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Arquitectura.pt


Estágio não remunerado


JVS

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LICENCIADO EM ARQUITECTURA (m/f)
( 06-10-2008 ) Anónimo
Descrição da empresa:
EMPRESA MUNICIPAL - LISBOA
Descrição da função:
- Apoio ao licenciamento urbanístico;
- Apreciação de projectos;
- Manuseamento dos sistemas informáticos de gestão urbanística, documental e de georeferenciação implantados na Empresa;

Perfil do candidato:
O candidato deverá:
- Ter licenciatura em arquitectura;
- Possuir bons conhecimentos de informática;
- Ser responsável, perfeccionista, organizado;
- Ter capacidade de trabalho e de integração em equipa;
- Ter disponibilidade;
- Ter possibilidade de entrada imediata.

Oferta:
- Integração em equipa competente, motivada e dinâmica;
- Integração em Empresa com funções socialmente relevantes;

Observações:
ESTÁGIO NÃO REMUNERADO.


No passado sábado, uma empresa municipal publicou um anúncio, no semanário Expresso, solicitando um/a arquitecto/a. Até aqui, nada de insólito, não fora o facto de esta empresa, que se apresenta como ‘desempenhando funções socialmente relevantes', não pretender pagar a esta pessoa.
Devo admitir que gostaria de poder ter tido a possibilidade assistir ao momento em que, nesta empresa, se discutiu a necessidade de contratar um/a arquitecto/a. Em situações normais, a conversa teria pouco de interessante mas, neste caso, deve ter sido digna de registo.
Imagino algo assim:
Pessoa A: Eh pá, o trabalho está a aumentar e já não estamos a dar conta do recado.
Pessoa B: Tens razão... Se calhar metia-se alguém para ajudar, não?
Pessoa A: Não era mal pensado, não. Temos muito trabalho pela frente com os licenciamentos urbanísticos e a apreciação de projectos, para já não falar naqueles programas de gestão urbanística, documental e de georeferenciação que vão dar que fazer...
Pessoa B: É o que eu te digo; mete-se alguém. Um arquitecto novo e que perceba de informática.
Pessoa A: Mas isto é muito trabalho. E é coisa de responsabilidade...
Pessoa B: Arranja-se alguém que seja responsável, perfeccionista, organizado, com capacidade de trabalho e de se integrar aqui na equipa.
Pessoa A: É isso mesmo! Mas tem de ter disponibilidade para entrada imediata, que a gente está mesmo a precisar!
Pessoa B: É pá! Está feito! Não temos é como pagar, mas isso arranja-se! Diz-se que oferecemos "integração em equipa competente, motivada e dinâmica". Os anúncios dizem todos isso!
Pessoa A: Essa é muito boa! E acrescentamos também que somos uma empresa com funções socialmente relevantes. A malta nova gosta dessas coisas...
Pessoa B: É isso, pá. Dizemos que é um estágio não remunerado e depois vamos dizendo que logo se vê, que pode ser que abram vagas no quadro para contratar e tal...
Pessoa A: Vou já tratar disso! Vou mandar pôr o anúncio no caderno de emprego do Expresso, que dá credibilidade à coisa!

Sendo certo que este diálogo acutilante não passa de imaginação, é também verdade que não consigo vislumbrar boa fé em que faz semelhante proposta e, por inerência, várias questões me assolam:
- Como é possível que alguma entidade considere aceitável propor que se trabalhe de graça?
- Será que as Ordens profissionais não têm nada a dizer sobre este assunto?
- Será que a Autoridade para as Condições de Trabalho não pode agir?
- Não será possível denunciar mais estas situações?
- Será que vai ser esta a solução encontrada pela Administração Pública para lidar com os/as precários/as?

in http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=8727&Itemid=130


A Resposta da Entidade Patronal:

Exmos. Senhores,

Em resposta ao comentário colocado no vosso “blog”, vimos esclarecer o seguinte:

1. O anúncio foi colocado pela Lisboa Ocidental, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, EM;

2. A Empresa entendeu dever facultar a três recém-licenciados (dois arquitectos e um engenheiro) a realização de estágios profissionais exigidos pelas respectivas ordens profissionais;

3. A Empresa optou por colocar o anúncio no Expresso, em vez de recorrer apenas às candidaturas espontâneas em carteira ou a conhecimentos pessoais dos seus trabalhadores, com a finalidade de assegurar um processo de selecção rigoroso e transparente;

4. Os patronos com funções de orientação, supervisão e formação dos estagiários, são trabalhadores da empresa com larga experiência profissional nas respectivas áreas;

