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Megaprojectos suspendem PDM


Dreamer

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Uns são filhos, outros enteados... sempre ouvi dizer isto e cada vez mais tenho a certeza de que é verdade...

A Câmara de Gaia aprovou, ontem, a suspensão do Plano Director Municipal (PDM) destinado a viabilizar a construção de um hotel de luxo no centro histórico de Gaia e permitir o arranque do mega-empreedimento, denominado Media Parque, a erguer no Monte da Virgem. O PS esteve ausente devido a férias dos seus vereradores e a CDU teve posições distintas no primeiro caso, votou favoravelmente as pretensões da Câmara; no segundo ponto absteve-se, embora a posição de voto "possa evoluir favoravelmente no futuro", disse Ilda Figueiredo, da CDU.

Segundo explicou, ao JN, Marco António, vice-presidente da Câmara de Gaia, os dois projectos agora aprovados são "estruturantes" para o concelho e representam mais um passo para a desejada modernidade encetada pelo actual Executivo, presidido por Luís Filipe Menezes. No caso do hotel de charme, o equipamento irá potencializar a atracção de mais turistas e fomentar as actividades económicas.

Mais tarde, em declarações ao JN, o vereador Barbosa Ribeiro, do PS, considerou "importante" a construção da unidade hoteleira, mas chamou a atenção para a falta de reabilitação urbana naquela zona de Gaia. "A Câmara devia impedir a desertificação do centro histórico e deitar mão às casas que estão a cair", disse.

Quanto à sua ausência da reunião, Barbosa Ribeiro alegou "quebra de compromissos" entre a maioria do PSD/PP e os socialistas, "dado que a reunião devia ter lugar até à passada-sexta feira", disse.

Esta tese foi desmentida pelamaioria, em comunicado"A reunião por consenso, foi agendada para o dia 31 de Agosto e só por manifesta má vontade, os vereadores ( do PS) decidiram não comparecer à reunião extraordinária".

Entretanto, e como os projectos ontem aprovados se revestem de grande complexidade, a CDU marcou para hoje uma conferência de Imprensa para explicitar as suas posições políticas.

Manuel Vitorino


Como é possível (como é possível não, porque a prova está aqui) que uma câmara decida suspender o processo do PDM para contemplar um hotel de luxo e um mega-complexo???
Será que se o Zé povinho fosse à câmara para pedir que no seu pequeno terreno pudesse ultrapassar os limites para construir uma casinha para viver, eles agiriam da mesma forma?... acho que a resposta é óbvia...
O poder económico fala mais alto do que tudo o resto nesta "república das bananas", e o (não) poder político vai atrás de qualquer mega-empreendedor, qual cãozinho atrás do seu dono quando este lhe acena com um biscoisto...
Que direito é que "eles" têm de mudar políticas e decisões para contemplar seja o que for?

Uns são filhos... outros enteados... e isso é triste...

Link:
http://jn.sapo.pt/2006/08/01/porto/megaprojectos_suspendem_pdm.html

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Que tristeza...a culpa nem tao pouco se sabe de quem é a culpa...do poder central? do poder local subsidiado pelo poder central? A responsabilidade salta de pessoa em pessoa e ninguém assume responsabilidade de nada... Depois acontecem essas coisas ninguém sabe como...entretanto alguém enxeu os bolsos e se aproveitou da situacao...

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Pois, a questão é mesmo essa... quem/quantos terão enchido os bolsos à custa disto?... A culpa certemente será da Câmara e da empresa municipal Gaiurb, que é a quem está entregue a gestão urbana da cidade. Penso que será a Gaiurb a coordenar o processo de revisão do PDM, mas disso não tenho a certeza... Mas dentro dessas entidades quem é que terão sido os verdadeiros culpados?... A empresa/câmara serão as culpadas enquanto entidades, mas deveriam existir auditorias internas para apurar as verdadeiras responsabilidades... PS: Entretanto o dinheirinho (dinheirão) extra dá sempre para umas férias mais interessantes... se calhar era ver quais dos funcionários iam passar as férias mais longe e encontrar-se-iam os culpados... ou não...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Se é o único, não sei, mas é normal ver nos "seus" edifícios públicos os elementos de combate a incêndios pintados de branco... em vez do vermelho que é obrigatório... O que ouvi dizer nos meus tempos idos de faculdade é que ele, para cada projecto, reserva uma percentagem dos custos da obra para pagar as multas correspondentes a esses e outros desrespeitos... mas tanto quanto qualquer um de nós sabe, mesmo que seja multado, as coisas acabam por ficar na mesma e a obra não é embargada nem nada do género... continua tudo na mesma, as pessoas continuam a usar os espaços e aqueles que têm poderes parecem virar as costas a essas questões... Mais uma triste faceta da arquitectura portuguesa...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Vamos lá ser um pouco práticos. O que é que ganhava a Câmara e a população de Gaia se este projecto não fosse para a frente? É muito simples dizer que a câmara deveria por a mão no centro historico e revitalizar a area, muitas vezes (a maioria das vezes) isso é completamente impossivel por questões económicas. Portanto porque não utilizar a vontade de privados para fazer qualquer coisa? Obviamente que ha regras para cumprir e estas são para todos, porém ha oportunidades que tem de ser consideradas e aproveitadas...

