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Arquitectura.pt


O que eu gostava é de um Bastonário assim


Lichado

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Vi ontem a entrevista do Bastonário da Ordem dos Advogados em entrevista a Judite de Sousa. A pergunta que me ficou no ar: Por onde anda o Bastonário da Ordem dos Arquitectos?. A Ordem dos Engenheiros propõe um Código da Edificação unificado. Os colegas das câmaras comportam-se como tiranetes no seu condado. As entidades exigem o que querem e lhes apetece. A legislação sobre edificação sai em catadupas, com normas confusas, contraditórias ou absurdas. E o Bastonário da Ordem, por onde anda? Algum médico admite fazer o projecto de uma cirurgia, para que um colega recém-licenciado, com emprego no Estado porque é sobrinho do Presidente, lhe avalie o trabalho? E há vidas humanas que dependem da sua competência.. Algum advogado admite fazer o projecto de uma defesa em tribunal para ser avaliado? E a liberdade e o património das pessoas dependem da sua competência. Mesmo os engenheiros civis, admitem que os seus cálculos de estabilidade sejam avaliados por alguém para serem aprovados? E há vidas humanas que dependem da sua competência. E nós? E o nosso Bastonário? Por onde anda?

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Acabou de dar o programa Pós e Contras com os vários bastonários das ordens e venho aqui ao forum e procuro por "ordem dos arquitectos" e aparece este vazio tópico. De facto a prestação do bastonário da ordem dos arquitectos, foi, do meu ponto de vista medíocre. Do pouco que eu o vi falar abordou vagamente o maior problema para a profissão que representa e quem sabe um problema ainda maior para Portugal. À beira de Marinho Pinto foi uma sombra do que deve ser um bastonário e já que se falava do estado da nação e onde se falou do (des)ordenamento do território seria imperioso tocar no dito 73/73 com mais incisão. Como pode um bastonário deixar centenas de recem licenciados ou no desemprego ou em empregos precários e numa situação privilegiada que é aparecer num programa como o Pós e Contras ter que ser o Marinho Pinto a falar dos interesses instalados em Portugal onde há Ordens que não querem perder os seus privilégios ? Será que na ordem dos arquitectos não haverá também interesses em jogo ? Fica no ar a questão ... Ps : Triste país e triste classe ...

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O 73/73 é um mal menor. Todos os dias se iniciam construções novas cujos projectos são assinados por arquitecto e são uma vergonha para a classe. Não conheço UM ÚNICO projecto de arquitectura que actualmente não seja subscrito por um arquitecto. O Dom Quixote já passou. Lutem é pela qualidade da arquitectura que só assim é que a classe tem credibilidade. O nosso bastonário referiu disse que o problema actual era a falta de ordenamento da cidade. Que se tinha iniciado um grupo de trabalho. Não soube explicar o que estão a fazer. Enquanto a abordagem do arquitecto em Portugal continuar a ser olhar para o umbigo (ler lote), vai-se continuar a criar uma cidade de gente vaidosa que gosta de gritar mais alto que o vizinho. É um nojo. Para além disso, cada vez que os arquitectos participam nestas discussões, fico envergonhado. Têm um distanciamento da realidade tal que não dá para acreditar. Não sabem falar sobre nada. Não têm uma visão global. Ainda me lembro do Manuel Salgado no debate sobre a localização do aeroporto que só soube falar do eixo de circulação radial na cidade de na vertical que se tem que inverter. Falta de enquadramento de Lisboa na AML, perspectivas de relocalização das actividade na AML, NADA. Para que a influência do aeroporto apenas tem haver com os movimentos pendulares. PS, Já que estou embalado, aqui vai. O parecer da ordem sobre o PNPOT quando estava em discussão pública foi outra vergonha. Discutir os caminhos particulares em sede de PNPOT? Por favor! Outra preocupação foi a do ordenamento do espaço marítimo. A sério. Não dá para acreditar. A assim a classe vai caminhando, descredibilizando-se cada vez que abre a boca ou escreve um artigo, se não se limite estritamente ao campo da arquitectura, mas que se relacione com a sociedade civil.

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MonkSp, discordo completamente com os dois primeiros parágrafos. Gostava que viesse para a minha região ver e sentir na pele a urgência da revisão do 73/73 e vai ver que a qualidade ainda é um bebé por nascer. De certeza que essas obras vergonhosas são 90% feitas por não arquitectos. Será que teremos sempre que relativizar? e nunca ir ao fundo da questão. Ou seja a arquitectura é uma licenciatura paga em escolas públicas com os nossos impostos, não seria lógico o seu exercicio ser obrigatório e exclusivo? porque não acabar então com esses cursos e deixar apenas o privado como opção pessoal de cada um? É ou não a arquitectura válida como serviço comum á sociedade em geral? Deixemo-nos de vaidades e declarações mais ou menos ressabiadas e sejamos coorporativos como deve ser uma vez que seja e lutemos e exigamos o que é um direito sem controvérsias transversais, pois enquanto a lei não imperar nunca seremos tomados a sério.

