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Bairro do Aleixo vai ser demolido


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Bairro do Aleixo vai ser demolido


Imagem colocada

Demolir o Bairro do Aleixo, actualmente o mais problemático conjunto de habitação social da cidade do Porto, será o culminar de um processo anunciado esta tarde por Rui Rio.



O coelho tirado da cartola pelo presidente da Câmara é a constituição de um fundo de investimento imobiliário, conjuntamente com um ou mais parceiros privados, do qual a autarquia deterá de 10 a 30%.
A contrapartida a reabilitação de prédios devolutos propriedade da Câmara, designadamente no centro histórico, para aí instalar habitação social, ou a criação de raiz de novos complexos habitacionais com esse objectivo.


Embora o impeça, o destino dos terrenos onde hoje se erguem as cinco torres não será na mesma linha: ali nascerão, supõe-se habitações de luxo. Mas as torres só desaparecerão quando todas as famílias forem realojadas. Estima-se que o processo dure cerca de cinco anos, estando o fundo avaliado em algo entre os 11 e os 13 milhões de euros.




www.jn.sapo.pt

margarida duarte

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para quem não conhece, aqui vão algumas referências:

"Bairro portuense de habitação social pertencente à freguesia de Lordelo do Ouro. É composto por cinco edifícios, vulgarmente chamados por torres pela sua elevada altura comparativamente a outros bairros, de 13 andares cada, com 320 casas. Tendo a sua inauguração feita a 13 de Abril de 1974 sendo que apenas existia a primeira torre, a segunda torre foi "tomada de assalto" cerca um ano e meio depois sem se encontrar completa"

in wikipedia



"Entre a Rua do Campo Alegre e a Marginal do Rio Douro, com uma vista de postal e rodeado por condomínios de luxo, encontra-se escondido o bairro do Aleixo, um dos bairros de habitação social mais problemáticos da cidade do Porto. Propriedade da Câmara Municipal, o Aleixo nasceu há quase 40 anos. As construções começaram em 1968, com a primeira das cinco torres que constituem, actualmente, o bairro, cada uma das quais com 13 pisos e 64 habitações. A população desta comunidade é socialmente desfavorecida, coexistindo inúmeros factores sociais de risco. Os níveis de escolaridade muito baixos aliados à fraca qualificação profissional, ao que se junta os números dos desempregados e as famílias numerosas que convivem diariamente com o problema da toxicodependência."


in jornalismo porto net

margarida duarte

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Uma localização fantástica, um potencial urbano imenso... uma situação actual que carece de um gesto... mas talvez não aquele que está a ser feito... Como o aimplemind disse, a máquina está a rolar e é esperar para ver se naquele local não vai nascer mais um condomínio fechado de luxo. Vem o dr. Rui Rio dizer que a câmara não vai gastar um cêntimo... pudera... quem é o grupo económico que não está interessado na capacidade construtiva daquele local em troca de umas habitações de raiz/recuperadas noutros locais não tão atractivos da cidade?... queria ver se o interesse era o mesmo se pelo menos uma percentagem destas famílias tivesse de ser realojada no futuro empreendimento neste local... Espero com alguma ansiedade para ver o que vai acontecer neste local...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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As pessoas que vivem em habitações sociais são uns alienados, agora que algumas gerações se tinham enraizado nesse bairro em vez de a camara o melhorar, destroem as torres e deslocam as pessoas.... Do que me lembro da minha experiência portista esse bairro era relativamente sossegado tirando a torre que se encontrava mais a norte onde estavam os drogados, lembro-me de ter entrado neste bairro muitas vezes pelo lado Sul e parecia um bairro completamente normal, até um pouco acolhedor.

