Martín Ferrer Posted November 19, 2006 Report Share Posted November 19, 2006 Pedro Gadanho & a.s* – Portugal - Ellipse Foundation Art Centre – Estoril/Alcoitão - 18/11/2006 English text at the endUnos antiguos almacenes en las proximidades de Lisboa fueron transformados en un gran contenedor de arte, con salas de variadas magnitudes y proporciones capaces de albergar muestras en las más diversas modalidades, y que, comunicadas de un modo u otro, permiten crear distintos recorridos narrativos. Ler artigo... Link to comment Share on other sites More sharing options...
JVS Posted November 20, 2006 Report Share Posted November 20, 2006 http://www.arquitectura.pt/forum/showthread.php?t=3667 Com base no topico iniciado por Martin Ferrer inicio um dossier sobre este edificio. Nao vou referir na qualidade arquitectonica do objecto mas sim nos Museus de Arte em Lisboa. Devera ou nao haver museus na periferia. Sem grandes Museus de Arte Contemporanea existem pequenos museus de arte espalhados tanto em Lisboa como na Periferia... em relacao a este... que dizer... Alguem sabe onde e que fica e o que e que ele tem que os outros nao tem. O que me leva a visitar este museu? Link to comment Share on other sites More sharing options...
JVS Posted November 20, 2006 Report Share Posted November 20, 2006 Ellipse Foundation - Art Centre Rua das Fisgas- Pedra Furada, 2645-117 Alcoitão Alcoitão Tel: 21 469 18 06 E-mail: info@ellipsefoundation.com Homepage: www.ellipsefoundation.com A colecção da Ellipse Foundation (www.ellipsefoundation.com), iniciada em 2004, é uma colecção de arte internacional, neste momento com mais de 300 peças, que se foca na arte realizada a partir dos anos 1980, com alguns focos de atenção a peças e autores charneira de décadas anteriores. Num antigo armazém com cerca de 3,500 m2 situado em Alcoitão/Cascais, o arquitecto Pedro Gadanho realizou uma importante adaptação e criou dez salas de exposição, espaço de acervo e serviços que irão receber as actividades e principalmente as obras de arte de diferentes caracteristicas e realizadas em diferentes media: pintura, desenho, escultura, fotografia, filme, vídeo e instalação. A Ellipse Foundation irá continuar a aumentar o seu acervo adquirindo como até aqui obras de autores seminais, activos desde os anos 70, artistas “mid-career” e autores emergentes do séc. XXI. Alexandre Melo, critico e comissário, Pedro Lapa, Director do Museu do Chiado, e Manuel Gonzalez, Curador independente Americano, antigo director artístico da JPMorgan Chase Collection em Nova Iorque, são desde o ínicio da fundação os responsáveis pela definição e coordenação das aquisições e do programa de exposições, juntamente com um concelho consultivo internacional composto por Andrew Renton, director curatorial do Goldsmiths College em Londres, Bartolomeu Mari, curador do Museu d’Art Contemporanide de Barcelona, Lars Grambye, director do Malmo Konsthall na Suécia e Ricardo Marti-Fluxá, patrono do Guggenheim Museum de Bilbao, assim como Hervé Mikaeloff, curador da Colecção Bernard Arnault (Paris) e o curador James Lingwood (Londres). João Oliveira-Rendeiro começou a colecionar arte nos anos 80, inicialmente adquirindo importantes mestres modernos e artistas contemporâneos portugueses. Desde então, tem vindo a expandir o seu foco de acção desenvolvendo uma colecção internacional de grande âmbito. Doou obras significativas ao Museu de Serralves, no Porto e também com a sua Mulher Maria, ao Museu do Chiado, em Lisboa. in http://www.guiadacidade.pt/v3_index/local/13629/ ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTREINÊS MOREIRA2006-09-04 A Ellipse Foundation – Contemporary Art Collection, instituição privada dedicada à aquisição e exposição de arte contemporânea, abriu recentemente ao público o seu Art Centre, um espaço de exposição e de acervo com 3.500 metros quadrados situado num pavilhão prefabricado localizado na zona comercial/industrial dos subúrbios de Cascais. A opção da Ellipse Foundation recaiu sobre a escolha de um armazém desactivado, redesenhando o seu interior para alojar as várias funções do Art Centre. São diversas as motivações e as ascendências que fundam este espaço, como refere João Rendeiro: “Não queríamos ter um “Guggenheim“, não queríamos ter um Frank Gehry, não queríamos ter um imobiliário que marcasse o projecto enquanto projecto arquitectónico e que absorvesse uma componente excessiva dos meios financeiros que tínhamos disponíveis. O que se colocou em cima da