3CPO Posted August 22, 2006 Report Posted August 22, 2006 A arquitectura não se faz só de habitação nem se resume apenas a massa edificada. Esta permite-nos ir cada vez mais além não só a nível projectual como também a nível espacial e teórico. A Ópera Bonn ("Aus Einem Totenhaus") na Eslovénia abre os horizontes nesse sentido ao se tornar num instrumento cénico de espaços arquitectónicos. Esta desenvolve-se em quatro plataformas móveis onde se exploram espacialidades contraditórias através da luz, do som e do movimento. A acção de levantar e baixar as plataformas provoca uma reacção dos actores a estes movimentos dando-se alterações na iluminação dos espaços que vão surgindo por entre as plataformas, as projecções laterais e o som ondulante da música da ópera. Certamente dará que pensar...Sadar Vuga - Ópera Bonn - Eslovénia - 2004Ler mais... Quote
Pedrucci Posted September 1, 2006 Report Posted September 1, 2006 Um bom exemplo de arquitectura cénica é o do nosso João Mendes Ribeiro... o mesmo já explorou vários campos da arte cénica, e grande parte das suas obras arquitectónicas tem haver com cenografia... Vejam a obra dele, vale bem a pena... Um outro Arquitecto de carácter bem importante no mundo da arte cénica. ainda que este, não aplicada directamente à cenografia de palco, é o Arquitecto António Polainas, um dos arquitectos responsáveis pelos cenários e mobiliário do jornal (dia e noite), entre outros, da RTP1... Tive sorte em ter aulas de Desenho no 1º ano do curso com ele... Abraços Arquitectonicos Quote
Guest Posted September 1, 2006 Report Posted September 1, 2006 Tal como o Petrucci, o melhor exemplo de arquitectura cénica que conheço, é a do João Mendes Ribeiro. Tive a sorte de assistir a uma conferência dele na minha universidade (Lusíada de Lisboa), onde ele mostrou imensas fotografias do cenário, e falou dos problemas e soluções do projecto. O que mais me fascinou foi todo o jogo de luz/sombra, e todo o espaço estudado e usado ao milimetro. Deixo dois links deste senhor para quem quiser:http://homelessmonalisa.darq.uc.pt/JMendesRibeiro/joao_mendes_ribeiro_entrevista.htmhttp://www.vitruvius.com.br/entrevista/mendesribeiro/mendesribeiro.asp Quote
Rui Resende Posted September 1, 2006 Report Posted September 1, 2006 Também acho o Mendes Ribeiro absolutamente exemplar em termos de tratamento cénico dos espectáculos que ajuda a produzir. Contudo, não arrisco colocar a palavra arquitectura associada a esse tipo de actividade. ~~~está certo que ainda é conformar um espaço, ainda que não para ser vivido, mas para ser fingido, com conotação simbólica e representativa de alguma coisa, real ou conceptual, mas arquitectura parece-me exagerado. Arquitectura cénica chamaria eu aquelas estruturas produzidas propositadamente no cinema, como o exemplo paradigmático do Metropolis (1927):'> No entanto, em relação a arquitectos que produzem cenários, gostava de chamar a atenção para um arqutiecto de Espinho, chamado Nuno Lacerda:www.cnll.pt já criou os layouts de vários programas de televisão e colaborou com grandes encenadores do teatro português, como o inevitável Ricardo Pais. Quote
Pedrucci Posted September 2, 2006 Report Posted September 2, 2006 Rui Resende compreendo perfeitamente o que dizes acerca de considerar a associação da Arquitectura com a Cenografia, contudo, existem várias expressões da Arquitectura que podem ser associadas a diversas artes, inclusivé a Musica onde a sua relação consegue ser mais intrinseca do que algumas pessoas imaginam... Atenção, isto não quer dizer que defendo ou deixo de defender que se pode associar uma arte a outra... penso que a Arquitectura nesta questão, é mais um meio para atingir um fim, e neste caso, temos o palco como protagonista desta Arquitectura denominada de Cenografia... Lembrei-me agora... tenho aqui um livro do João Mendes Ribeiro chamado Arquitectura e Cenografia Edição por parte da XM... Curiosamente ou não, o prefácio do livro, começa com um título deveras interessante, escrito pelo arquitecto Manuel Graça Dias, que se chama - Poética Inquietação: Arquitectura e Cenografia de João Mendes Ribeiro. E é interessante porquê? Porque retrata a associação entre estas duas artes... por exemplo, o prefácio começa desta forma: "Existe o hábito de não se considerar a cenografia como uma disciplina arquitectónica. Cenográfico, é mesmo um adjectivo negativo, quando aplicado à arquitectura. Mas fachadista, estático, cenográfico, seriam também atributospouco abonatórios da própria arte de construir os ambientes de palco; parece que remontam a uma ideia - essa sim superficial - de cenografia. Quando o teatro era também estático, parado, morto, quando a dança era apenas uma sucessão de códigos, quando a noção de cenário era de telões suspensos com reproduções realistas à frente, salas burguesas ou florestas românticas. Sabemos que o teatro e a danaça modernos não são isso.Sabemos que grande parte das cenografias que o séc. XX produziu nos propõem universos abertos, inventivos, espacialmente estimulantes, surpreendentemente diversos na transmutação que a luz permite. Às vezes modelos em tamanho natural de construções desejadas que a efemeridade e a urgência tornam "reais" muito depressa; outras, situações mais fantasistas, que a madeira ou o cartão permitem, coisas com rodas ou alçapões, móveis representações que transfiguram, iludem e mudam a envolvência da representação, ao transfigurarem-se à nossa vista. A Arquitectura pode ser definida como a organização do espaço necessária para que o homem possa desenvolver (protegido, física e psicologicamente), as suas actividades." Excerto transcrito do livro João Mendes Ribeiro - Arquitectura e Cenografia, págs 10-12 Este talvez seja um dos poucos textos em que descreve esta associação entre artes da forma mais completa nos dias de hoje... Espero por comentários vossos... Abraços Arquitectónicos Quote
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