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Algarve | Portagem A2 | Aires Mateus


3CPO

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Aires Mateus Associados
Portagem na Auto-estrada A2 - Algarve

Um tempo
O projecto trata de questões objectivas – um instante preciso no tempo, a entrada num território diferente, a pausa obrigatória num movimento contínuo. Por tratar desse instante, trata também de todos os outros momentos do percurso e de um conjunto de sensações vividas numa sequência de vários cenários. Numa auto-estrada viajamos num todo, em que as relações mais remotas com a paisagem – cheiros, variações de temperatura e humidade, ruídos e ventos – nos são filtradas por circunstâncias inerentes à velocidade. A velocidade entendida enquanto dimensão vai revelando no entanto, sucessões de territórios.
A paragem na praça de portagem será, em relação a esse movimento, um acidente pontual em que, sem sairmos desse todo, finalmente abrandamos, mudando todo o conjunto de sensações características do percurso – vibrações, ruídos, velocidade de leitura da paisagem. O momento é, assim, único no percurso e marcado em si só; a ideia de o assinalar reforça a singularidade da sua percepção, não devendo, no entanto isola-lo de um todo.

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Um espaço
Por outro lado, o concurso sugere igualmente uma reflexão em torno do território. Se por um lado a implementação de uma auto-estrada se constitui como uma alteração num tecido contínuo, feito de outras lógicas de desenho e de tempos de intervenção distintos, também se afirma como um corte tão fino que deixa reconhecer facilmente as continuidades entre ambas as margens.
Mas mais que um corte, a auto-estrada constitui-se ela própria como um novo território, que indiferentemente se sobrepõe aos demais; um território dotado de regras próprias, sensações próprias, valores próprios revelando aqueles que vão sendo atravessados.
Uma praça de portagem, sendo inequivocamente mais um ponto desse território linear, apresenta-se ao mesmo tempo como uma oportunidade de demostração do equilibrio entre natural e construido, ligando o artifício à natureza, marcando a capacidade de cada um dos mundos propor novas leituras, que se reforçam num todo.

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A proposta
O projecto pretende ancorar a sua resposta em linhas de continuidade com o contexto próximo. A proposta pretende explorar a carga poética de elementos construtivos normalmente utilizados de forma estritamente pragmática, valorizando simultaneamente a sua relação com o meio natural espontâneo, cíclico e perecível, construindo uma imagem reconhecível, um referente concreto para o conceito subjacente da porta de chegada. Nesse sentido, o elemento marcante da proposta é claramente a estrutura de cobertura da praça.
A enorme pala, que se lê à distância e que se percebe como uma unidade, revela-se a um olhar aproximado como um conjunto de delicadas coberturas, justapostas e sobrepostas. Estas estruturas desenham-se serenas evocando de forma simplificada a estrutura de uma árvore; o conjunto das palas constitui metáfora abstracta de uma floresta, na aparente aleatoriedade da sua disposição e pela manifesta diversidade de proporções.
O edifício de controlo, cuja escala poderia ombrear com a das coberturas, surge dissimulado no talude de terreno adjacente. Mais do que como uma construção, ele apresenta-se como um acidente topográfico, que alberga os requisitos programáticos.
Toda a eloquência da cobertura encontra a necessária correspondência no silêncio absoluto do entorno. Esta hierarquização muito clara das intenções do projecto é o ponto de partida que garante uma adequada gestão dos recursos disponíveis, contribuindo para uma proposta equilibrada
Não restam dúvidas de que a construção de uma auto-estrada é um gesto de grande impacto inicial, sobre uma paisagem virgem. Do mesmo modo, é garantido que o tempo e o complexo tecido da história e da cultura farão dele apenas mais uma marca, igual a todas aquelas de que, no fundo, o território é feito - e sem as quais o não é.
O projecto constitui sobretudo a oportunidade de reflectir sobre este fenómeno, de ensaiar uma lógica possível de ligação entre territórios agora separados por essa fenda; de propor uma hipótese de compreensão para um território fragmentado em locais tão distantes e todavia ao alcance de um olhar.

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Cliente: BRISA
Arquitecto: Francisco Aires Mateus
Custo: 2.000.000,00€
Estado: Construído em Julho de 2002

Fonte: EuropaConcorsi

Abraços

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Penso que a materialidade atribuida não foi muito feliz de acordo com as afirmações presentes na memória...

"A proposta pretende explorar a carga poética de elementos construtivos normalmente utilizados de forma estritamente pragmática", "valorizando simultaneamente a sua relação com o meio natural espontâneo, cíclico e perecível, construindo uma imagem reconhecível, um referente concreto para o conceito subjacente da porta de chegada"

Não creio que o "conjunto de delicadas coberturas" seja assim tão delicado, poético e reconhecivel...
Na minha opinião, este projecto durante o dia é apenas um conjunto de palas de betão...espero que os resíduos automóveis não lhe dêem aquela cor "agradável" com o passar dos anos...



Reconhecia melhor essas qualidades no projecto do atelier Foster & Associates para a Repsol:

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The prototype for a 'Service station of the 21st Century'. The umbrella-like roofs in the company colors act as a recognizable banner at a considerable distance at all hours of the day and night.

Downlights with high protection mode, fitted with high-pressure lamps, are installed in the roof structures. The light-coloured concrete floor reflects sufficient light to illuminate the roofs themselves.


Dreamer: Vou ver se consigo alguns desenhos...

