m a r g a r i d a Posted November 20, 2009 Report Posted November 20, 2009 A Consciência na Arquitectura Na história da arquitectura portuguesa não devemos desprezar as regiões por estas nunca terem obtido o mesmo nível de desenvolvimento económico da capital. Há que entender os propósitos de cada funcionalidade, pois enquanto hoje uma cidade média pode competir independentemente da sua localização, no deserto ou no meio do mar, no passado as centralidades eram fulcrais nas decisões políticas. Apesar de tudo, não devemos divergir muito destes princípios, pois há que entender que quem escolhe uma cidade como Castelo Branco para viver opta sempre pela tranquilidade e nunca pela actividade comercial ou outros fins, sem dúvida mais dinâmicos nas grandes cidades.Significa, no entanto, que se devem tomar atitudes coerentes no planeamento, nos equipamentos e infraestruturas, em vez de simplificar opções pelo preço baixo ou pelo laxismo normal das regiões menos competitivas. Pois a tranquilidade atrai também muitas pessoas que optam por dispensar atributos muito aliciantes dos grandes centros económicos por um melhor nível de vida, mas é impossível atrair bons profissionais se não se oferecerem condições de qualidade e confiança nos serviços de saúde, educação e segurança, entre outros, sejam eles (indiferentemente) públicos ou privados.Há que entender, com ironia, que as grandes cidades vão estar sempre a absorver a população independentemente da qualidade disponível ou da falta dela. As pessoas são atraídas por vários motivos, nem que seja pela simplicidade de sonhar com um futuro melhor, mesmo que muitas vezes pouco saibam o que isso significa.Se foi pelo nosso centro histórico que conduzi o leitor na última crónica, entendamos que o mesmo se sucede nos pequenos aglomerados urbanos, nas aldeias espalhadas pela região, que tanto nos chamam à atenção, seja pela nostalgia seja pela sua imagem física apelativa (construções de xisto e/ou granito). Todos nós nos sentimos atraídos por estes edifícios e ficamos indignados quando mesmo ao lado se multiplicam construções novas, muitas vezes sem nenhum sentido estético, enquadradas naquele célebre sistema de “construir primeiro e legalizar depois”.Nos centros históricos, as classificações do património edificado são por vezes armadilhas aos habitantes, travando completamente o desenvolvimento e mesmo a preservação dos seus edifícios, condicionando em alguns casos a saúde e bem-estar dos ocupantes. Sendo a lei ambígua em muitos pontos, diversas situações concretas ficam à mercê de técnicos com escasso conhecimento científico/especializado.Em contrapartida, a legalização de uma “barraca” ou “vivenda de construção humilde”, é demasiado facilitada, sem pena de implosão face ao detrimento estético causado na aldeia ou aglomerado em que se insere. Ninguém assume no momento certo o planeamento urbano e a construção ordenada, nem a implosão de edifícios por questões de integridade estética ou funcional (ou mesmo de segurança), mas toda a gente critica a sua existência e a incorrecta execução/expansão das habitações em qualquer aglomerado urbano; exceptuando alguns casos pontuais na região Alentejana, como as vilas de Serpa e Mértola, entre outros aglomerados, cujos centros urbanos são exemplo de uma gestão urbana que concilia a modernidade com o património e identidade cultural.A implosão das cidades vai perseguir-nos até ao dia que adquirirmos consciência que certas medidas não podem travar o futuro apenas porque receamos alguns hipotéticos problemas no presente. Problemas temos todos nós quando desejamos um futuro melhor, estudámos e trabalhamos para tal, mas a sociedade acaba por defender tanto o desleixo e a inércia como a competência.Pedro fariaarquitectohttp://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=206&id=17417&idSeccao=2181&Action=noticia Quote margarida duarte
Recommended Posts
Join the conversation
You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.