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Luanda | Reconversão da Baia de Luanda | Autor desconhecido


Koolhas

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Haverá mais informação disponível sobre este "projecto"? Parece-me que é apenas um projecto de infraestruturas viárias. Não vislumbro intervenção arquitectónica alguma. Existirá um projecto de arranjos exteriores que complementa este? E se o verde for apenas uma cor simbólica que representa "arranjos exteriores - ver projecto anexo...". Não acredito que um projecto desta dimensão, com tantos intervenientes pelo meio fosse avante com espaços públicos não tratados... Espero mais informações... Quanto ao mestre Cassiano, aquilo é que eram renderings. Alguém sabe qual era o software que se usava em 1930?

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nao vou falar nem dos renders nem dos desenhos, mas sim vou falar do espaço publico, onde está?, falta um passeio maritimo falta um bancos para estar… e eu só vejo um lugar de passo ... o que aparece é um modelo Americano (falo do continente) onde só se vai de carro. Ou será outra coisa, será que aqui nao entendemos nada da realidade e reamente ir à bahia de luanda a pé é uma loucura pela falta de segurança? Ou será melhor passear pela bahia no seu carro climatizado seguro longe da populaçao que se repararem fica bastante distante das calçadas.
Vamos é por os pés no chao e avançar com uma propósta sostenible, vejo muitas calçadas para automoveis, nao vejo nenhum espaço para bicicletas, vejo uma barreira entre os edificios da primeira linha e o mar, ... reconverçao da bahia em que? Pista de automobilismo? Como na Avenida da Boavista no Porto? Alguem reparou se o projecto é do Rui Rio? Porque também é importante dizer que no velho continente continuamos a fazer autenticas asneiras …
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eu só conheço luanda de fotos e de relatos de amigos meus da turma... este é tipico projecto de quem sabe o que é preciso para a cidade, estudou a sociedade, as necessidades do lugar, e defende que o circuito do mónaco passe para luanda... fico triste...não pelo projecto em si, não pela desenho, etc,etc...mas sim por toda uma cidade que não se reve num projecto como este....incrivel

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  • 1 month later...

koolhas, vejo alcatrão a mais e poucas estruturas de apoio, mas realmente não conheço nem luanda nem o projecto para tecer um comentário crítico da forma como tu o fizeste. presumo que saibas perfeitamente aquilo que estás a criticar. espero que não estejas a criticar a qualidade das perspectivas desenhadas.

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  • 9 months later...

Bem, nao sou especialista... mas pelo pouco conhecimento que tenho, posso dizer-te que neste momento existe um programa para cabo-verde para a criação/desenvolvimento de relva propicia para o clima africano, isso porque regista-se uma enorme produção de resort´s turisticos em cabo-verde com campos de golfe... mas sem fugir a questao, o relvado ja na europa a apesar do mito de ser pouco dispendioso, gasta enormer quantidas de agua e ainda muitas horas de trabalho para o manter com o aspecto de relvado, em angola propriamente em luanda levanto a questao, do fraco abastecimento de agua (que é dificiente ou mesmo nulo em algumas areas da cidade), embora a rede esteja a sofrer melhorias, mas a relva (acho eu) nao sera a prioridade para abastecimento, senao vejamos o estado da relva do estadio da cidadela... se fosse uma prioridade aquilo teria relva e nao aquela coisa que la tem... e quanto ao clima para nós angolanos a relva nao é uma especie autocne, ou seja estamos a inserir uma nova especie (não é novidade, mas fica aqui o apontamento) pois se fosse natural de africa ter relva ela crescia pelas nossas planícies a dar com o pau... por isso acho que relva nesta fase do campeonato é uma mau investimento. mas isso claro sou eu a falar como disse nao sou nenhum especialista na questao, é so a minha opinião.

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  • 3 months later...

o autor do projecto de reconversão da bahia de luanda? pelo que sei, mas isso é informação nao confirmada, é um consorcio entre uma entidade privada e o governo provincial de luanda, denominada "Luanda waterfront" ou qql coisa parecida com isso, mas nao tenho nenhuma informação quanto aos autores do projecto em si... e quanto ao consorcio é apenas informações que vou captando dos jornais e de foruns na net.

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  • 2 months later...

Assim à primeira vista, faz-me lembrar a zona da Praia do Flamengo no Rio de Janeiro. Um aterro cheio de relva e vias rodoviárias.......bonito e de simples compreenção no papel, mas que não resulta muito bem na vivencia que depois existe no dia a dia. Imagino uma marginal numa zona de Baia, mais para as pessoas e menos para os carros....e não é com relva que os angolanos vão poder desfrutar da Baia....

