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Portugal | Casa Portuguesa | S'A Arquitectos


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Casa Portuguesa _ S'A Arquitectos
Lisboa, Portugal, 2005

A história repete-se. Para cada acção existe uma reacção, ocasionalmente uma resposta rápida, a maioria das vezes excessivamente demorada. E esta é a nossa situação actual. Vivemos de outro modo mas habitamos do mesmo. Continuamos a assentar o nosso conceito de construção num modelo neo-burguês que, comprovadamente, se encontra ultrapassado. Que procuramos? Ninguém sabe ao certo, pois dificilmente encontraremos uma resposta única e universal. Cada ponto de partida leva a um diferente ponto de chegada, o que torna a heterogeneidade um dos factores mais importantes da criação contemporânea.
A sociedade procura novos modelos, novas referências que tenham a capacidade de nos fazer sonhar com um futuro melhor. Uma viragem em direcção ao igualitarismo e um regresso à informalização como contra-tendência social. De que modo a casa pode ser o espelho desta nova alma? Procurando um entendimento desta nova condição como ponto de partida para a concepção espacial da "nova casa". "É uma Casa Portuguesa? com certeza…"
Carlos Sant’Ana e Isabella Rusconi com Inês Melo e Ricardo Sousa


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Imagem colocada

Mais informação em:
SA50 Casa Portuguesa, Lisboa, Portugal, 2005

:)
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tenho dificuldade em entender como é que um texto indicia determinadas atitudes e posteriormente a formalização do discurso não se apresenta segundo os mesmo padrões... Em termos formais a proposta até é interessante, assenta numa modelação de espaços aditivos e subtractivos que podem criar volumetrias e situaçóes diferentes. Agora é com dificuldade que consigo associar esta proposta às intenções e questionamentos do texto...

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A “CASA PORTUGUESA” parece me um projecto muito interessante na medida em que nos propõe uma reflexão crítica em torno da questão da habitação e do espaço doméstico na actualidade. Sinceramente, já conhecia esta proposta do Carlos Sant’ana, e desde o primeiro minuto interpretei-a como um válido abrir de portas para novas formas de habitar e de construir, na forma como distribui os diferentes serviços da casa em módulos que se podem dispor de diferentes formas, permite uma flexibilidade na construção de casas populares capaz de corresponder exactamente ao que nos propõe no texto acima.:clap:
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Admito a minha ignorância. Não percebo. Pura e simplesmente não percebo o que é que esta casa tem assim de tão português. Não percebo onde é que está a tal igualdade. É uma proposta visualmente interessante e apelativa? Talvez, nem discuto isso. Apenas não percebo a tal ligação entre esta casa e a casa portuguesa aclamada no texto.

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Essa casa fez parte de uma exposição de à dois anos aquando da experimenta design... A exposição, essa sim, tinha como tema "a casa portuguesa", e consistia em 10 exemplos de novas formas de habitação... Como é normal, uns melhores, outros piores... este agradou-me partcularmente na altura...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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e será que os outros projectos abordavam essa temática de forma apenas generalista e publicitária como este ou algum deles pretendia integrar-se numa reflexão sobre a "casa portuguesa"? Se calhar a temática devia ser antes "projectos de habitação portugueses" aí já não achava esta proposta desadequada

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Guest carlos.pedro

Boas.
Vamos por partes.
1.
O site é L'Atalante. É uma associação cultural.

2.
Para melhor contextualizar a exposição, aconselho a leitura da sinopse e da introdução da Exposição.

3.

tenho dificuldade em entender como é que um texto indicia determinadas atitudes e posteriormente a formalização do discurso não se apresenta segundo os mesmo padrões...

Em termos formais a proposta até é interessante, assenta numa modelação de espaços aditivos e subtractivos que podem criar volumetrias e situaçóes diferentes.

Obrigado pelo interessante. Faz-me lembrar o ditado de que não há mulheres feias...há mulheres bonitas e mulheres interessantes.... mas adiante... pelo menos com a mulher interessante podemos conversar, não? (na verdade com as mulheres bonitas também... :icon_chick:)

O meu texto revela duas tendências que me interessam particularmente na sociedade contemporânea: Uma viragem em direcção ao Igualitarismo -a tendência das sociedades CIVILIZADAS se equilibrarem- e a Informalização do espaço de habitar -deixamos de ter espaços especificos -lavandaria, sala de visitas, sala de jantar,etc.- para passarmos a ter espaços genéricos, onde tudo acontece. Porquê? em grande parte devido à redução das áreas das casas e também do nivelamento social (isto nos paises ditos civilizados, grupo onde orgulhosamente Portugal não está incluido!!!)), bem como de uma diferente relação familiar, onde o entendimento e diálogo (mais uma vez falo dos paises civilizados!!!) substitui a força bruta.

Se analisares as plantas, verás que optamos por uma fusão entre espaços de estar e circulação, e a abertura directa dos espaços privados para o espaço público da casa, evitando zonas filtro que levam a desperdicio de espaço. Ao contrário de outras gerações (pais? avós? Casa Portuguesa AS WE KNOW IT?), o espaço privado da casa contemporânea é agora aberto apenas a pessoas de confiança, pelo que não se justifica mais a divisão de espaços em hierarquias: espaços de visitas -fechados, bafentos, pouco uso- e espaços da casa. Uma politica de "Portas Abertas"…

4.

(…)e desde o primeiro minuto interpretei-a como um válido abrir de portas para novas formas de habitar e de construir, na forma como distribui os diferentes serviços da casa em módulos que se podem dispor de diferentes formas, permite uma flexibilidade na construção de casas populares capaz de corresponder exactamente ao que nos propõe (…)

Obrigado Vasco. Estás convidado para um Capuccino no Bernasconi…

5.

Era interessante o Arq.to Carlos Santana desenvolver um pouco mais este tema, já que ele também é user deste fórum

Estou aqui a defender a minha dama...

6.

Admito a minha ignorância. Não percebo. Pura e simplesmente não percebo o que é que esta casa tem assim de tão português. Não percebo onde é que está a tal igualdade.
É uma proposta visualmente interessante e apelativa? Talvez, nem discuto isso. Apenas não percebo a tal ligação entre esta casa e a casa portuguesa aclamada no texto.

Esta é mais complicada. Primeiro temos que entender o que ser Português. Existem várias respostas. Alguns membros do Fórum irão defender o Regionalismo Critico que tornou conhecida a nossa arquitectura (Porto Tónico Anyone?) outros como eu defenderão que somos um povo de tradição INTER-CULTURAL. Para resumir, nunca fomos um IMPÉRIO. Fomos um EMPÓRIO, que significa que eramos um ponto de intercâmbio de mercadorias e conhecimento. Inventamos a primeira Aldeia Global, trouxemos e levamos conhecimento. Fomos Globais e Locais simultaneamente. Tivemos sempre influências do estrangeiro e sempre servimos de ponte entre diferentes culturas. Agora com isto apenas posso e apenas me interessa voltar a assumir esta posição no mundo. Quem queira ficar em casa e continuar a vender esse caracter "étnico" WORLD-Architecture que nós temos, força. Eu prefiro uma versão VOZ ACTIVA no contexto global. Ninguém se pergunta porque os NOVOS Escandinavos -tão conhecidos por Aalto, Asplund, etc- deixaram isso para trás e estão a movimentar-se com êxito no palco do mundo? Basta ver a qualidade do trabalho na Dinamarca nas duas ultimas bienais de Veneza...

A ligação? Talvez passe por uma leitura pessoal de um modo de vida mais contemporâneo...

6.

Essa casa fez parte de uma exposição de à dois anos aquando da experimenta design...A exposição, essa sim, tinha como tema "a casa portuguesa", e consistia em 10 exemplos de novas formas de habitação...Como é normal, uns melhores, outros piores... este agradou-me partcularmente na altura...

Eram 12 Casas projectadas para um terreno especifico, para um cliente especifico, com um programa especifico. Umas piores, outras melhoras. De certeza que a tua escolha será diferente da minha. Além disso havia um ensaio fotográfico sobre Casa Portuguesas e outros aspectos urbanos… Anyway, obrigado pelo elogio.

