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Arquitectura.pt


O que se fez no Dia da Arquitectura


Guest

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Ora bem... como se discutiu aqui sobre o Dia da Arquitectura, resolvi transpor um texto que saiu no Jornal Metro, Terça-feira, dia 3 de Outubro de 2006. Fala-se de energia, climatização, qualidade, novo sistema de acesso à Ordem dos Arquitectos, e bla bla bla.

Capa:

'A construção nova é de má qualidade'
Muitos edifícios são "estufas" que gastam demasiada energia


A maior parte dos edifícios que nascem em Portugal não corresponde às exigências legais sobre qualidade de execução e acabamentos. A acusação é de Aline Delgado, arquitecta e membro da Quercus, que aponta o dedo à fiscalização "deficiente" durante as obras. "A construção nova é de má qualidade", garante.
Todas as autorizações obtidas enquanto os projectos ainda estão no papel são, diz esta técnica, colocados em causa na fase de edificação. "As fiscalizações obrigatórias são escassas e centradas na altura em que, por exemplo, as paredes já estão concluídas. Assim, não é possível determinar se foram construídas com todas as especificações previstas", explica. Acresce que "as pessoas estão mais preocupadas em saber se vão ter hidromassagem e menos se os quartos e salas estão isolados termicamente".
Aline Delgado reconhece que se pratica "boa arquitectura" em Portugal. No entanto, aponta o dedo a "modelos e filosofias importadas que não se adaptam às condições climatéricas nacionais" - e que, quando aplicados, "resultam em edifícios com altos gastos energéticos".

'Não aos vidros nas fachadas'

Os blocos de apartamentos ou escritórios com fachadas espelhadas, "funcionam como autênticas estufas e implicam a utilização intensiva de sistemas de climatização, com altos gastos em energia e pesadas facturas ambientais".

Página 5:

'Edíficios gastam 28% da energia em Portugal'
Climatização responsável por grande parte dos custos


Em Portugal, 28 por cento da energia e 59 por cento da electrecidade são consumidas na utilização e funcionamento quotidiano dos edifícios. E grande parte desta energia alimenta os sistemas de climatização, na maioria das vezes eléctricos, aplicados no interior dos edifícios para proporcionar conforto térmico.
Os números são da Quercus que ontem, Dia Mundial da Arquitectura, aproveitou para lançar um alerta quanto à forma como se constrói no território nacional. E os custos, ambientais e económicos, que os maus projectos acarretam.
A associação ambientalista considera que o trabalho dos arquitectos está na base, para o bem e para o mal, do desempenho ambiental dos edifícios. "É evidente que se torna impossível projectar todas as edificações viradas a sul", disse ao METRO Aline Delgado, responsável da Quercus e também arquitecta.
No entanto, existem outros princípios a adoptar de forma a criar prédios "termicamente mais eficientes". Evitar grandes fachadas envidraçadas - como é comum observar-se nas zonas mais recentes das grandes cidades, colocar sombreamento (estores) no lado exterior dos vidros e usar equipamentos que aproveitam energias renováveis são algumas das propostas.

'Ornamento é o problema'

A bastonária da Ordem dos Arquitectos (OA), Helena Roseta, considera que o sector "está de boa saúde e é de grande qualidade", mas alertou para o "paradoxo" que "reside na qualidade, ao mesmo tempo que se mantém um território desordenado que implica grandes desafios".
Para assinalar o Dia da Arquitectura, a OA procedeu à alteração no regulamento de acesso, que deixa de fazer a separação entre cursos reconhecidos e não reconhecidos. A partir de agora, todos os licenciados apenas têm de fazer um estágio para entrar na OA e poder exercer a profissão. Além disso, o organismo nomeou um provedor da Arquitectura, com a missão de receber queixas e sugestões de cidadãos de todo o país.

