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A Relação da Pintura com a Arquitectura


JVS

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Duas noticias para exemplificar a Relação Pintura / Arquitectura


"Arte é o gosto pela descoberta"

Agostinho Santos
É, poderá arriscar-se, uma exposição de um "Pomar desconhecido". É o lado (pintura e "assemblages") que raramente saiu dos ateliês do pintor ou de algumas colecções privadas. Mas, agora, o Museu de Serralves, no Porto, juntou muitas dessas peças (mais de 80) e mostra, a partir de amanhã, o que Júlio Pomar fez durante um período que ultrapassa os 50 anos.

Amanhã, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, é inaugurada a exposição de Júlio Pomar "Cadeia da Relação". São mais de 80 pinturas e "assemblages", ainda pouco conhecidas do público e que abrangem o período de 1944 até aos dias de hoje. Em entrevista exclusiva ao JN, o pintor confidenciou depositar nesta mostra grandes expectativas, até porque considera o próprio edifício de Serralves uma grande criação artística. Admite que esta será uma exposição especial, porque permite um outro olhar sobre o seu trabalho.

JN|É a primeira vez que expõe individualmente no Museu de Serralves. Porquê "Cadeia da Relação" ?

Júlio Pomar|É, é o nome que escolhemos por duas razões simples. Primeiro porque "Cadeia da Relação" associa-se ao Porto, a Camilo e a exposição é aqui nesta cidade. Depois, e talvez seja até o motivo principal, porque as obras que aqui apresento, apesar de terem sido criadas em épocas diferentes, estão ligadas umas às outras, pertencem todas a uma cadeia da relação. Pretendo (não sei se consigo, mas tento) que esta mostra chame a atenção para a cadeia de relação que se estabelece entre os próprios materiais.

JN|Considera que as obras expostas são representativas e importantes no seu percurso?

Júlio Pomar|Tem sido muito difícil, ao longo dos tempos, reunir trabalhos num só espaço e ao mesmo tempo e por variadíssimas razões. Tenho obra espalhada em muitas colecções e, por vezes, os proprietários não cedem, o que dificulta a realização de uma mostra desta natureza. "Cadeia da Relação" contraria o que tem acontecido, porque se conseguiu, felizmente, reunir um naipe razoável de trabalhos, a maioria até pouco conhecidos - até porque muitos são da minha colecção particular -, e reunir um conjunto significativo das coisas que fui tentando ao longo da vida.

Tentando. Não fez?
Sim, fui tentando, até porque tentar é mais importante do que fazer. Porque há uma parte desconhecida de coisas que ainda não estão definidas. E tentar é sempre tentar, porque é a tentar que, às vezes, se descobrem outros caminhos que nos levam a outras soluções criativas. Até porque entendo que a arte, como a vida, ou é um gosto pela descoberta ou tende a ser uma enorme chatice. Cá por mim, vou tentando percorrer o caminho da descoberta.

Uma exposição significa necessariamente fazer opções. Que critérios o levaram a escolher estas e não outras obras?
Uma mostra, ainda para mais num lugar como este, requer, uma opção, uma escolha. Esta foi feita por mim e pelo comissário, João Fernandes, que, quando me convidou a expor, mostrou interesse em exibir peças, nomeadamente "assemblages", pouco conhecidas do público. Foi o que aconteceu, tivemos de optar e, entre muitas, escolhemos estas 80 e tal obras.

Na véspera de inaugurar a sua exposição em Serralves, o que sente por expor aqui? Encara-a, apenas, como mais uma mostra?
Tenho que realçar o grande prazer que me está a dar esta exposição. É especial. Estou a viver um espaço, em que ele próprio é uma grande criação de um grande artista como o arquitecto Siza Vieira.Tenho que admitir que esta será uma exposição especial, quer por ser no local que é, quer por ser um dos maiores, se não o maior museu de arte contemporânea português e daí ser um ponto privilegiado para o encontro com o público. Expor é mostrar o que se vai fazendo e, por isso, também funciona como um estímulo.

É um dos maiores pintores portugueses; ainda necessita de estímulos destes?
Bem, mostrar o que se produz faz parte do ciclo. É a passagem da obra do ateliê para o público, ora, é muito diferente, do ponto de vista do artista, olhar para um trabalho quando está no interior do ateliê e quando está frente ao público. É uma diferença abismal e se, na verdade, a exposição for bastante visitada e as reacções forem positivas, naturalmente que aí poderá funcionar como um incentivo, um estímulo, porque não?

Como lhe acontece uma pintura, uma escultura?
Olhe, acontece quase sem dar por isso. Vai acontecendo. Como não gosto de ter prazos, as coisas vão acontecendo e vou transformando como me apetecer. Há peças cuja execução é mais rápida, outras demoram largos anos. Mas, confesso-lhe que, agora, cada vez é mais raro levar um trabalho de uma ponta a outra.

