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Lisboa | Renovação da Baixa-Chiado | Varios autores


JVS

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É impressão minha ou nessa proposta querem ligar a Rua Capelo à Travessa de S. Nicolau? Parece-me que essa transformação vem incluir um percurso pedonal assistido (leia-se elevador / escada rolante)...Será benéfico? Enfim...mais uma proposta...

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Parece-me bem. É um bom investimento, pelo que sei a baixa não tem muita vida e precisa de uma revitalização. Vi num programa na 2: com a participação do arquitecto Nuno Grande uma discussão sobre o chiado reconstruido por siza e a apresentadora estava sp a insistir que a baixa só tinha pessoas por causa da fnac, dando a entender q a culpa era dos arquitectos (neste caso do siza), qd eu acho q a arquitectura não é só por ela um actractivo. A arquitectura serve para as pssoas se sentirem bem onde estão mas precisa de trabalhar com outras disciplinas para que os espaços resultem.

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É como tudo na vida.. para mim a acção do siza enquanto reconstrução resulta e de que maneira, já no que ao espaço público diz respeito acho que é falha em todos os sentidos (ver o pátio bonitinho que em anuncios convenientes surge estilo: "aldeia da roupa branca" mas no dia-a-dia é tão fechado sobre si mesmo que é para ali que os agarrados se vão injectar. E nem falo daquela articulação sinistra do quarteirao do Gonçalo Byrne, isso então é o pavor em ceroulas... Eu acho a disciplina do urbanismo um absurdo quando não é acompanhada pela arquitectura, defendo um urbanista com formação de arquitecto mas seguindo a via do ensino-investigação.

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Bruno_Rosa não concordo muito com o que tu dizes! Até porque o proprio Siza diz o contrario! Ele não consegue fazer intervenções no Porto. Vê os anos que ele já tem de arquitectura e só ultimamente conseguiu fazer alguns 'arranjos' por lá. Dizia ele muitas vezes que tinham de arranjar pessoal que não era filho da terra para fazerem os projectos para a 'sua terra'...
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Operação Baixa-Chiado vai hoje a votos na câmara


Luísa Botinas e Susana Leitão Imagem colocadaO ministro do Ambiente, Nunes Correia, elogiou recentemente a proposta de plano de revitalização para a Baixa-Chiado. Com esta receptividade governamental, vai ser interessante conhecer a posição do executivo municipal de Lisboa, que hoje analisa e vota na generalidade o documento apresentado no início de Outubro por Maria José Nogueira Pinto.

Abraçando a reabilitação do coração da cidade como o desafio marcante do seu mandato de vereadora na maior câmara do País, a ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deitou mãos à obra, traçou estratégias, definiu calendários e estabeleceu metas. Em seis meses, depois de nomear um comissariado, transversal e "resistente aos ciclos eleitorais", eis que submete a proposta à autarquia da capital.

Câmara, Governo e promotores privados integram um modelo de gestão proposto para a concretização desta megaoperação com prazo de conclusão marcado para 2020. A parceria constituída para renovar o centro histórico da cidade é, a vários títulos, semelhante a outras criadas para as intervenções Polis.

Com um investimento global previsto de 1145 milhões de euros, a revitalização da Baixa-Chiado pretende voltar a ocupar 13 por cento dos imóveis devolutos deste território, aumentar a população residente em 10 a 12 mil habitantes até 2020, reabilitar totalmente os imóveis e o espaço público, reforçar a componente turística da zona, transformando-a num novo centro financeiro e num "centro comercial sem limites".

A concretização destes objectivos passa pela execução de projectos estruturantes em áreas consideradas estratégicas. Por exemplo, fazer a Circular das Colinas (uma ligação em contínuo entre o vale de Santo António e a Avenida Infante Santo) será fundamental para melhorar a mobilidade. Tal como o condicionamento do tráfego particular de atravessamento na Baixa pombalina, sobretudo no Terreiro do Paço e nas ruas do Ouro e da Prata. Em matéria de habitação, uma das prioridades definidas assenta na inversão da desertificação, criando-se condições para a compra de casas por parte de jovens e classe média. Da parte do ministro já parece haver luz verde, falta conhecer a da Câmara de Lisboa.


Fonte: DN
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A Baixa é intocável?


António Mega Ferreira
Imagem colocadaLisboeta, 57 anos, escritor. Presidente da Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), foi comissário da Expo'98 e presidente do Conselho de Administração do Parque das Nações

Como quase toda a gente, tomei conhecimento da Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado, divulgada em finais de Setembro e já apresentada pelo presidente da CML ao Governo, através dos relatos, imediatistas quase todos, e um pouco mais reflectidos, alguns, feitos pelos jornais. Alguma informação suplementar esperava eu da meia dúzia de artigos de opinião, quase todos muito críticos, que vieram a lume nas semanas seguintes. Mas como, se, na maioria, os seus autores confessavam não ter lido a Proposta, limitando-se a glosas pouco inspiradas do que os jornais tinham trazido?

Pois eu li a Proposta elaborada por um grupo de cidadãos especialmente habilitados para tratar esta matéria, crucial para o futuro da cidade. E começo por saudar o esforço e a qualidade da reflexão (elaborada em seis meses, o que é raro entre nós), a seriedade das propostas, o cuidado posto no desenho de um modelo institucional que seja viável, a preocupação com a montagem financeira de um conjunto de intervenções que se deveriam estender ao longo de 20 anos, envolvendo investimentos superiores a 1100 milhões de euros. Sobretudo, saúde-se a visão integrada, ambiciosa, com que se "cosem" muitas ideias que há muito circulam por aí, vazando-as num sistema de pensamento urbanístico coerente e articulado, quaisquer que sejam as reservas que possa suscitar.

A linha condutora que ressalta da Proposta é a da melhoria da qualidade generalizada que ela aponta: qualidade do edificado, do património, do espaço público, do ambiente, tudo isto concorrendo para a (re)criação de condições de atractividade da Baixa-Chiado. O eixo do programa passa, desde logo, por um pressuposto sem o qual todo o edifício se esboroa: o da drástica contenção do tráfego de atravessamento da Baixa-Chiado, chegando ao radicalismo de propor, até 2010, a pura e simples eliminação da circulação automóvel (excepto trânsito local) no Terreiro do Paço. Alternativa: a circulação por S. Paulo e pela Rua do Arsenal, o que não é evidente. E, sobretudo, a montante, a activação da chamada Circular das Colinas, a partir da Infante Santo, de forma a conter a afluência de trânsito na direcção do Cais do Sodré e vice-versa. Ora, esta circular é de discutível concepção, de execução problemática (exige a construção de pelo menos dois túneis) e de, para mim, ainda mais duvidoso financiamento, pelo menos no prazo proposto (já a partir de 2007 e até 2010). Aliás, um dos pontos mais críticos do modelo de financiamento apresentado reside, precisamente, no peso dos investimentos públicos previstos nessa primeira fase, elevando-se a 642 milhões de euros, quase 60% do total previsto para um horizonte de 14 anos. Será isto realista na situação financeira actual, quer do Estado central quer da autarquia?

