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Siza Vieira/Souto Moura

Convergência na diversidade ?

"

Imagem colocadaImagem colocadaGuggenheim de Nova Iorque é revolucionário e peça de grande modernidade, dizem arquitectos portugueses

Ricardo Batista
20 de Outubro de 2009

Ícone, revolucionário, uma peça de grande modernidade - é como os arquitectos Siza Vieira, Souto Moura e a crítica de arquitectura Ana Vaz Milheiro definem o Museu Guggenheim de Nova Iorque, que quarta-feira completa 50 anos.
Projectado pelo arquitecto norte-americano Frank Lloyd Wright, o Museu Solomon Robert Guggenheim de Nova Iorque, em homenagem ao criador da fundação homónima e do museu, foi inaugurado a 21 de Outubro de 1959, escassos meses depois da morte de quem o desenhara.
"Se se pode falar de ícone em relação à arquitectura, é um ícone", garante Álvaro Siza Vieira em declarações à agência Lusa.
O edifício, que demorou algum tempo a ser construído, não está realizado exactamente como o arquitecto o desenhou, causou resistências na época, o que, para Siza Vieira, se deveu à "singularidade" e "novidade" da obra.
Para o arquitecto português mais premiado no estrangeiro, o Guggenheim é uma "máquina de expor extraordinária" e "hoje é impossível pensar em museus sem vir à mente a referência" aquele museu nova-iorquino.
O facto de estar construído em rampa - apesar deste conceito já ter sido utilizado em museus pensados por Le Corbusier - , permitindo uma visão global das exposições, de estar pensado sobretudo para exposição em parede, de pintura, mas também ter espaço para a escultura e constituir um desafio para os artistas são particularidades do museu, observa.
Para Siza Vieira, o Guggenheim, tal como museus mais tradicionais como o do Louvre (França), ou o de Basileia (Suiça, também é um "emergente" - "sobressai mas não é agressivo em relação ao entorno e, no entanto, é singular em relação à envolvência".
"Não chegamos àquele local e ao Guggenheim e dizemos ah, bolas, isto estabeleceu aqui uma ruptura abusiva. Não, estabelece sim um contraste mas é um contraste que enriquece o contexto dele se diversificando" e "não surge tão singular como um corpo estranho", sublinha. "Dá a impressão a quem hoje passa por ali que tinha que estar ali", conclui.
Também o arquitecto Eduardo Souto Moura considera aquele espaço "revolucionário" devido a três factores. Porque estabelece o conceito de museu/percurso, institui um novo conceito de monumento objecto de ruptura em relação às residências pré-existentes e cria uma linguagem nova, depurada, em que a forma segue a função e a função segue a forma, sustenta.
"A grande inovação deste museu é definir um percurso, é existir uma intencionalidade do arquitecto para que o público ou utente faça aquilo que ele quer", diz Souto Moura, acrescentando que este conceito foi depois adoptado por Corbusier e recuperado num museu de Tóquio.
Até essa altura os museus "eram uma espécie de armazéns de obras depositadas em que as pessoas iam fruindo o que lhes apetecesse", enquanto o Guggenheim não tem alternativas, observa.
"As pessoas têm que fazer a rampa; vêm para trás ou têm que a fazer", sublinha.
O segundo factor prende-se com o facto de o Guggenheim ser uma obra com que Frank Lloyd Wright se "confronta com a cidade de uma maneira completamente diferente e dissonante", refere.
"Frank Lloyd Wright era considerado "um ´expert ` em arquitectura doméstica, por fazer muitas casas" e se "confrontar pouco" com a realidade urbana, mas com este museu "fez um objecto estranho inserido numa morfologia urbana que não tem nada a ver com o edifício que propõe".
A terceira inovação dá-se ao nível da linguagem, já que o Guggenheim é a obra "mais depurada" do arquitecto, que "usava muito a decoração" e que era "muito formal", e na qual a "forma segue a função", sublinha.
Daí que Souto Moura defina Frank Lloyd Wright como "um arquitecto do século XIX que preparou o século XX" e o Guggenheim o "objecto ou proposta em que faz o manifesto a dizer o que deve ser o século XX, o futuro".
Também para a crítica de arquitectura Ana Vaz Milheiro, o Guggenheim é uma "peça de grande modernidade" e "sem dúvida uma das obras-primas da arquitectura do século XX, que vai marcar o entendimento da grelha de Nova Iorque.
"A arquitectura é uma disciplina em que não se inventa nada. Recria-se, aperfeiçoa-se (.) e a importância das obras mede-se também pelos impactos que causam na de outros", sustenta.
"Não podemos imaginar a Fundação Iberê Camargo, no Brasil, de Siza Vieira, sem o Guggenheim, porque este projecto de Siza é talvez o que mais explora as potencialidades utilizadas pelo Wright no Guggenheim", conclui. "

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