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Fala-se na possibilidade de uma parte das novas habitações sociais serem recuperações na ribeira, de onde saíram muitas dessas famílias. Por esse lado até pode ser positivo, assim como a ideia de não concentrar todos num novo bairro, mas ninguém consegue afastar a sombra da especulação imobiliária que paira sobre este negócio... Pelo bairro só passei de carro, a pé nunca passei por lá, apenas nas imediações. Como o tatlin diz e bem, parece ser em volta da torre norte que se concentram os maiores problemas, mas convém dizer-se também que eles espalham-se pela envolvente, um pouco por todos os baldios e que existem vigilantes nas proximidades, normalmente no cruzamento de vias que se situa logo a norte, onde ficava até à alguns anos a única entrada para o bairro. O facto de só ser possível o atravessamento à bem pouco tempo pode ser uma das principais razões que explique o gueto em que se foi tornando. Fora isso, é óbvio que entre aquelas gentes à muitos que não têm nenhuma relação com os negócios que se concentram à sua porta e que acabam também elas por ser vítimas de toda esta situação... o estado de degradação do espaço é óbvio, dos interiores pouco sei, mas tanto quanto é dado a ver, não se encontram em muito bom estado... resumindo, não sei se a demolição será a situação ideal, apenas penso que os moldes em que se tem tratado este assunto não são os mais correctos... A edilidade tem um problema entre mãos e o dinheiro para o resolver não deve abundar, daí procurarem o apoio de um privado, tirando partido do potencial imobiliário desta zona para tentar fazer alguma coisa alegadamente a custo zero...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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portista ou portuense? :)

de qualquer forma pelo que pude ver pelos telejornais, há pessoas do bairro que acham muito bem a mudança...


Portista ou portuense... As duas confundem-se um pouco...;)

Lembram-se quando o Rui Rio foi ao bairro João de Deus dizer num discurso que ia encher o bairro de cinemas, lojas, restauração, novas habitações, residenciais para estudantes, etc... os moradores do bairro todos contentes com as boas novas:D.... Para a seguir dizer que ia retirar os moradores do bairro e por apartamentos de luxo a venda...
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Autarcas receptivos a moradores do Aleixo


JOANA DE BELÉM
147433.jpg

Porto. Rui Rio quer problema do Aleixo resolvido até 2013

Advertem para o risco de falta de planeamento que pode repetir problemas

Entre insultos ou gritos de aclamação, dividem-se as opiniões dos moradores do Bairro do Aleixo, no Porto, que o presidente da Câmara pretende ver demolido até 2013. A decisão de Rui Rio motivou já a redacção de uma providência cautelar para travar a demolição, que a Associação de Promoção Social da População do Bairro do Aleixo pretende entregar durante a próxima semana no Tribunal Administrativo e Fiscal.

Na baixa e centro histórico, presidentes de Junta vêem com bons olhos o realojamento de famílias em casas reabilitadas. Mas deixam o aviso: há que pensar e planear, para evitar problemas futuros. Relembrando que muitos dos actuais habitantes do Aleixo são antigos moradores do miolo histórico, o autarca da Sé não vê com desagrado a possibilidade de realojamentos. "Defendo que o centro deve ser repovoado", diz José António Teixeira, que no entanto adverte para os perigos da falta de planeamento. "O processo tem de ser discutido, falado, para que tudo seja feito de forma cuidada", diz, acrescentando que não podem ser esquecidas as pessoas que ali moram actualmente em más condições e cujas casas também têm de ser recuperadas.

António Oliveira, presidente da Junta da Vitória, diz desconhecer "em absoluto" as intenções da Câmara, que apenas conhece através da comunicação social. "Tudo o que vai no sentido de reabilitar o centro histórico é bem-vindo e muitas destas pessoas saíram desta e de outra freguesias" mas, diz, "falta saber em que moldes". Apesar de também desconhecer a fundo as pretensões camarárias, por se encontrar de férias, o autarca de Santo Ildefonso, Wilson Faria, afirma que "é muito bom recuperar", mas teme realojamentos sem uma prévia reflexão.


Link:
http://dn.sapo.pt/2008/07/18/cidades/autarcas_receptivos_a_moradores_alei.html

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Bairro do Leal é hipótese para moradores do Aleixo
Porto Urbanização parcialmente demolida em processo polémico indicada pela Câmara


HUGO SILVA

O Bairro do Leal , de onde muitos moradores foram retirados pela Câmara do Porto contra a vontade, é um dos locais que poderá receber residentes do Aleixo, aglomerado problemático que vai ser demolido até 2013.

À sombra dos prédios ou das árvores que por ali há, porque a tarde é tórrida, o Bairro do Aleixo é mais do que a famigerada Torre 1. "Até assamos sardinhas na rua", gritam-nos vozes da Ribeira, ali deslocadas toda a vida e por toda a vida presas a uma zona de onde não querem sair. Num recanto esconso do centro da cidade, o Bairro do Leal é diferente. As pessoas até sairiam, se a Câmara lhes desse soluções a gosto. Porque o gosto do município é, justamente, arrasar com o que resta daquele ancestral conglomerado operário, na esperança de que ali surja um dos novos bairros ligados ao negócio do momento.