7.

e será que os outros projectos abordavam essa temática de forma apenas generalista e publicitária como este ou algum deles pretendia integrar-se numa reflexão sobre a "casa portuguesa"? Se calhar a temática devia ser antes "projectos de habitação portugueses" aí já não achava esta proposta desadequada

Generalista e Publicitária? Talvez isso seja parte da critica à Casa Portuguesa, ao sector da construção e ao próprio cliente. Uma boa piada perde a graça quando se têm que explicar...
Não posso concordar com o Generalista. Parece coisa de Medicamento. Nenhuma das propostas é Genérica, pelo contrário. Quem copia outros sem saber o que faz (muitos deles devem ser teus professores...) é que se pode enquadrar nesta categoria. Dos 12 projectos apresentados, todos têm marca pessoal dos autores, e nenhum deles pode ser considerado generalista. Pecamos por não convidar autores MAIN STREAM? Talvez... teria sido com certeza mais fácil ter exposição pública nos media nacionais.

Nunca perguntaste o que irá ser da nossa arquitectura daqui a uns anos, quando TODO o mundo que fez ERASMUS, Estágios ou teve experiências profissionais no estrangeiro regressem ao pais? Ou quando fiquem lá fora a projectar, deixarão de ser Portugueses? Ou não te lembras -ou não sabes- que o nosso querido Raul Lino passou pela Inglaterra e pela Alemanha e trouxe bastantes influências, quer formais que ideologicas? Podes ver os desenhos -não feitos a 0.10 mas tratados em ilustrator- e talvez compreendas um pouco mais que existem colorido ai fora à tua espera...

Publicitário? Eu tomo isso como elogio. Não deves ter conhecimento, mas a minha formação e o trabalho do meu estudio assentam num constante diálogo entre Arquitectura e Design Gráfico. Por outras palavras, procuro uma CLAREZA na COMUNICAÇÃO dos projectos e somos conhecidos por isso mesmo -felizmente mais no estrangeiro do que em Portugal-. Não tenho dúvidas que a preocupação que coloco no MODO DE COMUNICAR possa INDIGNAR os puristas da arquitectura, mas como se diz lá em terras de Vera Cruz, Cada Um, Cada Um.

7.
De um modo geral quem critica as 12 propostas por não se enquadrarem no Estereotipo da Arquitectura Portuguesa -não são brancos nem têm reboco ou pedra- estão a fomentar uma homogenização da cultura arquitectónica portuguesa numa resposta critica -dizem eles, que confundem critica com falar mal, tipo matrona de bairro- à homogenização global.

Isto não vos soa paradoxal? Pelo menos não a Casa Portuguesa não foi mais do mesmo...

Amanhã digo mais qualquer coisa... talvez.
Abraço desde BCN.
CP
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não pretendia de modo algum ferir susceptibilidades com o meu comentário. Aquilo a que me referi tem algum fundamento já que é algo que de certo modo observo todos os dias e para o qual desenvolvo uma visão crítica. Eu estive em erasmus o ano passado e tive a oportunidade de experimentar métodos de trabalho completamente distintos da escola aqui no Porto, Como experiência foi absolutamente magnífico e excedeu qualquer expectativa que eu tinha e como aprendizagem foi bastante bom por ter tido contacto com métodos de projecto bastante distintos mas igualmente válidos. Agora aquilo que tenho vindo a observar é que as gerações mais novas, até mais nos estudantes, se regem bastante mais por um render "giro" que pela espacialidade e materialidade da arquitectura, Isto é, se calhar ao estarmos a ilustrar um projecto, dando-lhe um ambiente próximo da realidade, dependendo da expressão gráfica de cada um, de certo modo hoje em dia prendemo-nos mais com aspectos que não dizem directamente respeito à obra em si. Vejo imensas vezes imagens virtuais onde os autores colocam pessoas a tapar aspectos do edificio ou pássaros a voar ou às vezes pequenas caricaturas como tanto se vê nas imagens do OMA. Acaba por haver mais uma função quase caricatural ou irónica de uma visão de arquitectura do que a razão dessa ilustraçao que deveria ser de mostrar o projecto. Se observarmos os tão famosos desenhos de perspectivas de Aalto, Jacobsen, Mies, Wright, ..., vemos que aquilo que realmente interessa representar é a obra em questão e que a ambiência surge como suporte e não como protagonista. Isto poderá soar um pouco fundamentalista mas não é essa a minha vontade. Quando afirmei que se tratava de uma proposta "generalista" estava a referir-me a um certo tipo de experiências arquitecturais, se calhar ligadas a um tipo de imagem, que se reflectem não como uma arquitectura de um lugar mas como uma arquitectura geral, de aplicação em vários domínios, quase como o conceito de casa-contentor. Aquilo que vi naquelas imagens foi algo que de certa forma identificaria mais como uma experiência de casa modular para uma aplicação num terreno qualquer, focando (e bem) uma dinâmica de espaços e uma modelação de formas que permite criar a tal diversidade espacial e de usos que é seguramente aquilo que se procurava, mas que não terá aplicação directa sobre um terreno, reflectindo-se mais como um edifício de apicação "geral" (daí o termo). Quando à questão da "casa portuguesa", aquilo em que pensei de inicio era que seria uma interpretação das ideias de raul lino ou da "geração de 90" e, felizmente, não se trata disso até porque a atitude de Raul Lino, por mais bem intencionada que fosse era inaplicável e revelou-se bastante redutora da realidade total do país. Tal como foi referido este arquitecto teve toda a sua formação no estrangeiro e só voltou a Portugal depois de se formar e é curioso que ele ganhou este interesse intenso sobre a arquitectura portuguesa através do seu tutor alemão que era estudioso da Arquitectura Manuelina. Mas pondo de parte o Raul Lino, aquilo que estaria à espera num projecto com esta temática seria de uma reflexão sobre a cultura regional aplicada às condiçoes de vida actuais, as quais foram abordadas no texto explicativo. Portugal de certa forma vive um pouco à margem da realidade europeia, desses vocábulos que hoje escutamos constantemente como, mobilidade, acessibilidade, nomadismo, ..., por isso mesmo aquilo que via neste projecto era algo mais associado a uma realidade que não a nossa. Via algo deste género mais facilmente aplicado na holanda ou na dinamarca que propriamente em portugal, por questões culturais, sociais, políticas ou mesmo económicas. Se calhar até será necessário haver este tipo de reflexões para que possamos evoluir ao ritmo da Europa, mas ao mesmo tempo poderemos perder de certa forma uma individualidade que ainda hoje nos caracteriza. Distinguimos facilmente um projecto em portugal ou em espanha. Agora é praticamente impossivel hoje em dia distinguir um projecto holandes de um dinamarques, de um noruegues, sueco, finlandes, ..., há de certa forma uma globalização de valores (ou imagens) arquitectónicos na Europa evoluída que acaba por deixar para trás um certo percurso de autores de referência que no seu tempo foram eles mesmo inovadores. Quero com isto dizer que, não se trata somente de haver uma noção de regionalismo crítico, tendo em conta os valores locais, culturais, climatéricos, ..., mas também (e principalmente) de um internacionalismo crítico de forma a sabermos que modelos deveremos aplicar conforme a necessidade de cada projecto e não sermos levados a um culto de uma arquitectura de imagem, que é apelativa mas que de certa forma acaba por ser sempre a protagonista quando nem sempre será essa a posição. É no entanto um exercício de projecto bastante interessante. como já aqui foi referido pelo próprio autor, pela reinterpretação das dinâmicas espaciais, traduzindo-se num modelo de casa modular que se diferencia conforme o seu uso. (desculpem a extensão do post...)

