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Arquitectura.pt


Habitação Social - paradigmas do bem estar social


asimplemind

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Decidi hje mostrar-vos 3 casos de arquitectura em habitação social no Porto, onde os arquitectos exploraram e com bons resultados formas de habitar a baixos custos e com qualidade de vida.

Paradoxalmente ao que se costuma ver de arquitectura recente, estas obras, já com algumas dezenas de anos foram projectadas com um objectivo: habitações a baixo custo que podem trazer uma mais valia aos habitantes e à cidade. O que é certo é q ao fim destes anos todos, conseguimos ver que estes projectos resultaram, não só por estarem devidamente conservados, mas por também terem permitido uma boa integração das pessoas que lá vivem com o meio urbano envolvente.

O primeiro exemplo pertence ao Arq. Mário Bonito, toma como designação "Cooperativa o Lar Familiar" e data de 1950.


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O segundo exemplo é do Arq. Fernando Távora, "Bairro de Ramalde" e data de 1951-1960

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O terceiro exemplo pertence ao Arq. Francisco Pereira da Costa, toma por nome de "Edifício de habitação e comércio" e data de 1953. A sua remodelação foi feita em 2001 por Lourenço Rocchi.

Imagem colocada



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Partindo destes exemplos, pretendia assim tentar abrir o debate para a problemática da habitação social.

Porque é que hoje em dia se destroem reservas agrícolas para se alojar milhares de pessoas em bairros sem o mínimo de qualidade a nível urbano e ambiental?

Porque é que a arquitectura tende a não resolver esta problemática e ainda a intensifica mais criando casos de exclusão social e de alienação?

Porque é que não pegamos nos exemplos anteriores e não os estudamos para que possamos perceber de que modo é que trazem uma mais valia à cidade?

Gostava que todos reflectissemos um pouco :bash2:

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  • 2 months later...

Não sabia que o edificio da afonso V do Francisco Pereira da Costa era um projecto de habitação social, ando mal informado (shame on me). Bem eu tenho uma opinião muito política acerca do problema da habitação social. Se calhar os governos querem que as classes mais baixas vivam em condições com o mínimo de qualidade. Se calhar os governos querem que as classes baixas tenham dificuldades economicas. É certo e sabido que são as classes mais baixas que produzem o queijo que comemos ao pequeno almoço, que guiam os nossos filhos as escolas, que constroem as casas onde vivemos. Resumindo, é esta gente, esta faixa da população que nos dá os meios básicos e alguns luxos (importantes para a existência humana). E mesmo assim moram em bairros degradados, sujos, incompletos e sobretudo, feios! Os exemplos que são apresentados pertencem a uma altura posterior ao projecto SAAL, e são apenas exemplos! Ou seja projectos interessantes que não foram seguidos. Por vezes acho que o pior sego é aquele que não quer ver. O governo tem tantos bons exemplos de construção de habitação social em Portugal e no estrangeiro e não os usa como base! Porquê? Falta de iniciativa? Falta de dinheiro? Ou falta de olhos na cara? Considero-me comunista e acho que as classes baixas deveriam organizar-se e fazer algo por si! Sem trabalho nada feito. Precisamos de alguem no poder que perceba o que esta gente passa, para que no fim seja feito algo! (desculpem as minhas ideias politicas e desculpa se ofender alguem)

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No caso dos realojamentos dos bairros de lata, existem planos de urbanização, espaços verdes, espaços infantis, escolas e tudo mais para pessoas que viviam nesses bairros. Falo do caso do bairro das marianas em Cascais, que realojou muitas das pessoas que lá viviam em 1997 (data do inquérito)...os que chegaram depois de 1997 ficaram apelidados de "sem direito". As casas foram na sua maioria oferecidas, ou rendas baixas (entretanto deixaram de as pagar), bem com também deixaram de pagar a água, luz e electricidade...algumas das familias realojadas pelo plano de 1997 já lá não moram devido ao aumento significativo do agregado familiar, tendo alugado a casa em questão (ou vendido)... E os que não são "sem-abrigo", e os portugueses que moram em condições deprimentes e não têm possibilidade de comprar casa? E as pessoas de 3ª idade que moram em prédios degradados? Também teriam direito a essas casas "gratuitamente"? O tema da habitação social tem muito que se lhe diga...o Nuno Portas escreveu bastante sobre isso...

