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Arquitectura.pt


"O tempo"


ZGANDULO

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Olá Arquitectos. Alguém me poderia indicar pensamentos e teorias na arquitectura sobre o tema de "tempo" (não se faz chuva ou sol). Como este é o tema da composição para a frequencia de Arquitectura Teórica, gostava de saber diversas opiniões ou teorias acerca de... Obrigado!

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Ok. O que o teu professor te está a perguntar, subrepticiamente, é: o que é a arquitectura? e mais esplicitamente: o que é que a distingue das outras artes? É uma pergunta clássica e vai surgir-te ao longo de toda a tua vida. Pintura, Escultura e Arquitectura. (arquitectura ensinava-se nas academias de Belas Artes, e os velhotes ainda tem esse trauma...) É claro que precisas de tempo para ver uma pintura. Mas ela não implica tempo. Pode querer significar o tempo, como fez Picasso, mas não o implica directamente. Escultura, espera ai. Escultura precisa do tempo: tens de dar a volta à estátua para a ver na totalidade! As estátuas egípcias basta ver de todos os ângulos rectos, mas as estátuas do Rodin... Arquitectura? Deixo pra ti responder... E urbanismo? Ainda mais. E tanto que deixa de se chamar "arte" e passa a ficar guardado noutra gaveta... Então se arquitecura precisa de tempo, se não jogarmos com ele, então não é arquitectura! É uma mausoléu egípcio para os deuses mortos. Que outras artes existem que precisam tempo?? Cinema! Teatro! A magnifica arte de contar histórias. A vida. É nelas que nos inspiramos então. Os Filmes, os documentários são os que podem dar uma ideia, mesmo assim tosca, da arquitectura que não podemos visitar. (Por falar em filmes: Blade Runner, Metapolis, La Ain, os filmes que mostram as casas do Lautner: The Big Lebauski, Golden Eye, etc) Ao percorrer uma obra de arquitectura é como se nos estivessem a contar uma história: tem de ter princípio, meio e fim; uma introdução, tem de ter um auge da história, e saber morrer, pra continuar na natureza o percurso. Uma maneira de dizer tudo isto é a de que a arquitectura joga com o tempo e que por isso se dostingie das outras artes.

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É claro que precisas de tempo para ver uma pintura. Mas ela não implica tempo. Pode querer significar o tempo, como fez Picasso, mas não o implica directamente.


Sputnik, deixa-me discordar deste ponto, porque se para analisar todas as outras manisfestações de que falas, precisamos de tempo, a pintura não é diferente. Como disseste, o factor tempo pode estar incutido na pintura, mas para a analisarmos e percebermos, ainda que à nossa maneira, é preciso tempo...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Sputnik:

Penso que nao eh essa a duvida dele. Pelo o que eu percebi a duvida dele recai na influencia da dimensao Tempo na arquitectura.


Exactamente!!!
Mas Obrigado áqueles que já tentaram ajudar. Agradeço a quem por boa vontade exponha matéria acerca de... ou pensamentos e teorias!!!
Obrigado!:.(
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"Qual a influencia da dimensão tempo na arquitectura" é, pra mim, como perguntar: qual a influencia da 3ª dimensão "altura" na escultura.
A menos que te estejas a referir apenas ao processo de envelhecimento do edifício, à sua necessidade de adaptar a diversas necessidade ao longo do tempo... Será?

Não sei se é isto ou não, mas vou continuar, pode ser que acerte em alguma coisa...

Existem realmente uma grande dificuldade em representar e transmitir a arquitectura.
Pessoalmente acho que nunca conseguiria decifrar a espacialidade da Casa da Cascata apenas através das plantas, cortes e alçados, ou mesmo fotos. Possuo alguns filmes e é o que me vale. E ainda fica a faltar a noção de escala, que só se pode ter visitanto pessoalmente aquele objecto.

Corbusier concebeu a Vila La Roche como um percurso dinâmico, parece-me que corresponde à letra a essa necessidade que a arquitectura tem de se desenvolver no tempo.
Também Fernando Távora, na tese da Organização do Espaço, começa por definir o seu objecto de estudo e as condições em que ele ocorre: um ponto no espaço, elevado a 1,6m do chão, móvel. Móvel implica, naturalmente, o tempo. Esta noção, aparentemente óbvia e evidente, traduziu-se em espaço e em construção - na casa de Ofir, o espaço de circulação é uma entidade própria que não termina na casa, mas continua...