in METRO,
por Elsa Páscoa com Lusa

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Essa notícia da capa é muito engraçada... É certo que muitos edifícios são autênticas estufas, mas dizer "não aos vidros nas fachadas"?... Esse(a) jornalista deve saber tanto de arquitectura como eu de esploração espacial, porque há vários sistemas para fazer com que as fachadas de vidro não sejam um problema do ponto de vista energético... Volto a dizer que a maior parte das fachadas de vidro que se constroem são um tormento, mas não é por serem de vidro, mas antes porque os (ir)responsáveis não tomam as medidas necessárias para combater esse flagelo... as soluções são mais caras, claro, mas quem quer uma fachada de vidro deve ter cautelas com ela, senão é o que todos nós sabemos...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Dreamer,

Repara que o"não aos vidros nas fachadas" é o corolário logico que se retira das palavras da arquitecta.

Devo, aliás, dizer com toda a franqueza, que subscrevo inteiramente o conteúdo do artigo;...mais, o INETI demonstrou com base em elementos experimentais que para o nosso país a relação óptima entre a área de envidraçados verticais e a área de pavimento é de 15% (motivo pelo qual é esse o limite máximo da razão vidro/pavimento sem penalização, de acordo com o RCCTE, no cômputo dos ganhos solares).

De qualquer das maneiras gostaria de saber quais são os vários sistemas de que falas e que permitem a utilização do vidro sem qualquer problema.

Do meu ponto de vista, e porque não sou nada politicamente correcto, a boa arquitectura tem que aliar a funcionalidade, a estética, a segurança, respeitar as condições ambientais, baixa manutenção e não apresentar problemas técnicos relevante (degradação acentuada). O previligiar duma destas componentes em detrimento das outras só poderá causar asneira... infelizmente a generalidade dos cursos de arquitectura (c/ exclusão do IST, tanto quanto sei) dão (julgo que dão) um especial enfoque ao desenho em detrimento do resto ...isso aliás reflecte-se neste forum.

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Volto a dizer que a notícia é verdade em relação a grande parte do "edifícado envridaçado" do nosso país, mas o "não" como ultimato não me parece uma posição correcta... Vitor, deves conhecer como eu algumas dessas soluções, como o sombreamento por estores (como é referido no artigo), o sombreamento por palas, o sombreamento por lâminas (regulaveis ou não), o sombreamento por árvores de folha caduca as fachadas de vidro duplas ventiladas e certamente haverá outras... Tenho a certeza que conheces (bons) exemplos de edifícios com estes sistemas (ou outros) e que não são essas estufas...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Noticias 'noticiadas' pela quercus é como ler o Diabo ou o Tal & Qual, etc... O sector da construção já anda bem, agora generalizarem que 'a construção nova é de má qualidade' e culpa nossa, só mesmo coisa da quercus. E se é de má qualidade é porque as autoridades a deixam fazer e pactuam com isso, mas não o arquitecto é que tem a culpa... Até são os arquitectos os unicos que podem assinar projectos...

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Dreamer, o "meu" arquitecto de referência é o Richard Maier; como sabes (e possivelmente melhor que eu, sem qualquer sombra de dúvida) ele usa e abusa dos envidraçados.

As soluções que tu apresentas são soluções que permitem obviar o sombreaquecimento e de facto algumas há que funcionam muito bem, em especial a vegetação de folha caduca e os estores de lâminas esteriores. Faço notar, no entanto, que ainda existem muitos edifícios públicos com desenho "avant-garde" com grandes envidraçados sem qualquer protecção solar e nesses sim, é necessário o recurso ao ar condicionado, sob pena de estarmos a queimar os miolos.

Mas o problema das grandes superfícies envidraçadas a que me referia na mensagem anterior deriva das perdas térmicas, não dos sobreaquecimentos deles resultantes. Daí que pode-se ter um edifício que apresente áreas de envidraçados superiores aos 15% do pavimento, obviamente, mas nesse caso ter-se-á que melhorar (penalizar em termos de custos) o isolamento dos restantes elementos da envolvente para compensar o aumento das perdas de calor através dos vidros.
De qualquer das maneiras, o problemas dos envidraçados a que o artigo se reporta põe-se com mais acuidade nos edifícios de escritórios e não nos edifícios habitacionais.


