Demiurgo

Parabéns! Acho que é um logotipo que funciona muito bem. Sou um membro recente deste fórum (3 dias) mas fiquei com muito boa impressão do fórum logo desde a primeira vez que aqui vim parar (tão boa que me tornei membro no mesmo dia). Será preciso dizer algo mais? O logo e em especial o header bem como as cores e organização geral do fórum foram incisivos em transmitir aquilo que realmente interessa. Na minha opinião, muito bom!

De facto a arquitectura e os espaços criados, transformam-se desde o momento que nascem. A forma como as pessoas se apropriam dos espaços também os transformam. Mas gostaria mais de ver a questão de outro ponto de vista. O que é que permanece imutável na arquitectura e nas obras arquitectónicas? Porque é que reconhecemos valor arquitectónico a determinado edifício que pode ter 200 ou 2000 anos? O que é que ainda permanece nele para que reconheçamos valor (e não me refiro apenas a valor histórico) quando a sua função já não tem qualquer significado? Pensar nisso é pensar nas bases do conhecimento arquitectónico e naquilo que define a arquitectura. Neste sentido acho muito mais interessante pensar nas permanências que nas mutações.

Sinceramente esta questão procupa-me. Não a da amigdalotomia , nem tanto o facto de sermos muitos arquitectos. A concorrência e a discussão de ideias é benéfica para a profissão e para todos. A selecção natural funciona (pelo menos em teoria). O que realmente me preocupa e para a qual não vejo solução imediata é a falta de cultura arquitectónica (e até ousaria retirar o arquitectónica ) das pessoas para quem projectamos. É verdade que o mercado pode estar a ficar saturado, mas é difícil singrar quando o arquitecto é o último técnico a quem um cliente vem solicitar os serviços. Não por ter algo contra os arquitectos, mas porque não reconhece o valor do seu trabalho, não entende as suas preocupações (que deveriam ser as dele) e como profissional o desrespeita.

Infelizmente (mas sem que por tal facto se possa condenar a arquitectura) é a partir destes momentos de conflito que a arquitectura encontra território para se renovar a si própria. É nas grandes reconstruções de cidades (e às vezes países) que se abrem oportunidades para novas experiências urbanísticas e/ou estéticas, muitas vezes com organizações sociais diferentes das outrora vigentes. Os momentos pós conflito (social ou bélico) oferecem à arquitectura oportunidade para se concretizar e se pensar a si mesma enquanto geradora do "habitat" humano.

Tenho 27 anos, sou arquitecto, licenciado desde 2001. Juntei-me ao fórum porque acho importante discutir a arquitectura e do que dela fazemos. Local previligiado para trocar pontos de vista, experiências e saberes. Na prática da profissão nestes últimos 5 anos, foram mais os dissabores que as alegrias, mas nunca deixei de gostar da arquitectura e de a poder exercer. Estou disposto a dar o meu contributo para discussões saudáveis e construtivas e o mesmo espero de todos os membros deste fórum. Saudações a todos!