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Outra coisa a estudar é o porquê de, por vezes, no mesmo bairro social existir de um lado a continua degradação e em um ou dois predios os seus moderadores conseguirem levar a vida em frente! Será da arquitectura ou vai mesmo da falta de 'salubridade mental' das pessoas?

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Tico, na minha terra (Marinha Grande) existe uns edificados de habitação social, os prédios são pintados e "melhorados" pelos moradores que, subsidiados pela câmara, conseguem através de pintores da própria autarquia pintar os edificados. aquilo que ves, essas melhorias nas habitações são, simplesmente, as gerações seguintes que compram os apartamentos e que os re-organização segundo os seus ideais de conforto actuais, pois são gerações que trabalharam desde novos, a casa é barata e ficam com ela... tal como acontece em Lisboa, no bairro de Alvalade, algumas habitações eram para pessoas de posses mas outra parte,as tipologias mais baixas, seriam para pessoas com poucas remunerações e sugeria ás pessoas para ver a quantidade de casas que tem sido vendidas e remodeladas. e digo-te que os preços não são baixos... pergunto mesmo, terão as pessoas carenciadas de há 30anos as mesmas carências e vivências de hoje? há 30 anos as habitações estariam relacionadas com um terreno de cultivo, hoje em dia alguém tem um campo de cultivo? mais, as pessoas ao serem carenciadas precisam de trabalhar mais,logo mais tempo fora de casa, menos tempo em casa...menos tempo para a sua horta por exemplo, as pessoas com menos dinheiro, idosas, tem mais dificuldade em subir para um terceiro andar, há 30 anos não se colocava a hipotese de um elevador, hoje em dia não será essencial? panicdarko_ o design, com a vinda do IKEA para Portugal não tem um preço elevado, nos nossos dias é normal reconhecermos, em qualquer espaço que passes, algo do IKEA, tem objectos modernos, com design atraente e a um preço convidativo. a arquitectura, de convidativo e preços, não sei..... hoje em dia relaciona-se a qualidade com o preço, não acredito que tal seja verdade. exemplo, tinha um professor que viveu anos nos EUA, e em lisboa andou há procura de LOFTS, ele só me disse isto, pelo preço que pedem só deviam tar a gozar. a novidade paga-se, e paga-se bem...mas nem sempre tem a qualidade desejada. acredito que a habitação social, bem pensada, sem pressões imobiliárias (isto devia ser um milagre, não?) , e com um conjunto de infra-estruturas direccionadas para as necessidades actuais seria algo de positivo... mas depois temos a situação de ver porcos nas banheiras das pessoas... é importante saber as caracteristicas das pessoas para quem projectamos, perceber as culturas, os hábitos, etc...o problema é que as pessoas inscrevem-se e depois, com alguma sorte, ficam com a casa e não é a casa que se adapta ás pessoas....a "pessoa tipo" deve ser abolida embora, acredite, que seja extremamente dificil esse acto por parte das câmaras

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Eu acredito piamente que é possivel fazer-se boa arquitectura social... no Porto há exemplos de vários bairros sociais de à muitos anos, que hoje estão completamente integrados na malha da cidade. Muitas já foram vendidas/recuperadas por outro tipo de pessoas e os preços não estão nada de acordo com a "habitação social". Foi uma forma de integração que correu bem e foi bem aceite pela cidade... Muitos exemplos mais recentes de bairros sociais chocam nessa questão da integração na cidade... e acabam por se tornar guetos... Além das questões de planeamento, é possivel fazer-se da habitação social, habitação de qualidade, mas certamente exigirá um esforço muito maior das partes envolvidas. Nós arquitectos estamos incluídos porque se calhar é preciso mais tempo para fazer um projecto de habitação social do que um projecto "comum", principalmente porque é muito mais difícil controlar áreas e tornar os espaços habitáveis sem se cair num exagero (pela negativa)... Projectos como o SAAL foram bons exemplos que não foram concluídos, mas que deixaram boas marcas...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Muitos exemplos mais recentes de bairros sociais chocam nessa questão da integração na cidade... e acabam por se tornar guetos...