TiCo, a falta de qualidade da construção deriva dum conjunto de factores atribuíveis aos políticos, aos arquitectos, aos engenheiros, aos construtores, aos técnicos autarquicos e aos promotores imobiliários, etc, em resumo, ao sistema.
Ao nível do projecto (arquitectónico, estruturas ou águas e esgotos) o factor concorrência com o constante baixar dos preços leva a que a pormenorização, factor essencial para a qualidade da obra, ou não exista ou se limite à repetição de "pormenores tipo", que não interessam para nada porque, de tão repetidos (alguns deles absolutamente inúteis), já toda a gente os conhece e daí ninguém olhar para eles. O problema é que o sistema permite isto e este é o primeiro passo para a referida falta de qualidade... obviamente que há outros factores a juzante.

Quanto à qualidade da arquitectura que se faz em Portugal, acredita que a realidade não é tão maniqueísta como queres fazer crêr. Conheço muita arquitectura "à la familia Adams" de arquitectos; conheço muita arquitectura "pimba", de arquitectos;
As "casas das tias", a que o Graça Dias se refere, aquelas com portadas verdes, soco em argamasas cor ôcre, muitos telhadinhos, etc, etc, muitas delas são de arquitectos).
Um estudo da OE feito há poucos anos revelou que 93 % (?) dos projectos de arquitectura licenciados no Algarve eram subscritos por arquitectos. Não vejo que a qualidade (como tu certamente concordas comigo) seja muita...

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O sector da construção já anda bem

é ironia :)

Mas uma coisa é certa a culpa não deve ser remetida para o sector da construção e sim para as autoridade! Quem não conhece o povo tuga que o compre :( Se não nos apertam com legislação querem milagres?

vitor nina arquitectura com qualidade é so a dos 'caixotes'? Fernando Távora (entre outros) é arquitectura Pimba por usar telhado ceramico?

É a resposta tipica, mas, para que ter uma casa desenhada pelo XPTO quando só é pensada para a fotografia e não para o utilizador? Numa grande parte dos casos da arquitectura contemporanea pode-se dizer que a dita 'arquitectura pimba' é melhor! Porque é mais economica e mais rapida (projecto e construção) e não desperdiça tanta energia, porque não utiliza modelos e filosofias importadas que não se adaptam às condições climatéricas nacionais!
Exemplos disto não faltam, um dos ultimos exemplos de uma casa fotogénica é a Casa Barreira Antunes, do Manuel e Francisco Aires Mateus consideras isto boa arquitectura? sem rodapés, sem remates no focinho das escadas, etc, etc, etc, Será que se pode chamar a isto uma 'boa arquitectura'? Ou mesmo perguntar se isto teve projecto de execução! Ou não será isto que se devia condenar?
Agora também há muita gente (certamente tu que não, mas muito do pessoal mais novo) confunde 'arquitectura pimba' com o que talvez se poderá chamar com uma 'arquitectura tradicional' (qq coisa com telha é pimba), quanto a mim a primeira é uma variação da segunda, e há coisas muito bem feitas! Só é dado o valor ao que se faz para a fotografia, as pessoas não pensam nas coisas, são levadas pelos medias, pelas imagens, etc etc...
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Dreamer, Creio que essa solução não é prática. Aceita o princípio que se aumentas a área de vidro (mais perdas térmicas) tens que aumentar a eficácia do isolamento (reduzir as perdas) noutro lado para compensar... isto não é complicado de conseguir...
Da mesma forma que aumentar a área de vidro a Sul não é o mesmo que colocar vidros a Norte.

Vê a casa SOLAR XXI (INETI) onde existe uma fachada com bastantes envidraçados a Sul e com poucos a norte. No entanto está termicamente optimizada porque apresenta um conjunto de soluções não consumidoras de energia eléctrica (ou que permitem reduzir significativamente o seu consumo) para garantir elevados níveis de conforto: iluminação zenital, ventilação cruzada, aquecimento com painéis solares, vidros fotovoltaicos que simultâneamente servem para captação de electricidade, para aquecimento (por efeito de parede de Trombe - Inverno) e de chaminé natural para arrefecimento (Verão).
Não entendas de forma alguma que eu sou partidário do "cortar" no vidro; sou é adepto de se pensarem nas consequências de todas as soluções arquitectónicas e construtivas.



