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Arquitectura.pt


Sputnik

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  1. Pode-se dizer que a cultura ocidental nasceu da cultura greco-romana. O Renascimento Italiano de 1500 quer dizer isso mesmo: renascer da cultura antiga, e não é por acaso que surge em itália, por entre as ruínas do império romano (ou greco-romano). Sempre que uma civilização emerge, é sempre sobre os escombros da antecedente, não vamos inventar a roda novamente.
  2. Não te posso ajudar, pois não conheço nenhum. Acho que um músico surdo pode escrever música, mas um arquitecto cego... Mas recentemente veio parar-me às mãos um pequeno livro de Diderot (o autor da famosa enciclopédia) intitulado "Carta sobre Cegos", onde ele relata vários casos de cegos prodigiosos: matemáticos, geómetras, músicos, filósofos, etc. Nas suas entrevistas aprendi várias coisas sobre os seus hábitos: a obsessão pela arrumação; o gosto pela simetria; o facto de gostarem de viver à noite - altura em que não estorvam nem são estrovados; a forma como concebem o mundo em função do tacto, e como consideram a vista uma extensão do tacto. É uma atêntica lição de filosofia.
  3. Interessante. De facto uma coluna apenas transmite uma pequena fracção do som real. Parece que para reproduzir todos os timbres e sonoridades de um simples violino seriam necessárias centenas ou milhares de colunas. Imaginem para reproduzir o som de uma orquestra!
  4. Cada um pode puxar a brasa à sua sardinha. O que me aconteceu a certa altura, depois de umas quantas decepções, foi pura e simplesmente deixar de ler livros de arquitectura escritos por historiadores ou outros artistas que não arquitectos praticantes. Teoricos puros nada - só servem para dar nós na cabeça. Mesmo pensadores de renome como Rudolf Arnheim dificilmente podem ajudar-me com as questões práticas da nossa profissão.
  5. O truque para nos movermos nesses livros volumosos é conseguir encontrar rapidamente e apenas aquilo que nos interessa. Uma vista de olhos rápida pelos índices e facilmente chegas à página mágica, se souberes o que queres. Não conheço esse livro, nem tenho em mente algum em especial. Mas posso indicar-te um problema clássico relacionado com esse tema de estudo: entre utilizar um módulo de números inteiros (2x3, 3+4, etc) ou utilizar uma proporção geométrica (que dá sempre uma relação entre um número inteiro e um infinito não periódico) há uma incompatibilidade matematicamente insolúvel. Só é possível através de aproximações, como fez o Corbusier numa das suas vilas puristas dos anos 20. E mais não digo.
  6. estética é ética com um "s". apenas 10% do que está construído foi projectado por arquitectos, e talvês 1 % tenha cumprido esse projecto. Começo a questionar-me se a melhor estética é simplesmente a mais apropriada face a todas as condicionantes, como diz a SpaceGirl. Mondrian não é menos criativo por limitar as regras do jogo.
  7. Escritor italiano, tem já duas obras de interesse: "Mente locale. Per un´antropologia dell´abitare" e "Contro L´architettura" Desconheço se existem traduções em português. Arquitectura é moda! No quotidiano, nas revistas, na televisão, nas escolas. A obra dos archistars são objecto da curiosidade dos leitores, contudo operam mal sobre a resolução dos problemas reais a que a arquitectura deve responder.
  8. Tratado de arquitectura de Vitruvio (dez livros), tratado de arquitectura de Paladio (outros quantos), enfim, os tratados são sempre a base para todos os outros. É bem possível que o nosso João Pedro Xavier tenha escrito alguma coisa sobre isso... Posso adiantar ainda que os egípcios praticamento só utilizavam a proporção de ouro (antes de ser rectangulo ou triângulo, o número de ouro é uma relação entre duas medidas - uma proporção, portanto). Se bem que não irás encontrá-lo nas pirâmides, uma vez que o que determinou a inclinação foram questões construtivas de outra ordem.
