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Varsóvia | O que se deve fazer depois de uma Cidade ser totalmente Destruida?


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Varsóvia: O olhar sobre uma cidade que soube resistir


Nenhuma capital europeia foi tão sacrificada pela história como esta que fica bem no coração do continente e que dá pelo nome de Varsóvia. Completamente devastada em 1945, a capital da Polónia é hoje uma cidade cosmopolita em que os arranha-céus rasgam o horizonte, mas onde a memória de um passado não tão distante assim está presente em cada esquina. Hitler afirmou que era necessário extinguir os polacos e a nação polaca, e logo depois da revolta dos polacos contra a ocupação alemã, mandou bombardear Varsóvia meticulosamente, quarteirão por quarteirão…

Quem se passeia pelas largas avenidas do centro de Varsóvia, ou pelas ruas mais estreitas da Cidade Velha, tem necessariamente alguma dificuldade em imaginar que há 60 anos tudo o que agora nos rodeia não era mais que um monte de ruínas. Mas as centenas de monumentos e placas evocativas de um passado recente estão por todo o lado, numa intenção de não deixar esquecer aquele que foi um dos períodos mais negros da história da humanidade. Tudo em Varsóvia tem um antes e um depois. Antes da guerra. E depois da guerra. Cerca de 85 por cento dos edifícios da cidade foram destruídos durante a 2ª Guerra Mundial.
Dado o nível de destruição, chegou a considerar-se a hipótese de mudar a capital do país para outra cidade. Esta ideia foi abandonada e, em vez disso, decidiu-se reconstruir os monumentos de maior valor histórico de acordo com a sua anterior aparência, sobretudo na parte designada como Cidade Velha.
Após a guerra, foi lançada uma campanha de reconstrução que resultou na restauração meticulosa de toda a Cidade Velha, das suas igrejas e palácios e da Praça do Mercado com as suas fachadas policromas, tal como eram antes da guerra. Nesta que é a mais bela praça de Varsóvia, existem agora esplanadas e vendedores de fotos, quadros e desenhos, que dão ao visitante uma ideia da destruição e consequente reconstrução do local. Em 1945 apenas as fachadas de dois prédios da praça ficaram de pé. Hoje a praça é uma mistura de elementos da renascença, do gótico e do neo-classicismo.
A UNESCO premiou este trabalho ao classificar a Cidade Velha como Património da Humanidade em 1980. O castelo real, fundado no século XIV, foi deliberadamente destruído segundo ordens de Hitler na sequência do Levantamento de Varsóvia.

Castelo Real

Completamente destruido em 1944, foi inteiramente reconstruído entre 1971 e 1984, e incorpora alguns fragmentos da arquitectura original. Hoje, o castelo guarda obras de arte que foram salvas e outras que foram trazidas de outros locais.
Enquanto grande parte dos monumentos históricos foram reconstruídos de acordo com a traça original, o estilo dominante dos edifícios que foram erguidos depois da guerra foi obviamente o Realismo Socialista, seguindo a arquitectura da União Soviética. O mais célebre exemplo é o Palácio da Cultura e da Ciência, um gigantesco e austero monumento de 231 metros de altura, que foi mandado construir por Estaline como "um presente de amizade" da União Soviética para a nação polaca. Os polacos detestam-no e dizem mesmo que a melhor vista da cidade é a do seu terraço, no 30º piso, exactamente porque não inclui o próprio Palácio.
Construído em apenas três anos (1952-1955) por mais de 3500 trabalhadores trazidos dos estados soviéticos, tem 3288 salas e diz-se que pode ser visto a uma distância de 30 km. Originalmente concebido para ser a sede do partido comunista, hoje alberga inúmeras estruturas, como uma sala de congressos, museus, teatros, cinemas, restaurantes e escritórios.
Embora durante muitos anos dominasse a paisagem e ainda continue a ser o edifício mais alto da Polónia, o Palácio viu o seu protagonismo desafiado pelas inúmeras torres espelhadas que têm nascido, quase como cogumelos, nesta zona do centro da cidade.