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Assim à primeira vista, faz-me lembrar a zona da Praia do Flamengo no Rio de Janeiro. Um aterro cheio de relva e vias rodoviárias.......bonito e de simples compreenção no papel, mas que não resulta muito bem na vivencia que depois existe no dia a dia.
Imagino uma marginal numa zona de Baia, mais para as pessoas e menos para os carros....e não é com relva que os angolanos vão poder desfrutar da Baia....



Olha que podem disfrutar, olha que sim...

Eles comem-na em pouco tempo ou então arrancam-na pra vender ao metro lá no mercado...;):p:devil:
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Olha que podem disfrutar, olha que sim...

Eles comem-na em pouco tempo ou então arrancam-na pra vender ao metro lá no mercado...;):p:devil:


Penso que este comentário não se ajusta, ao debte em questão, eu como angolano sinto-me profundamente ofendido, quando a este nivel de pensamento ainda existam seres sem capacidade de compreensão intelectual e cheios de preconceitos. É pena...
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  • 1 month later...

Boas Noite. Quase todos os dias passo pela marginal de luanda, vivo em angola a 1 ano e poucos dias... Trabalho na área da construcção e sou estudante de arquitectura, sobre este projecto o que se pdoe dizer na minha opinião é que é um esboço do que de bom ali poderia ser feito, e muito provavelmente como esboço que é na fase de mudanças e ajustamentos que sofre o país ainda serão levadas a cabo nesse mesmo projecto inúmeras alterações como é costume. As obras como já disseram já começaram sim, embora resumem-se (por agora) somente a toneladas de areia que foram "comendo" a Baía. De salientar também que a Baía não é um dos pontos onde o engarrafamento seja mais caótico, bem pelo contrário, é um dos sitíos onde melhor flui o trânsito. O consórcio que realizou este projecto está afixado na marginal mas pro lapso não memorizei o nome. Para além desta existem muitas mais propostar para o desenvolvimento da Baía. Boa Noite a todos, Rodriguez.

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…no meu espaço no skycrapper já opinei varias vezes sobre este assunto…relações entre a arquitectura e o poder…a arquitectura e o urbanismo, não tendo ideologia politica, tem, ou melhor pode ser utilizada para fins de glorificação – monumentalização – como por exemplo em Barcelona e Berlim nos seus 3 tempos… …gosto sempre de contar que a minha mãe nasceu em Maquela do Zombo, Congo Português, e é loira de olhos azuis…o meu avô esteve em Angola uns 20 anos (Militar) entre 1914 e 193(?)…e eu já não sou novo…assim tenho uma visão, pode não ser a mais politicamente correcta, mas é a minha opinião. Também tive alguns alunos angolanos, dos quais me recordo do Vladimir Lenine, nome inesquecível… …assim de entrada direi que não entendi e ainda não entendo como pode acontecer esta cavalidade de correrem à pressa com os portugueses, que lhes deram um pais…ou venderam…não sei…foi errado e deveria existir indemnizações aos legítimos proprietários…mas passando à frente… …o problema de Angola e de muitos outros países africanos é que não tinham uma cultura de cidade, quanto mais uma cultura urbana. A cultura era tribal e nómada e por muito que procurem, na África negra não houve “cidades”…existiam territórios…sem fronteiras…etc.… …o que ainda lá está é português…o Palácio do Governo, a marginal e muito mais pelo pais a fora, infra-estruturas, vias, ferrovias, pontes…tudo foi feito por nós portugueses…e mais ou menos destruído por eles… …quando estes actuais angolanos “ganharam” uns países…esqueceram-se de pedir o manual de utilização…entre a apropriação de espaços, alguma cultura soviética, cubana, etc., que por lá ficou, só terá complicado o bom entendimento do que é uma cidade… …o senhor da guerra que venceu o outro senhor da guerra, são gente simples e sem grande formação…trazem imagens na cabeça, retiradas das suas viagens e tentam reproduzi-las fora do contexto…e aqui, talvez, os brasileiros tenham tido a sua influência, trazendo o modelo dito “liberal”, das suas caóticas cidades recentes…que com os chineses a construir e o pior dos “engenheiros” portugueses a ajudar deu o que deu… …existe uma expressão antiga — Novos Ricos…mas ainda assim com jeito para o negócio, na imoral figura da filha do senhor a entrar em força na Madeira e em Portugal…todo este dinheiro que eu, com pena, não vejo ninguém criticar, é dinheiro de guerra e de apropriação de propriedades e empresas…tal como na Rússia, na China, em Marrocos e outros países magníficos, onde as mais elementares leis democráticas não se aplicam, e onde os lucros e o crescimento da economia disparam ano após ano, muito bem vistos pela comunidade dos economistas, gestores e outros empresários portugueses… …e porque a arquitectura é também uma coisa mental…e não existe estética sem ética, assim como em arquitectura Deus está nos pormenores…saiu um belo campo de futebol… Perdoem-me o pragmatismo céptico das minhas palavras, mas como disse um membro do skycrapper, que eu desconfio ser um militante para a defesa da imagem exterior do país, Mathias Ofroditte, [… a democracia, por vezes não é boa para o “desenvolvimento” da nação…]…