mesa foi a adaptação de um armazém, muito na linha do que temos visto a nível internacional, desde o Dia em Nova Iorque aos projectos de Miami, onde há uma adaptação do imobiliário à arte contemporânea.” ver entrevista in www.artecapital.net A Fundação entregou o projecto de conversão do edifício a Pedro Gadanho, arquitecto com experiência na concepção espacial para montagem de exposições de arte contemporânea. O projecto do Art Centre pode ser abordado de perspectivas distintas: do enquadramento da gestão cultural da instituição e sua sede – no âmbito da economia -; à reformulação e concepção do edifício - no panorama da cultura arquitectónica/urbanismo –; ao campo mais teórico - no âmbito da história da arte. Contudo, interessa-nos abordar o manifesto fundacional que constitui alicerçar neste lugar. A localização do Art Centre da Ellipse Foundation no interior de um armazém devoluto é um gesto que determina a representatividade da Fundação, os limites do projecto de arquitectura e manifesta a contemporaneidade da sua actividade enquanto centro artístico. Desde os finais dos anos 60 em Nova Iorque ao início dos anos 90, em cidades como Londres ou Berlim, cresceram movimentos alternativos de artistas que em acções individuais e colectivas ocuparam o interior de pavilhões industriais em bruto, procurando espaços adequados para a instalação dos seus trabalhos - as Factory de Andy Warhol são exemplos paradigmáticos. Os armazéns e pavilhões industriais foram escolhidos para a apresentação de trabalhos (então) marginais, sendo locais económicos e não-convencionais. A utilização de armazéns prendeu-se com a sua espacialidade, informalidade e flexibilidade, pois o vazio do armazém devoluto transfere para o espaço de exposição algumas características do espaço e da espacialidade/atmosfera do estúdio do artista, gerando sobre as obras um efeito similar ao dos espaços onde estas foram criadas. A “ocupação” de armazéns com programas dedicados à arte afirmou-se com a emergência da instalação e da obra site-specific (devido às dimensões e multiplicidade dos seus espaços); contrapropondo-se também à neutralidade asséptica do espaço da galeria de arte, que apaga o contexto onde a obra de arte é produzida, e assumindo uma orientação crítica face ao sistema do comércio e da exposição das artes. A localização do Art Centre da Ellipse Foundation num armazém devoluto segue as influências indirectas destes movimentos artísticos alternativos, e não surpreende saber que alguns dos artistas presentes na colecção tenham participado na exploração de armazéns devolutos. Ainda que em continuidade com este movimento, a corporalização do Art Centre persegue uma segunda fase, ou mesmo terceira, de interpretação do espaço do armazém, integradora da espacialidade da galeria e do equipamento técnico do museu no interior de espaços industriais abandonados. Desde meados dos anos 80, diversas galerias e instituições artísticas converteram pavilhões industriais com valor arquitectónico, estrutural e/ou de engenharia singular, como a cobertura metálica do Le Magazin, em Grenoble, de Eiffel, para instalar centros de arte. Tendencialmente estes edifícios, como o “Building One” nas Docklands de Londres, localizam-se nos arredores das cidades em antigos distritos industriais, tendo sido utilizados como motores para a transformação urbana. Respeitando a herança e património industrial, a sua conversão em pólos culturais apoia-se nos públicos e indústrias da cultura, transformando a imagem dos distritos em abandono. Este gesto vai de encontro às tendências recentes de fixação de instituições culturais para reconversão do património industrial, observáveis nas estratégias da Tate Modern, do Baltic, ou do Dia:Beacon. (Estabelecendo uma estratégia de ruptura, o efeito Bilbao, é um modelo desta catalisação da reformulação urbana.) A conversão de armazéns em centros de arte institucionais encerra um paradoxo. Compreendendo a adequação encontrada no armazém para a exposição de arte contemporânea, ocupações mais institucionais – como as pioneiras Saatchi e Whitechapel - não resistem a promover intervenções arquitectónicas profundas, adoptando a linguagem minimal, e transportando a espacialidade e as técnicas do “white cube” (iluminação homogénea, ar condicionado, níveis de humidade, etc.) para o interior do armazém. Os únicos elementos que perduram firmemente são o “contentor” industrial, que define o recinto, e a estrutura de cobertura, usualmente metálica, que