Mas, desta Proposta, aproveita-se (e muito) a noção do Terreiro do Paço como praça de vocação eminentemente político-administrativa (mas mais dois museus para quê?!), afastando de uma vez por todas a visão "turístico-folclórica", com que, nas últimas décadas, se tem procurado inflectir a vocação histórica da Praça do Comércio. E também a ideia de que a revitalização do comércio deve constituir um dos vectores fundamentais de repovoamento da zona. Será a solução a criação de um "centro comercial a céu aberto" nas ruas da Vitória e de Santa Justa, como defende a Proposta? Tenho dúvidas, sobretudo porque esse é um processo que só tem sustentabilidade se corresponder a uma efectiva procura por parte dos agentes económicos.

Mas, perante a enormidade dos mais de 250 000 m2 que se encontram devolutos na zona de intervenção (54% dos quais na Baixa), quem pode divergir de uma política de habitação que visa pôr a "render" essa bolsa de habitação potencial e propõe o objectivo de elevar, em 20 anos, a população da zona de 5000 para 17 000 pessoas? E quem duvida de que a requalificação da oferta hoteleira da Baixa-Chiado constitui o primeiro passo para uma revalorização da zona, quer em termos de oferta turística quer em termos de população flutuante?

Há, nesta Proposta, muitas ideias discutíveis (a da restituição do mercado à Praça da Figueira, por exemplo), outras que são relativamente inovadoras (como a da requalificação da frente ribeirinha entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré), algumas cuja exequibilidade é remota. Mas a crítica da Proposta não se esgota, não pode esgotar-se, nas dimensões de um artigo de jornal como este. E seria uma insuportável irresponsabilidade que, por causa de invejas mal disfarçadas ou de uma curtíssima visão de dividendos políticos particulares, se inviabilizasse o que nela há de potencialmente positivo para a cidade, matando-a no ovo.

Ora, acontece que o executivo camarário quer pôr já hoje a Proposta à votação. E esta é, a meu ver, a pior maneira de querer fazer andar o processo. Há dois riscos nesta pressa de contar, pelo voto, cabeças e espingardas: um é o de que a proposta vença e avance sem estar devidamente consolidada no espírito dos que votem a favor; o outro é de que perca, trucidada pelos que não tiveram sequer tempo para deixarem de ser contra.

Ou, numa só frase: é preciso que todos tenham tempo para descobrir, nesta Proposta, os motivos de interesse que os façam tomá-la, com as devidas adaptações, como coisa conveniente. Ou para que, com argumentos válidos e ponderados, a considerem sem préstimo. Em qualquer dos casos, sobretudo, que tenham em conta o que é melhor para a cidade e para o País.


Fonte DN
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Nova Expo para renovar centro histórico de Lisboa

Há as curiosidades: no Terreiro do Paço, o que é hoje o gabinete do ministro da Justiça poderá ser um dia um hotel de cinco estrelas. E depois há o que conta: para levar até ao fim o plano de revitalização da Baixa-Chiado- que se prevê ser em 2020 - são necessários investimentos na ordem dos 1145 milhões de euros. E isto incluindo o custo da chamada Circular das Colinas, uma espécie de circular interna dentro da cidade ligando o Vale de Santo António à Infante Santo, e cuja construção é absolutamente indispensável para tirar (ou condicionar fortemente) o trânsito na zona central da frente ribeirinha de Lisboa.

Segundo o documento ontem apresentado, cerca de metade do investimento (682 milhões de euros) caberá aos privados; a administração central - que deterá o controlo maioritário da operação de revitalização - entrará com 137 milhões de euros; e a camarária, com 224.

Em traços largos, será esta a repartição de encargos. É, para já, o que se estima necessário para voltar a ocupar os 13 por cento de imóveis devolutos - pretende-se aumentar a população residente em 10 a 12 mil habitantes até 2020 -, reabilitar totalmente os imóveis e o espaço público, reforçar fortemente a componente turística da zona, transformá-la também num novo centro fi- nanceiro da cidade e ainda num "centro comercial sem limites".

O plano enfrentará agora o escrutínio pelos órgãos da Câmara Municipal de Lisboa e pelo Governo, parceiro decisivo na operação. Abrange oito freguesias: duas parcialmente (Encarnação e S. Paulo) e seis totalmente: Sé, Madalena, São Nicolau, Santa Justa, Sacramento e Mártires.

O documento define a forma de gestão de toda a operação. A ideia é que tenha total autonomia decisória e administrativa - tendo fonte inspiradora o caso da Expo'98 - por delegação de competências tanto do Governo como da autarquia (por exemplo, no capítulo dos licenciamentos).

Será criada, no topo do organigrama, uma sociedade gestora, isto é, uma empresa pública com dois accionistas: o Estado central e a Câmara de Lisboa. Num primeiro momento, o Estado será maioritário e a autarquia minoritária. Depois, num segundo momento, após a concretização dos chamados "projectos estruturantes" (Terreiro do Paço, frente ribeirinha e equipamentos culturais), a relação de forças inver- ter-se-á: o Estado passará a accionista minoritário e a câmara a maioritária, passando a empresa a integrar o universo municipal.

A esta sociedade gestora competirá a coordenação geral do projecto de revitalização. Ao mesmo tempo serão criadas duas outras empresas: a Sociedade Gestora de Projectos Estruturantes (SGPE) e a Sociedade de Gestão Urbana (SGU).

A primeira terá por função gerir alguns dos projectos estruturantes, lançar os concursos e os cadernos de encargos de obras em espaços públicos municipais, cabendo-lhe também a gestão do projecto de reconversão comercial da Baixa.

Já a SGU - uma empresa municipal onde a Câmara de Lisboa será sempre maioritária - ficará com o "exercício de actividades que se compreendem no âmbito das atribuições municipais" (licenciamentos de obras, por exemplo), cabendo-lhe a gestão em matérias como o ordenamento do tráfego e o controlo da iluminação pública e da vigilância na área abrangida pelo plano.