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IMAGENS

http-~~-//i49.photobucket.com/albums/f265/ekuikui/my%20stuff/Miamionthemarginal.jpg


NOTICIAS

Construction of "Bay Project" Infrastructures to Start in December

Quote:
Luanda, - The construction of the main social infrastructures of urban reclassification and rearrangement project of Luanda's Marginal Avenue, estimated at USD 2,13 billion, will begin next December, ANGOP learnt on Thursday.
According to the co-ordinator of the project, Catarina Sierra, the international tender for the building of the residences, offices, trade centres, hotels, and tourism and leisure sites has been concluded.
At the moment, according to her, the environmental cleaning of the bay, in an area of 18,000 square metres, are in its final phase.
Approved in September 2007 by the Cabinet Council, the Luanda Bay Project foresees the construction of public and private works along the marginal zone of "4 de Fevereiro" Avenue, with strict measures to reduce the environmental impact.
Since the start of the works (November 07), the "Bay Project” already concluded three phases, namely the opening of the channel and the creation of the embankment to expand the "17 de Setembro" square, recovering and cleaning of pumping stations and the waste collection system of the Marginal Avenue, as well as the drainage works and the site's embankment.
The part concerning the construction of public works, out of the State's responsibility, is estimated at USD 113.6 million, which is the amount of the funds to be supported by the investor.
The supervision of the project is under the responsibility of the National Private Investment Agency (ANIP), National Reserve Bank (BNA), Ministries of Public Works and Urbanisation and Environment and the Provincial Government of Luanda.
Angop

Infra-estruturas do projecto Baía começam ser erguidas em Dezembro

Quote:
18-09-2008 16:37
Luanda
Luanda - A construção das principais infra-estruturas sociais do projecto de requalificação e reordenamento urbano da Marginal de Luanda, avaliada em 2,13 biliões de dólares, começa a partir de Dezembro deste ano, soube hoje à Angop.
Segundo a coordenadora do projecto, Catarina Sierra, o concurso internacional para a edificação das habitação, escritórios, comércio,
hotéis, áreas turísticas e de lazer está concluído.
Neste momento, de acordo com ela, os trabalhos de limpeza ambiental da baía, numa área de 18 mil metros quadrados,
encontra-se na sua fase final.
Aprovado em Setembro de 2007 pelo Conselho de Ministros, o projecto Baía de Luanda visa a construção de obras públicas e
privadas ao longo de toda a zona marginal da Avenida 4 de Fevereiro, com medidas rigorosas para reduzir o impacto ambiental.
Desde o início da obra (07 de Novembro), o “Projecto Baía” cumpriu já três fases, nomeadamente abertura do canal e
constituição do aterro no prolongamento do Largo 17 de Setembro, recuperação e limpeza das estações de bombagem e do sistema de recolha de esgotos da Marginal, bem como os trabalhos de dragagem e aterro do local.
A parte referente à construção de obras públicas, sem ónus para o Estado, segundo dados, está orçada em 113,6 milhões de dólares, que é o montante dos fundos próprios a ser aportado pelo investidor.
A fiscalização do projecto está a cargo da Agência Nacional para Investimento Privado (ANIP), Banco Nacional de Angola,
ministérios das Obras Públicas e do Urbanismo e Ambiente e Governo Provincial de Luanda.
Catarina Sierra fez saber que o projecto é considerado inovador porque vai permitir a Marginal ter a sua actividade acrescida e
conseguir suprir, na capital, a demanda de espaços imobiliários de alto nível.
Financiada mediante empréstimos bancários, a empreitada, segundo a fonte, resume-se na abertura de novos parques de estacionamento com capacidade para mil e 600 viaturas, criação de espaços públicos de lazer, com áreas ajardinadas e arborizadas, bem como a recuperação das fachadas de alguns edifícios da Avenida Marginal e o seu arranjo paisagístico.
No tocante às obras privadas, reafirmou estar prevista a construção de duas torres (uma com 37 pisos e outra com 24) para escritórios, comércio e habitação e outros dois edifícios para funções multiuso, como hotel e centro de convenções, numa área de 122 mil e 581 metros quadrados.
Prevê-se também a edificação de espaços para habitação, escritórios, comércio e empreendimentos hoteleiros, turísticos e de
lazer na Ilha do Cabo, em terreno maioritariamente a ser conquistado à baía, num total de 965 mil e 729 de metros quadrados.
AngolaPress
Infrastructure Bay start of the project be built in December