TiCo, Gosto muito da casa dos "manos" Mateus, não obstante partilhar as reservas que tu apontas relativamente ao rodapé e aos remates dos focinhos da escada, mas isso é de somenos importância. O que para mim é verdadeiramente importante é que esta é uma casa diferente, com uma visão original (invulgar, será mais correcto) da forma de utilizar o espaço, bem integrada na envolvente e de desenho sóbrio (menos é mais), por isso acho que é cinco estrelas.
Mais, acho que esta é uma das poucas casas em que a arquitectura ultrapassa o mero edifício...e poucas são aquelas em que sinto que isso acontece (mas isso é outra história).


A arquitectura é pimba não é por ter telhas cerâmicas. Quanto ao Fernando Távora recordo bem a casa de Ofir (com telhado cerâmico) ou ainda de forma mais marcante o edifício da estalagem da Serreta, na Terceira (não me lembro do nome do arquitecto), com um telhado imponente, como sendo dois exemplos que marcam (e dos quais eu gosto muito) a arquitectura Nacional, quer se queira quer não. Mas isso não quer dizer que se faça hoje arquitectura com as formas plásticas dos anos 60 e 70.

Tenho muitas dúvidas, contrariamente ao que dizes, que a arquitectura pimba seja mais barata, racionaliza os consumos energéticos ou tenha uma linguagem mais nacional (e racional) do que a arquitectura dos caixotes. Aliás a casa em Janas dos Arqs João Santa Rita e Filipa Moura, sendo um exemplo de arquitectura moderna (caixotes) ganhou o prémio da eficiência energética da DGE em 2003; a sua sobriedade ornamental, sem nhoquices do tipo socos, sancas, frizos (os elementos característicos da arq. pimba) de certeza que a tornam uma construção mais barata e com mais qualidade do que as casas neo-rococós do sec. XXI.
...
Ao que isto chego, TiCo, eu sou engenheiro e tu arquitecto e és tu quem me falas de "caixotes" e "casas para a fotografia"? - Tá tudo ao contrário...
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Nisso concordo... VIVA aos engenheiros que têm preocupações com a arquitectura e não apenas em resolver os "problemas" desta... isto porque tenho conhecimento de alguns que nem por sombras se aproximam disso... :clap: Já agora SR. INGINHEIRO, onde é que posso arranjar informação sobre essa solar XXI?

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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vitor nina lol , Bom ponto de vista! :)

Isto não sao pormenores de menor importancia (isto se a casa for para habitar). Imaginar como ficará aquelas paredes ao fim da primaira passagem da esfregona no chão? E aquele focinhos? todos os esmurrados ao fim de meia duzia de dias e branco entao.. ui ui :p Achas isto pormenores de menor importancia? Já não vou falar sobe e desce constante da casa, porque ja foi mais que discutido noutro tópico :D mas remeto para o pormenor da pedra (degrau) estar afastado, imagina, mais uma vez como se limpa aquilo, aspirador ou esfregona ou o que quer que seja, não estou a ver aquilo a ficar branco imaculado por mais de uma semana! Mas por um lado até é acertado, viver numa coisa tão branca é como morar num hospicio, talvez seja por isso a não realização destes 'pormenores' :(
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Dreamer, A melhor maneira para arranjares livros do LNEC é mesmo no próprio LNEC. Podes consultar os documentos à venda no site

http://trantor.lnec.pt:8000/PUBLI/owa/Livraria_Lnec

mas devo desde já avisar-te que ele é duma aridez extrema, dotado duma pobreza gráfica e funcional que até dá pena (feito internamente pelo Centro de Computação Gráfica ... - devem ser engs>:) ).