Nesse enclave camarário dentro do quarteirão formado pelas ruas de Fonseca Cardoso, de Olivença, do Bonjardim e das Musas, resiste pouco mais de uma dezena de pessoas. E o nome de Rui Rio soa como o de Belzebu. Fernando Fonseca, morador há 53 anos, abre com impropérios e queixa-se de as demolições terem danificado a casa onde mora, propriedade de um senhorio particular. Porém, aceita sair. "Se a Câmara me mandar embora, eu vou, sem problemas". Basta-lhe um T2 e uma renda como a que paga.

Paredes em tabique esventradas mostram a precariedade das construções. Ao longo do bairro, uma ilha gigante, os casebres intercalam com os espaços vazios onde outros casebres se erguiam. Algumas casas estão arranjadinhas, forro de azulejos a expensas dos inquilinos. O ambiente é pacato, a gataria mostra que só de gente o espaço está vazio.

Há um bairro, ali perto, que os poria todos contentes. Mais velhos ou mais novos não se importariam de ir para a travessa de Salgueiros (à Lapa), onde há casas do município vagas. "Ainda ontem fui à Câmara, porque foram daqui para lá duas senhoras", diz-nos uma moradora, ciente que em casa nova não pagará os 2,5 euros mensais que ali gasta. Já Albertina de Jesus, 76 anos, gostava de ficar, mas, "se tiver de ser"...

Quem não está pelos ajustes é Manuel Machado. Tem 70 anos e mora há 42 na "Vivenda Olivença", um palacete a par dos proletários casinhotos. Antes pertencente a uma fábrica de candeeiros, a casa de dois pisos, com palmeira e hidrângeas no pátio cuidado, passou entretanto para a posse da Câmara, que recebe cerca de 15 euros de renda. Tem sido assediado pelos serviços, mas não troca os quatro quartos por um T2: "Tenho muito respeito por quem mora no Aleixo, mas só aceito sair se for indemnizado".

No Aleixo, já se sabe, não falta quem queira ficar. Mas Áurea Santos, que vive com três filhos num T2, até aceitaria ter mais um quarto em bairro feito de fresco. As várias pessoas com quem falámos coincidem, porém, numa certeza. Querem ficar ali perto, porque por ali fazem a vida, e, das soluções propostas pelo município aos investidores, a que melhor lhes cai é a de um novo bairro na zona da Mouteira, entre o hotel Ipanema Park e o Bairro de Lordelo do Ouro. Só Feliciano e Berta Gomes, com 78 e 75 anos, 30 vividos no Aleixo, temem a canseira. Diz ele: "Só queremos paz e sossego, Se for para mudar, eles que nos façam a mudança".

O tal terreno, o da Mouteira, está mesmo a pedir construção. O mato é alto e não se vê vivalma, além de um arrumador que cumpre horário de trabalho e tem clientela certa. Escanzelado sob a t-shirt em que se lê "FBI - Female Body Inspector", dá a voz. "Um bairro até ficava aqui bem", diz, abarcando com gesto largo o baldio onde guarda carros: "Desde que não tirem o meu cantinho".

Os seis mil metros quadrados de terreno do Bairro do Leal, que até já foi parcialmente demolido e onde ainda residem algumas famílias, fazem parte do conjunto de terrenos para construção e de imóveis municipais que poderão ser reabilitados para alojar as 1300 pessoas que sairão do Aleixo. Aliás, a Câmara do Porto sublinha que já existe um projecto elaborado para aquela zona, disponível para consulta.

Além do Bairro do Leal, a Autarquia indica mais três possibilidades: um terreno de 5615 metros quadrados na Rua da Mouteira, junto ao Hotel Ipanema Park e não muito longe do Aleixo, 1800 metros quadrados na Rua das Musas, em Santo Ildefonso; e vários imóveis no Centro Histórico, correspondendo a um total de 4228 metros quadrados.

A listagem surge na proposta respeitante à criação de um Fundo Especial de Investimento Imobiliário para a requalificação da zona onde está o Aleixo. O documento, a que o JN teve acesso, irá ser discutido na reunião de Executivo da próxima terça-feira. Logo no dia seguinte, o assunto deve ir à Assembleia Municipal.