5. Os estágios em causa constituem uma excelente oportunidade de obter conhecimentos e experiência em licenciamento e apreciação de projectos, áreas cada vez mais importantes no desempenho das respectivas profissões;

6. A concretizar-se o alargamento das competências de licenciamento e fiscalização a novas áreas da Zona de Intervenção da Empresa, poderá existir a possibilidade dos estagiários virem a colaborar com a Lisboa Ocidental, naturalmente com enquadramento contratual;

7. Uma vez que a CML não remunera os seus estagiários e por uma questão de justiça e igualdade, a Empresa seguiu a mesma orientação, tendo, no entanto, decidido atribuir, a cada estagiário, um subsídio de alimentação diário;

8. A Lisboa Ocidental tem actualmente nove trabalhadores, dos quais, três foram requisitados ao Município, um à EPUL, quatro têm contratos de trabalho sem termo e um (admitido no passado mês de Setembro) com contrato de trabalho a termo certo;

9. A Empresa tem apenas um “prestador de serviços com recibos verdes”, que assegura a manutenção do sistema informático, num regime de colaboração e de remuneração perfeitamente adequado à natureza e enquadramento do trabalho prestado;

Finalmente, a Lisboa Ocidental esclarece que sempre pautou e continuará a pautar a sua actividade pelo estrito cumprimento da legislação e regulamentação aplicáveis, razão pela qual, apenas uma infundada interpretação dos factos em causa poderá ter originado o comentário colocado no vosso “blog”, cuja rectificação muito agradecemos.

Ficando ao dispor para qualquer esclarecimento adicional, com os melhores cumprimentos,

Manuel Rodrigues

(Director Financeiro)


in http://fartosdestesrecibosverdes.blogspot.com/
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Também vi este anuncio, e depois de ler a resposta deste director financeiro, pergunto-me se este senhor gostaria de trabalhar de graça...e fico mais indignado, a pensar "Como é que a Ordem dos Arquitectos, continua a manter este estado de coisas, não se pronunciando, ou seja....como é que a Ordem é conivente com estas coisas??" Eu ando à procura de local de estágio, e fico apreensivo com este tipo de atitudes. Tendo em conta a forma como estes anuncios são elaborados, pedem recem licenciados com experiencia profissional q.b. (tanta como a deles) e depois ainda têm a lata de terminar o anuncio com um "Estágio não remunerado".

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"As pessoas" que fazem parte das direcções da Ordem (Norte e Sul) têm conhecimento de causa, os "seus estagiários" encontram-se nas mesmas condições, por isso deve-se sempre denunciar este tipo de situações. Apelo aos estagiários deste fórum para denunciarem o seu caso pessoal e outros conhecidos, e divulgar quais são os ateliers e empresas do ramo que praticam tais actos! Se existe um tópico sobre os ateliers nacionais, porque não um tópico sobre os ateliers que usam mão de obra barata, em alguns casos chega a ser humilhante!

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  • 2 months later...

Será que alguém me pode explicar como é que funciona esta questão financeira dos estágios para a ordem? Temos ou não o direito a receber um salário? Se o temos, é a empresa que o proporciona ou o dinheiro cai de algum outro lado? Tem a empresa algum beneficio (para além de contar com mais um par de mãos) em acolher estagiários - do género de incentivo -?

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Perfil do candidato:
O candidato deverá:
- Ter licenciatura em arquitectura;
- Possuir bons conhecimentos de informática;
- Ser responsável, perfeccionista, organizado;
- Ter capacidade de trabalho e de integração em equipa;
- Ter disponibilidade;
- Ter possibilidade de entrada imediata.

Acho que faltou adicionar mais um requisito, para o anúncio ficar claro:

- Ser estúpido, ingénuo e submisso, condição sine qua non.

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Eu abomino este tipo de coisas, estágios não remunerados!! Vivemos na lei do chique-espertice, cria-se a ilusão que se faz um grande favor em dar trabalho, faz-se uma lavagem cerebral que a pessoa não é nada para merecer um vencimento e cria-se uma espécie de ceita em que a cada dia se juntam mais fiéis que o que se aprende muito assim, que o dinheiro não é nada....Acho que a arquitectura vive neste momento numa espécie de espiritualismo budista, onde o conhecimento que se adquire a trabalhar de graça para os outros é maior que a necessidade de comer!! A Ordem é uma espécie de Dalai Lama, que vai pregando as suas convicções pelo universo arquitectónico fora... Trabalho desde os 18 anos e acho no minimo asquerosa essa ideia...Devemos viver de fichas de jogos de damas em troca de bens, de certeza e comemos ar!! Só pode ser esse o pensamento geral de quem emprega...Mas qnd um cliente não lhes paga já sabem recorrer a tribunais e a advogados para receberem o que lhes é de direito. Vivamos neste estado de espiritualidade e nos alimentemos das paginas de ética profissional da Ordem!!