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Posso-te garantir que em Lisboa e na área metropolitana não há projectos assinados ao abrigo do 73/73. São assinados por arquitectos e são um nojo. Como te digo, no contexto actual, isso é um mal menor. Enquanto não se descolar dessa ideia do 73/73 é andar a pedir que nos levem ao colo. Refuto esse tipo de pensamento. E como digo, enquanto a imagem dada pelos arquitectos for a que descrevi, só mesmo levados ao colo. [ironic mode on] Boa, passem mais 30 anos a discutir o 73. Foi assim que a ordem dos engenheiros conseguiu ter a aceitação na sociedade que tem hoje. [/ironic mode off]

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Bolas, não queres mesmo perceber, vem exercer para a provincia para ver. Achas bem que continuem os outros a ser levados ao colo? e continuar a ser? Quase todos os dias me chamam engenheiro. Atenção que eu gosto e preciso muito de trabalhar com os engenheiros. Os tempos são dificeis e como já disse não ficava nada mal sermos mais coorporativos. Enquanto não houver responsabilização a porcaria de alguns dilui-se na poça geral.

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MonkSP: Eu também concordo contigo a respeito ao 73/73. Criou-se a ideia de que essa revogação vai ser a salvação da arquitectura em Portugal! Quando na realidade há milhares de projectos assinados por arquitectos que até deviam ter vergonha de ter lá o nome deles. Às vezes olho para um edifício e penso "espero bem que não tenha sido um arquitecto a projectá-lo", mas na maior parte dos casos certamente foi. O problema da arquitectura actual é que na generalidade os arquitectos esqueceram o que é a arquitectura. Quase que me apetece comprar a época actual com a época do declínio do modernismo em que a generalidade dos arquitectos apreendeu os pontos para fazer arquitectura moderna de Le Corbusier e a partir daí nem sequer pensavam, nem questionavam aquilo que faziam. Ali tinhas as regras e aquilo era sagrado. Tanto foi sagrado que o modernismo se transformou num bicho mal amado pela representatividade da maior parte dos arquitectos. Hoje em Portugal passa-se o mesmo. A generalidade dos arquitectos aprenderam um "modus operandi" de projectar os diferentes tipos de edifícios e com mais ou menos decoração tudo se resume ao mesmo. Desde que consiga sair na revista já nos damos por contentes! Afinal de contas só saem projectos estereotipados. Há 50 anos que deixamos de pensar, de teorizar, de criticar ou mesmo de questionar a arquitectura (aquilo que fazemos). Fazemos e pronto. E quando não há fundamentos nem bases sólidas, ficamos irritados com as críticas que surgem (com toda a razão). enfim... Se todos os males fossem o 73/73. Quanto ao debate tenho pena de só ter visto uma pequena parte. Não vi sequer o presidente da Ordem dos Arquitectos a falar, mas também não me admira que ele não soubesse opinar de forma interessante sobre as matérias faladas. Do que vi, vi um discurso fantástico do bastonário da ordem dos engenheiros ao qual me apetecia aplaudir cada palavra que dizia! De tudo o que vi foi a única pessoa lá que teve o mínimo de honestidade (ou de coragem) para criticar abertamente e directamente os problemas da sociedade portuguesa.

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Não vi sequer o presidente da Ordem dos Arquitectos a falar, mas também não me admira que ele soubesse opinar de forma interessante sobre as matérias faladas.



Não perdeste nada. Alias, perdeste sim, mais uma vez um representante da ordem a fazer uma figura triste. Dizia que não se intitula bastonário porque não usa bastão e que a ordem é democrática e por isso não há bastão.
Andou-se à volta desta idiotice ... é de chorar.

Um nojo. Se não fosse a Fátima a salvar a bandeira a dizer que os arquitectos até ganham prémios estrangeiro ainda ficávamos pior vistos.
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Realmente desisto, já gastei latim a mais e certas mentalidades com um discurso que eu considero elitista, que não conseguem ver que é isso do 73/73 que é o problema. Senão vejamos, se um arquitecto tiver que viver dos seus projectos e na porta ao lado alguêm mete na camara um projecto com especialidades e tudo por 2000 euros, como é que se faz? Fazer a mesma m... para sobreviver? assim depois é fácil dizer "espero bem que não tenha sido um arquitecto a projectá-lo".

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To change the world,
Start with one step.
However small,
The first step is hardest of all.

(dave matthews - you might die trying)

Gosto muito desta musica ... e uso-a para dizer o que penso sobre a 73/73.

O que eu não vejo é quem a minimiza a dar soluções para moralizar a classe dos arquitectos.

"espero bem que não tenha sido um arquitecto a projectá-lo"

Isto é uma falsa questão ... porque nem se devia partir do pressuposto que a fazer obra poderia ser de alguém senão um arquitecto.
Porque no caso em que assinatura da obra tenha sido feita por um arquitecto e se a obra é tão má assim o mercado encarrega-se de a julgar.