incorpora a linguagem industrial, enquanto garante a iluminação zenital com luz natural. Ganhando cada vez maior complexidade, os programas conduzem a reorganizam de funções no interior do contentor, preenchendo o “vazio” do edifício, e transformando profundamente a sensação e o sentido do espaço. A opção da Ellipse, e a intervenção do arq. Pedro Gadanho, aproxima-se da segunda fase descrita, enunciando uma intervenção profundamente transformadora dos armazéns pré-existentes, fragmentando a sua espacialidade e propondo uma linguagem contemporânea e gráfica com que refunde a natureza industrial da pré-existência. O Art Centre é facilmente destrinçável da envolvente através dos volumes pretos angulosos que o singularizam do contexto heterogéneo: no topo de uma rua secundária levemente inclinada numa activa zona comercial/industrial e de habitação social ainda ordenada segundo assentamento rural. As fachadas negras adoptam uma função comunicacional fortemente gráfica, como um “banner” gigante onde o nome e o logo se impõem, integrando, bidimensionalmente, a volumetria dos armazéns. O centro é composto por 3 corpos, reorganizados transversalmente à fachada, basicamente simétricos na sua composição, com eixo nos portões de acesso. O primeiro corpo compreende o hall de entrada e duas salas de exposição laterais; o segundo compreende a sala de exposição principal (dando acesso ao acervo e a duas salas de exposição no piso superior); o terceiro corpo é composto por espaços mais exíguos, duas salas de exposição e uma sala negra de projecção. Percorrendo o edifício identifica-se uma estratégia de zonning, apoiado no plano de distribuição funcional em bandas, onde os espaços secundários - circulações e halls – assumem grande expressividade e identidade autoral, distinguindo-se dos espaços expositivos, mais neuros e apropriáveis. A expressão industrial dos armazéns existentes foi apagada e totalmente recoberta: paredes e tectos planos em gesso cartonado pintado de branco, pavimento de betonilha cinza, sistemas de iluminação artificial, ventilação e climatização embutidos nos tectos. A iluminação natural foi suprimida, e a cobertura ocultada, os elementos estruturais que suportam o recinto e cobertura do edifício não estão aparentes: a cobertura metálica encontra-se revestida por gessos cartonados, a estrutura de pilares está embebida nas paredes, estando alguns pilares metálicos em “H” isolados e revestidos com materiais e formas escultóricas. Se a linguagem adoptada para os espaços de exposição está contida num género codificado, é nas zonas de circulação e acesso às salas do piso superior que se revela a linguagem mais autoral. Inseridos entre os 3 corpos brancos que definem os espaços de exposição, os espaços de circulação (halls e escadarias) estão concebidos como sinalética gráfica bidimensional, composta por largas listas de chapa laranja quinada, que dobram dramaticamente definindo escadarias que conduzem o espectador ao primeiro piso. Estas “passadeiras laranja” estão confinadas entre paredes pretas polidas que conferem um carácter cenográfico à ascensão e acentuam a distinção dos espaços de exposição. Ambas zonas de circulação principal conduzem a salas cujo projecto assume linguagens distintas, nomeando duas direcções opostas na cultura arquitectónica contemporânea com que desafia a neutralidade dos espaços do piso térreo. Sobre a sala negra de projecção, no fundo do Art Centre, encontra-se uma sala abstracta, etérea, com pé direito relativamente baixo e definida por materiais brancos e sintéticos (pavimento autonivelante branco, cobertura plana em vidro fosco retro-iluminada). Esta sala enxuta de excessos cria o ambiente de uma estufa, ou solário, citando um discurso arquitectónico conceptual, fundamentado no discurso crítico, como o Hormonorium que Decosterd and Rahm apresentaram na Bienal de Veneza de 2002. Assoma sobre a entrada da Fundação a sala de reuniões, (futuro) local de encontro da Direcção. Posicionada cenograficamente entre o miradouro e a sala de controle, através dos vidros escurecidos oculta e revela o seu interior, enquanto permite um olhar panóptico sobre as entradas e saídas do edifício. Neste volume suspenso existe uma profusão de materiais, imagens e sentidos que rompem com o resto do edifício. Assumindo uma linguagem glamourosa, explora efeitos visuais e tácteis, mencionando o imaginário dos lounges retro-futuristas do cinema dos anos 60. O desenho cenográfico dos tectos, onde