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JVS eu refiro-me aos ateliers que prometem uma coisa e no final só extrais dores de cabeça chatices e dividas. Aos que de antemão já te avisam que não vão remunerar, só vai quem quer...e quem vai já sabe ao que irá!Refiro-me sim aqueles que prometem pagar e dps não é isso que se verifica! e não foi só afinal com a pessoa mais chegada a nós que tal se passou, ou até mesmo conosco, mas sim com todos os que lá irão e continuarão a cair nas falsas promessas... Há que respeitar o teu ponto de vista como de qualquer outro utilizador com a mesma atitude que a tua, lá terás as tuas razões, motivos. Mas digo que a meu ver, as pessoas deveriam estar informadas dos ateliers que não valem a pena, em que as situações são mais que precárias, que são muitas vezs humilhados quando no inicio a conversa era outra. E se calhar imagina, nesse periodo obtiveste 3 propostas positivas, vais ás 3 entrevistas e optas pelo errado. e no entanto se alguém te tivesse ajudado previamente as coisas eram diferentes... Foi nesse sentido a minha intervenção.

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Kas reforçando o que eu disse num poste anterior ao qual você respondeu e mostrou alguma indignação ao conteudo da minha afirmação.
Continu-o a dizer aos novos arquitectos é perferivel arriscarem e abrirem o vosso próprio gabinete venham para o mercado " há trabalho para todos" desde que não queiram fazer e participar só em obras de referencia, façam tambem os pequenos projectos, legalizações! porque não? atraz delas veem tambem os bons projectos.
Os Arquitectos vão fazer os bons projectos de borla para os grandes gabinetes permitindo a estes terem sempre capacidade de resposta deixando desta forma o cliente satizfeito, se Vocês Os Arquitectos não forem trabalhar para esses gabinetes, eles não vão conseguir fazer todo o trabalho e então o trabalho excedente vai começar a chegar tambem aos vossos proprios gabinetes.
Não sou Arquitecto sou apenas desenhador, trabalho para Arquitectos e Engenheiros fornecendo serviços de desenho e imagem para Arquitectura Engenharia e Construção,se eu consigo manter um pequeno gabinete trabalhando para outros e sou um simples desenhador, porque é que Vocês Os Arquitectos não aode conseguir???
E é isso mesmo existem gabinetes, que oferecem estagios porque o trabalho apertou e é mais barato pôr Arquitectos a " trabalhar de borla sendo mais pomposo dizer-se a estagiar" do que pôr um desenhador ou homem dos recados com alguma esperiencia.
ABRAM OS OLHOS "AMIGOS NOVOS ARQUITECTOS"

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A meu ver todo o trabalho deve ser remunerado e recompensado, seja ele qual for. A questão de algumas pessoas terem a pretensão de apenas colaborar com os "grandes da praça", isso já é outro assunto. Aqui a questão é, todo o processo de enganos que os jovens acabadinhos de sair das faculdades sem experiencia de trabalho, sofrem quando vão a algumas entrevistas, já para não falar da capacidade que certos patrões têm em 5min reduzirem a pessoa a nada, com aquela conversinha final do costume, aqui aprende-se bastante, quando mais tarde se verifica que saiu igual ao que entrou. O cerne da questão é, ateliers que fazem propagandas nas candidaturas e depois nada corresponde á realidade lá vivida, e ateliers que já têm o ciclo vicioso de admitir apenas estagiários sem os remunerar, mas se for preciso durante 1 mês semanalmente os patrões gastam 100 e 200euros por dia, porque querem tudo do bom e do melhor! Mas alegam que não têm dinheiro...é uma contradição enorme. Tenham menos vicios e o dinheiro chega para tudo... Depois vivem-se casos destes em que um amigo meu engenheiro, teve que acompanhar o Arquitecto a uma obra, foi num jaguar, tinha mais uns quantos topos de gama na garagem, atelier na falencia pagou-lhe o almoço de 200euros numa marisqueira e ainda dizia, "AI não tenho dinheiro, para pagar os meus trabalhadores porque tenho de pagar as minhas 2 casas e cuidar dos meus carros de colecção guardados na garagem.!!" E quem diz este diz varios, cujos casos presenciei por ser com pessoas proximas, existe aqui um contracenso enorme.