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6.
Esta é mais complicada. Primeiro temos que entender o que ser Português. Existem várias respostas. Alguns membros do Fórum irão defender o Regionalismo Critico que tornou conhecida a nossa arquitectura (Porto Tónico Anyone?) outros como eu defenderão que somos um povo de tradição INTER-CULTURAL. Para resumir, nunca fomos um IMPÉRIO. Fomos um EMPÓRIO, que significa que eramos um ponto de intercâmbio de mercadorias e conhecimento. Inventamos a primeira Aldeia Global, trouxemos e levamos conhecimento. Fomos Globais e Locais simultaneamente. Tivemos sempre influências do estrangeiro e sempre servimos de ponte entre diferentes culturas. Agora com isto apenas posso e apenas me interessa voltar a assumir esta posição no mundo. Quem queira ficar em casa e continuar a vender esse caracter "étnico" WORLD-Architecture que nós temos, força. Eu prefiro uma versão VOZ ACTIVA no contexto global. Ninguém se pergunta porque os NOVOS Escandinavos -tão conhecidos por Aalto, Asplund, etc- deixaram isso para trás e estão a movimentar-se com êxito no palco do mundo? Basta ver a qualidade do trabalho na Dinamarca nas duas ultimas bienais de Veneza...

A ligação? Talvez passe por uma leitura pessoal de um modo de vida mais contemporâneo...


Bom... Vamos por partes que aqui há muita coisa misturada.

1º - A famigerada Casa Portuguesa.

Pelo que vou observando a realidade é que não há uma Casa Portuguesa, existem sim Casas Portuguesas, que vão variando conforme os diversos factores existentes na região. Veja-se o caso de uma casa tipicamente minhota, ela nada terá a ver com a casa alentejana, as condições climáticas são completamente diferentes, as raizes culturais são completamente diferentes, as condições económicas, as condições topográficas, e por ai adiante.

2º - A aldeia global

Concordo contigo quando me falas de um emporium, quando me falas em aldeia global. Tens toda a razão quando me falas de trocas de conhecimento e que somos um povo inter-cultural, alias basta dar uma voltinha ali no Martim Moniz para nos apercebermos disso mesmo. Agora até que ponto é que isso se traduziu na nossa arquitectura? Olhando para a nossa arquitectura colonial diria que relativamente pouco.

3º - A voz activa no conceito global

É uma boa opção participar no conceito global. Digo isto sem a menor ponta de ironia. Mas das duas uma ou temos o tal conceito global ou temos uma casa portuguesa, que por definição é portuguesa e não global.


A Casa que propões pode ser feita em Portugal, em França, no Japão, nos Estados Unidos ou na islândia que ninguem a assume como portuguesa, falta-lhe a tal identidade portuguesa.
Contudo, tendo em conta todo o pensamento lógico assumido até agora, nem sei até que ponto faz sentido falar em identidade portuguesa numa linha que se pretende global.
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Guest carlos.pedro

ASIMPLEMIND:
Nao ha' susceptibilidades feridas. Esta exposiçao foi pensada para motivar o diàlogo e a discussao, pelo que todos os pontos de vista sao bem vindos.

Agora aquilo que tenho vindo a observar é que as gerações mais novas, até mais nos estudantes, se regem bastante mais por um render "giro" que pela espacialidade e materialidade da arquitectura

Esta critica é recorrente na eterna batalha entre estes modos diferentes de ver a Arquitectura. Estou de acordo contigo quando dizes que muita gente esconde o projecto. Devo dizer-te que a postura que defendo é que nao basta ter um bom projecto. E' preciso saber comunicar, pois nao o fazemos entre pares mas sim para pessoas -clientes!!!- que nao entendem NADA de arquitectura. entre uma colagem ou um esquisso, cada um usa os instrumentos com que se sente mais à vontade...Ja nao sei desenhar e sinceramente nao estou minimamente preocupado com isso...

(..)vemos que aquilo que realmente interessa representar é a obra em questão e que a ambiência surge como suporte e não como protagonista. Isto poderá soar um pouco fundamentalista mas não é essa a minha vontade.

De facto soa fundamentalista. A arquitectura E' O SUPORTE e nao o fim em si. Pelo menos no modo como eu aprendi em Portugal e no estrangeiro. Pelos vistos deve ser oposto ao vosso modo ai no Porto. Achas que uma boa representaçao é colocar umas imagens de umas Top Models porque é fixe? Entao tens que treinar a tua visao critica pois ha' muito mais do que à primeira vista parece...

A proposta é aquela porque t^em uma serie de condicionantes locais como Vistas, Area de Construçao, Arvores, Acessos, Etc. Pode estar em qualquer lado? sim, pode...como pode estar em qualquer lado uma casa de Souto Moura ou do Siza -eles nao aplicam as mesmas formas e materialidades em situaçoes variadas??? E' raro que quem critica tanto as formas depende absolutamente delas, tao presos que estao à DITADURA DO PRIMEIRO ESQUISSO... (la' voltamos outra vez ao tema Escola do Porto vs Mundo). Para mim a forma é resultado de leituras a va'rios niveis. Sitio, Programa, Fluxos, etc. Para voces é definida no primeiro esquisso. Quem é, no meio disto tudo, o formalista que vive da imagem?

(...)aquilo que estaria à espera num projecto com esta temática seria de uma reflexão sobre a cultura regional aplicada às condiçoes de vida actuais, as quais foram abordadas no texto explicativo. Portugal de certa forma vive um pouco à margem da realidade europeia, desses vocábulos que hoje escutamos constantemente como, mobilidade, acessibilidade, nomadismo, (...)

O que e' a cutlura regional? Sao as rotundas, o Shopping Center e as férias em Porto de Galinhas (pagas com o terceiro cartao de crédito!!). Ou sera' que temos algo mais? Tens razao quando dizes que estamos a' margem da Europa mas nao por sermos melhores. Estamos a' margem por sermos PROVINCIANOS e ATRASADOS. (Sim, com todas as letras maiusculas). Queres mais mobilidade do que o infeliz que todas as manhas apanha o ^exodos matinal para o emprego e da dependencia que tem do automovel? E quanto ao Nomadismo? E' uma palavra da moda. Nao temos nomadas na Europa (talvez alguns ciganos ainda sejam...)...temos VIAJANTES que é completamente distinto. E temos acima de tudo IMIGRANTES que tornam a equaçao ainda mais complexa.

(...)mas ao mesmo tempo poderemos perder de certa forma uma individualidade que ainda hoje nos caracteriza. Distinguimos facilmente um projecto em portugal ou em espanha. Agora é praticamente impossivel hoje em dia distinguir um projecto holandes de um dinamarques, de um noruegues, sueco, finlandes, ..., há de certa forma uma globalização de valores (ou imagens) arquitectónicos na Europa evoluída que acaba por deixar para trás um certo percurso de autores de referência que no seu tempo foram eles mesmo inovadores.

Primeiro nao compares Portugal com Espanha pois sao o dia e a noite em termos de arquitectura. A Europa começa de facto em Madrid... mas voltando ao tema. Que individualidade temos? Ouves as mesmas musicas, compras os mesmos livros, bebes as mesmas coisas e vestes a mesma roupa. Passas ferias nos mesmos sitios, usas os mesmos computadores e sistemas operativos, etc... Além disso possivelmente andas num carro Alemao ou Japones. A diferença nao esta no suporte...esta' no modo COMO o utilizamos. Esta' no acto de escrever em Portugues num sistema operativo americano. Esta no facto de conduzirmos o automovel estrangeiro em estradas Portuguesas -com buracos e perigosas- . Esta na utilizaçao diaria do teu VISA ELECTRON (tambem estrangeiro??) e de usares a Internet para comunicares DO MESMO MODO com o teu amigo que mora ao lado ou no outro extremo do planeta. O valor esta' no PROCESSO e na UTILIZACAO e nao no PALCO ou no SUPORTE. Eu até acho graça que vcs ai em cima se agarrem a esse discurso que aprendem na escola, mas podem tentar abrir um pouco mais os olhos para o mundo em redor e tentar levar a arquitectura até a' sociedade, ate' as pessoas ..

BTW, eu sei distinguir um projecto Holandes de um Dinamarques...e se olhares essas obras com mais atencao também o saberias fazer...