TiCo, comprar um Ferrari não é um acto racional (há muitos outros carros mais confortáveis, mais seguros e resitentes e, ainda para mais, menos caros , quer na aquisição, quer na manutenção...e que consomem menos). No entanto há pessoas que apesar de todos esses handicaps continuam a querer um Ferrari e sentem-se bem com eles.
Ser detentor duma casa como a dos "manos" Mateus é seguir o mesmo princípio. Não há racionalidade em suprimir os rodapés já que estes têm a funçaõ primeira de proteger as paredes.
Os handicaps que tu justamente apontas e que te fazem confusão não o são para os proprietários, ou se o são, eles entendem-no como algo facilmente ultrapassável ( porque possivelmente têm alguém para fazer a manutenção e não se importam com o que isso custa).
Há "pedaços" daquela casa que mais ninguém tem; há pormenores naquela casa que conferem o requinte a quem a possui (e concebeu), os degraus separados da parede são um exemplo; tais pormenores tornam-a diferente de todas as demais casas reafirmando personalidade, formas de poder (tal como o estatuto social e o carro) e por isso mesmo a contrariedade de ver a mancha junto aos rodapés ou o degrau completamente sujo é facilmente superada pelo gozo que o habitar daquele espaço proporciona.
Por isso é que acho que os obstáculos que levantas são de somenos importância. Se me falares que a casa é muito fria, ou que é muito quente, ou que apresenta rachas, ou que tem permanentes correntes de ar, ou fissuras, ou problemas na sua estabilidade, ou que as torneiras não debitam o caudal de conforto, aí sim, estamos com um problema muito grave por que esse problema ultrapassa (ou ultrapassará) o mero interesse individual dos actuais proprietários - estamos a falar num problema de saúde pública, ou num problema de lesar os interesses do consumidor. Não são estes os casos que apontas.
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E ter um Ferrari é economicamente sustentavel? Tenho um punto, logo sou azeiteiro? Daí não perceber o porquê de as pessoas se 'irritarem' tanto quando as casas não são desenhadas por um 'Sergio Pininfarina'! Dizem que é falta de cultura do cliente, será que é? :) Que o arquitecto é mau? Será? Duvido... :( É como a Ville Savoye, dize-se que é uma obra prima da arquitectura, e é, mas quando tem manutenção anual! (e edificios nacionais basta passar pelo polo II em Coimbra para se ver a miséria, daquilo que as pessoas gostam de chamar 'mestres') É isto que temos de exemplo para uma boa arquitectura, espaços que em nada são sustentaveis? Mas é isto que ganha prémios, é o que se vende, e será culpa dos arquitectos? ou de uma sociedade 'mal gerida'?

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Noticias 'noticiadas' pela quercus é como ler o Diabo ou o Tal & Qual, etc...
O sector da construção já anda bem, agora generalizarem que 'a construção nova é de má qualidade' e culpa nossa, só mesmo coisa da quercus. E se é de má qualidade é porque as autoridades a deixam fazer e pactuam com isso, mas não o arquitecto é que tem a culpa...
Até são os arquitectos os unicos que podem assinar projectos...



Assino por baixo...
Até porque somos o unico pais da europa, onde os cangalheiros até projectos de arquitectura podem assinar...
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Arrisco-me a morrer (perdão, ser morto) mas não resisto:

TiCo, conta lá o que se passa com os problemas da manutenção da Ville Savoye e com o Pólo II da UC (Fernando Távora, não?) para ter uma ideia concreta do que se está a falar;


Ricardo, o problema não é qualquer cangalheiro poder assinar projectos de arquitectura; o problema é haver arquitectos que fazem arquitectura similar à dos cangalheiros.

O 73/73 é, felizmente, passado; mas se pensas que a partir daqui vais ter um Portugal “bonitinho”, desengana-te: vai tudo ficar na mesma…a não ser que isto tudo leve uma grande volta (bem precisava)…

A exclusividade do exercício da arquitectura pelos arquitectos pode, reivindicando estes o estatuto de “artistas” e relevando outras componentes da sua actividade profissional que quanto a mim, não deveriam ser secundarizadas, nomeadamente a componente “técnica” dos materiais e das práticas “construtivas”,” poderá ser um exercício perigoso e detentor de um precedente que poderá revelar-se de grande prejuízo.