Ao mesmo tempo será mantida uma empresa municipal que já existe, a SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana) da Baixa-Chiado, porque ela dispõe de "instrumentos jurídicos que não podem ser utilizados por qualquer outro tipo de entidade". Contudo, prevê-se que mantenha as competências - mas que o seu capital seja transferido, se a lei o permitir, para a SGU. Esta terá ainda a decisiva competência de lançar a Circular das Colinas.

De onde virá, então, o dinheiro? O comissariado que preparou o plano salientou, logo a abrir as suas referências ao modelo de financiamento, que se terá sempre em conta as actuais restrições orçamentais do País e da câmara e ainda os constrangimentos impostos pelo Pacto de Estabilidade. Como fontes conta-se com o Banco Europeu de Investimentos e ainda com o novo fluxo de fundos comunitários do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), nomeadamente através de verbas disponíveis para o reforço da competitividade económica. Já do ponto de vista das receitas, é avançado um único número: dez milhões de euros por ano de receitas adicionais no imposto municipal sobre imóveis).

fonte: DN


via http://ssc-portugal.blogspot.com/
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Uma respiração de coragem idêntica à de 1755


António Manuel
Presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, deputado municipal
Imagem colocadaUm projecto de reabilitação da Baixa é, quer se queira ou não, um acto visionário, uma respiração de coragem idêntica à que existiu com o projecto de reconstrução de Lisboa após a catástrofe de 1755.

Ambos partem de circunstâncias trágicas: a Baixa destruída e a Baixa abandonada. Ambos parecem aliar ao esforço colectivo a resistência de muitos, mormente dos que ainda teimam não restituir à Baixa a dignidade perdida.

Ao fim de tantas décadas de adiamento, a Câmara Municipal de Lisboa do mandato do Professor Carmona Rodrigues lançou mãos à obra e aí está o projecto para o coração da cidade - é que falar da Baixa não é só um questão de centralidade, de visibilidade da cidade, é também uma questão de afectividade (quem aqui vive sabe que o local, tal como o anúncio que Fernando Pessoa fez para a Coca-Cola, "primeiro estranha-se, depois entranha-se").

O acaso e o improviso do passado dão lugar, agora, a um projecto global assente num diagnóstico, numa ideia de cidade, num conceito urbanístico de reabilitação, numa estratégia - em suma, numa visão; dele brotam um conjunto de ideias estruturantes em torno das quais se vai fazer a reabilitação: a recuperação do edificado, a transformação da zona ribeirinha num grande espaço de qualidade e de oferta de actividades de lazer, uma nova relação da cidade e da sua Baixa com o rio (longe vão os tempos em que os alicerces das casas partiam das águas do Tejo!), a transformação do Terreiro do Paço numa Praça do Comércio como queria Pombal, combinando em termos funcionais, a presença de um Estado moderno com actividades ligadas à hotelaria, restauração, entre outras, a afirmação das potencialidades da Baixa como espaço comercial a céu aberto, a modernização das infra-estruturas e a criação de um espaço público por excelência, a afirmação da Baixa como pólo de atracção cultural e turístico.

A estes projectos estruturantes corresponderão políticas públicas de suporte, tais como: a valorização do património, a criação de redes de cultura, a implementação de práticas culturais, a criação de núcleos museológicos, o estabelecimento de objectivos para quotas de mercado habitacional, a valorização turística, o reforço da segurança, a redução do tráfego de atravessamento, a melhoria da qualidade do ar e novas regras de gestão urbana.

Os custos do investimento serão decompostos pelos períodos de 2007-2010 (cerca de EUR 682 milhões) e 2011-2020 (cerca de EUR 463 milhões), num total de EUR 1145 milhões! Serão investidos pelo sector privado (EUR 660 milhões), pela Câmara Municipal de Lisboa através da sociedade de gestão urbana (SGU) (EUR 224 milhões) e pela administração pública (EUR 137 milhões). Verbas avultadas para a conjuntura de crise que se vive, contudo, é bom também referir que não se trata de um acto único, ciclópico (como infelizmente alguns já disseram em jeito de inacção de velhos do Restelo!...)

Não tenho dúvidas de que não serão ditas a propósito deste projecto as palavras que João Appleton pronunciou em 2003 nas jornadas "A Baixa pombalina e a sua importância para o Património Mundial" acerca da reconstrução pombalina "foi um acto penoso, contraditado e amesquinhado no início, mal compreendido a meio caminho e que nem mesmo chegou ao fim", como se verifica com a existência de edifícios do final do século XIX, fora do desenho de Eugénio Santos.

A reabilitação da Baixa pombalina é o maior projecto da edilidade de Lisboa no século XX e início de XXI; pela sua grandeza, será obra de uma geração e dum esforço conjunto da autarquia e do Governo. É que a Baixa é de todos, o seu futuro será sempre um imperativo nacional.


in http://dn.sapo.pt/2006/11/14/cidades/uma_respiracao_coragem_identica_a_17.html
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Plano da Baixa não protege património


Luísa Botinas Imagem colocadaO modelo em que assenta a proposta de revitalização da Baixa-Chiado está sobretudo assente na sua sustentação económica em detrimento da sustentabilidade ambiental e patrimonial. São urbanistas contactados pelo DN quem tece estes reparos ao trabalho elaborado pelo comissariado nomeado por Maria José Nogueira Pinto.

Estes especialistas dizem mesmo que a abordagem, assente numa lógica de renovação urbana e não de reabilitação, poderá mesmo comprometer uma classificação do coração da cidade como património mundial.

Outra conclusão a que chegam os urbanistas é a de que a proposta de revitalização apresentada não se articula com a visão estratégica do Plano Director Municipal, agora em revisão. "O trabalho apenas se reporta ao PDM de 1994, o que faz que com que funcione de forma fragmentada e intuitiva", disseram as mesmas fontes.

Em matéria de desarticulação há também quem aponte o facto de a proposta de Maria José Nogueira Pinto não fazer referência ao trabalho realizado no âmbito da candidatura da Baixa a Património Mundial da Unesco. João Mascarenhas Mateus esteve na equipa que entregou o dossiê a Carmona Rodrigues e remete precisamente para o presidente da Câmara de Lisboa uma resposta para o futuro daquele trabalho, apresentado aos embaixadores da organização com sede em Paris.

"O plano de revitalização é uma iniciativa municipal e a candidatura também. É estranho que não haja articulação entre ambas, ainda para mais quando a autarquia gastou dinheiro no dossiê de candidatura", refere Mascarenhas Mateus, que em Junho deste ano foi dispensado por Carmona Rodrigues do trabalho que estava a realizar para o município.