Praça da Constituição

Após o colapso do comunismo esta praça tornou-se o coração financeiro de Varsóvia.
Os arranha-céus alojam o capital estrangeiro, são sede das maiores empresas e dos maiores hotéis, e os guindastes e gruas que actualmente preenchem a paisagem, testemunham que a economia polaca é de facto das que regista um maior crescimento em toda a Europa, o que a tem tornado um mercado muito apetecido. Por esta razão algumas empresas portuguesas têm-se instalado neste mercado, nomeadamente a banca através do MILLENIUM BCP e as populares lojas BIEDRONKA (Distribuição Alimentar) do grupo Jerónimo Martins.
Actualmente com cerca de 1.8 milhões de habitantes, Varsóvia é um centro urbano a par de outras capitais europeias, embora a guerra tenha ceifado a variedade étnica e cultural que em tempos a caracterizou. Hoje a população é composta quase exclusivamente por polacos, com minorias pouco significativas da Alemanha, Ucrânia, Bielorrússia, Lituânia, entre outras. Ao nível da oferta turística, Varsóvia não fica, contudo, atrás de qualquer outra capital da Europa. Hotéis de luxo, restaurantes, lojas de marcas e uma vida cultural activa, com inúmeros museus, teatros e ópera, asseguram uma estadia preenchida. Quem não passa sem uma saída nocturna, também não tem que se preocupar e pode optar entre os vários bares e discotecas e os clubes de jazz.
Espaços de descanso e relaxe são também os vários parques e jardins de que a cidade dispõe e que são autênticos oásis no bulício da cidade. Quase todos têm o seu palácio. Os mais centrais são os magníficos Jardins Saxões, que datam do século XVIII e foram modelados à imagem dos Jardins de Versailles, em Paris. Tudo o que resta do palácio que existia e que serviu de residência real, são três arcos que abrigam o Túmulo do Soldado Desconhecido. O Parque Krasinski guarda o palácio com o mesmo nome, considerado um dos palácios barrocos mais esplêndidos de Varsóvia, e o Parque Ujazdowski engloba os jardins botânicos e o castelo Ujazdów, construído em 1620.

Parque Lazienki

O Parque Lazienki é talvez o mais importante por ter sido a residência de Verão do último rei dos polacos, Stanislaw August Poniatowski, a encerrar uma série de edifícios dos quais o Palácio da Água é o mais emblemático.
É também aqui que vamos encontrar a estátua do mais célebre dos compositores polacos. Fryderick Chopin nasceu em Varsóvia mas com 20 anos foi para Paris e é na capital francesa que repousa o seu corpo, embora o coração pertença à Polónia.
Literalmente. Pois por vontade expressa do compositor, depois da sua morte o seu coração foi colocado numa urna e levado para Varsóvia, onde descansa, no interior da Igreja de Santa Cruz. Já na periferia da cidade ficam o Parque e o Palácio Wilanów.
Tal como outras grandes metrópoles, também Varsóvia é atravessada por um rio, o Vístula. Mas ao contrário de outras cidades, como Praga ou Budapeste, o rio não tem um papel central na vida da cidade.
Na margem direita do Vístula fica Praga (o nome da capital da Republica Checa é mera coincidência), um subúrbio de Varsóvia que por não ter sofrido grandes danos em 1944, conserva ainda muita da arquitectura anterior à guerra. Foi por esse motivo que Roman Polanski escolheu esta área para filmar algumas partes de "O Pianista".
O filme conta a história verdadeira de Wladyslaw Szpilman, um pianista oriundo de uma família judia que vivia em Varsóvia quando a Alemanha invadiu a cidade, e a forma como sobreviveu ao Gueto e escapou à ida para Treblinka, e como conseguiu sobreviver à ocupação da cidade e à destruição que se seguiu aos Levantamentos do Gueto e de Varsóvia.

Uma nova Varsóvia

Encerrada pela cortina de ferro durante anos, Varsóvia e toda a Polónia (assim como todo o bloco de Leste) só começaram a abrir-se ao mundo na década de 90, após o desmembramento da União Soviética.
Nos últimos dez anos, cada vez mais turistas têm visitado Varsóvia, inclusivamente portugueses que ficam sempre encantados com a enorme simpatia e vontade dos polacos de se abrirem aos contactos com os estrangeiros. Há muitas companhias que nos levam até Varsóvia, mas a TAP com os seus voos directos (ver caixa) e o serviço prestado é sem sombra de dúvida a melhor opção a ter em conta. Os hotéis e as refeições são bem mais baratos do que em Lisboa, por isso uma ida até esta bela capital europeia pode ser uma boa opção para umas férias diferentes.
E se se quiser aventurar mais um pouco não se fique só por Varsóvia, mas vá até Cracóvia, Wroclav ou o santuário da virgem negra em Cherczstowa.
Pode fazer tudo isto de comboio com bilhetes baratos, bastante confortáveis e sobretudo um país muito seguro e tranquilo.

José Manuel Duarte
jduarte@mundoportugues.org


in http://www.mundoportugues.org/content/1/5538/varsovia-olhar-sobre-uma-cidade-que-soube-resistir/
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