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Uma questão é aproveitar os dinheiros privados para obras públicas, tal como no caso do El Corte Inglés de VN Gaia (curiosamente o mesmo concelho), em que tiveram de construir umas centenas de metros (talvez 1 Km) de auto-estrada, com 2 túneis, como contrapartida à implantação do centro comercial... Outra coisa bem diferente é suspender o processo do PDM para contemplar dois empreendimentos. No caso do mega-empreendimento no Monte da Virgem, quase de certeza de que estará numa zona de reserva. No caso do hotel de luxo na zona histórica, resta saber a configuração do espaço (se é para aproveitar e recuperar estruturas existentes, ou um novo edifício)... De qualquer forma não me parece bem que uns sejam tratados de uma forma, só porque têm dinheiro, enquanto que outros são desprezados só porque não o têm... Onde é que fica a democracia no meio disto tudo?...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Não é uma questão de uns terem dinheiro e poderem fazer e outros não. Alias isso acaba por ser mais uma consequência que uma questão propriamente dita... Para mim isto é uma questão de ter consciencia de quais são os prós e contras para a vida publica, economica e social de dois mega-projectos como os que falas. Ora repara tanto um como outro vão precisar de construir, ou pelo menos entrar no ramo da construção e projecto. Só ai é muito dinheiro a mexer. Mas isto é apenas o inicio. Então e os postos de trabalho que estes mega-projectos estão a criar? Isto não vai promover e vitalizar o concelho? Não foi essa uma das maiores razões para qual o presidente de Câmara foi eleito? O que eu acho piada é que se ele tivesse inviabilizado estes projectos e isso tivesse chegado à opinião publica, provavelmente todos estaria a dizer que era inadmissivel deixar passar oportunidades destas.

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A lei é para ser cumprida por todos, ou não?? Esse tipo de "conceções" que o poder autarquico "concede" a uns e a outros não leva, a uma outra escala, que os montes da serra da arrábida sejam "entupidos" por moradias... vês os elefantes brancos espalhados um pouco por todo o país... vês mamarrachos tipo "prédio coutinho" e outros tantos por aí... vês milhões gastos em 10 estádios e só 3 deles é que têm assistências aceitáveis, sendo que um está (quase) sempre fechado e 3/4 não devem ter assistências acima das 5 mil pessoas... É como dizes, uma questão de ver os prós e os contras, mas será que esses prós económicos devem-se sobrepor aos contras da lei, dos abusos ambientais, dos assaltos à paisagem, entre outros?... Os custos a longo prazo podem não compensar as vantagens financeiras do momento (só nos bolsos que se enchem à custa disto é que as vantagens se prolongam no tempo)...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Um dia destes surge um mega-edificio de 350 pisos na zona histórica do Porto...aprovado durante a revisao do PDM... Revitaliza, cria postos de trabalho, promove e acima de tudo: gera polémica... Creio que é esta a ideia com que se fica... Por um lado é bom, mas quebra regras supostamente inquebráveis...

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Não era uma desse género que queriam fazer em Cacilhas? A famosa "Manhatten de Cacilhas", ou a torre biónica que podia tanto ficar "cá" como na china... Gera empregos, gera receitas, mas os únicos verdadeiros beneficiados são os promotores, porque a nível ecológico e ambiental ia ser uma desgraça... É o dinheiro que faz mover o mundo (infelizmente), mas não podemos ser sempre levados por "ele"... Há valores mais importantes a preservar...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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A lei é para ser cumprida por todos, ou não??
Esse tipo de "conceções" que o poder autarquico "concede" a uns e a outros não leva, a uma outra escala, que os montes da serra da arrábida sejam "entupidos" por moradias... vês os elefantes brancos espalhados um pouco por todo o país... vês mamarrachos tipo "prédio coutinho" e outros tantos por aí... vês milhões gastos em 10 estádios e só 3 deles é que têm assistências aceitáveis, sendo que um está (quase) sempre fechado e 3/4 não devem ter assistências acima das 5 mil pessoas...