Recusando a ideia de que as suas palavras podem soar a crítica destrutiva Mascarenhas Mateus sublinha que acima de tudo, os factos de que fala revelam "descoordenação". Da autarquia. "Pede-se o dossiê da candidatura, vêm a Lisboa vários embaixadores da Unesco, o trabalho é avaliado positivamente, e depois não são enviados atempadamente elementos pedidos pela organização ligada às Nações Unidas. Posteriormente passa-se para um plano de revitalização como se a candidatura não existisse. Isto é no mínimo estranho. Mas só Carmona Rodrigues pode responder a estas questões", acrescenta João Mascarenhas Mateus.

Não pondo de parte a qualidade do trabalho realizado pelo comissariado, João Mascarenhas Mateus questiona ,todavia, a exequibilidade de alguns dos seus aspectos, nomeadamente o económico e o de conservação do património. "Para que a candidatura seja viável é preciso cumprir determinados parâmetros estabelecidos pela Unesco, no que diz respeito à autentiticide e à integridade do património. Ora no plano de revitalização não há referência a nada disto", prossegue aquele especialista que lembra que o dossiê de candidatura foi aprovado por unanimidade pelo executivo da câmara de Lisboa.

Além destes aspectos, dizem também alguns especialistas que existem incongruências em algumas ideias apresentadas. Uma delas está relacionada com a mobilidade. Aproveitando propostas anteriores relativas ao condicionamento do tráfego na zona ribeirinha da Baixa (Circular das Colinas, referida no Plano de Mobilidade que o professor do Instituto SuperiorTécnico elaborou para o executivo de Santana Lopes, em 2003), o comissariado defende como alternativa à Avenida Ribeira das Naus para servir o tráfego de natureza local que circula de poente para norte e vice-versa, a Rua do Arsenal.

Assim a transposição nascente-poente e vice-versa entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas só será possível através de percursos sinuosos, como a Rua da Conceição e de São Julião. Ora "isso só vai trazer mais trânsito para dentro da Baixa", dizem os críticos.


in http://dn.sapo.pt/2006/11/14/cidades/plano_baixa_protege_patrimonio.html
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Baixa não pode ser sacrificada a protagonismos


Pedro Santana Lopes
Ex-presidente da Câmara de Lisboa,
ex-primeiro-ministro, advogado e docente universitário
Imagem colocada Imagem colocadaSobre a falada Circular das Colinas, na página 28 da Proposta de Revitalização agora elaborada, remeto para as páginas 140 e 141 da publicação da Câmara, de Junho de 2005, "Baixa pombalina, bases para uma intervenção de salvaguarda" e para a explicação de José Manuel Viegas que justificava a proposta então avançada à luz de um programa de redução ou eliminação de atravessamento da Baixa, o que exige um conjunto de intervenções significativas noutras áreas da cidade, para além das intervenções naquela zona da cidade, sem especial dificuldade técnica.

"Deve então todo este processo ficar claro que, não sendo as condições de saturação do sistema viário da Baixa especialmente más, este conjunto de intervenções sobre o sistema de tráfego da cidade só é plenamente justificado se for colocado ao serviço da qualidade do ambiente urbano da Baixa e da revitalização desta área nobre da cidade". Estas palavras estavam inseridas no texto "Directivas Para Um Plano de Pormenor para o Controlo de Tráfego Rodoviário na Baixa Pombalina".

As mais diversas questões técnicas e científicas foram, pois, tratadas desde que assumi a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, sem ignorar estudos realizados anteriormente. Naturalmente, compreende-se agora a minha estupefacção, não tanto por não se saber a quem pertencem as iniciativas mas, tão-só, por não entender o motivo pelo qual Lisboa e Portugal são prejudicados por questões pessoais menores.

O trabalho do actual Comissariado teria e tem todo o mérito se constituir - como deveria - a continuação e o aprofundamento do muito trabalho realizado anteriormente. Devo sublinhar que o documento está bem sistematizado, bem apresentado e revela, de facto, reflexão sobre os temas. Só o que não faz sentido é cada equipa que entra querer fazer "tábua rasa" do trabalho já feito, fazendo-lhe referência genérica e apresentando-o como se novo fora.

Conheço o estilo, mas quem já estava antes na Câmara devia ser o primeiro a não se deixar colocar nessa situação. O que se pensará na UNESCO, o que pensarão os embaixadores que nos visitaram, o que pensará o Centro de Património Mundial de tudo isto, destas desnecessárias rupturas? O que pensarão os funcionários da própria Câmara e da SRU que tanto trabalharam já? E por causa dessas questões menores foi dada ordem, há mais de um ano, para pararem as obras no Chiado e na Baixa!

Há dias acusei o actual primeiro-ministro de fraude, quando, depois das eleições autárquicas, há quem falte à verdade chamando a si a iniciativa de trabalhos, projectos, ideias, decisões realizada por outros? Porquê prejudicar Lisboa e Portugal? Porquê perder tempo e conhecimento? Aliás, há no Diário de Notícias quem tenha acompanhado estas diferentes fases do trabalho camarário nos últimos anos e que sempre poderá lembrar os colegas menos atentos a estas matérias. Todas essas fases, incluindo esta coordenada e apresentada, não pelo presidente (da Câmara), mas pela vereadora Maria José Nogueira Pinto, são importantes. Falta agora resolver o financiamento do proposto. A intervenção na Rua da Madalena fez-se com cerca de um milhão de euros. E que bonita está. E novas famílias foram para lá viver desde então, como várias reportagens têm mostrado. Com franqueza, o prazo e o orçamento da Proposta de Revitalização parecem-me manifestamente excessivos.

A Baixa pombalina é demasiado importante para todos nós e para o País para ser sacrificada a protagonismos de quem chega e tenta apagar os traços de um caminho já percorrido. Mas vamos todos apoiar quem queira fazer mais por Lisboa, em SRU, Comissariado, ou seja, por que entidade for. Desde que seja bom para Lisboa!


in http://dn.sapo.pt/2006/11/13/cidades/baixa_pode_sacrificada_a_protagonism.html
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PSD rompe coligação com CDS-PP na Câmara de Lisboa Imagem colocada
15.11.2006 - 21h56 Lusa


O presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues (PSD), retirou hoje os pelouros à vereadora do CDS/PP Maria José Nogueira Pinto, com quem mantinha uma coligação pós-eleitoral, alegando "violação de lealdade e confiança".
Em comunicado, Carmona Rodrigues afirma que Maria José Nogueira Pinto "violou hoje um dever de lealdade e de confiança elementar na relação entre pessoas que estão unidas por um acordo político". "Em consequência, decidi retirar à doutora Maria José Nogueira Pinto todos os pelouros que lhe estavam atribuídos".