  9. Lembrei-me agora da Capela de Rochamp de Le Corbusier como uma tectónica criada a partir de uma ideia de sonoridade - duas enormes conchas acústicas e simultaneamente estruturais. Esta ideia não está isente da experiencia vivida nas catedrais medievais onde o som era naturalmente ampliado pela dimensão do espaço. Ou talvez dos teatros gregos cuja localização era já escolhida em função das capacidades de amplificação acusticas naturais.
  10. Também recordo-me de um episódio do Siza: a proposito do bairro da malagueira, em Évora, escreveram-se diversas interpretações sobre a utilização do branco como estética do branco sobre o branco. Em "imaginar a Evidencia" o próprio Siza se opõe a estas interpretações dizendo que o que o levou a escolher o branco foi o facto deste aquecer menos ao sol - já que a construção estava reduzida a uma única fiada de blocos.
  11. Acho que há mais diferenças de percepção se um tipo é daltónico do que se é de outra cultura.
  12. Concordo com gibag. Aprende-se essencialmente participando em equipes, praticando a profissão. As leis estão todas disponíveis online: REGEU, PDMs, PUs, Segurança contra incendios, etc, etc, etc. Eu aconselharia começares pela 73/73 e respectivas alterações.
  13. Vale a pena dar uma vista de olhos à revisão 73 aprovada no CDN 14 Out. e alterações de 23 de Nov. Pelo que percebi, o "coordenador de projecto" (aquele que assina o contracto) pode ser engenheiro civil ou arquitecto e ter 5 anos de experiência no mínimo.
  14. Alguém me poderia informar onde encontrar legislação afecta à construção de casas de madeira?? Estão sujeitas ao mesmo processo das casas em blocos?
  15. Beringela Penso que só se pode aprender a projectar projectando. Não há outra forma. Tentativa e erro e para a próxima há mais. Conceito primeiro? Ou nasce com o trabalho?: parece o problema do ovo e da galinha: quem nasce primeiro? Pode-se definir o conceito à priori ainda antes de fazer o trabalho, sem saber o que será ainda, e todos os conceitos são possíveis - o que não significa que sejam adequados. Para o caso de um exercício académico não importa muito se o conceito será o mais adequado - importa sobretudo responder ao enunciado do exercício. Há arquitectos que levam toda a vida a trabalhar um conceito de espaço, e todas as suas obras parecem variações do mesmo tema (Souto Moura inclusivo)
  16. Ah, sobre o bicho de 7 cabeças que os estudantes fazem do "conceito", penso que deriva directamente do facto de não terem muita experiencia. Realmente quanto mais experiencia, maior probabilidade de acertar numa ideia eficaz.
  17. O que os professores sempre me mostraram (ou melhor, o que sempre quis tirar deles) foi a convicção de que a arquitectura nasce de um processo de análise, e só através da análise se pode chegar a uma síntese. Análise em que meditamos sobre o programa, sobre o sítio, sobre a construção, e avaliando a importancia e a prioridade de cada factor. É ai que o cérebro, não sei bem como, no meio de uma brain storm, apercebe-se do que seria essencial para a resolução daquele problema específico - essa essência é a própria ideia, ou conceito se quiserem. Essa ideia não é uma ideia qualquer. É sempre uma ideia arquitectónico-construtiva, capaz de ser edificada. Na casa das artes do Souto Moura, a ideia é preservar o jardim e fazer desaparecer o edifício. A Gulbenkian do Jervis D´Athouguia, a ideia foi reduzir o extenso programa ao máximo e ocupar no centro da parcela precisamente para ampliar o jardim! Na FAUP a ideia é desmultiplicar o programa em diversas torres, como estátuas ali a olhar o Rio, o que tem a dupla vantagem de criar um ambiente quase "urbano", e de responder a uma outra escala: a escala de quem vê desde Gaia; etc, etc, etc - cada edifício tem o seu conceito, nascido da análise que cada arquitecto fez, naquele momento e para aquele trabalho.
