m a r g a r i d a Posted December 3, 2007 Report Posted December 3, 2007 Bragança, 1 dez (Lusa) - Algumas aldeias desertas localizadas em Trás-os-Montes reúnem condições para dinamizar um novo conceito turístico de recriação de épocas históricas capaz de impedir que se transformem em meros vestígios arqueológicos. A idéia é defendida pelo arqueólogo Luís Pereira, da extensão de Trás-os-Montes do Instituto de Gestão do Patrimônio Arquitetônico e Arqueológico (IGESPAR). A região trasmontana contabiliza já alguns casos de aldeias completamente despovoadas, sendo Benrezes, no município de Macedo de Cavaleiros, um dos mais emblemáticos. O anterior bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. António Rafael, recorria a este exemplo freqüentemente na sua luta contra a desertificação do Nordeste, pedindo para que não se permitisse que a região tivesse o mesmo destino. Esta aldeia "fantasma", a meia dúzia de quilômetros da cidade de Macedo de Cavaleiros, está completamente abandonada e em ruínas. A sua história é feita de lendas de maldições que terão dizimado a população, mas, para o arqueólogo Luís Pereira, a versão mais plausível para este abandono terá sido uma epidemia. A maior parte da população teria sido afetada e a que escapou fugiu da aldeia para a povoação mais próxima de Vale da Porca ou outras. Para trás, as pessoas deixaram, há já várias décadas, as casas e os equipamentos coletivos agora em ruínas, mas ainda demonstrativos da mais pura ruralidade. "Uma jóia" é como o arqueólogo considera Benrezes, acreditando, por isso, que das ruínas das casas e ruas muralhadas em pedra poderia erguer-se um novo conceito turístico na região, que já é aplicado em outros países. Os adeptos da natureza no seu estado mais puro teriam aqui a oportunidade de desfrutar do mais bucólico cenário, onde não se avista sequer um poste de eletricidade. Os campos em volta estão lavrados e, de vez em quando, é possível avistar um rebanho entre os tons da natureza junto ao rio Azibo. É numa das margens do rio que se encontra o mais importante e vistoso núcleo da aldeia com um moinho em pedra "altamente sofisticado para a época", dispondo de três mós a trabalhar em simultâneo num processo totalmente tradicional. Os balcões típicos das aldeias transmontanas, com as escadas de acesso à porta principal, ou as tradicionais manjedouras para os animais no andar inferior das casas são algumas das características presentes.Projetos Este ambiente campestre podia ser aproveitado para fins turísticos com a revitalização da aldeia, na opinião do arqueólogo Luís Pereira. Para este técnico, outras aldeias podiam dar origem a projetos idênticos, com outras temáticas ou recriação de épocas históricas relevantes na região. "Avancem com projetos e o Turismo apoiará", disse à Lusa o presidente da Comissão Regional de Turismo do Nordeste Transmontano (CRTNT), Júlio Meirinhos. Meirinhos entende que não compete à instituição que dirige tomar a iniciativa, mas estar disponível para ser parceira e apoiar e encaminhar eventuais projetos a candidaturas adequadas. O presidente da CRTNT considera o conceito "interessante" para uma região que aposta no setor turístico para o desenvolvimento futuro. Da mesma opinião é a autarquia de Macedo de Cavaleiros, embora fonte autárquica tenha reconhecido à Lusa que "é muito difícil avançar com qualquer projeto". Embora abandonados, os terrenos e as ruínas de Benrezes são propriedade privada partilhada por vários herdeiros, o que dificulta um eventual processo de negociação. O arqueólogo Luís Pereira afirma que as mutações demográficas que agora se observam na região transmontana, e sempre presentes nos discursos políticos, são recorrentes ao longo dos tempos nos registros históricos. Profetiza que algumas aldeias serão no futuro meros vestígios arqueológicos, como aqueles que na atualidade dão conta das movimentações das populações ao longo da história por questões políticas, sociais e até bélicas. O arqueólogo não encara a situação atual como "preocupante" e até acredita que, além dos projetos turísticos que defende, a região transmontana tem condições naturais para inverter esta situação. A tecnologia que permite aceder a tudo a partir de qualquer parte do mundo e a procura cada vez maior de qualidade de vida são dois fatores que, para este arqueólogo, vão ajudar a repovoar quase que naturalmente algumas zonas da região. www.agencialusa.com Quote margarida duarte
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