PSD e CDS-PP mantinham uma coligação pós-eleitoral desde 5 de Janeiro, altura em que a vereadora democrata-cristã assumiu o pelouro da Habitação Social e a responsabilidade do projecto de reabilitação da Baixa-Chiado.

O autarca afirma que o executivo continuará "a assegurar a governação da câmara com a maioria e a equipa que o povo escolheu nas eleições" autárquicas de Outubro de 2005.

Carmona Rodrigues assegura que os vereadores sociais-democratas "continuarão a assumir" as suas "responsabilidades, prosseguindo a concretização" dos seus projectos.

Nogueira Pinto remeteu para mais tarde declarações, disse o chefe de gabinete da vereadora.




in http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1276728&idCanal=76
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Baixa-Chiado, um nada que parece tudo


Carlos Moura
Ecologista da Quercus
Imagem colocadaA proposta do Comissariado Baixa-Chiado é um excelente exercício de desenvolvimento de orientações sob o auspício da revitalização deste espaço. É, no seu campo, um brilhante desenvolvimento de cenários construídos sobre pressupostos que, não sendo completamente inverosímeis, são em grande medida fruto de uma análise desavisadamente optimista.

É claro que, numa análise superficial, não podemos deixar de nos deixar seduzir pelo anúncio do regresso de habitantes a esta zona da cidade, assim co-mo não podemos deixar de aderir a questões como a diminuição do tráfego automóvel, e da melhoria da acessibilidade às colinas do Castelo e do Bairro Alto ou à iminente pedonalização da zona ribeirinha. Porém, os projectos não se fazem de propagandear boas intenções.

As habitações assistidas são princípios interessantes, mas quais dos actuais moradores resistirão numa Baixa cujo custo de vida terá aumentado em 100% ou até mais. E não resistindo estes? Como resistirá o comércio tradicional? Não o revitalizarão seguramente os jovens e "velhos" de elevado nível económico ou "iniciativa" (seja lá o que isso for), que o não procuram.

Da mesma forma a dependência que se estabelece entre a "domesticação" do tráfego e a construção da Circular das Colinas não é resolver a situação, mas apenas retirar o problema de um local para o recolocar em outro diferente. A pressão atirada para o eixo Prazeres, Campo de Ourique, Estrela, Rato, Conde de Redondo, Estefânia, Vale de Santo António e Beato será absolutamente insuportável quer do ponto de vista de mobilidade, quer do ponto de vista da poluição atmosférica e sonora. Além disso está ainda por explicar como se constrói um túnel por debaixo de um jardim histórico da cidade, como o Jardim da Estrela, sem o destruir irreversivelmente.

Também os previstos espaços pedonais do Cais do Sodré até Santa Apolónia antes mesmo de o ser sofreram já atentados gravíssimos do ponto de vista ambiental. Para dar lugar às incensadas agências europeias (em minúsculas), aliás já integradas no projecto, sacrificou-se o que de verde restava neste percurso. Salvou-se a glicínia agarrada à hora legal, vá-se lá saber porquê.

Aliás as previstas acções de revitalização (com modernidade e inovação, como se usa dizer hoje em dia) deveriam antes de tudo assentar numa reabilitação e renovação do sistema de drenagem da Baixa, acções essas que teriam de andar aliadas com a reinfra-estruturação de toda esta zona. Não que este pressuposto não apareça no projecto, só que na base de toda a superstrutura não basta que apareça o pressuposto, pede--se clareza do investimento alocado a este fim, principalmente porque terá de ser maioritariamente público. No limite, este projecto, que pode ser muita coisa ou quase nada, vai depender grandemente não das linhas de orientação que apresenta, mas de todo o trabalho sectorial que está ainda por fazer. Há uma coisa contudo que fica clara, se permanecer como está não será a resposta global e integradora de que a cidade necessita.


IN http://dn.sapo.pt/2006/11/17/cidades/baixachiado_nada_parece_tudo.html
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O plano Baixa-Chiado poderá concretizar-se ou não...


Paula Sá e Susana Leitão Imagem colocadaA presidente da Assembleia Municipal de Lisboa diz que já esperava que Carmona Rodrigues retirasse os pelouros à Maria José Nogueira Pinto, vereadora do CDS, depois do comportamento pouco "ético" que mostrou no confronto com AML. Paula Teixeira da Cruz lembra que o PSD não disse ter quebrado qualquer coligação com os centristas em Lisboa, numa espécie de repto à renúncia do mandato da vereadora centrista. A dirigente do PSD diz ainda que Santana Lopes tem pouca margem política para se bater contra Marques Mendes.

Estava à espera do final da coligação na Câmara de Lisboa, com o CDS/PP?

Estava à espera que houvesse um desfecho que potenciasse a retirada de pelouros à vereadora eleita pelo CDS/PP. O episódio que se passou com a assembleia municipal era um pretexto. Tive a certeza quando li a entrevista da senhora vereadora ao Sol onde dizia claramente que tinha acabado o tempo de coligações com o PSD.

Acha normal que o presidente Carmona Rodrigues tenha comunicado ao presidente do PSD, Dr. Marques Mendes, o fim da coligação?

Não há nenhuma coligação estabelecida nos moldes tradicionais entre os dois partidos. No âmbito da campanha para a Câmara de Lisboa e para a AML, o professor Carmona Rodrigues disse várias vezes que gostaria de contar com o envolvimento de todas as forças políticas, que estivessem disponíveis para esse efeito. E é neste contexto em que há um acordo celebrado com o CDS/PP. Não se pode fazer a leitura de que o prof. Carmona Rodrigues quebrou a coligação. Apenas tornou público uma atitude que considerou desleal e de falta de solidariedade ao retirar os pelouros à senhora vereadora.

O que está a dizer é que põe o ónus no CDS/PP de manter ou não o acordo?

Cada um tem a sua responsabilidade. Que cada um a saiba assumir. É que nunca ouviu falar em quebra de coligação da parte do professor Carmona Rodrigues nem da parte de ninguém do PSD.

A vereadora do CDS/PP extravasou a ética política?

Não é suposto o fiscalizado dizer ao fiscal como deve ser fiscalizado. A AML não serve só para se sentar e levantar. E isso comigo jamais será assim. Se isso causa incomodidade é um problema daqueles, ou daquela, a quem causa incomodidade. Há aqui questões de conduta e de ética política, com toda a franqueza.

