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A Critica.. o que eh entao Critica?


JVS

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É estranho que o teu professor não considere Nuno Portas, por exemplo, que trabalha para a actualização do conceito de arquitectura desde a década de 50, e continua (incluo, portanto, o último "Políticas Urbanas", de 2002). Mas, se for verdade que não há crítica, é legítimo lançar a hipótese de que não é a crítica que está em crise, mas sim a própria noção que temos de arquitectura...

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Ate certo ponto concordo com o teu prof. mas não é só em Portugal, é no mundo.

Porque? É simples, a pouca critica que existe, acaba por nunca ter um papel preponderante para a obra em si.
Pois criticar algo que já esta feito e nunca será, certamente, destruído. Continuara a ser valorizado e daqui a uns anos valera mais do que valia quando foi construída.
O arquitecto ate poderá ser de algo forma projudicado, por uma critica menos vavoravel, mas não é por isso que perdera trabalho.

Temos um exemplo disso, Tomas Taveira, que apesar de ter sofrido grandes criticas por causa de algumas das suas obras e em conjunto de outros factores, continua a ser um arquitecto com trabalho e a ser um dos melhores arquitectos portugueses.

Portanto, pode haver muito ou pouca critica em Portugal, ou no mundo, sobre arquitectura, mas isso não terá um verdadeiro peço sobre o futuro da mesma.



Isto sou eu a pensar assim por alto, mas se calhar ate não tenho razão nenhuma... O mais certo é porem aqui alguma informação que deite esta minha teoria por terra... mas enfim...

Josué Jacinto - Mais Fácil
My web: maisfacil.com | soimprimir.com | guialojasonline.maisfacil.com

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JAG, dizes:
"a pouca critica que existe, acaba por nunca ter um papel preponderante para a obra em si..."

Algumas linhas abaixo:
"pode haver muito ou pouca critica (...) mas isso não terá um verdadeiro peso sobre o futuro da mesma"

De maneira que ficamos sem saber em que pé ficar.

Parece-me que estás confundir Crítica com aquela amalga de comentários que frequentemente lemos nas revistas, ou com as opiniões mais ou menos aleatórias que tecemos sobre os projectos uns dos outros, e não é bem disso que se trata... penso eu

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Sim, mas para garantir que o seu comentário é válido, ele deve possuir um sistema qualquer que lhe permite, de forma sistemática, chegar sempre à verdade, senão seria apenas uma opinião gratuita. Da pouca experiencia que tenho em analisar projectos, já tenho repado que alguns temas são quase sagrados, porque vamos sempre bater neles. São eles: a Implantação; a Distribuição do Programa; o Sistema Construtivo (e a sua relação com a Linguagem). Devem certamente haver mais... Depois tento avaliar qual dos temas foi preponderante para a determinação da forma: normalmente recai sobre a implantação. Com isto vão-se descobrindo processos, estratégias, formas de fazer, até ser possível determinar com exatidão o grau de originalidade de determinada obra, e qual a sua pertinencia dentro de determinado contexto histórico. Bom, já basta...

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Sim, mas para garantir que o seu comentário é válido, ele deve possuir um sistema qualquer que lhe permite, de forma sistemática, chegar sempre à verdade, senão seria apenas uma opinião gratuita.


Concordo, é sempre uma verdade relativa ao autor, mas também acho que um crítico deve estabelecer as regras da sua crítica e jogar segundo elas. Desde que as regras estejam claras para quem lê a crítica e desde que não se assuma que o crítico está a dar apenas uma perspectiva possível e não a verdade absoluta, está tudo bem. O problema existe quando o crítico por via do estatuto que vai ganhando e do crédito que lhe vão atribuindo já escreve não uma posição pessoal, mas aquilo que cegamente se torna a opinião de quem o lê. E ao contrário do JAG não acho que uma crítica nesses moldes possa ter pouco impacto na obra. Acho que uma crítica pode destruir injustamente carreiras e até vidas, e há exemplos na história da arte bem dramáticos disso.
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Uma crítica deve sempre assentar segundo um pensamento teórico. Sem isso é facilmente desmascarada e perde o seu significado porque pertencerá ao domínio do senso comum. Aconselho a lerem com atenção os textos de Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida, dois grandes teóricos e críticos. Ou sabemos daquilo que estamos a falar e fundamentamos a nossa crítica segundo bases teóricas ou essa crítica não passará de uma opinião que terá o valor que se quiser dar...

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O grande problema, indo buscar um pouco a primeira questão, é que em Portugal e no mundo existe muito boa gente a criticar mas sem o saber fazer. Como diz o asimplemind, a critica tem que assentar num pensamento, eu não diria até teórico, mas sim um pensamento assente numa profunda reflexão e conhecimento sobre o que se vai criticar ou opinar.