lanternins redondos brancos compõem cheios e vazios na superfície preta, experimenta a reflexão sobre as paredes oblíquas em vidro, criando um ambiente íntimo completado pelas alcatifas felpudas que revestem o pavimento. O Art Centre combina diferentes linguagens, resultando um efeito geral de justaposição e collage, por oposição à clareza formal do volume negro em que se encerra. Se num primeiro momento, percorrendo as salas de exposição, os espaços do Art Centre aparentam grande homogeneidade e flexibilidade, na análise detalhada da distribuição verifica-se que a flexibilidade existente obedece a limites disciplinados e impostos pelos espaços sociais e de circulação – através da sua conformação e linguagem - estabelecendo fronteiras claras entre as áreas reservadas à exposição e as áreas de maior representatividade da Fundação. Será interessante acompanhar a evolução do Art Centre, tanto no que se refere à estratégia curatorial, e instalação de peças de artistas, como relativamente aos métodos de montagem das exposições, pois poderão vir a fornecer diferentes possibilidades de metamorfose ao próprio espaço arquitectónico. Inevitavelmente, será sobre alguns dos espaços expositivos com maiores dimensões, e ausentes de retórica, que recairá a maior flexibilização e apropriabilidade do espaço, o que fundamentou a adopção de armazéns industriais pela arte contemporânea. A presença do discurso do próprio espaço arquitectónico distingue o Art Centre de outras adaptações de armazéns, onde os elementos de interferência decorrem das preexistências industriais, aqui eliminadas. Algumas das opções espaciais tomadas no Art Centre levantam questões de integração de discurso artístico e arquitectónico, sendo as áreas que adoptam morfologias e linguagens mais afirmativas as que encerrarão os maiores desafios à apropriação do espaço pelos trabalhos artísticos. O desafio lançado à criação/ocupação do Art Centre, coincide agora com os desafios mais específicos a lançar às suas diferentes ocupações. Reside na necessidade de revisão e negociação constante das fronteiras que separam/interligam os espaços de exposição das áreas cuja representatividade é social. [* Após visita ao espaço a 18 de Agosto 06, durante a exposição inaugural.] Inês Moreira Arquitecta (FAUP) e Mphil (UPC-Barcelona) Doutoranda no Goldsmiths College, Londres in http://www.artecapital.net/opinioes.php?ref=28&PHPSESSID=0db1ec2119de421562aa069daeadf925 Ellipse abre a sua casa aos líderes do mundo da arte Paula Lobo O plafond de 20 milhões de euros inicialmente estabelecido para a colecção vai aumentar. E já existe até um acordo com a fundação de François Pinault, o magnata e coleccionador francês, também dono da Christie's, que em 2007 vai ter em Paris um dos maiores museus privados de arte da Europa. Os planos da Ellipse Foundation são ambiciosos, e por isso abre amanhã as portas do seu Art Centre, em Alcoitão, a muitos dos mais destacados artistas, coleccionadores, directores de museus, curadores e críticos internacionais. Em Maio, inaugurou-se o espaço - antigos armazéns reconvertidos pelo arquitecto Pedro Gadanho -, um investimento de quatro milhões de euros (abre de sexta a domingo mas tem entrada gratuita). Em Junho, fez-se a primeira apresentação do acervo (visitado por 1200 pessoas, excluindo convidados). Em Setembro, abriu a primeira mostra anual no Centro Cultural de Cascais, ao abrigo da parceria com a autarquia. Mas Open House, que amanhã se inaugura com quase 120 peças e muitos VIPs (ver caixa), encerra um ciclo. "Teremos um período de avaliação, conhecendo as críticas à fundação, ao espaço e às obras, e depois há nova fase de aquisições", afirma ao DN João Rendeiro, presidente do Banco Privado e da Ellipse Foundation Contemporary Art Collection. Coleccionador, fundador e principal investidor deste projecto com sede na Holanda, João Rendeiro foi incluído este ano , pela revista americana Art Forum, nas 100 personalidades mais influentes no mundo da arte contemporânea. "Mais do que a mim, é a consagração da Ellipse Foundation, o reconhecimento internacional de que o projecto é sério e de grande qualidade", considera. Revelando que o orçamento vai "subir um bocado" e que haverá troca de exposições com a Fundação Pinault (no âmbito do fórum de fundações que está a ser desenvolvido), o presidente da Ellipse garante que há abertura para "colaborar com instituições públicas portuguesas que queiram mostrar a colecção, ou partes dela, a um público mais