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"Atrás das Costas" - As historias que faltavam...


JAG

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Atrás das Costas
As historias que faltavam... sobre os arquitectos



Este tópico é para contar as historias mais mirabolantes que já aconteceram com vários arquitectos, tanto actuais com os que já fizeram historia.

Se conheces alguma dessas historias, menos conhecidas, então escreve aqui...


Para começar, deixo aqui uma historia já conhecida por muitos mas não deixa de ser interessante...

Arquitecto: Frank Lloyd Wright

Esta situação ocorreu quando o pai de um aluno de Frank Llody Wright, pediu para projectar uma casa no local onde actualmente existe a Falling Water. Logo após este pedido, Wright junto com os seus alunos, foi estudar o terreno pormenorizadamente, desde a cascata, o rio, as rochas e ate mesmo as arvores. Após este estudo pormenorizado esteve três meses sem tocar no projecto.

Passado este período contacta o seu cliente informando-o que o projecto já estava pronto e gostaria que ele o visse. Enquanto o cliente não chegou ele projectou, em dimensões superiores as normais, o 1º piso, 2º piso, corte, a projecção total da casa. Isto tudo em menos de três horas.

Josué Jacinto - Mais Fácil
My web: maisfacil.com | soimprimir.com | guialojasonline.maisfacil.com

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Bom, mas antes teve 7 anos sem projectar nada - por causa daquele incidente do empregado que lhe pegou fogo à casa e matou a família à cacetada. Acredito que durante esse tempo ele andou a fazer experiencias que depois aplicou nessa casa. Por acaso também o Lautner dizia que pensava o projecto todo antes de o passa ao papel... Tem a ver com a doutrina da Taliesin e do Wight: a capacidade de "viver" a obra mentalmente. Exige muita capacidade!

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JAG : há um documentário muito bom sobre o Frank Lloyd Wright, cujo nome não tenho presente de momento, em que esse episódio estava muito bem descrito. Ao que parece ele tinha um aluno dele ao lado só para lhe afiar os lápis que ele ia precisando para executar o projecto... A vida do Frank Lloyd Wright está cheia de episódios destes... como por exemplo ele ter estado várias vezes na falência durante a altura de maior fulgor económico dos Estados Unidos e estar a fazer dinheiro aos pacotes quando os Estados Unidos estavam em alturas de depressão económica... Vale a pena conhecer a vida deste homem.

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Espero que seja útil... se encontrarem ou tiverem conhecimentos dessas historias, ponham aqui... :p


Arquitecto: Le Corbusier

Em 1925, Le Corbusier, criou o "Plano Voisin" para Paris. Uma ideia paradoxal de destruição da cidade, colocando o automóvel, num papel preponderante e construir uma série de prédios de 50 andares.

http-~~-//img246.imageshack.us/img246/3556/59546749vn2.jpg

Josué Jacinto - Mais Fácil
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Ainda a propósito da Casa da Cascata, sabiam que os trolhas que construiram a casa recusaram-se, no final, a retirar o último ferro de suporte da grande varanda em consola. Irritado, foi lá pessoalmente o mestre, sem capacete, enfiar um par de cacetadas no ferro. Acho memorável esta história pela confiança que o arquitecto mostrou na sua obra e no seu engenheiro... Faz lembrar uma semelhante com o mestre Afonso Domingues (do nosso Gótico) que, para provar que as suas abóbadas de pedra eram seguras, dormia na própria igreja depois de retirar os andaimes...

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Mais uma situação interesante... mas podem falar de outros arquitectos! :p



Antes quero dizer que estas intromissões na vida privada dos arquitectos interessam apenas porque nos informam sobre o carácter do arquitecto/a e, logo, sobre a sua obra. Quando não, mais vale escrever pá revista Maria.

Aqui fica outra personagem com uma vida interessantíssima:

Após a conclusão de uma das suas primeiras obras, Adolf Loos recebera directamente das mãos de um polícia uma ordem do tribunal que o proibia de construir.
As razões invocadas eram a fealdade da obra, derivado da sua ausencia de decoração, logo da sua simplicidade. No mesmo dia, Loos escreve a um amigo: (não são exactamente estas as palavras, mas é o que recordo):
"a razão da proibição foi a sua simplicidade. Portanto era-me confirmado pela polícia de que eu era um artísta!...voltei para casa feliz! Já sentia, no meu íntimo, que era um artísta. Mas vê-lo assim confirmado pela polícia! Quantos artístas poderão dizer o mesmo?!"

Vejam-me a ironia refinadíssima de um dos pioneiros do Movimento Moderno. Anos à frente do seu tempo, ri-se desta forma das críticas dos companheiros.
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Faz lembrar uma semelhante com o mestre Afonso Domingues (do nosso Gótico) que, para provar que as suas abóbadas de pedra eram seguras, dormia na própria igreja depois de retirar os andaimes...


Ouvi dizer que antes desse acontecimento jah tinham caido varias abobadas... portanto...:p
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Sputnik, o professor Edgar Cardoso também teve uma situação semelhante a essa última do FLW. A obra foi a ponte da Arrábida, nos idos anos da década de 60, quando os críticos não acreditavam que o arco aguentasse e quando este foi concluído, o próprio encarregou-se de o percorrer pessoalmente.