Explicito:
Se é essa componente eminentemente artística porquê hão-de ser os licenciados em arquitectura os únicos a exercê-la? Nesse caso, porque não são os licenciados em Belas Artes os únicos autorizados a exercer a sua actividade no domínio da pintura, da ilustração, da escultura e do Design, ou porque não são os músicos licenciados pelos Conservatórios os únicos que podem gravar discos e dar concertos? … e, por extensão, vivam as Margaridas Rebelo Pinto, fora com os Josés Saramagos e Lobos Antunes!

... a menos que a arquitectura seja uma arte diferente das outras (mas todas as artes são diferentes).

Para complicar mais, não será a admiração que todos têm pelo Mies, FLW, Tadao Ando, Lautner, Fuller, etc, referências incontestáveis da arquitectura do Sec XX , a prova provada que a criatividade, ou seja, fazer boa arquitectura, não é um exclusivo dos formados pelas universidades?

Acredita que não escrevo isto por provocação. E acredita que aquilo que agora deixei explicitamente aplicado aos arquitectos e à arquitectura é extensível a todos os demais intervenientes profissionais ligados à construção e aos seus ramos de actividade (aliás já tinha deixado transparecer isso noutra intervenção).

..........
PS: Depois disto ainda posso ir ao jantar do Porto?????...:nervos:
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Não me estás a dizer, que qualquer marmanjo, não sabendo a tensão de rotura do betão, pode andar por ai a assinar projectos de estruturas?

Os arquitectos, não tiveram 5 anos de Matemática e Física, tivemos a formação mais generalista que conheço num curso superior, e isso per si, parece não importar para certas pessoas.

No que toca às direções de obra, é inegável que a maioria não deveria ser feitas por arq.tos, no que toca aos projectos de arquitectura a discussão não deveria existir...os eng. assinam especialidades, os arq.tos assinam arquitectura.

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Não me estás a dizer, que qualquer marmanjo, não sabendo a tensão de rotura do betão, pode andar por ai a assinar projectos de estruturas?

Os arquitectos, não tiveram 5 anos de Matemática e Física, tivemos a formação mais generalista que conheço num curso superior, e isso per si, parece não importar para certas pessoas.

No que toca às direções de obra, é inegável que a maioria não deveria ser feitas por arq.tos, no que toca aos projectos de arquitectura a discussão não deveria existir...os eng. assinam especialidades, os arq.tos assinam arquitectura.



ARK.. calma lá... não é literalmente assim, eu no meu escritório fazemos questão de controlar algmas especialidade... sendo que os arquitectos residentes fazem as ditas (e têm formação especifica e carolice), pois consideramos, relevantes, essênciais e não dissociáveis da fase de concepção (estou a falar, do projecto RCCTE e do Condicionamento Acustico).

A estrutura é SEMPRE estudada e pré-incorporada nos desenhos... casos menos correntes são analisados com o Eng.º ou fabricantes.

Relativamente a redes de Águas, ARD e ARP, também são sempre consideradas e muitas vezes fazemos a revisão dos traçados das redes antes de prontos (não verificamos o seu dimensionamento, claro está).


Instalações eléctricas e Telecomunicações, IDEM...


Climatização, ventilação e aquecimento.... normalmente damos a nossa opinião...


Resumindo.... A minha prática profissional de ARQUITECTO, não se resume, nem pode resumir-se a "assinar" projectos de arquitectura, porque a profissão de arquitecto é muito mais q isso. A meu ver, e correntemente O ARQUITECTO tem (se não tem deveria ter) na sua posse os conhecimentos para fazer o que realmente quase não existe em portugal... COORDENAÇÂO de Projectos... REVISÃO, INTEGRAÇÃO e COMPATIBILIZAÇÃO.