penso que é esta a questão, o que falta, o que está errado nos bairros sociais do século XX que, simplesmente, não funcionam...
ao contrário, temos outros exemplos que, bem ou mal, não se tornam guetos..

mas também é preciso, além de "afastar" esse morador tipo, perceber que um bairro social em Lisboa e Porto, é totalmente diferente de um bairro social nas Caldas.
será que as habitações sociais estão "há frente" do tempo?
porque, nas cidades pequenas os bairros sociais funcionam e cidades com uma malha urbana maior não são mais que ilhas?
quais os factores humanos e sociais que interferem?

este é um tópico daqueles....
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Muitos exemplos mais recentes de bairros sociais chocam nessa questão da integração na cidade... e acabam por se tornar guetos...
...


>>Mas porque será que não se adaptam à integração na cidade ? :s

>>Será que a distribuição dos habitantes por bairro social está implicada nessa questão ?

>>Ora se veja, classes sociais baixas, na maioria das vezes de diferentes etnias e costumes, não são integradas na nossa cultura socialmente correcta, porque parece que vão todos "viver para o mesmos saco"!! :p Por outro lado, a xenofobia e o racismo são realidades e por vezes o receio da população em integrar nesses bairros sociais também de faz sentir...:nervos:
...Será por isso que não se integram e se sentem marginalizados ? Levará isto também consequentemente à marginalização do espaço?

Revolta, Marginalização, Ilegalidade -----> Ghettos
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Uma das grandes diferenças, na minha opinião, é que essas pessoas que à 50 anos foram morar para os bairros sociais, tinham emprego, perpectivas de vida e vontade de mudar, o que as fazia parte da sociedade, mas hoje quantos não são aqueles que que vivem nos bairros recentes e não têm perspectivas de vida, ou vivem eles próprios à margem da sociedade (por iniciativa própria). Claro que excluo deste raciocinio aqueles que querem, mas é a prórpia sociedade que os rejeita...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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>>Dreamer...agora as perspectivas de trabalho já são a comodidade! Os trabalhos de esforço na maioria, sabemos quem os faz!!
Ainda ontem estavam país revoltados pelo facto de numa escola despedirem as auxiliares de educação, sendo estas precisas na escola e estando as mesmas a receber de fundo de desemprego ( como que a dizer que não há emprego para elas :s )

>>Ora, na Magazine Correio da Manha, surge um texto sobre o bairro da Jamaica no Seixal, onde principalmente as mulheres se deparam com o problema da ilegalidade! Não é o facto de não quererem trabalhar, mas ser ILEGAL, não te permite ter na maioria dos casos, um emprego digno, sem ser alvo de exploração!

>>Isto é um daqueles temas "bola de neve":
ilegalidade ----> exploração ----> não há dinheiro ---> não há condições ---> marginalidade ---> crime ... Como se pára a Avanlanche ?
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Também temos de ver uma coisa, essas pessoas sabem que estão ilegais e vieram para cá conscientes disso, por isso não vamos recriminar o SEF por não legalizar todos e mais algum... O mesmo aconteceu à anos com os portugueses um pouco por toda a Europa e no entanto muitos conseguiram vencer as dificuldades e a exploração inicial, tornando-se agora uma mão de obra importante nesses países... quantos é que numa primeira fase não foram explorados? A questão é a vontade que se tem de fazer alguma coisa pela nossa vida e saber se somos ou não capazes de lutar por ela... Enquanto existirem pessoas que preferem estar em casa/café a receber os subsídios de emprego ou outros, em vez de trabalhar, dificilmente vamos a algum lado, porque são as próprias pessoas que se põem há margem da sociedade... e nestes casos eu não os condeno, porque a culpa é de quem aprova subsídios para tudo e mais alguma coisa . Há situações em que é justo, como outras em que as pessoas se aproveitam disso e nem sequer se preocupam em arranjar um novo emprego... pelo menos enquanto o subsídio durar...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Deparei-me com a primeira imagem que aparece como exemplos, e achei curiosa a sua forma. A localização das janelas e a inclinacao da cobertura... Acabei há uns minutos de fazer uma apresentação para Projecto da Experimental House do Alvar Aalto e não é que essa casinha tem ali traços da do Aalto? Achei apenas curioso e pronto... ficou o 'desabafo'.