O seu percurso leva a concluir que trabalha por ciclos. Onde vai buscar os temas? Na literatura, nas viagens?
As minhas fontes são várias, mas, realmente, incidem fundamentalmente na literatura, pois tenho desde sempre o hábito da leitura e também das viagens que fui fazendo por este mundo fora. Tenho já trabalhado em ciclos que resultaram precisamente desses dois factores, daquilo que leio e das viagens. Lembro, entre outros, os casos da série "Alice no país das maravilhas", baseada na obra com o mesmo nome, de Lewis Carrol, ou os ciclos "Amazónia" ou "Mascarados de Pirenópolis", que resultaram das viagens que fiz ao Brasil. Mas, às vezes, "salto" de tema, não há uma ordem.

Quando chega à conclusão de que um trabalho está pronto?
Quando já não vejo a possibilidade de transformar, de acrescentar ou de retirar algo na obra.


in JN

"Nem olhei para trás para pintar o mural do Batalha"


Quando tinha 18 anos, Júlio Pomar trocou Lisboa pelo Porto, onde estudou até ao 2.º ano na Escola Superior de Belas-Artes. Aqui, fez bons amigos, que ainda hoje conserva. Foi no Porto que recebeu a sua primeira encomenda de pintura (a de um mural de mais de 100 metros no cinema Batalha), mas também foi aqui que sentiu uma das grandes e primeiras tristezas, quando as forças do regime salazarista impuseram a destruição do mesmo painel.



Como é que um jovem de 20 anos, desconhecido no Porto, aparece como autor de um grande painel num dos principais cinemas da cidade, o Batalha?

Naquele tempo, era comum os intelectuais maduros sentar-se na mesa dos cafés, no Majestic, na Brasileira, com uns novatos como eu e outros colegas meus. Faziam-se tertúlias interessantes, onde não faltavam o Augusto Gomes, o Viana de Lima e muita outra gente conceituada do Porto. Num desses fins-de- -tarde, estava eu no café e o arquitecto Artur Andrade, autor do projecto do "Batalha", virou- -se para mim e disse-me "Você não quer fazer lá um boneco?". É claro que não olhei para trás duas vezes e fui lá com ele escolher o sítio e depois fiquei a saber que o "boneco" teria cerca de 100 metros.



Foi um desafio?

E dos grandes, pois, naquela idade, era o que melhor poderia acontecer a um tipo. Lá fiz dois estudos, o proprietário aprovou e lá começou o trabalho. Era uma pintura que metia camponeses, pessoas de trabalho...



Mas não a acabou?

Pois não, porque a técnica do afresco obriga a que se pinte por fases. E quando estou na fase final, em que apenas faltava uma parte do mural, a PIDE prendeu-me em Évora (tinha lá ido, num fim-de-semana, a uma reunião) e estive lá dentro quatro meses.



Entretanto, o cinema é inaugurado com a pintura incompleta, não é?

Exactamente, faltava uma parte, mas o cinema teve de abrir e foi assim mesmo. E já não consegui acabar, porque, de seguida, o governador civil do Porto da altura impôs aos proprietários a destruição do painel.



O que sentiu?

Bem, como deve calcular, a missão de pintar aquele muro, para mim, foi muito importante naquele tempo. Entreguei-me àquilo e só parei quando fui preso. Senti uma grande tristeza, fiquei muito revoltado, mas tive a preocupação de não me deixar demolir. Eles tinham demolido o painel, mas não me iam demolir a mim e comecei a pensar noutros projectos, no que tinha pela frente.



Foi também no Porto que pintou o célebre quadro "Almoço de trolha", uma das suas primeiras obras elogiadas. Como lhe surgiu a ideia?

O quadro aconteceu porque, na realidade, era uma cena com que eu me deparava todos os dias, nos intervalos da pintura do mural do "Batalha". De lá de cima, enquanto parava para fumar, espreitava cá para fora e via, todos os dias, as mulheres dos trolhas a levarem-lhes as marmitas e a partilharem com os maridos a refeição. Foi um quadro que me impressionou e passei-o para a tela.



Hoje e com mais uns largos anos em cima, pinta ainda com afinco? Cria diariamente?

Sim, hoje, pintar, criar, é como respirar. Para mim, a arte é um acto diário e continuo a ter a necessidade absoluta de me recolher nos meus ateliês, seja no de Lisboa, seja no de Paris.



Continua a viver nestas duas cidades?