Quero com isto dizer que, não se trata somente de haver uma noção de regionalismo crítico, tendo em conta os valores locais, culturais, climatéricos, ..., mas também (e principalmente) de um internacionalismo crítico de forma a sabermos que modelos deveremos aplicar conforme a necessidade de cada projecto e não sermos levados a um culto de uma arquitectura de imagem, que é apelativa mas que de certa forma acaba por ser sempre a protagonista quando nem sempre será essa a posição.

Continuo a achar graça à piada do CULTO DA IMAGEM vindo de uma escola que idolatra o ESQUISSO e o DESENHO como instrumento BASE de trabalho. Alguém ai em cima, pelas bandas do Porto se preocupou alguma vez com o programa e com os utentes das casas? Alguem viu fotos de uma obra ai de cima com os UTENTES a usarem e a apropriarem-se dos espaços? Lamento...mas nao. Apenas se mostra o espaço terminado, BRANCO IMACULADO como a Virgem Santissima. Alguem tem o cuidado de usar materiais standard em vez de desenhar tudo até ao parafuso? Nao sabem que isso é mais pratico e mais barato, ou o que importa é mostrar a "superioridade intelectual" da arquitectura erudita? NO fundo é o eterno continuo da Arquitectura para os Arquitectos que eu estou TERMINANTEMENTE contra. Acho que é hora de se olharem ao espelho e verem que imagem passam cà para fora. Ter em conta os valores locais, culturais e climatéricos è a base de qualquer bom projecto independentemente da linguagem que utiliza. Insunuares isso como argumento exclusivo da Escola do Porto? Nao ha' pachorra...podem continuar a latir enquanto a caravana passa...

GINSOAKEDBOY
A famigerada Casa Portuguesa
Estou plenamente de acordo contigo. NAO HA' UMA CASA PORTUGUESA. Essa foi a conclusao que cheguei com as 12 propostas. Se houvessem mais casas, seriam com certeza diferentes. No entanto gostava que alguem me explicasse porque no Algarve (por exemplo) fomentam o uso de telhados de duas ou quatro àguas quando o natural é uma cobertura plana. Este discurso -que cai sempre bem e é politicamente correcto- de cada sitio ter a sua arquitectura é MUITO BONITO, mas na pratica TODOS OS ARQUITECTOS acabam usando os mesmos argumentos -as suas formas, os seus materiais, etc.- em sitios diferentes e em ocasioes diferentes. A caixinha, a palinha, a janelinha grande, etc...E' errado? Nao sei....é o que todos fazem.

A aldeia global
Nos nao temos arquitectura colonial pois nunca fomos colonialistas como os Ingleses. A nossa opçao foi a de nos misturarmos. Foi a de viver com os locais. Vàrios Historiadores dizem que a nossa colonizaçao foi de SEMEN e nao de força, que fomos mundo fora fazendo Filhos. Dai nasceu o Mulato, o Crioulo, etc...dependendo do sitio onde estejas... Martim Moniz como exemplo? Nao é o melhor exemplo, mas pelo menos aqui no sul temos diversidade cultural...

A voz activa no conceito global

É uma boa opção participar no conceito global. Digo isto sem a menor ponta de ironia. Mas das duas uma ou temos o tal conceito global ou temos uma casa portuguesa, que por definição é portuguesa e não global.

Como dizia o Lula, a Globalizaçao nao e' um comboio que decidimos se apanhamos ou nao. Esta ai. Existe. Vamos tirar partido dela. Somos globais em tudo MENOS nas nossas casas. Nao està na hora de assumir tambem o INTERCAMBIO no construir? Eu estou no estrangeiro por opçao. Tenho o atelier montado à varios anos e estou a competir em mais frentes do que apenas a Santa Terrinha. E' muito mais dificil, mas tambem é muito mais divertido...

A Casa que propões pode ser feita em Portugal, em França, no Japão, nos Estados Unidos ou na islândia que ninguem a assume como portuguesa, falta-lhe a tal identidade portuguesa. Contudo, tendo em conta todo o pensamento lógico assumido até agora, nem sei até que ponto faz sentido falar em identidade portuguesa numa linha que se pretende global.

A casa tanto pode ser feita aqui como na China, como qualquer arquitecto pode construir do mesmo modo aqui ou na Asia. O Pavilhao do Siza na Coreia é Portugues? Ou é Coreano? E o museu dele no Brasil -que para mim é a sua melhor obra de sempre- é de que nacionalidade? Para mim é totalmente BRASILEIRA feita por um portugues...

Esta casa nao poderia ser feita no Japao pois o modo de habitar é totalmente distinto e as escalas dos espaços tb. Na Islandia existe outro clima...nunca poderia ter aqueles espaços tao expostos nem uma abertura ao exteiror tao franca. Nos Estados Unidos? a construçao de moradias é feita essencialmente em Madeira e Aço, pelo que o metodo construtivo nao faria sentido.

Esta casa poderia estar no Norte? Nao...porque nao é branca nem tem pedra...

Podemos continuar a discutir aqui indefinidamente este tema. Apenas mostra o medo que temos das sombras que estao la' do lado de fora da gruta...ate ao dia que descobrimos o que sao na realidade...

ps: desculpem os acentos. Estou a escrever em Portugues, em Roma, num teclado Italiano e sistema operativo ingles...
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É-me bastante dificil escrever em dois sitios ao mesmo tempo.. mas de qualquer forma não queria deixar de atirar o meu bitaite. Há aqui uma carga de preconceito na forma como se avalia uma ideia que me deixa algo assustado. Parece-me que se criou um sistema demasiado fechado, que há no nosso país, e nos profissionais da arquitectura do nosso país, uma espécie de regime ditatorial no que à prática diz respeito. De repente surge uma ideia que se intromete, válida como qualquer outra, e é, mais do que menosprezada, tratada de uma forma quase racista. Não é a noção do "é preto" que me assusta, é a noção do "não é branco!".

De qualquer forma saíu um artigo sobre isto no >> AspirinaLight.com .

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DeiSler: para mim a questão nem sequer é essa. Para mim aquilo que me fez confusão logo de início foi a expressão "casa portuguesa" associada a este projecto. O projecto em si é bem interessante como experiência espacial.

Carlos: Penso que a certo ponto do discurso se passou mais para um certo tipo de disputa "regional" (quase como o futebol) do que realmente aquilo de que estávamos aqui a trata... Eu não gosto de especular coisas sobre pessoas que não conheço e gostava que as outras pessoas também não o fizessem.

Reconheço no discurso uma vontade de evolução ou pelo menos de chegar ao nível da Europa evoluída, também partilho das mesmas ideias mas não sou tão extremista dessa forma até porque para mim, para o bem e para o mal Portugal, como Espanha, como a Holanda, tem as suas particularidades e é com elas que temos de viver. Eu posso passar a vida triste por não poder andar regularmente de bicicleta na cidade em vias delimitadas para esse efeito, mas se quiser mesmo fazer a minha vida assim então mais vale ir para Copenhaga e esquecer portugal. Por mais que queiramos nós não somos iguais aos suecos ou aos finlandeses (mesmo que a arquitectura do siza vá buscar grandes referências a Aalto), somos latinos e como tal há coisas boas e más... Agora há que lutar por evoluir de forma racional e não como os chineses por exemplo que passam de subúrbio a Megapole num piscar de olhos, alterando completamente todos os habitos, atitudes, pensares, ... Há certos valores que permanecem sempre em cada um e por mais que queiramos não os conseguimos esconder ou passar ao lado deles, temos é que os saber aproveitar (regionalismo crítico) e evoluir segundo uma visão progressista e aberta (internacionalismo crítico). Tudo o que é extremo geralmente é mau...

Citação:
(..)vemos que aquilo que realmente interessa representar é a obra em questão e que a ambiência surge como suporte e não como protagonista. Isto poderá soar um pouco fundamentalista mas não é essa a minha vontade.
De facto soa fundamentalista. A arquitectura E' O SUPORTE e nao o fim em si. Pelo menos no modo como eu aprendi em Portugal e no estrangeiro. Pelos vistos deve ser oposto ao vosso modo ai no Porto. Achas que uma boa representaçao é colocar umas imagens de umas Top Models porque é fixe? Entao tens que treinar a tua visao critica pois ha' muito mais do que à primeira vista parece...