vasto".Open House, que reformulou a mostra inicial e fica patente até 1 de Abril de 2007, inclui várias aquisições recentes. Uma Ping Pong Table de Gabriel Orozco, desenhos sobre fotografias de Richard Prince, aguarelas e uma escultura de Sherrie Levine, fotografias de John Baldessari ou a tripla projecção vídeo de Eija- -Liissa Ahtila. Tudo obras históricas ou ilustrativas das novas tendências. Surpreso pelo "reconhecimento num espaço tão curto de tempo" mas à espera "das reacções e críticas para se aprofundar e melhorar o trabalho", Alexandre Melo, um dos curadores, lembra queo acervo tem vários eixos a explorar, até por comissários convidados. Tal como as residências artísticas (com a escola Maumaus) e os programas paralelos de conferências - o primeiro é já hoje (18.00), na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa, sobre A Proliferação Global de Museus Privados e as suas Implicações. Pedro Lapa, outro curador do projecto, acrescenta que, por falta de espaço, ainda não se exibem as "obras-primas" de Olafur Eliasson ou Pierre Huyghe. A peça mais recente de Stan Douglas, co-produzida pela Ellipse, será emprestada em Novembro à Secession de Viena (há várias obras já a circular em museus da Europa e EUA). Quanto às futuras aquisições, adianta, visam alguns artistas que não integram o acervo, trabalhos que complementem núcleos e casos "emergentes". in http://dn.sapo.pt/2006/10/14/artes/ellipse_abre_a_casa_lideres_mundo_ar.html Ellipse Foundation abre centro de arte Paula Lobo Três anos e meio depois do arranque, a Ellipse Foundation Contemporary Art Collection mudou de rumo. De acervo construído para investimento, destinado a ser vendido ou doado a um museu ao fim de dez anos, passou a colecção que os donos querem preservar. Com quase 300 obras compradas por 10 milhões de euros e mais de uma centena de artistas, a fundação privada inaugura hoje, em Alcoitão, o seu Art Center. Para guardar e mostrar um conjunto único no País e ao mais alto nível. Com projecto do arquitecto e curador Pedro Gadanho, um armazém com 20 mil metros quadrados (próximo do CascaiShopping) foi transformado num complexo com reservas, salas para reuniões e serviço educativo, e 10 salas de exposições - galeria para peças de grande formato, blackboxes para filmes e instalações, e espaços com pé-direito e áreas diferentes. Um investimento de quatro milhões de euros, no total. "A lógica inicial está ultrapassada. As pessoas que aderiram ao projecto estão mais interessadas em manter a colecção e a fundação do que no próprio investimento", afirma ao DN João Rendeiro, presidente do Banco Privado e da Ellipse. A fundação não reuniu, como se propôs, 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. Nem exige já a participação mínima de 250 mil euros. Mas as duas dezenas de investidores que aderiram - 80% portugueses, entre eles e com "posição de liderança" João Rendeiro, também coleccionador privado e mecenas de Serralves -, mantêm o tecto de 20 milhões de euros para aquisições. O objectivo não é uma "operação de venda ao Estado", ironiza, em óbvia referência à colecção Berardo. Goradas as negociações com a Fundação de Serralves para depósito das peças, o Art Center fará "serviço público". Mas o seu público será o dos "interessados". Daí o grafismo do atelier M/M Paris, a futura integração numa rede de fundações privadas e a aposta nas residências (para já, com a escola Maumaus). De Julião Sarmento e Cabrita Reis a Dan Graham, Douglas Gordon, John Baldessari, James Coleman, Hamish Fulton, Bernd & Hilla Becher, Cindy Sherman ou Gillian Wearing, esta é "uma colecção com obras de topo dos últimos 25 anos", diz ao DN Pedro Lapa, director do Museu do Chiado e, com Alexandre Melo e Manuel González (colecção JP Morgan), um dos curadores responsáveis pelas encomendas ou compras em galerias de Nova Iorque a Berlim, leilões ou feiras de arte. As aquisições - disponíveis em www.ellipsefoundation.com - são debatidas com um conselho consultivo internacional, e "atendem aos desenvolvimentos mais relevantes da produção contemporânea, sem privilegiar qualquer mediumou os países dos autores", acrescenta Lapa, desvalorizando a polémica sobre a acumulação do cargo com a direcção de um museu nacional: "Essa questão está resolvida a nível de tutela. A colecção da Ellipse é internacional e a do Chiado é portuguesa". in http://dn.sapo.pt/2006/05/22/artes/ellipse_foundation_abre_centro_arte.html Link to comment Share on other sites More sharing options...