Acha que Carmona Rodrigues foi muito condescendente com a vereadora?

O que entendo que o professor Carmona Rodrigues fez, e bem, foi um exercício de liberdade e de responsabilidade. Isto é, os senhores vereadores têm pelouros, são responsáveis por esses pelouros.

Parece-lhe que a vereadora pode ter intenção em disputar o poder autárquico?

Não faço processos de intenção.

Com este episódio não fica o presidente, e a própria imagem da câmara, debilitado?

Eu penso que é o contrário. Penso que o presidente dá um exemplo de grande dignidade e dá um exemplo de que não se está em política a qualquer preço e a todo o custo. Uma equipa que tem responsabilidades executivas não pode comportar em nenhuma situação uma quebra de solidariedade, uma deslealdade.

Considera que a câmara vai ter agora mais dificuldade em gerir o seu dia-a-dia não tendo a coligação?

Com franqueza, não. Há dezenas de municípios no País que funcionam com maiorias relativas. É assim, foi esse o mandato conferido, naturalmente que os senhores vereadores da oposição ficam confrontados com uma responsabilidade acrescida, no que toca a um conjunto de linhas no âmbito da actuação do executivo camarário e que se prendem com o funcionamento da própria autarquia.

E o que acontece agora com o plano para a Baixa-Chiado?

A questão da Baixa-Chiado está longe de estar terminada. O documento apresentado é de enquadramento a 20 anos, com um conjunto de pressupostos de financiamento que assentam em grande parte no sector privado. E, portanto, que se podem realizar, ou não.

Quer dizer que não há nada prático no plano?

Há algumas concretizações, nomeadamente a Circular das Colinas, que não é novidade, tem anos, muitos anos.

Tem lógica ser a vereadora Maria José Nogueira Pinto a defender o plano, agora que lhe foi retirado o pelouro?

Em primeiro lugar quem representa institucionalmente a câmara é o presidente. Aliás, em termos regimentais os vereadores falam por indicação do presidente. Aquele projecto é um projecto do executivo. Eu diria até de vários executivos. Não nasceu ontem nem só neste mandato. Estamos a falar de um conjunto de estudos muito substancial que se prolongou por anos.

E portanto não fazendo parte do executivo ...

Não tem nenhum tipo de relevância na discussão e na apresentação.

Ficava chocada se visse Maria José Nogueira Pinto unir-se a um partido mais à esquerda?

As pessoas têm a sua liberdade e exercitam-na. A dr.ª Maria José tem a sua liberdade pessoal e política... Quanto à questão que me coloca, se me choca? Não, a mim na vida choca-me muito pouca coisa. Imagem colocada


in http://dn.sapo.pt/2006/11/19/nacional/o_plano_baixachiado_podera_concretiz.html


O que a Baixa pode (deve) e não pode (deve) ser


Paulo Ferrero
Dirigente do Fórum Cidadania de Lisboa Imagem colocadaNuma altura em que a responsabilidade máxima pela Proposta de Revitalização da Baixa- -Chiado acaba de mudar de mãos, e, por isso, serão esperadas inevitáveis repercussões a nível do articulado do mesmo, ainda que não nos seus objectivos, é importante sintetizar o que a Baixa pode (deve) e não pode (deve) ser.

Em primeiro lugar, a questão da designação: Baixa é uma coisa, Chiado é outra. Alfama, outra, Cais do Sodré, Boavista e São Paulo, outra completamente diferente. Em segundo lugar, um plano de revitalização da Baixa não pode esquecer o essencial: as obrigações diárias da CML enquanto gestora da nossa cidade. Ou seja, a CML deve trabalhar para o que foi eleita, isto é, fazer coisas simples, como, por exemplo, fazer cumprir a lei!

E fazendo cumprir a lei (ex. intimar quem não conserve os seus prédios conforme a lei obriga; fazer cumprir o Código da Estrada; a lei das cargas e descargas; fazer retirar os anexos, as antenas, etc. dos edifícios; pugnar pelos transportes públicos não poluentes; arborizar e repavimentar as ruas; pu- gnar pela calçada portuguesa e pela abertura de mais esplanadas - e discipliná-las, para não se assistir a coisas como a esplanada do Teatro Dona Maria II - ; reforçar a segurança e a limpeza), a CML propiciará a todos uma melhor qualidade de vida, sem precisar de recorrer a planos mirabolantes. Mas o que a CML não pode apresentar é um plano que custará 1105 milhões de euros, e depois, se conclui que mais de 62% desse valor não virão do orçamento camarário, nem sequer público. A quem o irão buscar? Como? Com que contrapartidas?

Por outro lado, esse plano não pode defender coisas como a Circular das Colinas. Ideia velha, de alguns, para resolver problemas de muito poucos… Há um outro aspecto que convém realçar, e que o anterior presidente da CML já mencionou: é preciso evitar qualquer colisão com a candidatura da Baixa à UNESCO, cujo júri não estará pelos ajustes com ideias más e piores práticas.

Em relação a ideias (coisa que nunca falta, e que não faltará, haja dinheiro e vontade para as fazer), têm aparecido demasiadas ideias velhas e, pior, más, idiotas, perversas, redundantes, falsamente proféticas. De entre elas, para além da já mencionada circular, a do esventramento do Terreiro do Paço e do Campo das Cebolas para construção de estacionamento subterrâneo. O perigo é evidente e o precedente está às vistas de todos.

À margem das ideias do plano, está uma da APL, e que refere a construção (iminente) das sedes da AESM e do OEDT em plena frente ribeirinha, no Cais do Sodré. A CML tem que se pronunciar. Em causa o sistema de vistas, o acesso à frente ribeirinha e o impacto de mais de 500 funcionários na zona. E há que estar de pé atrás quanto à ideia de copiar o modelo da Expo'98. Parafraseando alguém cuja opinião estimo, "sempre que ouço falar em modelo de gestão da Expo fico arrepiado".