Abraços
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concordo da opinião kandinsky...
e desculpa lá o texto que colocas é deles certo?

contribuindo para uma proposta equilibrada


humildade acima de tudo eheheh

o que se pode dizer, parece-me uma "cópia",monocromática, do posto da repsol...mas quem sou eu para dizer que alguém copiou...é que hoje em dia é tão fácil dizer que já está tudo inventado por isso...

o que realmente me cativa no projecto, é o objecto que surge "embebido" no terreno...a sua conjugação foi bem conseguida. isso acho engraçado.a forma das palas também me cativa..mas quando vejo algo a 300km muito semelhante...fica-se na dúvida.
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  • 1 month later...

Reamente já está mais que na altura, já que quer queiramos quer não, uma vez que passamos parte do nosso tempo profissional em autoestradas e estações de serviço, de começarem a dotar estes locais cada vez mais mais presentes no nosso quotidiano de alguma dignidade... por que têm de ser eles todos iguais? Eu se fosse o fulano que desenhou a primeira solicitava as devidas indeminizações relativas aos direitos de autor..;)

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  • 2 weeks later...

Completo rip-off ao Foster.... mas feito em bom! Só conheci o projecto este ano nas férias e realmente é uma coisa que resulta bem, muito melhor do que as estações da repsol porque há escala na aproximação, coisa que numa gasolineira dificilmente se consegue porque se insere num contexto urbano que o esmaga. E é verdade.. há os que criam a moda e os que seguem a moda, este é exemplo clássico disso e não é filho unico.

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Bem... ia comentar as bombas de gasolina da Repsol, mas visto que já foi obviamente notado por outros... não tenho mais nada a acrescentar. Ah... Deixou-se o vermelho e laranja. Aplicou-se somente o branco.

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A inteligência do projecto dos irmãos foi demonstrada neste projecto

Willy, humm...consegues despertar a minha sensibilidade para essa compreensão de inteligencia demonstrada pelos Mateus ? :tired:

Provavelmente conheces mais do projecto do que eu...com o material apresentado pouco me resta a dizer, com o q já foi dito ;) e nao me queria aprofundar no que penso realmente sobre a inserção dos elementos, no sítio.

:) diz-me o que pensar mais aprofundadamente Willy !

:icon_chick:
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de uma forma bastante simples e quase que uma imagem filosofica.....A Autoestrada e um grande corredor de betao e alcatrao.....desde que a autoestrad existe as pessoas deixaram de disfrutar e conhecer os locais por onde passavam.... normalmente qd viajamos nas autoestradas deixamos de nos aperceber do que nos rodeia porque ficamos embuidos daquela azafama.....de carros p um lado e p outro...Esta obra dos manos mateus ....cria uma nova relaçao atraves de materiais banais neste caso da autoestrada...e atraves do betao oferecem nos essa imagem de um conjunto de arvores quase que desordenadas mas com um força e estrutura definidas:P Sempre que viajarem experimentem ir pela estrada Nacional..É mto mais bonita! e Ficam a conhecer mto melhor o vosso país....

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Pois... mas também acho que pelo menos algumas das nacionais não podem ser encaradas como alternativas viáveis à auto-estrada... mesmo tendo esse enorme peso da envolvente do seu lado... Uma viagem pelas nacionais vale a pena se se for conhecer local a local, ou seja, ir sem pressas, poder parar aqui e ali, sair uns quilómetros da estrada para ver algumas povoações, sair das variantes para entrar nas cidades, poder percorrer com calma o país... Não quero nem posso generalizar o pensamento que a seguir vou explorar, por saber que numa boa fatia dessas estradas não é isso que acontece... Vivo a 100m da nacional n.º 1, a 11km do centro de VN Gaia, e sei bem como são as nacionais perto dos centros urbanos... caóticas... desordenadas... intransitáveis... demoradas, para falar do trânsito... e essa envolvente interessante perde-se no meio do caos e da desordem urbanistica que afecta estas zonas... Não quer dizer que não exista, ou sequer que não valha a pena a visita, mas muitas vezes torna-se complicado saber o que há de bom... Depois há a quase interminável hora de ponta, com semáforos constantes, que deixa pouca margem de manobra e sem paciência a quem vai em passeio... Outra coisa é falar do interior do país, ou mesmo o litoral em zonas não tão densamente povoadas, aí as nacionais escondem relíquias únicas, paisagens deslumbrantes, estou-me a lembrar do gerês e de trás-os-montes, povoações encantadoras, que muitas vezes ainda vivem ao rítmo de "antigamente", e é realmente aí que vale a pena viajar, mas não a viagem de ir do ponto A ao B, antes a viagem com muitos pontos intermédios, que podem aumentar consuante a disponibilidade dos viajantes...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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  • 2 weeks later...

de uma forma bastante simples e quase que uma imagem filosofica.....A Autoestrada e um grande corredor de betao e alcatrao.....


Será que as coisas têm que assir assim tão directas?

Não consigo compreender uma coisa...

A enorme pala, que se lê à distância e que se percebe como uma unidade, revela-se a um olhar aproximado como um conjunto de delicadas coberturas, justapostas e sobrepostas. Estas estruturas desenham-se serenas evocando de forma simplificada a estrutura de uma árvore; o conjunto das palas constitui metáfora abstracta de uma floresta, na aparente aleatoriedade da sua disposição e pela manifesta diversidade de proporções.


Estruturas delicadas, forma simplificada de uma árvore, metáfora para floresta...
Creio que a estrutura e a materialidade não contribuiram para estes conceitos tão "delicados"... neste sentido, a proposta do Foster, foi muito mais feliz...

Contudo, é uma obra interessante, mas sem referir essas alusões metafóricas e filosóficas :p

Abraços...
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