É como dizes, uma questão de ver os prós e os contras, mas será que esses prós económicos devem-se sobrepor aos contras da lei, dos abusos ambientais, dos assaltos à paisagem, entre outros?...
Os custos a longo prazo podem não compensar as vantagens financeiras do momento (só nos bolsos que se enchem à custa disto é que as vantagens se prolongam no tempo)...


A lei é para ser cumprida por todos sim senhor. Porém ha que ter os pézinhos assentes na terra para reconhecer projectos de interesse local, o que não impede que haja um controlo rigoroso sobre o que se vai fazer.

Não me parece que o "prédio coutinho" seja da escala do que estamos aqui a falar. Quanto à serra da Arrábida, porque não haver moradias lá? Tudo depende dos estudos feitos. (obviamente que tenho a consciencia que isto que estou a dizer é uma perfeita utopia em Portugal, visto que estudos são coisas raras por cá). Em relação ao Euro e aos estádios o problema é outro... e passa muito pela politica desportiva (ou falta dela) em Portugal.

Agora a velha questão Economia vs resto do mundo. Para mim isto não tem necessáriamente de ser assim, ja temos vários exemplos em que a economia se alia ao ambiente e à paisagem. Claro que isto por cá é novo...
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Não era uma desse género que queriam fazer em Cacilhas? A famosa "Manhatten de Cacilhas", ou a torre biónica que podia tanto ficar "cá" como na china...
Gera empregos, gera receitas, mas os únicos verdadeiros beneficiados são os promotores, porque a nível ecológico e ambiental ia ser uma desgraça...

É o dinheiro que faz mover o mundo (infelizmente), mas não podemos ser sempre levados por "ele"...
Há valores mais importantes a preservar...



LOL é engraçado ler isto pk um dos grandes pontos fortes da torre biónica era exactamente o impacte ambiental.

E curiosamente vê la que a torre biónica não foi construida (coisa que eu até concordo).
Agora diz-me la para que é que aquela zona dos estaleiros da Lisnave está como está?
Assim ao abandono sem ninguem usufruir daquele espaço. A poluir visualmente a paisagem. Ao nivel ambiental também deve ser uma coisa jeitosa...
Assim de repente ainda não percebi porque é que ainda não se fez nada naquela zona e aquilo continua ali a apodrecer.
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Não me parece que o "prédio coutinho" seja da escala do que estamos aqui a falar.

Qual é que será a escala do mega empreendimento? Moradias isoladas de 2 pisos? Não me parece... A escala e o impacto na zona deve ser no mínimo grande...

Por essa ser a realidade do nosso pequeno e pobre país é que me sinto um bocado indignado com uma situação destas...

Podemos falar das construções nas orlas costeiras, nas construções dentro das RAN e REN. Penso que é consensual que tirando a questão financeira de quem paga bem por uma casa numa zona dessas, não beneficia em nada o país, bem pelo contrário. Imagina a construção de um mega empreendimento no alto da serra da estrela... Gerava emprego, levava pessoas para o interior, etc, mas nem por isso era uma boa solução do ponto de vista ambiental...

Mas pensa lá tu se quisesses construir uma casa para ti numa zona protegida. Tinhas uns terrenos dentro de uma RAN e querias aproveitar um para fazer uma casa. Achas que te deixavam fazê-la? Só se tivesses influência...
Imagina que num desses terrenos querias fazer uma pequena/média fábrica. Já tinhas o terreno e só querias aproveitá-lo. Será que era licenciado?... afinal davas emprego e geravas receitas para o país...

Agora imagina que tinhas esses terrenos e entravas em contacto com uma "Renau*t", uma "Fi*t", uma corticeira Am*rim, uma G*lp, ou qualquer outra grande empresa que estivesse interessada em investir. Para onde é que ia pender a decisão da câmara? Provavelmente ia licenciar a obra e mais, ainda ficavam isentos de impostos durante uns anos...

A isto eu chamo dualidade de critérios, dualidade de tratamento... Uns são filhos, outros entiados... essa é a questão...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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LOL é engraçado ler isto pk um dos grandes pontos fortes da torre biónica era exactamente o impacte ambiental.

