JVS Posted December 9, 2010 Report Posted December 9, 2010 As crises e atitudes do Urbanismo Por: Pedro Faria- Arquitecto 2 de Dezembro de 2010 às 16:13h Para entender a importância efectiva do planeamento urbano primeiro temos de esclarecer alguns princípios elementares. Vejamos: imaginemos que num dado local se coloca uma pedra para construir uma casa. Marcamos imediatamente a presença de um grupo humano num certo território. Contudo, pouco se notará de início. Depois, surgem alguns edifícios e formam um aldeamento, com arruamentos, espaços públicos e privados; a partir daí é evidente a presença da civilização humana no território. Consequentemente, surgem também alguns problemas de gestão urbanística, embora (ainda) fáceis de resolver. Mas entendemos que, naturalmente, este aldeamento ir-se-á expandir e sendo o planeamento uma prática inexistente os problemas deste aglomerado multiplicar-se-ão. Em 1980, Lisboa possuía cerca de um milhão de habitantes e pouco mais à sua volta. Em pouco mais de dez anos não só a população ultrapassou os dois milhões na sua vizinhança, como reduziu para praticamente metade os residentes no seu concelho. Consequência típica numa cidade – que por acaso é a capital nacional – que não soube gerir os seus processos de crescimento e desenvolvimento urbano. Olhemos então para a cidade de Castelo Branco. Quantos habitantes existem no seu concelho hoje? O seu valor total não atinge os 50.000 habitantes. E a questão que se coloca: será esta entidade urbana devidamente gerida e planeada? Com certeza que não, dado que todas as soluções adoptadas durante as últimas três décadas não reverteram nem a favor nem contra a boa organização do meio urbano, ou seja, os meios e ferramentas de planeamento e gestão urbanística apenas não foram utilizados eficazmente. Serão então os planos municipais ineficazes, úteis ou inúteis? Neste campo, preferia ser mais cauteloso e não ter muitas certezas, pois isso ninguém tem, no entanto, poderia dizer que a imprudência de achar que “assim é que bom para a nossa população” ou “assim é o que a população quer” deveria ser condenável. Afinal, entenda-se que depois de feito somos obrigados a ter que viver com as asneiras todos os dias. Em cada localidade existe normalmente um projectista que, num tempo de escassez de arquitectos, e mesmo de engenheiros, teve certo volume de trabalho relativamente considerável. Alguns desses indivíduos até serão relativamente informados e autodidactas, mas o problema real não reside na capacidade ou incapacidade de eles perceberem de arquitectura e de construção. O problema reside na falta de consciência e responsabilidade social na construção de edifícios mal concebidos, que acabam por perturbar e condicionar a nossa vivência diária, seja pelo ‘stress’ gerado, seja pela ausência de bem-estar e mesmo das condições mínimas de habitabilidade e de conforto. Deste modo, não deixa de ser curioso ouvir algumas observações como “eu construí” ou “eu desenhei metade desta cidade”. No pensamento destas pessoas, há sem dúvida uma necessidade de auto-afirmação, que pensam ser positiva. Mas na verdade de positivo não pode existir nada, sabendo-se que praticamente todos os edifícios construídos nas décadas de 1980 e 90 não fornecem condições de habitabilidade decentes nem tiveram as mínimas preocupações e obrigações, como hoje são obrigados a ter. Ou seja, na realidade, a avaliação mais aproximada do trabalho de tais ‘projectistas’ será “apesar da quantidade de edifícios construídos, na verdade, estes é que são os responsáveis por 50 por cento do mau património habitacional desse tempo”. Todos estes resultados partem de um problema de planeamento prévio – ou da sua ausência – que não é um processo necessariamente complicações, apenas se exige algum tempo, estudos prévios, em suma, o cumprimento da legislação existente. De facto, muitas decisões de âmbito urbanístico podem demorar muito no tempo inútil e depois fazemos tudo em cima do joelho, esperando que a intuição resolva o problema. Mas se o poder de decisão já está pressionado, mais não sabe muito bem o que está a fazer dado que não houve estudos técnicos para o caso, naturalmente só com uma jogada de sorte, como no totoloto, é que podemos ter uma decisão coerente. Caro leitor, não fui eu que disse nem foi dito por poucos, está bem descrito na Bíblia, pelas palavras de Salomão que faz se um bom decisor pelos seus conselheiros. Churchill sabendo disso salvou a Inglaterra da derrota com a Alemanha e da derrota económica. A nossa inteligência prega-nos partidas e por vezes é um acto sábio refugiar-nos em opiniões de especialidades. Não há mal nenhum em reconhecermos as nossas fraquezas ainda para mais se isso compromete uma população. IN http://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=260&id=24729&idSeccao=2899&Action=noticia Quote
te@io Posted December 31, 2010 Report Posted December 31, 2010 analizando os pros e contras, de certa forma, é a realidade que se vive em portugal. porem citando os escassos arquitectos e engenheiro, tem o meu caso com tantas empresas prestegiadas, e nao só media empresas tirei o curso de projectista, desenhador tecnico da construção civil, juntamente com mais 16 colegas e só 2 ou 3 tiveram trabalho. para não falar dos que são formados. bom texto e bem resumido. feliz ano novo. :p Quote
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