Penso que aqui fui mal entendido pois aquilo que queria dizer era precisamente o contrário. Que hoje em dia muitos arquitectos se socorrem de efeitos, quase caricaturais, para avivarem as suas obras, dando por vezes maior protagonismo ao "folclore" geral que àquilo que estão a representar. Enquanto tive em Erasmus frequentei aulas de crítica de imagem virtual e a minha crítica era precisamente essa.
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GINSOAKEDBOY
A famigerada Casa Portuguesa
Estou plenamente de acordo contigo. NAO HA' UMA CASA PORTUGUESA. Essa foi a conclusao que cheguei com as 12 propostas. Se houvessem mais casas, seriam com certeza diferentes. No entanto gostava que alguem me explicasse porque no Algarve (por exemplo) fomentam o uso de telhados de duas ou quatro àguas quando o natural é uma cobertura plana.


Haverá concerteza quem te possa responder a esta questão melhor do que eu, mas há uma panóplia de razões que me passam pela cabeça, desde o custo da obra, à qualidade de mão de obra necessária para fazer uma boa cobertura plana que mais tarde não dê problemas.

Este discurso -que cai sempre bem e é politicamente correcto- de cada sitio ter a sua arquitectura é MUITO BONITO, mas na pratica TODOS OS ARQUITECTOS acabam usando os mesmos argumentos -as suas formas, os seus materiais, etc.- em sitios diferentes e em ocasioes diferentes. A caixinha, a palinha, a janelinha grande, etc...E' errado? Nao sei....é o que todos fazem.


Tens toda a razão alias, quando olho para a casa que propões tb identifico lá esses elementos.

A aldeia global
Nos nao temos arquitectura colonial pois nunca fomos colonialistas como os Ingleses. A nossa opçao foi a de nos misturarmos. Foi a de viver com os locais. Vàrios Historiadores dizem que a nossa colonizaçao foi de SEMEN e nao de força, que fomos mundo fora fazendo Filhos. Dai nasceu o Mulato, o Crioulo, etc...dependendo do sitio onde estejas... Martim Moniz como exemplo? Nao é o melhor exemplo, mas pelo menos aqui no sul temos diversidade cultural...


Opa esta é grave.
Eu a pensar que todos estes anos portugal tinha um estilo colonial... Afinal as fotos que eu vejo por exemplo de Timor, em que estão lá edificios tipicamente portugueses que nada tem a ver com a arquitectura local não devem existir.

A voz activa no conceito global
Como dizia o Lula, a Globalizaçao nao e' um comboio que decidimos se apanhamos ou nao. Esta ai. Existe. Vamos tirar partido dela. Somos globais em tudo MENOS nas nossas casas. Nao està na hora de assumir tambem o INTERCAMBIO no construir? Eu estou no estrangeiro por opçao. Tenho o atelier montado à varios anos e estou a competir em mais frentes do que apenas a Santa Terrinha. E' muito mais dificil, mas tambem é muito mais divertido...


Pessoalmente acho que sim e não. Ou seja, acho que podemos sempre aprender e essa troca de conhecimentos é muito importante, porém não nos podemos esquecer que uma solução arquitectónica que funciona muito bem na Finlandia pode ter resultados no minimo infelizes cá em Portugal.

A casa tanto pode ser feita aqui como na China, como qualquer arquitecto pode construir do mesmo modo aqui ou na Asia. O Pavilhao do Siza na Coreia é Portugues? Ou é Coreano? E o museu dele no Brasil -que para mim é a sua melhor obra de sempre- é de que nacionalidade? Para mim é totalmente BRASILEIRA feita por um portugues...


Mas se a casa era suposto ser uma casa portuguesa, ou seja para Portugal, não deveria traduzir mais isso?

Esta casa nao poderia ser feita no Japao pois o modo de habitar é totalmente distinto e as escalas dos espaços tb. Na Islandia existe outro clima...nunca poderia ter aqueles espaços tao expostos nem uma abertura ao exteiror tao franca. Nos Estados Unidos? a construçao de moradias é feita essencialmente em Madeira e Aço, pelo que o metodo construtivo nao faria sentido.

Esta casa poderia estar no Norte? Nao...porque nao é branca nem tem pedra...

Podemos continuar a discutir aqui indefinidamente este tema. Apenas mostra o medo que temos das sombras que estao la' do lado de fora da gruta...ate ao dia que descobrimos o que sao na realidade...


Bom... Apesar das diferenças do habitar esta casa era perfeitamente possivel ser vista no Japão, alias é so pesquisar um pouco e vês várias opções neste estilo.
Na islandia as aberturas até seriam boas, porque assim o pouco sol que apanham seria aproveitado. Nos paises onde o sol é muito é que é necessário tapar o sol...
Nos Estados unidos o sistema de construção é diferente porem não é por causa disso que deixavam de ter construir exactamente a mesma forma, se calhar até seria mais simples...

No norte não porque não é branca? Bom so se for mania do Siza, porque as casas antigas eram todas cinzentas, se bem me lembro o branco até era mais no alentejo.

Medo das sombras é mau...
Querer combater esse medo é bom, mas coerência e estudo ajudam muito.
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Guest carlos.pedro

ASIMPLEMIND:

(...)Penso que a certo ponto do discurso se passou mais para um certo tipo de disputa "regional" (quase como o futebol) do que realmente aquilo de que estávamos aqui a trata... Eu não gosto de especular coisas sobre pessoas que não conheço e gostava que as outras pessoas também não o fizessem.(...)

Esta disputa do ser ou não ser português torna-se inevitavelmente uma disputa regional, ou pelo menos Nacional vs Porto. Quem têm a mania de que representa a nossa arquitectura são o Pastor Siza e a sua Igreja. Na verdade mais o seu rebanho, que para o Mestre deve com certeza ser igual ao litro... Basta olhar para a diversidade do que se constroi em Portugal (e enquanto colaborador em várias revistas recebo bastante material para avaliação) e vemos que não chega aos pés de QUALQUER outro pais da Europa. Na terrinha, apenas está autorizado fazer de um modo... ou pior, quem faz, apenas sabem fazer de um modo: cópias defeituosas dos mestres, ao bom estilo MADE IN CHINA.

Deviamos lançar uma campanha CONTRA A PIRATARIA NA ARQUITECTURA ou então instaurar um regime qualquer de Direitos de Autor para contribuir para a reforma do Sr. Álvaro e do Sr. Eduardo.

Não sinto nesta discussão nada como ataque pessoal, pelo que também não espero que olhem para as minhas criticas como ataques pessoais. É apenas uma troca de argumentos sobre pontos de vista -diferentes- na arquitectura portuguesa, como acontece em qualquer pais civilizado e com liberdade de expressão (dizer o que acreditamos e depois ir tomar uma cerveja juntos!!!)

Há certos valores que permanecem sempre em cada um e por mais que queiramos não os conseguimos esconder ou passar ao lado deles, temos é que os saber aproveitar (regionalismo crítico) e evoluir segundo uma visão progressista e aberta (internacionalismo crítico). Tudo o que é extremo geralmente é mau...

Estamos de acordo. O que conta não é a superficialidade do SUPORTE mas o conteudo do PROCESSO. Os valores existem, e o palco onde eles são exercidos pode ter várias cenografias. Há uma frase bastante interessante (que já não sei de quem é) que diz que por vezes temos que mudar para continuarmos a ser coerentes. E eu acreidto nisso. Está na hora de mudar qq coisa em Portugal pois só assim poderemos evoluir. Se podemos andar de Bicicleta em Barcelona, porque não o podemos fazer nas cidades portuguesas? A questão de cultura entre Portugal e Espanha não se coloca pois somos idênticos. O que nos diferencia é a TRANSPARENCIA DEMOCRATICA e a PRIORIDADE Á QUALIDADE. Isso é que permite que Espanha esteja a crescer e nós não.