Outro caso são os arquitectos que são pagos só para fazer uma assinatura.

Mas ai caso existisse uma lei entraríamos no campo da corrupção.

Contudo estamos a desviar o assunto, vcs vêm no Sócrates um marinheiro que possa levar o país a bom porto ? Vcs vêm no bastonário (que nem me dou ao trabalho de decorar o nome) um marinheiro que possa levar a classe dos arquitectos a bom porto?

Em conclusão deste post deixo um link de um estudo à profissão que é ser Arquitecto/a.

http://arquitectos.pt/documentos/1164322770I3pQH2qr9Wg02JR3.pdf

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"...Outro caso são os arquitectos que são pagos só para fazer uma assinatura. Mas ai caso existisse uma lei entraríamos no campo da corrupção...." Rl, concordo com o que disse tirando estas duas frases, pois acho que quem está bem a par da situação, sabe muito bem que o numero desses arquitectos arquitectos é infinitamente inferior ao dos engenheiros que o fazem por isso até ponho a questão num sentido muito mauzinho mas realista, ou seja porque não agora tambem por força da lei, não se dá essa "benesse" a outros se calhar até com mais direito e que até já são mais de 15000??? É que como está é assim : um arquitecto precisa de um engenheiro e um engenheiro não precisa de um arquitecto para nada.

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Nao vi. Mas vai dar ah 1h ... daqui a 2 horas vai dar na RTPN. Pois... estah tudo a criticar o homem mas vejamos... quem eh que votou nas eleicoes? Que listas eh que apareceram para concorrer? Apareceu a lista dos Amigos do Siza e Companhia, a lista dos Discipulos do Manuel Vicente e os Macons. Serah que estes tres grupos representam a Classe de 16 mil arquitectos? E quem eh votou? Uns honraveis 14%... agora queixam-se que ele nao representa bem!?!?!?

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A arquitectura é um nojo? Pois é. Quando foi a última vez que discutiram arquitectura com um arquitecto de uma câmara municipal? A maior parte do que fazemos podia ser feito, melhor, por um jurista que saiba trabalhar em CAD. Depois de conseguirmos assegurar que o projecto cumpre todas as alíneas, de todos os artigos de todas as Leis, Decretos-Leis, Portarias, PDM's, Regulamentos e Posturas Municipais, ainda temos tempo para a arquitectura? A mim sobra-me pouco, já não compro revistas de arquitectura, entretenho-me com Jorge Miranda, Gomes Canotilho ou Freitas do Amaral. Porque, de acordo com o novo RJUE, se falhar nalguma coisa multam-me, prendem-me, violam-me as filhas e matam-me o gado. Isto está entregue aos advogados e engenheiros, e o Bastonário todo contente a inaugurar exposições...

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Posso-te garantir que em Lisboa e na área metropolitana não há projectos assinados ao abrigo do 73/73. São assinados por arquitectos e são um nojo. Como te digo, no contexto actual, isso é um mal menor.

Enquanto não se descolar dessa ideia do 73/73 é andar a pedir que nos levem ao colo. Refuto esse tipo de pensamento. E como digo, enquanto a imagem dada pelos arquitectos for a que descrevi, só mesmo levados ao colo.

[ironic mode on]
Boa, passem mais 30 anos a discutir o 73. Foi assim que a ordem dos engenheiros conseguiu ter a aceitação na sociedade que tem hoje.
[/ironic mode off]



MonkSP se na area metropolitana de lisboa é assim eu desafio-te a vires dar um passeio ate à zona onde moro (barcelos) e algumas cidades vizinhas (braga, famalicão, esposende, viana do castelo...) e vais ter uma visao diferente do que consideras que nao tem qualquer importancia! apesar de eu ainda ser um estudante de arquitectura, trabalhei durante 2 ano num gabinete onde a maioria dos projectos eram feitos por desenhadores e assinados por engenheiros, e nao eram assim tao poucos!

Quanto à prestação do bastonario da ordem dos arquitectos... valha-me deus... o homem nem tem opinião formada sobre o actual estado do país nem sabe argumentar nem sabe apontar possiveis soluções, salvo a excepção sobre o planeamento urbano e pouco mais...
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De facto, não devemos olhar apenas para o nosso umbigo. Também trabalho numa zona em que a maior parte dos processos são assinados por arquitectos, mas não posso concluir daí que a situação seja a mesma no país todo. Ou os clientes vão ao atelier do arquitecto que trabalha na câmara, pagam bem e aquilo é aprovado na brasa, sem espinhas, ou, se querem pagar menos, vão ter com o desenhador, e por 1600 € têm o projecto com as especialidades todas. A revisão do 73/73 é importante, também há médicos, advogados e engenheiros que são um nojo, e não é por causa disso que deixa de haver actos próprios que lhes são exclusivos. E não é por isso que as pessoas deixam de poder ir ao naturopata, ao solicitador ou ao desenhador. Não se pode é garantir arquitectura de qualidade em condições de concorrência que obrigam a fazer projectos ao kilo.

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