RElativamnte à direcção técnica... como o mercado está... pelo menos para obras de pequeno montante (classe 1 a classe 3)... Penso que qq Arquitecto interessado pela vertente técnica o poderá fazer... se bem que tenho q concordar que somos mais relaxados na fase de estruturas....

Mas leram o q escrevi? "Arquitecto interessado pela vertente técnica", pois tal como tudo uns nasceram para isto, outros para aquilo... depois, temos os que apenas tiraram um curso... Cada profissão (ou cada curso) forma individos que serão mais ou menos vocacionados para determinada tarefa especifica, aqui influência a formação, a experiência profissional e a personalidade...


E agora se alguem ficou com alguma dúvida... Não, não considero arquitectura ARTE... cada vez é menos... não sejamos hipócritas... A arquitectura também tem que se construir, durar...

PS: o vitor nina tem sempre bons pontos de vista...

Quem cria renasce todos os dias...
Agua-Mestra, Lda
Não sou perfeito, mas sou muito critico...

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Arrisco-me a morrer (perdão, ser morto) mas não resisto:

TiCo, conta lá o que se passa com os problemas da manutenção da Ville Savoye e com o Pólo II da UC (Fernando Távora, não?) para ter uma ideia concreta do que se está a falar;


Ricardo, o problema não é qualquer cangalheiro poder assinar projectos de arquitectura; o problema é haver arquitectos que fazem arquitectura similar à dos cangalheiros.

O 73/73 é, felizmente, passado; mas se pensas que a partir daqui vais ter um Portugal “bonitinho”, desengana-te: vai tudo ficar na mesma…a não ser que isto tudo leve uma grande volta (bem precisava)…

A exclusividade do exercício da arquitectura pelos arquitectos pode, reivindicando estes o estatuto de “artistas” e relevando outras componentes da sua actividade profissional que quanto a mim, não deveriam ser secundarizadas, nomeadamente a componente “técnica” dos materiais e das práticas “construtivas”,” poderá ser um exercício perigoso e detentor de um precedente que poderá revelar-se de grande prejuízo.


..........
PS: Depois disto ainda posso ir ao jantar do Porto?????...:nervos:


Vitor eu concordo consigo quando diz que ha arquitectos que fazem arquitectura similar á dos cangalheiros, no entanto isto é como em todas as profissões, ha os bons e maus técnicos, e posso dar-lhe o exemplo de um engenheiro com "bastante trabalho no mercado" que numa das suas aulas soube dizer "eu quero é que os meus colegas façam porcaria para eu ter mais trabalho" não divulgo aqui o nome da dita pessoa por 1 questão de ética(posso dizer que da aulas na Lusiada), e este exemplo nao foi por ser um engenheiro, até porque na minha opiniao quer o arq. quer o eng. teem que trabalhar em equipe, porque precisam um do outro... mas so para demonstrar que há de tudo neste mundo em todas as áreas...

Em relaçao ao pais ficar "bonito" eu sei que muito dificilmente isso aconteceria, até porque em Portugal a construçao vivil tem um peso brutal, logo os seus hobbies, mas acredito que se forem tecnicos especializados para determinadas funçoes, a cumpri-las e menos os politicos, talvez isto melhore um pouco que seja...Pelo menos quero acreditar nisso...

Sem represalias vitor:D lol
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(estou a falar, do projecto RCCTE e do Condicionamento Acustico).

A estrutura é SEMPRE estudada e pré-incorporada nos desenhos... casos menos correntes são analisados com o Eng.º ou fabricantes.

Relativamente a redes de Águas, ARD e ARP, também são sempre consideradas e muitas vezes fazemos a revisão dos traçados das redes antes de prontos (não verificamos o seu dimensionamento, claro está).


Não literalmente assim, mas se fosse, talvez cada um dos ditos intervenientes, deixassse de meter a pata na área do outro. Eu nada tenho contra os Eng. muito pelo contrário, se tivesse tempo já me teria metido num curso de Eng Civil. As coisas são tão claras nas outras profissões liberais, Advogados, Médicos e por ai a fora...
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