Penso que aqui fui mal entendido pois aquilo que queria dizer era precisamente o contrário. Que hoje em dia muitos arquitectos se socorrem de efeitos, quase caricaturais, para avivarem as suas obras, dando por vezes maior protagonismo ao "folclore" geral que àquilo que estão a representar. Enquanto tive em Erasmus frequentei aulas de crítica de imagem virtual e a minha crítica era precisamente essa.

Tens razão que muitos arquitectos se socorrem de efeitos para vender os seus projectos, tanto os que jogam na equipe dos coloridos como os que jogam na equipe dos brancos. É o mesmo esconder uma parte do projecto atrás de uma Top Model na colagem? É de certeza pouco rigoroso, mas não fica atrás da atitude de colocar uma Pedra à Souto Moura ou uma Janelinha á Siza. Diferentes métodos, mesmos objectivos.... Disfarçar a incompetência através de formalismos PRÉ-APROVADOS, como aqueles créditos rápidos por telefone.

GINSOAKEDBOY

(…) mas há uma panóplia de razões que me passam pela cabeça (…)

A mim também passam um monte de razões pela ideia. Podemos sempre optar por construir á antiga...talvez assim se resolva o problema. E é sempre fácil culpar as infiltrações da laje plana, mas quando temos condensação e humidades por todo o lado passamos a aceitar isso como normal. Talvez o mais eficaz seja ter Empreiteiros com formação, como nos paises civilizados. Não confiariamos a construção do automovel em que andamos a um JEITOSO, mas aceitamos isso na Arquitectura. Pq? Porque somos um pais de BISCATEIROS e JEITOSOS. Não de verdadeiros profisisonais...

Tens toda a razão alias, quando olho para a casa que propões tb identifico lá esses elementos.

Se quiseres apontar as minhas referências podes faze-lo. Não as escondo. Não encontras com certeza a Caixinha, a Palinha nem o Caixilho da moda do tio Eduardo. Serei identificado com várias coisas?Não tenho duvidas... quem não têm referências que atire a primeira pedra... mas CLONE? well... If you think so, look around you. Eu devo ser uma das Ovelhas Negra do rebanho... ou então o Lobo em pele de cordeiro...:tired:

Eu a pensar que todos estes anos portugal tinha um estilo colonial

Podes continuar a pensar. Certamente haverão edificios feitos à imagem da "velha pátria", mas serão quase sempre institucionais ou demonstração da importância social. É natural que existam, mas que por si só não comportam uma imposição de um estilo. Os locais adoptaram isso? NÃO!!!! ao contrário do que aconteceu em outros sitios, como na colonização Inglesa...tão visivel por exemplo nos Estados Unidos e no Canadá ou da Espanhola visivel no México.

Mas se a casa era suposto ser uma casa portuguesa, ou seja para Portugal, não deveria traduzir mais isso?

Talvez na tua opinião. Na minha opinião? Responde ao que me interessa da realidade portuguesa... Podes continuar a apontar que a Casa poderia estar em qualquer sitio -é verdade- como qualquer outra casa de qualquer outro arquitecto. Mas não seria a mesma casa. Poderia ser bastante parecida, mas teria o cuidado de a adaptar a outras realidades...

Tens toda a razão que a coerência e o estudo é o caminho para o conhecimento, para o entendimento e para a aceitação. Se te dedicares a estudar o nosso trabalho e outras coisas que sejam diferentes do que aprendeste, talvez fiques esclarecido sobre algumas criticas que fazes de modo leviano...
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Esta disputa do ser ou não ser português torna-se inevitavelmente uma disputa regional, ou pelo menos Nacional vs Porto. Quem têm a mania de que representa a nossa arquitectura são o Pastor Siza e a sua Igreja. Na verdade mais o seu rebanho, que para o Mestre deve com certeza ser igual ao litro... Basta olhar para a diversidade do que se constroi em Portugal (e enquanto colaborador em várias revistas recebo bastante material para avaliação) e vemos que não chega aos pés de QUALQUER outro pais da Europa. Na terrinha, apenas está autorizado fazer de um modo... ou pior, quem faz, apenas sabem fazer de um modo: cópias defeituosas dos mestres, ao bom estilo MADE IN CHINA.

Deviamos lançar uma campanha CONTRA A PIRATARIA NA ARQUITECTURA ou então instaurar um regime qualquer de Direitos de Autor para contribuir para a reforma do Sr. Álvaro e do Sr. Eduardo.


bem.. só para dizer que a mim me faz alguma confusão essa marcação cerrada a uma "ideia" de arquitectura proveniente de influências de certos arquitectos, os quais são abordados com bastante leviandade e aparente conhecimento de causa. Esse pre-conceito do branco já eu estou farto de o ouvir, só ainda não o consegui ver expresso em exemplos concretos porque até hoje nunca estive num edifício absolutamente branco como normalmente afirmam. E a arquitectura é muito mais que o branco/preto, cheio/vazio, luz/sombra que tão bem o aires mateus soube aproveitar e levar até à exaustão, a arquitectura é bem estar, é qualidade espacial, é tacto, textura, imagem, ... São aspectos que facilmente são menosprezados por qualquer arquitecto e que dificilmente são todos encarados com frontalidade numa qualquer obra.

Mas outra coisa é certa, a arquitectura desenvolve-se através do desenho e sem o desenho e a constante experimentação desenhada e testada não é possível criar boa arquitectura, exemplos disso vemos todos os dias nacional e internacionalmente e é ainda mais evidente à medida que vamos conhecendo os cantos à Europa. Acontece que também por vezes pensamos que tal arquitecto que concebe aquelas obras fantásticas que nós idolatramos nas revistas não publica desenhos nem o seu método de trabalho e apenas assistimos a desenhos de representação final e esquemas "conceptuais" pensando que ele chegou até aqui sem fazer um único risco. Está errado, mas é este o modelo das escolas actualmente.
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GINSOAKEDBOY
A mim também passam um monte de razões pela ideia. Podemos sempre optar por construir á antiga...talvez assim se resolva o problema. E é sempre fácil culpar as infiltrações da laje plana, mas quando temos condensação e humidades por todo o lado passamos a aceitar isso como normal. Talvez o mais eficaz seja ter Empreiteiros com formação, como nos paises civilizados. Não confiariamos a construção do automovel em que andamos a um JEITOSO, mas aceitamos isso na Arquitectura. Pq? Porque somos um pais de BISCATEIROS e JEITOSOS. Não de verdadeiros profisisonais...


Concordo contigo nisto.
Não sei se chegaste a ver uma peça do José Pedro Gomes chamada "Coçar onde é preciso" que falava exactamente deste tema, depois ele até editou um livro chamado "o país dos jeitosos", com os textos da peça e mais alguns que não foram incluidos.

Se quiseres apontar as minhas referências podes faze-lo. Não as escondo. Não encontras com certeza a Caixinha, a Palinha nem o Caixilho da moda do tio Eduardo. Serei identificado com várias coisas?Não tenho duvidas... quem não têm referências que atire a primeira pedra... mas CLONE? well... If you think so, look around you. Eu devo ser uma das Ovelhas Negra do rebanho... ou então o Lobo em pele de cordeiro...:tired:


Mas onde é que eu falei de clone?

Podes continuar a pensar. Certamente haverão edificios feitos à imagem da "velha pátria", mas serão quase sempre institucionais ou demonstração da importância social. É natural que existam, mas que por si só não comportam uma imposição de um estilo. Os locais adoptaram isso? NÃO!!!! ao contrário do que aconteceu em outros sitios, como na colonização Inglesa...tão visivel por exemplo nos Estados Unidos e no Canadá ou da Espanhola visivel no México.


Bom mas afinal existe arquitectura colonial portuguesa ou não?
É que não é por nada mas ja me afirmaste perentóriamente que não, e agora ja me dizes que sim mas só em casos especiais.