Vou alternando, as duas cidades são importantes para a minha pintura. Quando estou em Paris, penso em Lisboa e quando estou em Lisboa, penso em Paris. Faço como que para ver melhor um quadro, distancio-me, fecho um olho e vejo melhor a cidade em que não estou naquele momento.



in JN
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Duas noticias para exemplificar a Relação Pintura / Arquitectura


"Arte é o gosto pela descoberta"

Agostinho Santos
É, poderá arriscar-se, uma exposição de um "Pomar desconhecido". É o lado (pintura e "assemblages") que raramente saiu dos ateliês do pintor ou de algumas colecções privadas. Mas, agora, o Museu de Serralves, no Porto, juntou muitas dessas peças (mais de 80) e mostra, a partir de amanhã, o que Júlio Pomar fez durante um período que ultrapassa os 50 anos.

Amanhã, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, é inaugurada a exposição de Júlio Pomar "Cadeia da Relação". São mais de 80 pinturas e "assemblages", ainda pouco conhecidas do público e que abrangem o período de 1944 até aos dias de hoje. Em entrevista exclusiva ao JN, o pintor confidenciou depositar nesta mostra grandes expectativas, até porque considera o próprio edifício de Serralves uma grande criação artística. Admite que esta será uma exposição especial, porque permite um outro olhar sobre o seu trabalho.

JN|É a primeira vez que expõe individualmente no Museu de Serralves. Porquê "Cadeia da Relação" ?

Júlio Pomar|É, é o nome que escolhemos por duas razões simples. Primeiro porque "Cadeia da Relação" associa-se ao Porto, a Camilo e a exposição é aqui nesta cidade. Depois, e talvez seja até o motivo principal, porque as obras que aqui apresento, apesar de terem sido criadas em épocas diferentes, estão ligadas umas às outras, pertencem todas a uma cadeia da relação. Pretendo (não sei se consigo, mas tento) que esta mostra chame a atenção para a cadeia de relação que se estabelece entre os próprios materiais.

JN|Considera que as obras expostas são representativas e importantes no seu percurso?

Júlio Pomar|Tem sido muito difícil, ao longo dos tempos, reunir trabalhos num só espaço e ao mesmo tempo e por variadíssimas razões. Tenho obra espalhada em muitas colecções e, por vezes, os proprietários não cedem, o que dificulta a realização de uma mostra desta natureza. "Cadeia da Relação" contraria o que tem acontecido, porque se conseguiu, felizmente, reunir um naipe razoável de trabalhos, a maioria até pouco conhecidos - até porque muitos são da minha colecção particular -, e reunir um conjunto significativo das coisas que fui tentando ao longo da vida.

Tentando. Não fez?
Sim, fui tentando, até porque tentar é mais importante do que fazer. Porque há uma parte desconhecida de coisas que ainda não estão definidas. E tentar é sempre tentar, porque é a tentar que, às vezes, se descobrem outros caminhos que nos levam a outras soluções criativas. Até porque entendo que a arte, como a vida, ou é um gosto pela descoberta ou tende a ser uma enorme chatice. Cá por mim, vou tentando percorrer o caminho da descoberta.

Uma exposição significa necessariamente fazer opções. Que critérios o levaram a escolher estas e não outras obras?
Uma mostra, ainda para mais num lugar como este, requer, uma opção, uma escolha. Esta foi feita por mim e pelo comissário, João Fernandes, que, quando me convidou a expor, mostrou interesse em exibir peças, nomeadamente "assemblages", pouco conhecidas do público. Foi o que aconteceu, tivemos de optar e, entre muitas, escolhemos estas 80 e tal obras.

Na véspera de inaugurar a sua exposição em Serralves, o que sente por expor aqui? Encara-a, apenas, como mais uma mostra?
Tenho que realçar o grande prazer que me está a dar esta exposição. É especial. Estou a viver um espaço, em que ele próprio é uma grande criação de um grande artista como o arquitecto Siza Vieira.Tenho que admitir que esta será uma exposição especial, quer por ser no local que é, quer por ser um dos maiores, se não o maior museu de arte contemporânea português e daí ser um ponto privilegiado para o encontro com o público. Expor é mostrar o que se vai fazendo e, por isso, também funciona como um estímulo.

É um dos maiores pintores portugueses; ainda necessita de estímulos destes?
Bem, mostrar o que se produz faz parte do ciclo. É a passagem da obra do ateliê para o público, ora, é muito diferente, do ponto de vista do artista, olhar para um trabalho quando está no interior do ateliê e quando está frente ao público. É uma diferença abismal e se, na verdade, a exposição for bastante visitada e as reacções forem positivas, naturalmente que aí poderá funcionar como um incentivo, um estímulo, porque não?

Como lhe acontece uma pintura, uma escultura?
Olhe, acontece quase sem dar por isso. Vai acontecendo. Como não gosto de ter prazos, as coisas vão acontecendo e vou transformando como me apetecer. Há peças cuja execução é mais rápida, outras demoram largos anos. Mas, confesso-lhe que, agora, cada vez é mais raro levar um trabalho de uma ponta a outra.