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perto da zona onde vivo em lisboa, foram construídos 4 ou 5 blocos de habitação social, integradas no meio de habitação (será normal ?). quando eu fui para lisboa, percebi facilmente que havia ali qualquer coisa que "não batia bem", porque aquelas pessoas pareciam ter comportamentos um pouco diferentes do que se via por ali. mas não me apercebi de imediato que aqueles blocos eram habitação social, só mais tarde, em conversa com um amigo meu é que ele me disse que aqueles blocos eram uma tentativa de integrar pessoas residentes nos bairros tipo galinheiras, e essas zonas onde está agora a nascer a alta de lisboa, mas integrá-las realmente, em vez de se fazerem bairros sozinhos, fazê-los no meio de outras zonas urbanas, consolidadas e com vida. já levei com comentários daqueles que nos fazem acelerar o passo, mas não há relatos de assaltos ou desacatos daquele pessoal para com os outros que já la viviam. por isso, pode-se concluir que a integração é possível. se há tantos casos em que não é...é porque alguma coisa foi mal feita...

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Da mesma forma essa integração poderia ser feita se as autarquias podessem comprar uma percentagem pequena dos apartamentos de cada bloco a preço de custo de construção... isso ia levar a população dicidente a integrar-se realmente no meio dos habitantes locais...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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O bairro da Lapa era do projecto SAAL e não tinha sido acabado. Agora por altura da construção da linha do metro, decidiram reconstrui-lo. Lembro-me de quando era pequeno e os meus pais comentarem o estado daquele bairro. Hoje esta completamente diferente, esta mais limpo e aparentemente muito mais habitável. Tive o prazer de ver as plantas e tenho algumas dúvidas quanto aos acessos, penso que existem demasiadas escadas, if you know want I mean.

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Quando se fala em habitação social, vem-me sempre à memória um projecto, não sei de quem nem onde, que mostraram no meio de muitos outros projectos numa aula, de um conjunto de edifícios que tinham sido construídos para um grupo de etnia cigana. Os edifícios muito simples, faziam em planta uma circunferência em volta duma praça que encerravam, com muita preocupação no espírito de grupo e de reunião e convivência. Os senhores não se adaptaram àquilo, a foto dos edifícios era estranhíssima, sem o mín sinal de vida..

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Quando se fala em habitação social, vem-me sempre à memória um projecto, não sei de quem nem onde, que mostraram no meio de muitos outros projectos numa aula, de um conjunto de edifícios que tinham sido construídos para um grupo de etnia cigana. Os edifícios muito simples, faziam em planta uma circunferência em volta duma praça que encerravam, com muita preocupação no espírito de grupo e de reunião e convivência. Os senhores não se adaptaram àquilo, a foto dos edifícios era estranhíssima, sem o mín sinal de vida..



Acho que esse é um exemplo recorrente nas faculdades de arquitectura, que fica creio que em França... e é o exemplo claro do erro na leitura da forma de vida dessas populações...
Há primeira vista poderia parecer uma implantação interessante, mas o tempo e as pessoas vieram provar que estava muito longe de ser eficaz...

Quanto ao bairro da Lapa (SAAL), na minha opinião as escadas podem não ser muitas, mas o que faz maior confusão é as portas terem creio que 70cm... nem um móvel passa... no entanto é, e será, um dos mais importantes exemplos de proposta de haitação social...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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