Quote:
18-09-2008 16:37
Luanda
Luanda - The construction of key social infrastructure of the draft urban redevelopment and upgrading of Marginal of Luanda, valued at 2.13 billion dollars, starting from December this year, the Angop learned today.
According to the coordinator of the project, Catarina Sierra, the international tender for the construction of housing, offices, shops,
hotels, tourist areas and leisure is complete.
Today, according to her, the work of environmental cleaning the bay, an area of 18 square meters, is in its final phase.
Adopted in September 2007 by the Council of Ministers, the project aims to Bay of Luanda the construction of public works and private throughout the marginal area of Avenida February 4, with stringent measures to reduce the environmental impact.
Since the beginning of the work (07 November), the "Bay Project" has already fulfilled three phases, including opening up the channel and establishment of the landfill echoed in Largo September 17, cleaning and rehabilitation of pumping stations and the collection of sewage Marginal, as well as the work of dredging and landfill site.
The part concerning the construction of public works, without burden to the state, according to data, is budgeted at $113.6 million dollars, which is the amount of capital to be contributed by the investor.
The audit of the project is in charge of the National Agency for Private Investment (ANIP), National Bank of Angola,
Ministries of Public Works and Town Planning and Environment and Provincial Government of Luanda.
Catarina Sierra made it clear that the project is considered innovative because vai allow the Marginal Tuesday increased its activity and
to meet in the capital, demand for real estate, high-level spaces.
Financed by bank loans, the contract, according to the source, sums up the opening of new parking facilities with a capacity for 1,600 vehicles, creation of public spaces for leisure, with garden and wooded areas and the rehabilitation of the facades some buildings on the Avenida Marginal arrangement and its landscape.
Regarding private works, reaffirmed be provided for the construction of two towers (one with 37 floors and another with 24) for offices, shops and housing and two multipurpose buildings for functions such as hotel and a convention center, in an area of 122,581 square meters.
It is also envisaged the construction of spaces for housing, offices, shops and businesses hoteliers, tour and Leisure Island in the Cape, mostly in land to be conquered the bay, a total of 965,729 square meters.
AngolaPress

via http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=648066
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…tem-se hoje uma espécie de preconceito em relação a África…já bem identificado pelos Americanos…e também em relação aos "ricos"…
…impensável à uns anos Portugal tem hoje boas relações comerciais com vários países não democráticos, dos quais eu destaco a Venezuela, Cuba e Líbia, onde arquitectos estão a projectar em força…
…ora isto, para mim e em minha opinião, é errado…por principio…

…se é verdade que os arquitectos não têm alma…efectivamente à época do 25 e outras revoluções, nunca se ouviu que algum arquitecto tenha saído lesado (…salvo Conceição Silva, para confirmar a regra e talvez por equivoco…)…hoje os tempos são outros…já Speer se vangloriava de ter tido duas carreiras de sucesso…não creio que sejam exemplos a seguir…

…tão críticos uns em relação aos outros, aparentemente, desde que haja trabalho…vale tudo…

…hoje, muito antes de ser ou me afirmar como arquitecto, sou professor…mas antes disso sou um ser humano, do qual me orgulho de ser…

…e como não há verdades absolutas, aqui deixo uma outra opinião do mesmo thread referido…


O projecto da Baía de Luanda é um insulto ao Povo»

Imagem colocada

A reconstrução da Baía de Luanda está longe de ser um “porto” de concórdia para o povo angolano. O conhecido jornalista e activista Rafael Marques é uma das vozes críticas que não poupa o projecto.