O seu percurso leva a concluir que trabalha por ciclos. Onde vai buscar os temas? Na literatura, nas viagens?
As minhas fontes são várias, mas, realmente, incidem fundamentalmente na literatura, pois tenho desde sempre o hábito da leitura e também das viagens que fui fazendo por este mundo fora. Tenho já trabalhado em ciclos que resultaram precisamente desses dois factores, daquilo que leio e das viagens. Lembro, entre outros, os casos da série "Alice no país das maravilhas", baseada na obra com o mesmo nome, de Lewis Carrol, ou os ciclos "Amazónia" ou "Mascarados de Pirenópolis", que resultaram das viagens que fiz ao Brasil. Mas, às vezes, "salto" de tema, não há uma ordem.

Quando chega à conclusão de que um trabalho está pronto?
Quando já não vejo a possibilidade de transformar, de acrescentar ou de retirar algo na obra.


in JN

"Nem olhei para trás para pintar o mural do Batalha"


Quando tinha 18 anos, Júlio Pomar trocou Lisboa pelo Porto, onde estudou até ao 2.º ano na Escola Superior de Belas-Artes. Aqui, fez bons amigos, que ainda hoje conserva. Foi no Porto que recebeu a sua primeira encomenda de pintura (a de um mural de mais de 100 metros no cinema Batalha), mas também foi aqui que sentiu uma das grandes e primeiras tristezas, quando as forças do regime salazarista impuseram a destruição do mesmo painel.



Como é que um jovem de 20 anos, desconhecido no Porto, aparece como autor de um grande painel num dos principais cinemas da cidade, o Batalha?

Naquele tempo, era comum os intelectuais maduros sentar-se na mesa dos cafés, no Majestic, na Brasileira, com uns novatos como eu e outros colegas meus. Faziam-se tertúlias interessantes, onde não faltavam o Augusto Gomes, o Viana de Lima e muita outra gente conceituada do Porto. Num desses fins-de- -tarde, estava eu no café e o arquitecto Artur Andrade, autor do projecto do "Batalha", virou- -se para mim e disse-me "Você não quer fazer lá um boneco?". É claro que não olhei para trás duas vezes e fui lá com ele escolher o sítio e depois fiquei a saber que o "boneco" teria cerca de 100 metros.



Foi um desafio?

E dos grandes, pois, naquela idade, era o que melhor poderia acontecer a um tipo. Lá fiz dois estudos, o proprietário aprovou e lá começou o trabalho. Era uma pintura que metia camponeses, pessoas de trabalho...



Mas não a acabou?

Pois não, porque a técnica do afresco obriga a que se pinte por fases. E quando estou na fase final, em que apenas faltava uma parte do mural, a PIDE prendeu-me em Évora (tinha lá ido, num fim-de-semana, a uma reunião) e estive lá dentro quatro meses.



Entretanto, o cinema é inaugurado com a pintura incompleta, não é?

Exactamente, faltava uma parte, mas o cinema teve de abrir e foi assim mesmo. E já não consegui acabar, porque, de seguida, o governador civil do Porto da altura impôs aos proprietários a destruição do painel.



O que sentiu?

Bem, como deve calcular, a missão de pintar aquele muro, para mim, foi muito importante naquele tempo. Entreguei-me àquilo e só parei quando fui preso. Senti uma grande tristeza, fiquei muito revoltado, mas tive a preocupação de não me deixar demolir. Eles tinham demolido o painel, mas não me iam demolir a mim e comecei a pensar noutros projectos, no que tinha pela frente.



Foi também no Porto que pintou o célebre quadro "Almoço de trolha", uma das suas primeiras obras elogiadas. Como lhe surgiu a ideia?

O quadro aconteceu porque, na realidade, era uma cena com que eu me deparava todos os dias, nos intervalos da pintura do mural do "Batalha". De lá de cima, enquanto parava para fumar, espreitava cá para fora e via, todos os dias, as mulheres dos trolhas a levarem-lhes as marmitas e a partilharem com os maridos a refeição. Foi um quadro que me impressionou e passei-o para a tela.



Hoje e com mais uns largos anos em cima, pinta ainda com afinco? Cria diariamente?

Sim, hoje, pintar, criar, é como respirar. Para mim, a arte é um acto diário e continuo a ter a necessidade absoluta de me recolher nos meus ateliês, seja no de Lisboa, seja no de Paris.



Continua a viver nestas duas cidades?

Vou alternando, as duas cidades são importantes para a minha pintura. Quando estou em Paris, penso em Lisboa e quando estou em Lisboa, penso em Paris. Faço como que para ver melhor um quadro, distancio-me, fecho um olho e vejo melhor a cidade em que não estou naquele momento.



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