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Em resposta ao Dreamer, queria só dizer que apenas me referia ao facto da pintura ser Bidimensional. Como tal, tem apenas duas dimensões, e duas dimensões chegam-lhe perfeitamente para ser arte (Mondrian), se desprezarmos a espessura da tela mais a espessura da tinta (que no caso de Tapiés pode ser bem grossa). Ao contrário, a arquitectura nunca se nos apresenta de uma vez só. Tal como a escultura, é preciso dar a volta. E, como nem a escultura, é presico entrar. A Arquitectura apresenta-se-nos em sequencias de percursos. E ainda varia no sentido do percurso (entre a porta e o quarto, ou entre o quarto e a porta). Bom, Sem um feed back do Zgandulo, nada feito

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Sputnik, ainda que compreenda o teu ponto de vista, permite-me discordar.

É verdade que uma pintura é vista completamente à primeira, mas tal como a arquitectura, é preciso esse tempo para a apreender, para ver os detalhes, para formularmos uma história à volta dela, a forma como cada um de nós interpreta a obra a determinado momento da nossa vida.

Tens também o exemplo clássico, ainda que não sendo pintura, o livro principezinho de Exupéry, podes lê-lo uma vez, apreendes a história, mas mais tarde, passados uns anos, ao ler a mesma história, aquilo que apreendes é completamente diferente.

Logo aqui, em dois suportes bidimensionais, percebe-se o quanto o factor tempo pode influenciar a percepção daquilo que estamos a apreender.

São formas diferentes de entender o "tempo", tão válidas quanto o tempo que se demora a percorrer uma "arquitectura".

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Bem, nós vivemos no tempo. Estamos permanentemente presos no presente, por isso toda e qualquer realidade que nos chegue através dos sentidos, existe ao mesmo tempo que o observador. Mas não vamos cair em jogos de palavras. Para o caso, o que importa é que, face aos diferentes métodos de criação de Arte, o Músico parte de uma idéia inicial de Ritmo que regula o tempo. Igualmente o arquitecto encontra o módulo que lhe convém. O pintor não tem de pensar em termos de tempo, a menos que a sua pintura procure intencionalmente isso, como tentaram os Futuristas e os Cubistas. Pode simplesmente pensar em manchas, imóveis e eternas.

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Não são jogos de palavras, são formas diferentes de se entender o "tempo".Estás a falar, futurismo e cubismo incuídos, da forma como o autor "constrói" a obra, do tempo nesse contexto, como factor "motivador" da obra.Outra coisa é como o observador interpreta a obra, o "tempo" que ele demora a apreendê-la.

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Nao tenho a certeza se isto te pode ajudar mas e de um trabalho que fiz ontem.

''Seminários 1
Dia 19 de Dezembro de 2007 – Arquitecto António Menéres
Qual para ti a importância que pode ter, actualmente, uma arquitectura popular