O Bairro do Aleixo, que deverá dar lugar a um empreendimento de luxo, só será demolido quando os 1300 moradores tiverem sido realojados. "A transferência de habitação dos moradores será realizada à medida que os imóveis forem sendo disponibilizados, podendo efectuar-se imediatamente após o acto de aceitação", sublinha a proposta, salvaguardando que apenas terão direito a casa os que, "por direito próprio, cumpram os requisitos de inquilino municipal".

A empresa que ficará com os terrenos do Aleixo e que, assim, será responsável pela cedência de casas para o realojamento dos moradores não é obrigada a construir nos terrenos indicados pela Autarquia. "A sociedade gestora pode optar por disponibilizar imóveis de terceiros, disponíveis no mercado, desde que previamente celebre com os respectivos proprietários contratos promessa de disponibilização e alienação da propriedade a favor do município, com eficácia real", destaca a mesma proposta.

A Câmara sublinha, contudo, que serão beneficiados os concorrentes que apresentem uma proposta com uma "maior reabilitação do património imobiliário do Município [dos quatro lotes indicados]" ou que proponham "reabilitar imóveis localizados em zonas abrangidas por documentos estratégicos".

O Bairro do Leal situa-se, precisamente, em Santo Ildefonso, freguesia do centro do Porto. Muitos moradores foram retirados e realojados noutras zonas da cidade, num processo muito polémico. O projecto de recuperação do bairro, executado pelo gabinete dos arquitectos Sérgio Secca, Sónia Teles e Silva, João Paulo Fernandes e Gustavo Rebolho nunca chegou a ser concretizado.

O plano foi encomendado pela Câmara do Porto ainda durante a presidência do PS, sendo que o projecto de execução foi entregue já em 2004, com a coligação PSD/PP na Autarquia.


Link:
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=969166

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Demolição é a palavra que, nos últimos dias, mais surge associada ao bairro do Aleixo. O PortugalDiário descobriu um projecto que poderia «salvar» as cinco torres com vista para o Douro. Em Dezembro de 2007, a arquitecta Ana Lima, na altura ainda finalista da Universidade do Porto, propôs, uma solução mais económica do que a demolição e que manteria os moradores onde eles querem ficar: no Aleixo.

Para o presidente da câmara do Porto, a reabilitação do bairro é «um desperdício de dinheiro». Às vozes discordantes que se ouvem contra a orientação camária, surge um projecto capaz de requalificar e não destruir o Aleixo. Mais espaço, luz e uma melhor disposição interna são apenas alguns dos pontos abordados por Ana Lima no seu projecto de licenciatura, que lhe valeu uma menção honrosa na sexta Bienal Ibero-Americana de Arquitectura e Urbanística.
«Demolir e voltar a construir fica mais caro», esclarece a arquitecta ao PortugalDiário, que se inspirou no trabalho de uma dupla de arquitectos franceses, Lacaton & Vassal, e apresentou um projecto que poderia revolucionar as torres do Aleixo.
Deparou-se com falta de informação e pouca colaboração, por parte da câmara, na altura em que realizava o projecto. Mas os entraves não a demoveram de abraçar esta ideia.
Rui Rio «não gosta dos pobres»
O outro lado do Aleixo