Tens razão quando me dizes que os nativos não eram forçados a adoptar o estilo arquitectónico colonial português, e isso para mim é um facto que deve ser enaltecido. Agora dai a dizer que o estilo colonial português resume-se a instituições e de demonstração de importância social é um erro. Então e a população portuguesa que vivia nas colónias? Vivia tudo nas casas nativas ou viviam em casas de traça colonial portuguesa?


Talvez na tua opinião. Na minha opinião? Responde ao que me interessa da realidade portuguesa... Podes continuar a apontar que a Casa poderia estar em qualquer sitio -é verdade- como qualquer outra casa de qualquer outro arquitecto. Mas não seria a mesma casa. Poderia ser bastante parecida, mas teria o cuidado de a adaptar a outras realidades...


Bom pessoalmente acho que esta casa não responde à realidade portuguesa. Para já é uma casa dificil de "vender" (não no sentido mercantilista da palavra, mas sim no sentido de vender a ideia) a 90% da população.
Depois só o preço de construção desta casa tornaria-a proibitiva para a realidade portuguesa...


Tens toda a razão que a coerência e o estudo é o caminho para o conhecimento, para o entendimento e para a aceitação. Se te dedicares a estudar o nosso trabalho e outras coisas que sejam diferentes do que aprendeste, talvez fiques esclarecido sobre algumas criticas que fazes de modo leviano...


Coerência e o estudo são o caminho para o conhecimento e entendimento, para a aceitação já é outra conversa.
Até acredito que tu tenhas o projecto todo fundamentado, mas a realidade é que até agora não o traduziste, até agora so apresentaste conceitos vagos, a maioria deles facilmente rebativeis.
Num projecto que à partida detem questões de identidade escondes-te por trás da globalização como se essa fosse a solução para todos os problemas. Falas-me da nossa história de emporium, mas depois negas as nossas marcas pelo mundo. Epa o que queres que pense disso?

Bem sei que o estar a defender um projecto é um trabalho ingrato porque há sempre quem arranje maneira de atacar, e não quero de todo estar a atacar por atacar, mas até agora as duvidas que te puz no primeiro post ainda continuam cá.
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Guest carlos.pedro

A arquitectura desenvolve-se através do pensar. Há quem pense com a cabeça. Há quem pensa com as mãos Há quem não pense e julgue que faz arquitectura mas isso é assunto para outra discussão.

O mérito não está no Desenho em si, mas na capacidade de cada um usar as ferramentas que melhor domina. Eu não Desenho. Não gosto e não me interessa. No entanto faço diagramas, esquemas de distribuição ou fluxos, intenções, que se vão moldando e tomando a forma do projecto final. Faço diagramas conceptuais que me estruturam os projectos, me estruturam o desenvolvimento do projecto, como regras de um jogo.

Infelizmente este não é o modelo das escolas actualmente. Tudo o que saia do parametrizado (e quantos de vós não sofrem isso na pele) é rejeitado por não ser NORMAL, e o que não é normal é ERRADO e o que é errado é automaticamente REJEITADO. E nos esquecemos que o "ERRADO" é o que faz com que a sociedade evolua. Tudo o que saia do parametrizado, da leitura conservadora e da razão as we know it, é que nos leva a formar as perguntas -uma boa pergunta vale mais do que uma boa resposta- que nos levam a procurar o próximo passo na evolução da sociedade e no caso que nos interessa da evolução da Arquitectura.

Branco/Preto. Cheio/Vazio. Luz/Sombra. Existe muito mais...existe tudo o que fica no meio disso. Nalguns casos até devemos considerar o VERDADEIRO/FALSO de alguns dos nossos Ministars...

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A arquitectura desenvolve-se através do pensar. Há quem pense com a cabeça. Há quem pensa com as mãos Há quem não pense e julgue que faz arquitectura mas isso é assunto para outra discussão.


Concordo inteiramente contigo.

O mérito não está no Desenho em si, mas na capacidade de cada um usar as ferramentas que melhor domina. Eu não Desenho. Não gosto e não me interessa. No entanto faço diagramas, esquemas de distribuição ou fluxos, intenções, que se vão moldando e tomando a forma do projecto final. Faço diagramas conceptuais que me estruturam os projectos, me estruturam o desenvolvimento do projecto, como regras de um jogo.


Mas tu o q apresentas é uma reprensentação gráfica da tua ideia. E que aparentemente até é bastante atraente.

Infelizmente este não é o modelo das escolas actualmente. Tudo o que saia do parametrizado (e quantos de vós não sofrem isso na pele) é rejeitado por não ser NORMAL, e o que não é normal é ERRADO e o que é errado é automaticamente REJEITADO. E nos esquecemos que o "ERRADO" é o que faz com que a sociedade evolua. Tudo o que saia do parametrizado, da leitura conservadora e da razão as we know it, é que nos leva a formar as perguntas -uma boa pergunta vale mais do que uma boa resposta- que nos levam a procurar o próximo passo na evolução da sociedade e no caso que nos interessa da evolução da Arquitectura.


Olha... a unica coisa que te posso responder é que das duas uma, ou tens propostas bem fundamentadas e são aceites, ou então tens propostas que são mal fundamentadas e são rejeitadas. Até agora as rejeições que apanhaste neste topico devem-se à tua falta de capacidade em exprimir os teus fundamentos, ou pela inexistência deles.
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Espero que os intervenientes se concentrem mais nos objectivos do projecto e do autor.
Aproveito para deixar uma letra de Reinaldo Ferreira:

Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!


:)
Abraços
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Guest carlos.pedro

Não sei se chegaste a ver uma peça do José Pedro Gomes chamada "Coçar onde é preciso" que falava exactamente deste tema, depois ele até editou um livro chamado "o país dos jeitosos", com os textos da peça e mais alguns que não foram incluidos.

Não tive o prazer de ver a peça nem ler o livro. Deve ser de certeza um retrato fiel da Republica Portuguesa. Passo bastante tempo fora do pais para minha sanidade mental.

Mas onde é que eu falei de clone?

Falei eu. Quem vê de fora vê melhor... x(

Bom mas afinal existe arquitectura colonial portuguesa ou não? É que não é por nada mas ja me afirmaste perentóriamente que não, e agora ja me dizes que sim mas só em casos especiais. Tens razão quando me dizes que os nativos não eram forçados a adoptar o estilo arquitectónico colonial português, e isso para mim é um facto que deve ser enaltecido. Agora dai a dizer que o estilo colonial português resume-se a instituições e de demonstração de importância social é um erro. Então e a população portuguesa que vivia nas colónias? Vivia tudo nas casas nativas ou viviam em casas de traça colonial portuguesa?

O teu mundo deve ser um limitado ás dicotomias. Polo Positivo Polo Negativo. Eu afirmei, e continuo a afirmar, que acho que não existe Arquitectura Colonial Portuguesa. Alguns académicos dirão o contrário, mas eles precisam justificar o seu ordenado e as bolsas para viajaram para os sitios exóticos e tropicais. Temos alguns exemplos de adaptações -instituições, escolas, igrejas, casa de governadores e outros ilustres servis da nossa Republica- mas o facto de haver vários exemplos num universo tão vasto não significa que tenhamos um estilo ou um movimento.

A população portuguesa vivia em q? Caso não tenhas dado conta eram casas adaptadas às regiões e ao clima onde estavam inseridos -muitas vezes eram caiadas como no sul de Portugal pois a Cal era usada como lastro nos navios- e nos casos mais recentes, da África Colonial, eram os melhores exemplos -que não se vislumbravam em Portugal continental- de arquitectura moderna. Se pegares na Arquitectura tradicinal Portuguesa, não encontrarás a Casa Minhota ou Beirã em Moçambique ou na India. Encontras algumas do Algarve no Brasil -Paraty por exemplo- mas são casos tão excepcionais que se tornam atractivos turisticos por si só. Olhando para fotos de Luanda, Lourenço Marques e Bissau, verás que eram na sua época cidades mais avançadas que Lisboa ou Porto. O Ultramar conseguia ser bastante mais rico e metropolitano do que a Provincia...