Entre 1955 e 1960, seis equipas distribuídas por outras tantas zonas do país empreenderam um levantamento fotográfico e tipológico que passou a figurar como «Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa». Coordenado por Francisco Keil do Amaral, presidente do então Sindicato Nacional dos Arquitectos, e subsidiado pelo Ministério das Obras Públicas, o levantamento teve uma primeira publicação em 1961, em dois volumes. O Arquitecto António Menéres esteve presente numa das seis equipas, transmitindo-nos assim a sua vasta paixão por este estilo Arquitectónico particular de Portugal.
Este Estilo Arquitectónico ao qual chamamos ‘’Arquitectura Popular’’ aos conceitos de ‘’arquitectura vernacular’’, ‘’arquitectura anónima’’ ou ‘’arquitectura sem arquitectos’’, como a caracteriza o espanhol Pedro de Llano.
Este tipo de arquitectura marcou a arquitectura portuguesa dos anos 50 e prevaleceu até ao final do Salazarismo. Era uma arquitectura do Povo, do ‘’Popular’’, tinha o objectivo principal a funcionalidade da habitação ou edifício, era construído segundo os conhecimentos populares, e segundo a região. Normalmente encontra-se a maioria de edifícios de Arquitectura Popular na zona Rural e Interior do nosso País, zonas estas que apesar do seu baixo nível de estudos académicos, financeiros, tinha um vasto conhecimento das necessidades a que eram sujeitos.
Como fora demonstrado no Seminário dado pelo Arq. António Menéres, a arquitectura portuguesa começou ainda na Idade do Bronze quando as primeiras aldeias começam a surgir de forma minimamente organizada, com casas, assembleias, balneários e muralhas em seu redor. Foi posteriormente, no séc. III, com a ocupação romana, que as primeiras cidades começaram a desenvolver-se de forma organizada com inúmeros edifícios públicos e estradas pavimentadas que melhoram as comunicações em certas partes. Com a queda do Império Romano do Ocidente o panorama artístico ficou quase esquecido. Apenas no séc. VIII, com a invasão muçulmana a arte voltou a ser praticada de forma mais organizada e uniforme. Mesquitas e palácios apareceram nas principais vilas e cidades do país. No séc. XII começou a Reconquista. Transformaram-se as mesquitas em igrejas, como se fez com a Mesquita de Mértola, e de forma progressiva passou-se para o românico. As grandes igrejas pesadas começaram a povoar o território até que o gótico, e depois o Manuelino as transformaram em edifícios mais esbeltos e decorados. No séc. XVI, inicia-se em Itália o Renascimento, que começa a racionalizar todas as formas, e os edifícios ficam mais pragmáticos em detrimento da sua decoração. De forma natural passa-se para o maneirismo que segue os passos da arquitectura renascentista. A Igreja de São Vicente de Fora é um dos melhores exemplos desse tempo. Nesta época, e desde o românico, a principal produção da arquitectura eram as igrejas, e assim seria até ao rococó. No barroco, séc. XVIII as igrejas e conventos tornam-se mais luxuosos e ornamentados, exemplo disso é o Convento de Mafra. No início do séc. XIX vêm influências de vários países europeus que culminam no neoclassicismo. Poucas décadas depois aparece, como reacção, o romantismo. A Estação do Rossio ou o Palácio da Pena são obras românticas. No final desse mesmo século, os engenheiros tomam conta dos projectos com a arquitectura do ferro. O Elevador da Glória é exemplo disso. A arte nova e a art déco tiveram pouco expressão em Portugal. Mais tarde, durante o Estado Novo (Salazarismo), foi aplicada uma arquitectura mais contida, mas sobretudo funcional, a ‘’Arquitectura Popular’’. Com o fim da ditadura, e abertura ao meio internacional, a arquitectura enriqueceu o seu espólio tanto em quantidade como em qualidade. Assiste-se hoje, em Portugal, a um fenómeno complementar e inovador, a arquitectura contemporânea, no âmbito da arquitectura portuguesa que, contrapõe a, conceitos velhos e conservadores de tradições e modos de operar, a uma intenção afirmada, de inovar o espaço e construí-lo com conceitos, materiais e técnicas que permitam viver em pleno a contemporaneidade. A arquitectura contemporânea cruza várias gerações em simultâneo que marcaram e continuam a marcar arquitectura portuguesa, desde meados do século XX até aos nossos dias. Fernando Távora, Manuel Tainha, Álvaro Siza, Victor Figueiredo, Gonçalo Byrne, Eduardo Souto Moura, Filipe Oliveira Dias, Tomás Taveira e Carrilho da Graça são os arquitectos que traduzem o que de melhor se produz, de arquitectura, em Portugal.
Em suma, a ‘’Arquitectura Popular’’ teve bastante importância no nosso País para poder-se chegar a esta ‘’Arquitectura Contemporânea’’ (Arquitectura Moderna) a que se presencia hoje em dia, apesar de não me identificar com o estilo de Arquitectura Popular (talvez devido a não ser dessa época), aceito-a como sendo uma das bases para o nível Actual da Arquitectura Portuguesa. ''

Como o meu professor de Arte e Cultura diz, ''O tempo é aquilo que todos sabemos o que é quando não nos perguntam o que é''

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Não são jogos de palavras, são formas diferentes de se entender o "tempo".Estás a falar, futurismo e cubismo incuídos, da forma como o autor "constrói" a obra, do tempo nesse contexto, como factor "motivador" da obra.Outra coisa é como o observador interpreta a obra, o "tempo" que ele demora a apreendê-la.