in http://dn.sapo.pt/2006/11/19/cidades/o_a_baixa_pode_deve_e_pode_deve_ser.html
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Depois de todos estes posts que nem ao menino Jesus lembra... (JVS, acho que devias dar a tua opinião e não tanto a parafernália de comentários, entrevistas e relatórios que apresentas, porque torna-se maçador e quase impossivel de acompanhar...) A arquitectura é necessariamente uma prática multidisciplinar, pelo que em planos com esta envergadura é impensável pensar que os arquitectos trabalham sem urbanistas, geógrafos, sociologos, engenheiros, arqueólogos, etc, etc, etc... O que acontece, como se chegou à conclusão num outro tópico sobre uma praça interior no centro histórico do Porto, é que nem sempre aquilo que parece ser um grande projecto, acaba na realidade por ser uma grande obra de arquitectura/urbanismo... É fácil pensar que o espaço vai ser vivido como "nós" queremos, que vamos conseguir, através de diversas ferramentas urbanisticas, levar as pessoas a frequentarem esse ambiente, mas daí a na realidade isso acontecer, por vezes vai um longo caminho... Isso não quer dizer que as premissas do projecto não tenham sido alcaçadas, mas tão simplesmente que se calhar as perguntas iniciais não foram correctamente colocadas... Um exemplo simples é um espaço, uma praça fechada, uma rua, uma viela, onde a equipa projectista idealiza que o comércio vai revitalizar e dar movimento ao espaço, mas o que acaba por acontecer é que sem movimento, o comércio não se sente tentado a investir lá... o que quero dizer é que não é errado dizer que o comércio revitalizaria o ambiente, mas tão só que a questão da problemática inicial falhou... Temos assim espaços qualificados vezios, e depois vemos espaços aparentemente sem condições (Bairro Alto, Ribeira do Porto), onde o movimento os transforma em verdadeiros pontos de consenso... São as contradições da arquitectura...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Penso que e importante criar varios dossier de artigos e de opinioes sobre os varios temas que existem em Portugal e no Estrangeiro de modo o Forum ser nao so um espaco de debate como um espaco de pesquisa e para facilitar futros investigadores em trabalhos.

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  • 1 year later...

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) aprovou esta quarta-feira, em reunião extraordinária, um documento denominado «Revitalização da Baixa-Chiado - Revisão do Relatório - proposta de Setembro de 2006» e que teve por base o trabalho desenvolvido pela ex-vereadora, Maria José Nogueira Pinto, para esta zona histórica da cidade.

No âmbito da intervenção na Baixa-Chiado foram levadas a votação quatro propostas. Todas foram aprovadas: três por maioria e uma por unanimidade.

Quase dois anos depois

As propostas agora aprovadas recuperam muitas ideias do comissariado nomeado pela ex-vereadora da autarquia Maria José Nogueira Pinto. No entanto, alguns dos pontos mais polémicos foram alterados como, por exemplo, o modelo de financiamento.

«Estas alterações» fizeram a diferença para José Sá Fernandes que antes chumbou o projecto. Mas o vereador bloquista considera que o plano novo mantém «as virtualidades do anterior» e retira-lhe «os defeitos».

Recorde-se que o actual vereador Manuel Salgado, também arquitecto, fez parte da equipa que elaborou a proposta de 2006, a convite de Nogueira Pinto.

Artigos do PDM suspensos

Um dos pontos que mais criticas levantou, principalmente do PSD, foi a suspensão dos artigos 38º e 40º do regulamento do PDM proposta pelo vereador Manuel Salgado. Durante a tarde o arquitecto explicou que a suspensão «apenas se aplicava a quatro edifícios e seriam decretadas medidas preventivas».

No entanto, esta suspensão ainda terá de ir a votos na Assembleia Municipal (AM).

Os quatro projectos referidos por Manuel Salgado prendem-se com: a instalação do Museu do Banco de Portugal na igreja de S. Julião, o Museu do Design e da Moda - MUDE na antiga sede do BNU, a ligação por elevador ou escada rolante da Rua dos Fanqueiros até ao Castelo e, por fim, com a demolição dos anexos ao Quartel do Carmo para criar um espaço público de lazer, permitindo a ligação às Ruínas do Carmo e ao futuro Museu da GNR.

Sugestões aceites

O movimento Cidadãos por Lisboa apresentou um documento com várias medidas, no decorrer da reunião extraordinária, que serão em parte incluídas neste relatório. A «versão» final será ratificada na próxima reunião da autarquia.

E o financiamento?

A questão do financiamento foi outro ponto quente da reunião com António Costa a reafirmar os problemas financeiros da autarquia. «A Câmara não tem, nem vai ter nos próximos mandatos» verbas para apoiar este projectos, daí a necessidade das «parcerias publico-privadas».

O plano para a Baixa-Chiado terá um custo no valor de 702,9 milhões de euros até 2020.

O vereador Manuel Salgado destacou a classificação da zona como Área Crítica de Reabilitação como essencial para o financiamento da reabilitação, já que permite baixar o IVA para 15 por cento, graças ao disposto no Orçamento Geral de Estado de 2008.

Sem «cenários negativos»

Em conferência de imprensa, após a reunião do executivo, António Costa afirmou não querer traçar «cenários negativos» em relação à apreciação pela Assembleia das decisões do executivo. E acrescentou esperar um «diálogo positivo» com a maioria social-democrata na AM.

*Com Lusa

in http://diario.iol.pt/noticia.html?id=930068&div_id=4071

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  • 3 weeks later...

700 milhões de euros para a Baixa-Chiado até 2020
2008-05-02


Mais de 700 milhões de euros deverão ser investidos em intervenções para a revitalização da Baixa Pombalina até 2020. O valor é apontado na proposta de elaboração de um plano de pormenor para a Baixa-Chiado, aprovada a 19 de Março em reunião da Câmara Municipal de Lisboa, e que visa dotar de um único fôlego a revitalização daquela área problemática.

A proposta do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, prevê ainda a delimitação de uma área crítica de recuperação e reconversão urbanística, que beneficiará de uma redução do IVA de 15 por cento, e será também constituído para toda a área de intervenção um «corredor verde» de licenciamento, que permita dinamizar os processos de requalificação. De acordo com Manuel Salgado, dos 20,2 milhões de metros quadrados do edificado na Baixa, 14,4 milhões precisam de ser reabilitados.

O equilíbrio entre as funções residencial, de comércio e serviços e de instalação de equipamentos é outra das prioridades da proposta, que destaca ainda a necessidade de adopção de medidas de mobilidade para a redução do tráfego. Face à proposta de 2006, da então vereadora Maria José Nogueira Pinto, o novo documento mantém o centro comercial a céu aberto, mas abandona o polémico projecto da Circular das Colinas.

Para a concretização dos projectos do Museu do Banco de Portugal na Igreja de São Julião, de um elevador de ligação ao Castelo de de São Jorge a partir da Rua dos Fanqueiros, do Museu do Design e da Moda (MUDE) na antiga sede do Banco Nacional Ultramarino e de um jardim nos terraços do quartel do Carmo da GNR, foi aprovada aa suspensão do Plano Director Municipal. Estes projectos, que serão desenvolvidos entre 2009 e 2010, contarão com uma fatia de investimento na ordem dos 30 milhões de euros, financiados em grande parte por privados.
Autor / Fonte
São José Sousa

in http://www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?