E curiosamente vê la que a torre biónica não foi construida (coisa que eu até concordo).
Agora diz-me la para que é que aquela zona dos estaleiros da Lisnave está como está?
Assim ao abandono sem ninguem usufruir daquele espaço. A poluir visualmente a paisagem. Ao nivel ambiental também deve ser uma coisa jeitosa...
Assim de repente ainda não percebi porque é que ainda não se fez nada naquela zona e aquilo continua ali a apodrecer.


Pois, mas certamente há outras razões para a torre não ter sido construída, ou não?... Se calhar tem relação com o impacto na paisagem, que também tem relação com o ambiente... como vês não é de todo descabido...

Quanto ao resto, porque é que achas que ninguém "pega" na "Lisnave", como ninguém "pegava" na zona "Expo"? Porque os beneficios financeiros de investir lá de uma outra forma (não com tanto impacto), acabavam por não compensar os custos da empreitada, ou pelo menos não tanto como se construissem lá aquelas torres todas...
Porque se licenciassem aquele volume de construção, os promotores conseguiriam lucros "astronómicos", coisa que um volume de construção mais baixo não geraria...

Não é incrível tudo o que pode caber dentro de um lápis?...

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Pois é...

Nós apercebemo-nos de tudo isto "por fora" do sistema...
Podemos sempre levantar "n" questões pró e contra uns ou outros, mas o que é certo é que estamos de fora...

Todos os princípios que possamos evocar estarem agora quebrados não passam disso mesmo... princípios...

A sociedade é realmente algo muito interessante... Criamos regras para nos regermos e podermos cohabitar em sociedade, mas apenas as cumprimos se não tivermos poder para as podermos não cumprir...

No fundo andamos um pouco desatentos... ou a enganarmo-nos a nós próprios... o que nos une ou nos separa, nos paraliza ou nos move enquanto conjunto não são princípios... são interesses...

Individualmente...
É do meu interesse mover-me segundo os meus princípios...
Mas isso sou eu...
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  • 3 weeks later...

E os postos de trabalho e investimentos de que o concelho tira proveito, não podiam incidir sobre outra zona? Algo me diz que há zonas em redor que precisam mais de revitalização que o núcleo histórico.. Não acho que faça sentido aceitar as regras como incontornáveis ou lineares, muito menos relativamente à Arquitectura onde tantas precisam de ser repensadas. Mas relativamente à preservação de zonas de qualidade, custa-me muito ver abrirem-se estas excepções.

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E os postos de trabalho e investimentos de que o concelho tira proveito, não podiam incidir sobre outra zona? Algo me diz que há zonas em redor que precisam mais de revitalização que o núcleo histórico..
Não acho que faça sentido aceitar as regras como incontornáveis ou lineares, muito menos relativamente à Arquitectura onde tantas precisam de ser repensadas. Mas relativamente à preservação de zonas de qualidade, custa-me muito ver abrirem-se estas excepções.


Se um deles for um hotel que o facto de estar localizado numa zona histórica é um factor no minimo importante, se calhar não. Repara q isso ja é uma questão que tem a ver com a natureza dos investimentos em causa...
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Sim, concordo.. mas acho que é preciso procurar um equilíbrio, estabelecer limites. A olhar ao lucro dos hotéis temos o exemplo do Algarve. A curto prazo isto até pode funcionar e ainda assim só para alguns, mas acho que requalificar outras zonas tira no máximo alguns benefícios ao dono do hotel e aos cafés em redor mas distribui o benefício de uma forma mais equilibrada. É uma questão criar outras zonas em que o Hotel se justifique, se estas não existirem já.

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Guest phenix

É bem verdade....uns com tudo e outros com tão pouko... Ao realizarmos um proj para entrar na câmara, temos que respeitar as regras do PDM. É claro.....mas a questão do nome e da nossa influência na sociedade tb é importante. Voltando de novo, à questão, ser ou não ser um arquitecto influente....basta ter o nome que já a conversa é diferente..... Por exemplo, a questão da marginal de Leça, os acessos para deficientes, rampas e suas inclinações, a questão das passadeiras (em kubos cinza, e as "zebras") é uma questão importante. Pois, já me deparei com pessoas de idade que não se apercebem da zona de passagem. É complicado! Cinza, mais cinza.....a cidade já é cinzenta que chegue!...zonas verdes e de lazer também são importantes no nosso dia a dia...

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