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Aliás eu gostava de perguntar então (a quem refere que não há crítica em Portugal e no estrangeiro sim) de onde vem essa tal crítica de que aqui tanto escasseia. Pois segundo aquilo que observo, leio, penso, em Portugal temos uma série de autores que conseguem estabelecer um padrão de rigor e de coerência em termos de crítica de arquitectura enquanto que no exterior, aqueles nomes mais sonantes da crítica muitas vezes são os que se deixam levar por modas... (e consequentemente são aqueles que todos nós admiramos e compramos livros e livros e lemos intensamente) Quando se pergunta se há crítica em Portugal eu pergunto: Mas já leram textos, artigos, livros, dos actuais críticos de arquitectura em Portugal?

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A critica em si poderá ser muito bem elaborada e estar 100% correcta em todos os seus sentidos.

A questão é... será que a obra em si perdera o seu valor?

Dou um exemplo simples e que esta em discussão aqui no fórum, o edifício em Piódão... por muito boas o mas criticas, credíveis, o prédio não será deitado a baixo nos próximos anos. Então qual será o impacto dessas mesmas criticas? Caso o dono do prédio o decida vender, não ganhara o devido dinheiro por ele?


E neste sentido... que falei... mas como disse não sou nenhum expert em Arquitectura, simplesmente um amante com algum conhecimento sobre o assunto...

Josué Jacinto - Mais Fácil
My web: maisfacil.com | soimprimir.com | guialojasonline.maisfacil.com

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JAG: não é desse tipo de crítica que estamos aqui a falar... Não passam de meros comentarios e opiniões sobre uma obra. Aquilo a que nos referimos aqui enquanto crítica é a uma das vertentes do pensamento arquitectónico que passa pela teoria, prática e crítica. Sem uma das 3 não há arquitectura.

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Aquele que é considerado o último livro de teoria de arquitectura a ser escrito foi: "Complexidade e Contradição", de Robert Venturi, depois do Aldo Rossi "Arquitectura da cidade". Entretanto tenho acompanhado críticas excelentes do J. M. Montaner ("a modernidade superada"), com teorias interessantes e inteligentes - aconselho o capítulo sobre o minimalismo, já que está tão na moda

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"Temos um exemplo disso, Tomas Taveira, que apesar de ter sofrido grandes criticas por causa de algumas das suas obras e em conjunto de outros factores, continua a ser um arquitecto com trabalho e a ser um dos melhores arquitectos portugueses. ..."


Independentemente dos juizos subjectivos que se possam fazer à obra do Taveira, a sua obra teria sido impensável antes da "Complexidade e Contradição", e da obra de Charles Mores e Michel Graves, para citar apenas alguns.

A sua obra, construída sobre a crítica ao "Movimento Moderno", é agora objecto para que os críticos ponderem sobre o que correu bem e o que correu mal nas diversas reacções e movimentos que começam a surgir depois da Segunda Guerra.

Existe por causa da crítica e contribui para a crítica
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Em relação a esse tema é fundamental a escrita de charles jencks no que diz respeito à crítica ao modernismo, na qual concordo quase inteiramente. Entende-se dessa forma a necessidade do surgimento do post-modernismo como forma de aliar a arquitectura à 3ª cultura emergente depois da segunda guerra mundial. É essa globalização da arquitectura que fundamenta o surgimento do post-modernismo e nesse aspecto continuamos a ser post-modernos, mas de cara lavada! :p

deixo aqui o link do artigo no palavras da arquitectura sobre esse tema: "Ser ou Não Ser Moderno"

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Vivemos sem dúvida um período de incubação cultural, ao mesmo global e local. Não acredito, ao contrário do Jencks, que o Movimento Moderno tenha falecido na altura daquela explosão. Mais bem nunca se chegou a constituir, senão em pequenas sínteses episódicas. O sonho moderno foi uma ilusão: a arquitectura não é um condensador social, não transformou a sociedade, a industrialização não trouxe o benefício nem a melhoria das condiçoes de vida à maioria (os edifícios eram piores e mais caros de manter), a forma seguiu o fiasco. Outros decidem continuar a luta, como o Souto Moura, fiel admirador de Jervis d´Athouguia, e argumenta que, para fazer cidade, a Carta de Atenas "ainda não tem uma alternativa viável" !!

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A data de óbito do modernismo pelo jencks é puramente simbólica, faz algum sentido ser apontada, mas há decadas que o modernismo se estava a desintegrar. Começou a corroer-se logo no seio dos CIAM. Felizmente sempre houve oposição aos CIAM (quase como um governo de maioria absoluta), de facto são os autores dessa oposição que trouxeram até nós obras bastante significativas e importantes para a historia da arquitectura. o próprio corbu se desligou quando começou a perceber que a mensagem que passavam não estava a ser bem entendida por parte dos arquitectos, como também Gropius afirma. Enfim, o movimento moderno foi necessário (e ainda bem que houve), revolucionou completamente a forma de pensar as cidades, no entanto faltou o seguimento, a evolução das ideias. Os arquitectos em geral ficaram-se pelos principios enunciados e passaram a fazer uma arquitectura despojada de ornamentos e por vezes de sentido. Deste modo finalmente depois da segunda guerra se começam a elaborar pensamentos sobre arquitectura e a forma das cidades que levam a uma nova ®evolução das ideias do movimento moderno. Como tal, por mais desenquadradas ou aculturadas que as obras post-modernas sejam, foi algo necessário para o evoluir do pensar arquitectónico. E realmente os teóricos do nosso tempo surgem desse contexto. Foi mais produtivo em termos teóricos que práticos. Mas o pensamento continua a evoluir (lentamente) para novos processos e sistemas urbanos adaptados claramente à revolução tecnológica. Quase que podíamos chamar de novo modernismo! :p