Bom pessoalmente acho que esta casa não responde à realidade portuguesa. Para já é uma casa dificil de "vender" (não no sentido mercantilista da palavra, mas sim no sentido de vender a ideia) a 90% da população. Depois só o preço de construção desta casa tornaria-a proibitiva para a realidade portuguesa...

Obrigado pela tua opinião. Será tida em conta em futuras revisões... mas esta casa, como está, responde ao enunciado que foi proposto pelo cliente. Após a apresentação das 12 casas, foi uma das que menos alterações sofreu para adaptar aos pressupostos e ao orçamento do projecto. Não será mais caro detalhar até ao parafuso? Não sei...eu escolho por catálogo...

Até acredito que tu tenhas o projecto todo fundamentado, mas a realidade é que até agora não o traduziste, até agora so apresentaste conceitos vagos, a maioria deles facilmente rebativeis. Num projecto que à partida detem questões de identidade escondes-te por trás da globalização como se essa fosse a solução para todos os problemas. Falas-me da nossa história de emporium, mas depois negas as nossas marcas pelo mundo. Epa o que queres que pense disso?

Não me escondi por trás da globalização. Acredito e defendo que ela faz parte da realidade portuguesa contemporanea e que temos que aprender a lidar com ela. Não neguei nunca as marcas portuguesas pelo mundo, apenas me recuso a defender que sejam marcas construidas. São marcas culturais, etnicas. É a lingua. É comida. É muita coisa menos a arquitectura (talvez agora com o Siza seja...)

Conceitos Vagos como dizes devem ser para o teu reduzido entendimento de ideias cruzadas, tipo casamento entre primos. Essa postura de Inter-reprodução, não aberta ao exterior e que dá resultados no minimo estranhos. Podes continuar com essa visão limitada do mundo, mas cada um dá o que têm e a mais não é obrigado. As tuas criticas limitam-se a tentar curto circuitos para ver se a alguma coisa explode, mas apenas te vou respondendo pois me estava a divertir a discussão. Agora que a coisa está a passar para o plano pessoal, prefiro colocar um ponto final.

Não sei se algum dia entenderás este projecto ou não -ou qualquer outro projecto meu- mas sinceramente não estou muito preocupado com isso. Quando todos gostarem do que eu faço é porque não estou a fazer a arquitectura em que acredito.

Olha... a unica coisa que te posso responder é que das duas uma, ou tens propostas bem fundamentadas e são aceites, ou então tens propostas que são mal fundamentadas e são rejeitadas. Até agora as rejeições que apanhaste neste topico devem-se à tua falta de capacidade em exprimir os teus fundamentos, ou pela inexistência deles.

Agradeço o teu ponto de vista, mas não creio que seja generalizado. Parabéns pela tua moderação, mas é melhor continuares a ir ao cinema à segunda feira...
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Eu até deixei de responder porque penso que o que se está aqui a assistir é de certa forma a uma arrogância que não permite que haja uma discussão. Não és o único que tem a oportunidade de estar fora de Portugal e ver coisas diferentes, há aqui demasiadas afirmações que, supostamente seguras não têm grande fundamento e que acabam por ser encaradas como vindas de algum iluminado que vê de fora para dentro e só ele entende a miséria onde vivemos como se mais ninguém daqui alguma vez tivesse vivido fora do país e experienciado outros locais e culturas. Penso que é um pouco arrogante... E quanto a esse fascínio da globalização, a globalização implica inevitavelmente uma regionalização ou melhor, um maior interesse por valores locais que se distingam de uma "cultura global" que não existe. Se alguém acha que existe que me diga e fundamente devidamente as suas afirmações e se possível com bases seguras e estudadas. A globalização é possível na medida em que permanecem valores locais, só assim é que a globalização é viável. Não podemos estar à espera de "globalizar" a cultura ocidental na África, na América do Sul, na Ásia, ... e, se alguém por acaso esteve presente na bienal de Veneza de 2006 teve claramente uma visão da diversidade urbana, social, económica, ...., em várias "cidades globais" do mundo. Apelar tão intensamente a uma globalização idealmente totalitária em que todos consumimos o mesmo, vivenciamos o mesmo, usamos o mesmo, ..., é tão nostalgicamente incorrecto como a defesa de uma sociedade "geração 90" com os valores que estavam subjacentes a este movimento. nem 8 nem 80

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Por acaso discordo, a sociedade de consumo trata de alimentar a globalização, ou vejamos em quantos paises se bebe coca-cola, usa tenis da nike...etc... Na medida em que a tecnologia vai evoluindo vai unindo os paises, agora se me falares que por questões climatéricas não se pode reproduzir de igual forma as coisas é outro ponto de vista. Acredito vivamente que a base do regionalismo k falas está na restia de cultura e identidade nacional de cada povo, mas que cada vez mais não passa de um fomento ao turismo. Há algum tempo que tenho vindo a ver uma relação muito interessante entre a moda e a arquitectura, tecnologia e arquitectura, imagem, internet...vai ser muito dificil num futuro não muito longe manter uma identidade regional, uma vez que o conceito de aldeia global se afirma cada vez mais com intensidade, a ver pelo numero de publicações de arquitectura e as obras de todo o mundo que publica.

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Guest carlos.pedro

Eu até deixei de responder porque penso que o que se está aqui a assistir é de certa forma a uma arrogância que não permite que haja uma discussão. Não és o único que tem a oportunidade de estar fora de Portugal e ver coisas diferentes, há aqui demasiadas afirmações que, supostamente seguras não têm grande fundamento e que acabam por ser encaradas como vindas de algum iluminado que vê de fora para dentro e só ele entende a miséria onde vivemos como se mais ninguém daqui alguma vez tivesse vivido fora do país e experienciado outros locais e culturas. Penso que é um pouco arrogante...


Não sou iluminado. Não sou o único fora do pais e ainda assim consigo ver desde dentro pois exerço a profissão para Portugal e pago os meus impostos em Portugal. Divulgo o que se faz em Portugal e defendo o que se faz em Portugal. Isso dá-me o direito de emitir opinião e comparar o pais com o que conheço do exterior. Consideras arrogante dizer que o pais está uma BOSTA? Então sou arrogante...A miséria é ninguém fazer nada para mudar. Eu tento fazer a minha parte...

E quanto a esse fascínio da globalização, a globalização implica inevitavelmente uma regionalização ou melhor, um maior interesse por valores locais que se distingam de uma "cultura global" que não existe. Se alguém acha que existe que me diga e fundamente devidamente as suas afirmações e se possível com bases seguras e estudadas. A globalização é possível na medida em que permanecem valores locais, só assim é que a globalização é viável. Não podemos estar à espera de "globalizar" a cultura ocidental na África, na América do Sul, na Ásia, ... e, se alguém por acaso esteve presente na bienal de Veneza de 2006 teve claramente uma visão da diversidade urbana, social, económica, ...., em várias "cidades globais" do mundo.


Não é fascinio. É constatação de um facto. Pelo menos não enterro a cabeça na areia. A globalização existe, PONTO. Agora estamos finalmente a começar a ver os aspectos positivos dela. Em vez de servir apenas para exportar o modelo ocidental, assistimos a expansões culturais de coisas que há 5 anos atrás não tinhas acesso. O que mostraram na Bienal é a REALIDADE. Um mundo globalizado, conectado, mantendo e divulgando a sua identidade...

Apelar tão intensamente a uma globalização idealmente totalitária em que todos consumimos o mesmo, vivenciamos o mesmo, usamos o mesmo, ..., é tão nostalgicamente incorrecto como a defesa de uma sociedade "geração 90" com os valores que estavam subjacentes a este movimento.

Não estou a defender que devemos todos tomar o mesmo e fazer o mesmo. Apenas disse que vocês, tão CONTRA uma realidade que é Global, estão nela até ao tutano...usando, escutando, comendo e apreciando as mesmas coisas que uma pessoa do outro lado do mundo. Import-Export. Intercâmbio.

Estou apenas a constatar um facto. A maioria das pessoas que é contra a globalização não se dá conta de quanto depende dela para manter o nivel de vida que tanto aprecia.

Abraço,
CP
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