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  • 3 months later...

Chiado: vereador teme uma nova tragédia

Vereador responsável pelo Urbanismo na Câmara Municipal de Lisboa, o arquitecto Manuel Salgado assumiu o receio de que uma nova tragédia como foi o incêndio no Chiado, há 20 anos atrás, possa voltar a acontecer no coração de Lisboa, caso nada se feito para o impedir.
«Há muitos edifícios que estão devolutos e temos um grande receio que se possa dar uma catástrofe na baixa como foi o incêndio do Chiado. Temos que fazer tudo o que está ao nosso alcance para evitar essa situação», afirmou, em declarações à TSF, Manuel Salgado.

Embora com a Câmara Municipal de Lisboa apostada na recuperação da zona histórica Baixa-Chiado, o arquitecto reconhece que «este é um projecto a longo prazo, tem que ser um projecto de uma geração, para 20 anos, portanto seria demagógico dizer que estará concluído a curto prazo, mas posso aspirar a que a reabilitação da Baixa e do Chiado em velocidade cruzeiro se atinja no final do próximo ano».

Recorde-se que, depois de um incêndio que há 20 anos destruiu 18 edifícios, deixou 20 mil desempregados e 200 a 300 desalojados, além de ter provocado a morte de um sapador bombeiro e de um morador na zona, o processo de recuperação do Chiado tem vindo a prolongar-se no tempo, estando ainda por concluir.

IN http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=346399&page=1

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  • 3 months later...

A maioria socialista na Câmara de Lisboa apresentou esta quarta-feira um novo plano de mobilidade para a Baixa que prevê que nenhum automóvel particular vindo da Avenida da Liberdade possa atravessar a Baixa para ir para nascente ou para poente, noticia a Lusa.

O «conceito» apresentado pelo presidente da Câmara, António Costa, supõe «um corte na ligação da Baixa à frente ribeirinha» para tráfego automóvel, à excepção dos transportes públicos, mas foi posto em causa pela oposição e a sua discussão adiada para a próxima reunião de Câmara.
De acordo com a ideia da maioria, os automóveis particulares só poderão ir na direcção Santa Apolónia-Cais do Sodré/Alcântara e vice-versa pela Ribeira das Naus e o estacionamento na zona ficará exclusivamente reservado a moradores e comerciantes, devendo ser construídos novos parques subterrâneos no Campo das Cebolas e junto ao edifício das agências internacionais, ao Cais do Sodré.
Todo o trânsito particular que chegue à Baixa proveniente de Norte, do Rossio ou do Marquês de Pombal, terá que voltar para trás quando chegar ao último quarteirão da Rua do Ouro, prevê o novo «conceito».
A ideia, defendeu António Costa, é «alargar o espaço para peões e bicicletas» na zona ribeirinha e no Terreiro do Paço, que passa a ficar com duas vias que ladeiam a praça (a nascente e poente) completamente livres de trânsito.
O autarca afirmou que os percursos de eléctrico mantêm-se tal como estão, considerando que a solução hoje apresentada é a melhor para evitar o tráfego de atravessamento dos quarteirões da Baixa.
Helena Roseta, vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa, frisou que há «interesses contraditórios que é preciso discutir com moradores e cidadãos», manifestando por outro lado preocupação pelos «35 mil carros por dia» que entrarão em Lisboa com a opção rodoviária na terceira ponte sobre o Tejo.
Museu da Moda aprovado
A Câmara de Lisboa aprovou também 39 processos urbanísticos para a Baixa Chiado, incluindo o projecto de arquitectura do Museu da Moda e do Design e da Loja do Cidadão.
Os processos referiam-se a 171 fogos, 35 mil metros quadrados de comércio, 25 mil metros quadrados de serviços e um hotel com 50 quartos, afirmou o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS) na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal.
A área da Baixa estava «bloqueada há 14 anos no PDM (Plano Director Municipal)», tendo as medidas preventivas publicadas a semana passada em Diário da República permitido a aprovação destes processos.


in http://diario.iol.pt/sociedade/ultimas-noticias-transito-carros-iol-cml-baixa/1024471-4071.html

Câmara de Lisboa aprova 39 projectos para a Baixa Chiado
Nacional

18/12/08, 10:20
OJE/Lusa
A Câmara de Lisboa aprovou ontem 39 processos urbanísticos para a Baixa Chiado, incluindo o projecto de arquitectura do Museu da Moda e do Design e da Loja do Cidadão.

Os processos referiam-se a 171 fogos, 35 mil metros quadrados de comércio, 25 mil metros quadrados de serviços e um hotel com 50 quartos, afirmou o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal. A área da Baixa estava bloqueada há 14 anos no Plano Director Municipal, tendo as medidas preventivas publicadas a semana passada em Diário da República permitido a aprovação destes processos.
Entre estes, conta-se o projecto de arquitectura para a instalação do Museu da Moda e do Design e da Loja do Cidadão no antigo edifício do Banco Nacional Ultramarino. Trata-se de um dos designados projectos âncora da revitalização da Baixa Chiado.
O plano de pormenor prevê ainda a instalação de hotéis no Convento Corpus Chiristi, no edifício da Pastelaria Suíça e no quarteirão do Braz e Braz, bem como a reabilitação do quarteirão da Bertrand do Chiado.
A vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa Helena Roseta apresentou uma proposta, que não foi votada, para a afectação de parte dos fogos reabilitados da Baixa a arrendamento jovem ou a custos controlados.
Helena Roseta sublinhou que Lisboa é a maior cidade universitária do país, com 100 mil estudantes, um quinto da população, que podem permanecer na capital, regenerando-a.
A Câmara aprovou igualmente a aquisição de um edifício no Largo de São Miguel, em Alfama, para a instalação do futuro Museu da Comunidade Judaica.

link: http://www.oje.pt/noticia.aspx?channelid=827CB671-D324-4A83-A1C8-D559CF5AC090&contentid=5EABAF35-1665-4123-A67A-8A0EFFB3DCC4

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JVS Ia jurar que o Plano de Revitalização da Baixa-Chiado era um documento encomendado pela CML E produzido por um corpo consultivo de entidades externas à mesma, sob a coordenação da M. J. Nogueira Pinto, e do qual fazia parte o arq. Manuel Salgado -que à data não era vereador- e não que era da autoria do Risco.

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