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Desenho de Le Corbusier, inspirado em ditos de Nietzsche

http-~~-//photos1.blogger.com/blogger/7955/495/1600/DeusdeDuplaNatureza1.jpg


"Na sua existência como um Deus Desmembrado, na dupla natureza de um Demónio Cruel e Selvagem e de um Soberano Bondoso e amável.
"

Nietzsche, O Nascimento da Tragédia

Le Corbusier deve ter sido quém produziu mais planos não solicitados e não pagos de toda a história da Arquitectura. Para muitos planos, devia ter realizado mais de 150 desenhos, proclamando que desenhava planos para París desde 1912 até 1960 sem interrupção. Muitos deles estão cuidadosamente trabalhados e detalhados. Apesar de serem completamente gratuitos, e num sentido prático, absolutamente disparatados. Quém, salvo um louco, continuava produzindo, ano atrás ano, esquemas urbanos que eram ridicularizados e denegridos e que nunca teriam a mais ligeira oportunidade de ser construídos?... Como dizia Le Corbusier, referindo-se a si mesmo com amarga lógica:

"O Urbanismo expressa a vida de uma época. A Arquitectura revela o seu espírito. Alguns Homens tem umas ideias originais e recebem pelos seus sofrimentos, um pontapé no traseiro."

Plan Voisin

http-~~-//i2.photobucket.com/albums/y8/lllRAKlll/Blog/Coluna%20de%20Post/Voisin.jpg

Aqui tem, ao mesmo tempo, lugar, a vitória final e a derrota de Le Corbusier. Tendo Triunfado sobre a Academia Clássica e ficado famoso por todo o Mundo, é inequívoco que a sociedade nunca aceitou a sua moralidade básica e as suas verdades universais. Apesar de a sua vida ter sido um fracasso a um nível tão fundamental, sempre foi válida a sua energia indestrutível e a alegria que expressava em cada momento. Esta exuberância e energia irreprimiveis alternavam em contraponto com desgosto e amargura. Num certo sentido, estavam relacionadas com as profundas depressões, que só se podiam dar numa pessoa, com esperenças tão ambiciosas que se sentiria sempre defraudada. A presença nos seus edifícios, deste conflito, chega a ser tão importante, como as suas declarações e escritos, equivalendo de certa maneira a um Auto Retrato. As fotografias de Le Corbusier apenas mostram uma miragem fria, de outro Mundo, atrás do seu semblante "forjado". O seu rosto era sempre intenso, inflexível e, as vezes, extremamente trágico. Assim também são os seus Edifícios.

Vários Autores; MOVIMENTOS MODERNOS EN ARQUITECTURA...tradução do Espanhol

Notre Dame du Haut

http-~~-//i2.photobucket.com/albums/y8/lllRAKlll/Blog/Coluna%20de%20Post/Rochamp.jpg

Do meu anterior blog.
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É a chamada "tábua rasa". Pois nenhuma das suas inúmeras cidades foi construída (Paris, Moscovo, Buenos Aires, Brasília, Chandigard, Saint Dié, Veneza, Turim, Rio de Janeiro, etc, etc, etc), mas representam uma visão que ainda hoje podemos repegar, refazer. A enorme cidade-viaduto para o Rio de Janeiro foi, de certa forma, realizada nos projectos do A.E. Reidy - naquele edifício "serpente", Brasília é o modelo da Cité Radieuse, etc.

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Será? Uma célebre frase do Corbusier: "uma cozinha? é um problema de urbanismo!", afirma, enquanto pensa nas Unités de Habitação durante a segunda guerra. A vila para trÊs milhões de habitantes é feita com 3 tipologias residenciais; a Ville Radiouse, apenas com os Blocos en redent; Chandigard e Saint Dié utilizam as Unités de habitação - foram a "Morte da Rua". Cada vez que muda a tipologia, altera o plano e vice versa. Penso que uma está intimamente implicada na outra. Digamos: que a arquitectura é consubstancial à cidade, está fora de questão. Agora, dizer que a cidade pode ser ela própria uma grande arquitectura, isso já é uma afirmação mais complicada.

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Le Corbusier é um Génio por direito próprio do ponto de vista Artístico, que redunda em inutilidade, quando o trabalho dele passa pelo Urbanismo, o grande problema dele era reduzir a Urbanismo a três ou quatro variáveis que faziam da cidade uma malha ortogonal chata e redundante em formalismos repititivos, era de tal forma radical que para ele, demolia-se tudo e construia-se segundo a sua doutrina repetitivo/filosófica. Perceber a cidade, propor medidas conforma as existências, planear para a consonância não era para ele Urbanismo. Para ele urbanismo era tout court, uma verdade universal que funcionaria bem de igual forma em qualquer lugar, uma espécie de International Style do Urbanismo. Qualquer Urbanista considera Le Corbusier um louco.

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A malha ortogonal não é uma invenção do Corbusier, e não acho que é por ser ortogonal que é chata.
O edifício viaduto era para ser preenchido pelos próprios moradores, cada qual com a sua linguagem...

Há que ver que o pessoal estava no início. Ele, Hilberseimer, Garnier, todos. E a sua obra evolui no sentido da realização, de se tornar possível: as unidades de habitação são um pouco isso.
Com Chandigard, Corbusier aplica uma regra que não tem nada de ortogonal, é até bastante orgânica: a Regra das 7 vias, numa circunstância em que nem sequer havia um levantamento topográfico do local.

Agora, seria um contrasenso não querer aproveitar um legado riquíssimo destes, só porque tinha alguns problemazitos, como terraplanar metade de Paris...

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Não conhecia esse vídeo, mas acho que vou comprar... Já repararam que quase todos os "génios" tiveram vidas trágicas. E não só os arquitectos: Wright, Siza, Beethoven, Newton, etc, etc. Talvez seja por isso trabalham de forma tão obsecada, para que a sua arte os salve da loucura.

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Isso é porque ele se deve considerar muito versátil. Mas ouvi dizer que, numa aula de desenho, o prof disse-lhe que tava chumbado, que não tinha jeito. Apareceu no dia seguinte com uma resma completa de desenhos de tudo o que viu. Lá passou. Não sei se é obsessão, se paixão, se ambas ou a mesma.

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