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  • 4 weeks later...

colegas meus que foram recentemente a entrevistas de emprego, depararam-se com uma nova estratégia para estágios não remunerados que é: Estágios profissionais da Iefp em que o patrono não paga a parte que lhe compete ou seja, o estagiário só recebe a parte da segurança social. Apesar de se receber, não deixa de ser uma exploração. não aceitem . . .

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não sei se é alguma lei ou parecido.

acontece que pelo senso comum, que já não é pouco, a um recém licenciado devia ser garantido pagamento de 2 ordenados mínimos, (coisa que acontece nos programas i9jovem e similares)

quantos de nós temos a felicidade de ganhar isso? e não falo só de arquitectos.

ou então faz as contas, devíamos ganhar para o seguinte:
a renda de um T1, o mínimo de móveis e electrodomésticos indispensáveis, luz,uma tv, um pc, água, gas, almoços em restaurantes perto do local de trabalho, jantares e petiscos em casa, jantar uma vez por semana fora, dois cafés diarios, uma noite de borga, 2 cinemas por semana, 2 filmes alugados por mes, a compra de um livro\revista por semana, uma viagem nas ferias, uma entrada num museu, passe de metro, gasolina (facultativo), uma ida ao médico, uma peça de roupa, caixas de preservativos ou pílula, cremes, pastas de dentes, gels de banho e champo e um extra diferenciado


no seguimento da discussão:

obviamente que nenhum membro do arquitectura.pt vai denunciar a sua entidade patronal, ou a de outrem. não vivemos numa sociedade assim tão alargada para não se pensar em represálias futuras.

basicamente a questão é simples, só se mete nelas quem quer.
quem for enganado, o pior que pode acontecer é passar um mês a ganhar traquejo, quem é que admite ficar o segundo mês?

agora, obviamente que me provoca uma raiva terrível frases como " por principio não pago a estagiários", principalmente vindo de grandes barões da arquitectura nacional, com uma certa mediatização e influencia quer social, quer na ordem.
obviamente conheço algumas citações, mas sinceramente, não me cabe a mim relata-las
se dos barões chateia, daqueles que como nós precisam do dinheiro não para comprarem bons carros,mas sim para viver desafogadamente é deprimente o envolvimento numa teia de desculpas e mentiras.

é tão simples explicar que o patrono em questão não ganha muito, sim tem trabalho para transferir para colaboradores, mas não, não abdica, ou não pode abdicar de o equivalente a um ordenado minimo por mes.

com esta sinceridade,só fica quem quer, e quem ficar lanço uma ideia.
porque não,em vês de fazermos apenas o que nos é pedido,procurarmos também trabalho que podemos desenvolver em parceria com a nossa entidade patronal (porque se de estagiários falamos, deles precisamos não so do papel mas de um certo know how que ainda não dispomos), e assim todos podemos ficar a ganhar?

a resposta para este tema passa pela sinceridade e confiança, se todos tivermos ninguém trabalha para dar carros de luxo ao patrão

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nit, enquanto houver colegas que insistem em dar graxa e trabalhar de graça para receberem constantes palmadinhas nas costas e se infiltrarem nas grandes massas com sede de cão, através destes métodos de pura falta de respeito por eles proprios, assistirás a muitos casos destes e até piores! essa já eu sabia, pior são os casos em que o atelier e o IEFP comungam em conjunto para te chular á força toda. Aconcelho vivamente a saberem os direitos e deveres de trabalhadores, antes de se deixarem embalar por "palavras doces" de futuros patrões! Só mais uma questão, em bruxelas um estagiário recebia 12euros á hora e era obrigado a ir assistir a obras, a fiscalização surgia todos os meses no atelier e se isso não se registasse o atelier fechava.... Enfim quem trabalha de borla de futuro será o mesmo que te irá exigir que o faças nas mesmas condições. Ciclo vicioso e doentio!!

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Não querendo entrar em discussões politicas, mas não acredito numa solução para estagiários nem arquitectos profissionais. A partir do momento que temos um PM que comprou o curso, assinou projectos, teve benefícios na aprovação dos projectos na CMunicipal e por ai fora . . . obviamente que os nossos interesses não são compatíveis com quem está no parlamento ou num partido e consequentemente com as empresas que cada um tem negócios etc etc etc . . . é o " Ciclo vicioso e doentio" que referiste kaz. Enquanto se tem força e esperança rejeita-se, mas depois. . . é uma obrigação, uma necessidade de sobrevivência. Neste momento ainda sinto a vontade de lutar. . . mas até quando!?

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