Ok, tens toda a razão. Alteramos a nossa percepção da obra ao longo do tempo, é verdade. Existem algumas obras que conseguem, de facto, parecer sempre novas, e parece que a sua mensagem não se esgota (ou somos nós que mudamos, o que vai dar ao mesmo). É tb um ponto de vista interessante.

E agora surgiu ainda mais uma forma de interpretar "o tempo na arquitectura", desta vez como tempo histórico, ou como a qualidade atemporal da arquitectura, que diz que ao longo de toda a história da humanidade a arquitectura procura sempre resolver os mesmos problemas, daí que há um laço que unifica todas as épocas (pelo menos foi assim que interpretei).

Talvez o Zgandulo deveria cingir um pouco o tema...
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Aproveito para fazer um pequenao reparo (fora do tema do tópico) sobre o teu trabalho.
A Igreja de São Vicente de Fora (fora das muralhas), tinha a convicção que pertencia à Ordem dos Agostinhos, portanto Românica, e não Manuelina, com a típica torre dianteira que pode ter dado origem ao Nartex das Igrejas paroquiais. E, de todos os exemplos, utilizas uma Igreja da qual existe apenas um desenho e uma suposição da Planta...
Tb não há Gótico.
E também dizer que, a certa altura, Portugal abdicou da sua própria cultura para se dedicar às ciências de navegação e ao esforço herculeano dos descobrimentos, que nos levam, desde ai, a importar culturas estrangeiras, para logo nacionalizá-las, adaptá-las à nossa realidade.

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Olá Amigos Arquitectos.

Vejo que se estão a esforçar para me ajudarem no tema do "tempo" em que pedi.
Pois cá vai então o inicio do texto que terei de comentar em género de composição de um futuro arquitecto:

"Todas as coisas tém o seu tempo e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora.
Há tempo para nascer e tempo para morrer;
Tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou;
Tempo para matar e tempo para dar vida;
Tempo para destruir e tempo para edificar;
Tempo para chorar e tempo para riri;
Tempo para se afligir, e tempo para dançar;
Tempo para espalhar pedras e tempo para as juntar;
Tempo para dar abraços e tempo para fugir deles;
Tempo para adquirir e tempo para perder"
... e por aí fora...

O que tenho que fazer, é comentar...

Agradeço a todos os que me dêem algumas ideias ou perpectivas para o tema!!! Obrigado!:clap:

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Zgandulo, que tal dares tu o início aos comentários e explicares o que para ti é cada uma dessas coisas.


Pois, mas ainda não comecei a desenvolver nada de concreto sem que antes tenha a percepção e directrizes que me levem direito áquilo que o professor quer...

"A organização do espaço" de Távora, já li e até já sublinhei tudo aquilo que se refere a "tempo" mas falta- me mais assim como o contexto ao que o texto dado se refere...
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Bom, os Egípcios fizeram as pirâmides já em forma de ruina, pra durar pra sempre. Hoje fazem-se as coisas para durar 30 anos. O Souto Moura penso que propôs uma demolição ou restruturação de um mercado que tinha feito, falou exactamente disso: as coisas tem um tempo de vida, depois morrem, e ainda bem que morrem. Já ningué, edifica para a eternidade, porque mesmo que a obra dure, somos nós que alteramos as nossas exigências - perspectiva que os egípcios não tinham.

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A velocidade a que a nossa sociedade evolui no tempo é em tudo superior àquela que existiria no tempo dos egípcios. Cada um de nós pode experimentar formas diferentes de percepcionar o tempo, basta ver que quando estamos a fazer algo que gostamos, o tempo passa a voar, no caso contrário, nunca mais passa... não é o tempo que varia, mas a percepção que cada um de nós tem dele.

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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  • 2 weeks later...

Desculpa, Zgandulo. Não tenho nada contra as pessoas virem aqui em busca de auxílio para realizar os seus trabalhos, mas lançar um tópico e ficar de perninha cruzada à espera que lhe façam a papa, e nem sequer participar no próprio tópico, é uma coisa que me irrita profundamente. Tens de melhorar essa técnica de investigação. Sublinhar "tudo o que diga tempo" é de um primitivismo assustador. Sorte pó trabalho

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