As paredes degradadas, que tendem a deixar cair pedaços sobre quem passa na rua, seriam substituídas por fachadas modernas; a criação de amplos halls de entrada, a duplicação dos elevadores e profundas alterações na cave, que passaria a dispor de lojas com acesso ao exterior, mudariam a cara do Aleixo e permitiriam demonstrar uma real preocupação com o espaço e a comodidade dos habitantes.
«Este projecto procura não violentar as populações que lá vivem e que já tiveram de se mudar uma vez, da Ribeira para o Aleixo. O projecto procura trabalhar para as populações».
«Os pobres não têm direito a ter vista para o rio»
Rio Fernandes, geógrafo e professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, explicou ao PortugalDiário a visão que tem da proposta da Câmara do Porto. «Primeiro vejo o projecto como uma solução para um erro cometido no passado. Segundo como uma alteração política de Rui Rio e terceiro com apreensão, porque ninguém esclarece, não há informação».
De acordo com Rio Fernandes, é importante respeitar a vontade das pessoas: «Quem quer ficar devia poder ficar». O professor considera que este tipo de solução apenas aumenta a desigualdade social. «As classes mais altas situam-se junto ao rio, ou seja, na zona ocidental da cidade, as classe mais baixas concentram-se na parte oriental do distrito, porque os pobres não têm direito a ter vista para o rio», ironizou.
Pobres de um lado, ricos do outro, igual a violência
Rio Fernandes salientou ainda o facto de há já muito tempo, pelo menos desde meados de 1970, que nenhum tipo de habitação social é construída na zona da Foz, de Leça da Palmeira, ou seja, na zona ocidental e que cada vez mais surgem bairros deste tipo em, por exemplo, Gondomar e Fânzeres, na zona oriental da cidade.
«A demolição pode ser um "óptima" oportunidade de juntar pobres a pobres e ricos a ricos promovendo uma assimetria social, uma dualidade que pode resultar, como já aconteceu em outros países (Brasil), num aumento da violência».
O geógrafo alerta para o perigo da «segregação» social, quando «a cidade é uma mistura: não se pode resolver o problema num sítio e criar-se noutro».


http://diario.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/11597509

http://diario.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/11597508

http://diario.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/11597507
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Mais uma vez a especulação imobiliária a falar mais alto. Não me oponho à sua demolição. Oponho-me à facilidade com que se pega numas centenas de pessoas, que estão fixadas num determinado local e se as transfere para outro na qual elas não tem raízes algumas, como se estivessemos a falar de gado. Existem mecanismos e formas de se aliar o bom urbanismo, às carencias sociais e ao desenvolvimento económico de uma autarquia em face da valorização do seu património. Opta-se sempre pelo mais fácil, pelo lucro mais imediato.

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asimplemind: para uma pessoa tão viajada como tu , esperava uma visão mais apurada sobre este tema ! Quanto ao resto, não passam de sound bits de quem nunca esteve no bairro ou num bairro e não percebe puto do que é "construir cidade". Aquela dita Arq. Ana Lima é o espelho do porquê da maioria dos arquitectos portugueses não merecerem nenhum respeito por parte da maioria da população. Ela projectou aquilo sem conhecer o lugar , coisa fundamental para quem projecta ! Alguma vez o lugar ia mudar por mera cosmética de fachadas ? O problema está na escala ! Está na falta de desenho urbano ! E se ela ganhou um prémio com aquilo ... é sinal que quem a avaliou também não percebe nada sobre aquele lugar ! A nível politico, é das poucas vezes que concordo com o Rui Rio. É preciso intervir ali , logo é preciso dinheiro, se a câmara não tem dinheiro vai ter que haver parceria com privados! O terreno é aliciante ? Qual é o mal ? É da câmara não é ? Tão, as pessoas vão ter casa nova e a câmara ganha algum dinheiro e resolve o problema. Vocês têm outra solução ?? Eu não ! Se eu não tenho dinheiro para lá morar, ao menos que os privados paguem para ir para lá. Só tenho pena que não haja hoje em dia homens como o Haussmann para com coragem criar melhores cidades para toda a gente ! Claro que os tempos são outros e se calhar não há dinheiro para fazer o que Haussmann fez, mas claro, sempre assegurando casa a todas as pessoas! Viver no centro do Porto ? Quem me dera a mim ! Por isso deixem-se de demagogias e "vamos" construir cidade !

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Ricardo também me espanta que uma pessoa como tu que até anda nas reuniões do bloco defenda ideias contrárias aos bens sociais. Nota-se bem que só olhaste para as imagens e nem leste nada da notícia. Eu não vou defender esse projecto. Pelas imagens acho-o feio. Mas também essas torres já são feias. Mas defendo o seu ponto de vista sociológico que muito mais que um formalismo, é a base da sustentabilidade social de uma comunidade urbana! Há 30 anos atrás segregamos uma classe para um lado porque nos interessava o outro. Agora fazemos o contrário porque temos interesse acrescido nesse sítio. A Câmara pode ter as melhores justificações e os melhores fundamentos para demolir o bairro e construir novas torres de luxo. É uma obra paga pelos privados, leva-se população para o centro. Todos ficam a ganhar! Em teoria sim. Na prática não. Proliferam cada vez mais na parte ocidental da cidade os condomínios fechados e os bairros de luxo que são segregadores de das classes sociais. Veja-se o exemplo de Bruxelas, uma cidade divida a meio onde a norte do centro só habitam emigrantes e classes sociais desfavorecidas e a sul só habitam classes sociais ricas, membros da comissão europeia etc. A sul tens espaços públicos de luxo, grandes avenidas, grandes parques. A norte nem a recolha diária de lixo fazem! É isto que queremos para as nossas cidades no futuro? Vamos colocar uns macacos numa jaula porque são feios e os bonitos colocamo-los noutra. Tão simples quanto isto. E de séculos de história nada aprendemos, afinal ainda estamos na idade média... Quem fala do Aleixo fala de numerosos casos que se passam por este país fora à vista de toda a gente! E tu falas do Haussman e não consigo perceber que sentido queres dar a essa referência com aquilo que defendes...

