipótese de desenho que a dignifique.
Dois volumes em pedra seão bancos de estadia em conversas que se pretendem longas.
Na fachada a Sul, que da Rua do Sembrano conserva a sua dimensão tectónica, estabilizando a frente-rua, escorrerá lentamente um planpo de água durante o Verão, gerando sedimentos, depósitos calcários, corroendo a pedra, que de memórias estamos a tratar.
Pois é deste mármore, de “Trigaches ou de São Brissos”, que Beja é construída desde há 2.000 anos, que com ele estão revestidas as fachadas dos grandes edifícios, os socos e as molduras dos vãos do casario, que foram construindo memórias e ganhando a identidade do lugar.
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