Por Jorge Flores
in Africanidade.com

Até às gruas começarem a romper o “cartão postal” da Baía de Luanda, ainda muita água terá de passar pelo principal porto de Angola. Não será pacífica a reconstrução da baía, já adjudicada à empresa “Luanda Waterfront Corporation”, com o beneplácito do próprio Presidente José Eduardo dos Santos.

O projecto orçado em 600 milhões de dólares prevê o alargamento da Avenida Marginal para seis faixas de rodagem (três em cada direcção) e a criação de 1600 lugares de estacionamento. Mas promete, acima de tudo, acimentar muitos ódios entre as hostes luandenses, que se consideram “roubados” na sua “memória colectiva”, caso as máquinas rasguem a famosa baía.

Rafael Marques é uma das vozes mais críticas. E considera que esta “empreendedora iniciativa” como um verdadeiro “insulto à cidade”. Em entrevista telefónica com a Africanidade, a partir de Luanda, o jornalista não escondeu a revolta que lhe assalta a alma. Ainda que alimente uma secreta esperança de que o projecto não passe disso mesmo: de um projecto! “Obras como estas, há muitas por aqui…

É apenas uma questão de marketing, e nada deverá sair do papel. Além do mais, não acredito que se encontre um sindicato de bancos para financiar um projecto desta natureza.

Só a mudança do porto para outro local envolveria mais do que os 600 milhões de dólares anunciados para a reconstrução toda”, afiança o nosso interlocutor, que acusa ainda o Governo de Luanda de apenas pensar em “obras de grande impacto, que permitam mostrar aos estrangeiros sítios com que eles se possam identificar”.

O “opinion maker” não considera, porém, disparatado um investimento turístico em Angola. Mas noutros moldes e noutro local. Um exemplo? “ Em Kuanza Sul, a 500 quilómetros da capital… Poderia ser um bom ponto de atracção turística e de desafogueamento de Luanda, atraindo residentes e estrangeiros. E evitava que muitos angolanos gozassem as férias em África do Sul”…

Eduardo dos Santos como padrinho

Embora tudo possa não passar de uma manobra de “marketing”, como sugere Rafael Marques, o certo é que o projecto corre o seu curso a plenos pulmões. A cerimónia de apresentação pública da “nova Baía” contou com o apoio inequívoco do Governo e com o “apadrinhamento” directo do presidente José Eduardo dos Santos. Quais as razões para tal empenhamento? “É muito difícil entender o comportamento do Presidente. Não era ele que continuava a marcar presença nos concursos da Miss Angola, mesmo quando o país estava em guerra?”, indaga-se o jornalista. E à laia de resposta, adianta: “Só ele poderá explicar os seus próprios apadrinhamentos.

Aparentemente vive no país, mas parece desconhecer a realidade angolana. Com os problemas urbanos de Luanda, não faz qualquer sentido estarmos a falar nesta obra. O que interessa ao povo mais uma faixa ou menos uma faixa na Baía, quando o Governo não apresenta sequer a data das eleições, nem tem qualquer preocupação em elaborar um plano de recuperação interna. Primeiro teriam de ser criadas mais empregos e estabilizar a situação socio-económica”.

A título de justificação para as suas reservas, Rafael Marques recorda ainda que o passeio para pedestres, construído em redor da baía, há apenas três anos, e que custou cerca de três milhões de dólares… já não existe. “Não se consegue conservar sequer um passeio, quanto mais um complexo destes”…

Micro-cosmos para elites estrangeiras

Outro argumento que não colhe é o de que a reconstrução da Baía de Luanda poderá melhorar a vida aos habitantes locais. Para o jornalista, este é um projecto que exclui completamente o povo angolano dos seus pensamentos. “É como um micro-cosmos que pretende apenas satisfazer as necessidades sociais das elites estrangeiras, em pleno centro de Luanda.

O poder elitizou-se de tal maneira (no mau sentido) que precisa de transportar para Angola espaços ou ilusões feitos à imagem de gigantes centros comerciais como o do Colombo em Lisboa”. Isto porque não há, na verdadeira acepção da palavra, um “pólo urbano” em Luanda. Mesmo locais como Mira Mar , Alvalade e Bairro Azul “estão todos rodeados por musseques”. O que poderá, no seu entender, estragar a vista que se quer dar aos turistas. “E onde poderá o Presidente sair para jantar quando deixar o seu cargo?”, remata Rafael Marques.
in Noticias Lusofonas

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  • 11 months later...

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