  18. Curioso... Penso que esta casa foi construída num local diferente para o qual havia sido projectada, no entanto o projecto não sofreu qualquer modificação. Aquele jogo de rampas e escadas da memória descritiva foi, provavelmente, à vida. Continua envolvida por uma zona arborizada, com algumas vistas sobre a costa da ilha, e até se vê o mar ao longe lá de cima do terraço, por isso penso que não fez qualquer diferença para o arquitecto a alteração do cenário.
  19. Curioso... Penso que esta casa foi construída num local diferente para o qual havia sido projectada, no entanto o projecto não sofreu qualquer modificação. Aquele jogo de rampas e escadas da memória descritiva foi, provavelmente, à vida. Continua envolvida por uma zona arborizada, com algumas vistas sobre a costa da ilha, e até se vê o mar ao longe lá de cima do terraço, por isso penso que não fez qualquer diferença para o arquitecto a alteração do cenário.
  20. Deveriam ver mais coisas do Piet Blom... Team ten. O espírito desta época é a crítica ao moderno. É uma experiência de novo tecido urbano, e como experiencia deve ser avaliado. Não funciona, prontos, mas alguém teve a coragem de o experimentar. Quanto a essa via, não conheço detalhes da história, mas talvez não estivesse prevista em 74, que é o mais certo.
  21. Acho que estas intromissões biográficas ajudam mesmo a perceber alguns projectos. Disse-me uma professora que a obsessão por detalhes do Siza era por causa de ser míope... Por essa lógica, o Mies devia ser cego! Mas pronto... É uma dado mais para se entender a obra e o percurso de um arquitecto.
  22. Só para não basar sem uma referenciazita, e já que falaste em vinhos e tal, aqui fica: Centro de Visitantes da Gruta das Torres, dos SAMI (Inês Vieira e Miguel Silva). Ilha do Pico. 2003. É arquitectura contemporânea, mas que tem uma extrema atenção à paisagem, à escala de intervenção, aos materiais e às tradições construtivas locais. Outra: o Museu dos Baleeiros, na mesma ilha do Pico, de Paulo Gouveia: situação em que ainda foi possível utilizar mão de obra especializada nas técnicas de construção em madeira (dos emigrantes e da construção naval). Bom proveito
  23. Penso que se não falares na influência do Alvar Aalto na obra de Siza Vieira, quem tem de ter aulas é a professora. A construção foi um reflexo da cultura há já muito tempo atrás, tal como vemos no inquérito à arquitectura popular. Hoje em dia a contrução não tem necessariamente qualquer relação com a cultura que habita. Faz-se de tudo e em todo o lado. Cada arquitecto vende o seu peixe e tenta ter a sua linguagem individual só sua, na total homogeneidade de ofertas de mercado. Quem andou preocupado com essa de se ser português foi o Távora, com a casa de Ofir. A principal característica da arq. portuguesa é a ruralidade de meios, a simplicidade e o pragmatismo dos construtores portugueses. Hoje em dia sobrevive algum vínculo com o artesanato, o valor do desenho (exclusivamente no Porto), e o sentido artístico dos arquitectos portugueses, e pouco mais. Em breve não haverá distinção qualquer.
  24. "Repetir nunca é repetir", tanto é que tiveram de fazer algumas alteraçõeszitas. Quanto a mim é só vantagens: para quem tem dificuldades em viajar até a Nince, dá um saltinho lá a Viana e imagina o resto. Inclusivo é uma aula dupla: ver uma composição do Corbusier, e ver o "como não se deve fazer" das construtoras portuguesas. Quanto ao plágio, claro que mais valia ter plagiado antes o método, o processo, que pressuponha uma análise prévia ao local, uma análise do programa, a aplicação dos princípios, etc., ao invés de copiar directamente a forma. Penso eu.
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