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:p Se considerarmos que "moderno" é, antes de mais, uma atitude, ela irá sempre resurgir ao longo da história, para sacudir a disciplina conservadora. Eu não diria que "faltou seguimento, evolução das idéias", diria antes que, ao evoluirem, passaram a chamar-se outra coisa. (Le Corbusier chegou a ser chamado de traidor quando fez a Capela de Rochamp, no entanto há críticos que consideram que houve uma continuidade natural) Aliás, um dos maiores problemas com que se depara a crítica é fazer-se entender à custa de termos que estão absolutamente viciados: a palavra Moderno tem um significado diferente de pessoa para pessoa. Confunde-se frequentemente Moderno (ou modernos, como diz Jencks) com Estilo Internacional, com Funcionalismo, com Racionalismo, por vezes tudo no mesmo parágrafo. A crítica deveria começar por reinventar o seu vocabulário.

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Sim, a noção de moderno ou de arquitectura moderna nada tem que ver com o movimento moderno. São coisas totalmente distintas e que quase sempre aparecem mal associadas. Quanto às questões do movimento moderno, realmente o percurso de Le Corbusier à partida poderá parecer inconsistente ou mesmo incoerente, no entanto ele enquanto fundador do movimento moderno, foi autor de uma obra bastante coerente ao longo do seu percurso. Quando a crítica refere que ele estabeleceu uma ruptura na sua linha de pensamento isso revela claramente o desentendimento dos críticos e arquitectos perante as ideias do movimento moderno que não se ficavam como inicialmente apregoado pelo "jogo planos" ou de "volumes expostos à luz do sol". Le Corbusier é exemplo exactamente de um arquitecto que nunca deixou de evoluir no seu pensamento levando a arquitectura para novas áreas enquanto a maior parte dos arquitectos continuavam a seguir os 8 princípios quase como dogma. E o interessante é que um dos fundadores do movimento moderno acaba por se aproximar cada vez mais de arquitectos que sempre se manifestaram contra os ideais do movimento moderno e que foram desenvolvendo a sua obra à parte dos princípios estabelecidos por um grupo de arquitectos. Isso só demonstra como o movimento moderno não passou apenas de um movimento gerado por um grupo de arquitectos que no entanto teve grande impacto na sociedade. Mas mais importante que isso é realmente a modernidade sociológica (assim chamada) que nasce com a evolução das industrias e com os consequentes problemas sociais sob os quais o movimento moderno queria actuar. Aqui pela primeira vez a arquitectura aparece aliada às realidades sociais ao contrário do elitismo que se vinha a praticar. São as bases para aquilo que temos hoje. Os problemas podem ser distintos, mas a origem é a mesma.

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Bom. Novamente discordo fortemente. Os problemas sociais sempre estiveram associados à arquitectura, tal como os problemas da sustentabilidade e outros. Ora, quando um arquitecto projecta uma casa, seja em que época for, não tem em conta as relações sociais que irão ocorrer nesse espaço (espaços de aparição, de intimidade)? Não tem em conta os processos físicos e sociais de a tornar realidade? Não tem em conta as distinções de classes que existem entre a criada e os patrões? (as casas burguesas tinham duas escadas distintas). Não confundo arquitectura com nenhuma outra arte ou ciência ou ambas. Os problemas sociais, ecológicos, e outros mais, não podem senão contribuir para o programa e, no melhor dos casos, para o próprio processo (como foi no SAAL). Mas nem ai a competencia específica do arquitecto pode ser substituida. Trata-se sempre de encontrar uma ideia arquitectónico-construtiva, realizar um exercício de composição e organização do espaço e da matéria a que só o arquitecto está habilitado. Isto em defesa da profissão, que parece hoje desvanecer no meio de outras

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Sputnik: nao entendo porque referes esses aspectos dessa forma. Não foi claramente a isso que me referia. Referia-me ao facto de que a arquitectura começa realmente a ter voz sobre os problemas sociais a quando da passagem para a modernidade sociológica originada pela revolução industrial. Até então não encontramos exemplos de arquitectos ou de obras de arquitectura que pretendam intervir directamente sobre problemas sociais porque estes só surgem realmente com o êxodo rural, com a industrialização das cidades e com o excesso populacional das mesmas originando situações insustentáveis de vida urbana.

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