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joão sousa, concordo com tudo o que disseste. acho que falaste bem e transmitiste bem o que também penso de tudo isto. gostaria só de acrescentar, que não nos devemos esquecer o direito ao lugar que todas essas pessoas têm e que lhe é roubado constantemente. alem disso, transferi-las para o centro (que por si só já é velho, degragado) só vai atenuar os defeitos que o mesmo têm e que também é necessário combater.
em relação ao projecto, confesso que as imagens também me assustaram, numa clara tentativa de "make up" que em nada resolve os problemas que existem (na minha opinião). habitação social é muito mais do que uma simples estratégia politica como querem fazer ver.

talvez fosse bom uma reflexão sobre as politicas defendidas pelo SAAL....

margarida duarte

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Sinceramente, não percebo porque defendem esse bairro, segundo me informaram, é um bairro problemático, portanto, concordo plenamente que se acabem com os bairros problemáticos. Qual é o problema de construir um condominio de luxo??? O objectivo das pessoas não é melhorar a qualidade de vida? Não é preferivel viver numa cidade com boas condições de vida, em vez de ter esses bairros pobres???

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Não é o bairro que é problemático, mas sim uma parte, principalmente centrada na torre mais a norte. Ao falar assim acaba por se catalogar todos os habitantes do bairro da mesma forma, o que não e todo verdade, há inclusivamente reportagens de pessoas que gostam de lá viver... pessoas como todos nós...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Mas desde quando é que se resolvem problemas dessa forma?! Um bairro é problemático, acaba-se com ele e pronto! Todos os problemas estão instalados nas paredes, lajes e coberturas do bairro? Que visão redutora... O mesmo se passa com o desenho de um espaço público. Pode ser muitíssimo bem desenhado, mas se o local onde está não se adapta a esse espaço nem há pontos de interesse no mesmo, gera-se a decadência. Demole-se o bairro, os problemas deixam de existir ali mas vão levá-los para outro lado qualquer! Enquanto passarmos a vida a separar as pessoas, nunca saberemos viver em comunidade. E esse é o maior problema de todos. O SAAL era uma boa referência para todos estudarmos e pensarmos um pouco sobre como intervir nestas situações. Imagino o que o Siza pensará quando olha da janela do atelier dele, sabendo que 30 anos depois de todo o esforço por mudar as condições sociais dos habitantes do Porto, em nada evoluímos.

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O mesmo se passa com o desenho de um espaço público. Pode ser muitíssimo bem desenhado, mas se o local onde está não se adapta a esse espaço nem há pontos de interesse no mesmo, gera-se a decadência.


Ao ler isto lembrei-me logo do projecto do arranjo da viela do anjo do qual já se falou aqui em tempos.

Voltando ao tema, sou da opinião de que não se deve mover uma população só porque sim e até dá geito a alguns, basta lembrarmo-nos do que aconteceu nos arredores de Lisboa à bem pouco tempo e pensar que essas pessoas são desalojados (para um canto) da EXPO... porque não interessava que numa feira de vaidades se mostrasse o que de pior tem o país...
Como já disse, há pessoas no bairro que gostam de lá viver e lutam por uma vida melhor. As generalizações são sempre perigosas e injustas.

A solução podia passar por uma reconversão do bairro, fazendo regressar às à zona da ribeira quem pretendesse e realojando quem pretendesse, em novas unidades inseridas na malha urbana que esse tal privado vier a conceber, agora falta saber se apareceriam privados interessados no negócio se fossem estes os moldes.

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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