JVS Posted November 20, 2006 Report Share Posted November 20, 2006 João Rendeiro: fundo de investimento ou colecção?“Até agora e até abrirmos o Art Center, apesar de a Colecção Ellipse já estar disponível no site da Fundação há muito tempo, não houve nenhum comentador que se tivesse dado ao cuidado de clicar na internet e ver a importância da Colecção”. — João Rendeiro (Ellipse Foundation/ Contemporary Art Collection) Li a entrevista dada por João Rendeiro a Sandra Vieira Jürgens sobre aquilo que parece ter sido o óbvio fracasso do fundo de investimento em ‘arte contemporânea’ lançado sob os auspícios do Banco Privado Português e com o entusiasmo do seu presidente, João Rendeiro, e dos seus dois consultores especializados, Alexandre Melo e Pedro Lapa. Pedro Lapa, por acaso, já era director do Museu do Chiado, quando a iniciativa de João Rendeiro teve lugar (em 2002), tendo coincidentemente seleccionado para ambos os teatros de operações — o Museu do Chiado e o então fundo de investimento do Banco Privado (agora rebaptizado Fundação Ellipse, com sede em Amesterdão) — os seguintes artistas: Gillian Wearing, James Coleman, Jimmie Durham, João Onofre, Rosângela Rennó, William Kentridge. Donde que a sua tentativa de desvalorizar um óbvio caso de conflito de interesses e de abuso dos mecanismos de legitimação inerentes à actividade museológica desinteressada do Estado, não colhe. Quando falo desta situação a amigos estrangeiros olham-me com grande incredulidade como se estivesse a falar de um caso na Nigéria, no Chade ou na República Centro Africana. As explicações dadas agora pelo financeiro parecem confusas. Afinal de que trata a sua colecção? De um fundo de investimento privado com garantias dadas pelo seu banco, cujo fim último é especular com a compra e venda de obras de arte? De uma colecção privada do Sr. João Rendeiro, do Banco Privado e de mais alguns amigos seus, que não aspira a outro fim que o deleite estético e a benemérita intenção de prestar um serviço à comunidade? Ou de uma Fundação? E se for este o caso, com que fins? Apenas coleccionar? Ou também especular com investimentos em arte? O recente caso Afinsa pesa seguramente sobre este confuso projecto, inicialmente vendido em Portugal, em Espanha e no Brasil, como aposta certa para chegar a rentabilidades da ordem dos 12,4% ao ano, e agora reduzido a tímido sonho cultural. Recomendo, pois, a leitura da entrevista dada pelo banqueiro a Sandra Vieira Jürgens no sítio da ARTECAPITAL, e depois, a comparação do respectivo conteúdo com duas outras leituras: — a de uma notícia do sítio brasileiro ISTO É DINHEIRO, de 17/03/2004 sobre as intenções do Presidente do Banco Privado Português numa sua visita a São Paulo, de que cito esta passagem esclarecedora: “O produto financeiro anunciado é semelhante a um fundo de investimento internacional. Os investidores serão cotistas da empresa Elipse Foundation. A entidade ficará responsável pela organização e promoção da nova coleção. A aplicação mínima é de US$ 300 mil. Será preciso ainda esquecer do dinheiro durante um período que pode variar entre sete e nove anos. ‘No longo prazo, os ganhos são atraentes’, diz Rendeiro. Entre 1986 e 2002, o Contemporary Art, índice do mercado internacional de arte contemporânea, rendeu, em média, 12,4% ao ano. A Elipse Foundation terá um patrimônio total de US$ 25 milhões para garimpar obras com potencial de valorização pelo mundo afora. A meta posterior é vender a coleção para um museu. Não se assuste com o fantasma da falta de clientes que ronda esse mercado — o Banco Privado Português garante a compra das peças. Mas não assegura, contudo, o preço. Como em qualquer aplicação financeira, portanto, existe risco. O investimento tem o aval do próprio banqueiro, um bem-sucedido colecionador de arte. Para atrair a confiança dos clientes, Rendeiro promete: aplicará US$ 2,5 milhões do próprio bolso.” — e a de uma outra notícia publicada pelo Portal da Bolsa de 26/03/2004:“João Rendeiro revelou ainda que a Ellipse Foundation, uma fundação criada pelo BPP para investir em arte, já terminou a sua colocação de capital, junto de 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. O investimento total de 20 milhões de euros irá ser colocado ao longo de 4 anos.” Sabemos agora que ‘a lógica inicial está ultrapassada’. E que ‘A fundação não reuniu, como se propôs, 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. Nem exige já a participação mínima de 250 mil euros’, como se pode ler na notícia dada pelo Diário de Notícias online de 22/05/2006. O banqueiro queixa-se de que ninguém viu o sítio onde publicita a novel colecção, e que os jornalistas se perdem em assuntos de menor importância. Pois fique o banqueiro sabendo que me dei ao trabalho de visitar o dito sítio. Não me admira, depois de passar os olhos pelas aquisições, que os investidores não tenham chegado aos quarenta ambicionados, e que boa parte dos que entraram tenham entretanto saído. A colecção é, de facto, irrelevante e desactualizada, não obedecendo a nenhuma estratégia inteligente, nem no plano financeiro, nem no plano da avaliação crítica. Tratando-se de uma aposta na chamada ‘arte contemporânea’, i.e. num período pretérito e bem delimitado da arte do século 20, denota óbvia falta de recursos para se abalançar em objectivo tão ambicioso. Será que ninguém explicou ao banqueiro quanto custam hoje obras significativas de autores vivos como Gehrard Richter, Cy Twombly, Andrew Wieth, Charles Ray, Brice Marden, Jeff Koons, Sigmar Polke, Elsworth Kelly, Robert Rauschenberg, Damien Hirst, Jasper Johns, David Hockney, Agnes Martin, Bruce Nauman, Robert Ryman, Georg Baselitz, Frank Stella, Andreas Gursky, Jannis Kounellis, Julian Schnabel, Christopher Wool, Nan Goldin, David Salle, Mathew Barney, Thomas Ruff, Ross Bleckner, Vanessa Beecroft, Malcom Morley, Sol LeWitt ou Mariko Mori? Estou apenas a citar alguns dos 200 autores ‘contemporâneos’ com maiores volumes de negócios e com os quais, por sinal, se poderia de facto fazer um excelente investimento em ‘arte contemporânea’... Se, ao invés, a intenção fora a de investir em futuros, i.e. se a estratégia adquirida pelo banqueiro pretendia antecipar os novos valores da arte do século 21, então o erro foi ainda mais desastroso. Não há na lista de autores/obras disponíveis no sítio da Ellipse Foundation, um único autor representativo da centena e meia de artistas pós-contemporâneos que agora mesmo poderia ditar para este postal electrónico. A arte do século 21 é antes de mais uma arte post-contemporânea. O seu processo generativo fundador começou no início da década de 90 do século passado e deve a sua originalidade a um processo de ruptura multi-dimensional com as práticas teoricamente esgotadas e corrompidas da ‘arte contemporânea’. Trata-se de uma arte nascida de linguagens inteiramente novas, essencialmente cognitivas antes de se tornarem intuitivas, expressivas e performativas. Para um pequeno coleccionador, como parece ser o caso de João Tenreiro, olhar para o complex media em que se move a arte mais sintomática do início deste século ainda poderá ajudar a salvar o seu mal encaminhado empreendimento. Para provar que passei os olhos pela mal-formada colecção Ellipse, deixo à apreciação do leitor uma lista com todos os autores representados na dita colecção. Os números entre parêntesis curvos correspondem ao número de obras por autor. Os números entre parêntesis rectos, correspondem à minha avaliação pessoal das obras adquiridas numa escala de 1 a 10... Aballí, Ignasi (6) [1] Ackermann, Franz (1) [1] Ahtila, Eija-Liisa (1) [5] Arrechea, Alexandre (1) [3] Atay, Fikret (1) [7] Baldessari, John (1) [5] Balka , Miroslaw (1) [5] Balkenhol, Stephan (1) [5] Barney, Matthew (1) [5] Becher, Bernd and Hilla (1) [7] Bickerton, Ashley (2) [6] Bradley, Slater (3) [6] Breuning, Olaf (15) [6] Cabrita Reis, Pedro (2) [1] Coleman, James (1) [7] Cragg, Tony (1) [6] Croft, José Pedro (1) [2] Da Cunha, Alexandre (2) [3] Dijkstra, Rineke (7) [2] Dittborn, Eugenio (2) [4] Dunham, Carroll (1) [5] Durham, Jimmie (7) [7] Einarsson, Gardar Eide (3) [4] Eliasson, Olafur (2) [4] Fulton, Hamish (1) [6] Gober, Robert (2) [7] Gonzales-Torres, Felix (1) [5] Gordon, Douglas (1) [6] Graham, Dan (4) [7] Graham, Rodney (1) [6] Hammons, David (1) [5] Hatoum, Mona (1) [2] Havekost, Eberhard (1) [1] Herrera, Arturo (2) [1] Hirschhorn, Thomas (2) [3] Höfer, Candida (3) [4] Huyghe, Pierre (2) [5] Iglesias, Cristina (2) [3] Michael Elmgreen & Ingar Dragset (2) [2] Islam, Runa (1) [4] Jamie, Cameron (3) [3] Jankowski, Christian (1) [5] Julien, Isaac (1) [5] Kabacov, Ilya & Emilia Kelley, Mike (1) [6] Kentridge, William (3) [6] Klauke, Jurgen (1) [4] Kuitca, Guillermo (1) [3] Lawler, Louise (4) [5] Lockhart, Sharon (1) [4] Lucas, Sarah (1) [3] Marepe (2) [1] McBride, Rita (2) [1] McCollum, Allan (1) [4] McDermott & McGough (1) [1] McQueen, Steve (1) [2] Meireles, Cildo (1) [3] Mir, Alexandra (4) [1] Moffatt, Tracey (1) [?] MP & MP Rosado (4) [1] Neshat, Shirin (1) [3] Neto, Ernesto (1) [3] Neuenschwander & Guimarães, Rivane & Cao (1) [?] Onofre, João (1) [2] Opie, Catherine (3) [?] Orozco, Gabriel (2) [5] Ortega, Dámian (1) [1] Oursler, Tony (1) [6] Pardo, Jorge (2) [1] Pettibon, Raymond (18) [5] Pfeiffer, Paul (1) [2] Pierson, Jack (2) [1] Prince, Richard (4) [5] Puch, Gonzalo (2] [1] Rennó, Rosângela (4) [1] Rosefeldt, Julien (2) [2] Rosenblum, Adi + Muntean, Markus (3) [2] Sachs, Tom (1) [1] Sala, Anri (1) [1] Sarmento, Julião (1) [1] Scheibitz, Thomas (1) [1] Schorr, Collier (4) [5] Schütte, Thomas (2) [5] Sekula, Allan (2) [4] Shearer, Steven (2) [1] Sherman, Cindy (6) [7] Simmons, Laurie (3) [3] Simpson, Lorna (2) [3] Slominski, Andreas (1) [1] Solakov, Nedko (1) [1] Starkey, Hannah (1) [1] Struth, Thomas (1) [3] Tillmans, Wolfgang (1) [1] Tiravanija, Rirkrit (1) [1] Trockel, Rosemarie (1) [?] Uslé, Juan (1) [1] Vale, João Pedro (1) [1] Varejão, Adriana (1) [4] Walker, Kara (1) [4] Wall, Jeff (1) [5] Wearing, Gillian (4) [6] Weiner, Lawrence (3) [3] Fischli & Weiss (2) [3] Williams, Sue (3) [5] Wilson, Robert (1) [5] IN http://oam.risco.pt/2006/06/ellipse-foundation.html Link to comment Share on other sites More sharing options...
Arq.to Posted November 20, 2006 Report Share Posted November 20, 2006 Continuação da discussão iniciada pelo JVS sobre este artigo:http://www.arquitectura.pt/forum/showthread.php?t=3676 Arquitectura, Arquitetura, Construção, Engenharia e outros Espaço de Arquitetura Link to comment Share on other sites More sharing options...
Dreamer Posted November 20, 2006 Report Share Posted November 20, 2006 Será que um museu na periferia não pode ser um ponto "central", uma referência que faça com que a periferia o deixe de ser, transformando-se em cidade?... Para mim, o depreciativo termo "periferia" aplica-se a sectores do território onde não existem condições que transformem esse lugar em "cidade", ou melhor, "parte da grande cidade", sejam eles quais forem, por isso, se forem criadas essas condições, esse local pode-se assumir como "parte una" da cidade, deixando o território de ser uma manta de retalhos, mas um contínuo desenho urbano, com diferentes realidades, conceitos e formas de desenvolvimento, mas com as condições essenciais como pano de fundo... Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?... Link to comment Share on other sites More sharing options...
JVS Posted November 20, 2006 Report Share Posted November 20, 2006 Será que um museu na periferia não pode ser um ponto "central", uma referência que faça com que a periferia o deixe de ser, transformando-se em cidade?... Penso que e uma falsa solucao. Nao e um equipamento cultural que vai transformar a Periferia a ser um centro. Existem varias condicionantes que transformam uma zona numa centralidade. Link to comment Share on other sites More sharing options...
Dreamer Posted November 21, 2006 Report Share Posted November 21, 2006 Precisamente o que eu disse, um museu, ou outro equipamento semelhante, funcionar como alavanca do desenvolvimento das periferias e zonas mortas da cidade... Bom ou mau temos o Guggenhaim de Bilbao como exemplo... Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?... Link to comment Share on other sites More sharing options...
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